Desde
a passada segunda-feira, está nas bancas e (já em algumas)
livrarias “Os Covidiotas”, uma edição da Ala dos Livros que
compila 160 tiras desta série de cartoons criados por Luís Louro.
Segue-se
uma conversa com o autor, para conhecer a génese do projecto e a
forma como se desenvolveu.
As Leituras do Pedro - Como nasceram os Covidiotas e porquê?
Luís Louro - Estava de quarentena e pensei que teria de fazer alguma coisa para me entreter, pois tinha acabado o Corvo V. Sempre tive vontade de experimentar fazer umas tiras, sobretudo para encontrar um estilo de desenho dentro do meu registo habitual, mas mais simplificado. Esta era a oportunidade perfeita. Com esta história da pandemia comecei a aperceber-me de certas atitudes e comportamentos “dignos de registo” e resolvi fazer duas ou três tiras, por piada... a coisa correu bem e quando dei por mim já tinha passado das 100.
As Leituras do Pedro - Já com muitos álbuns de BD publicados, penso que esta foi a primeira vez que te dedicaste ao cartoon, pelo menos de forma regular. Como foi a experiência?
Luís Louro - A experiência foi muito interessante e divertida o que é essencial... depois de encontrar o registo gráfico que procurava, tudo se tornou mais fácil. As ideias iam surgindo em catadupa.
As Leituras do Pedro - Em termos de trabalho, o que foi diferente em relação a um álbum normal de BD?
Luís Louro - A grande diferença é que num álbum de BD, quando começo a desenhar já tenho um argumento pronto, ou no mínimo esquematizado... Aqui tinha de acompanhar os acontecimentos dia a dia. Dormia a pensar nos Covidiotas e acordava a pensar nos Covidiotas!!!
As Leituras do Pedro - Porquê a opção pelo preto e branco e não pela cor?
Luís Louro - Achei que aqui seria mais interessante o preto e branco para simplificar a mensagem, e para o trabalho fluir de uma maneira mais espontânea.
As Leituras do Pedro - Porquê a opção de utilizar texto sob o desenho e não balões?
Luís Louro - Essa opção surgiu naturalmente... Talvez por querer acentuar a diferença para as minhas BD’s.
As Leituras do Pedro - Que percentagem destes cartoons corresponde a situações reais? Quais foram as tuas fontes de inspiração?
Luís Louro - Na realidade uma grande percentagem! Estive sempre atento às notícias, não só por cá, mas pelo mundo todo. Sobretudo os EUA e Brasil, pois os seus líderes não paravam de soltar pérolas… Por cá ia observando o que via da janela, comportamentos de familiares, amigos, vizinhos... Mas sobretudos as opiniões nas redes sociais, que são uma eterna fonte de “sabedoria”!
As Leituras do Pedro - Tiveste muita gente a dar ideias?
Luís Louro - Tive alguns amigos entusiastas que me enviavam ideias, notícias ou situações de vez em quando...
Luís Louro - Bom, quando a isso não posso responder... Mas foram uma verdadeira fonte de inspiração, graças a eles criei algo que nunca me teria passado pela cabeça... (E aqui entre nós, quem nunca cometeu uma “Covidiotice”???)
As Leituras do Pedro - Fazer humor a partir de uma situação tão dramática como esta pandemia foi complicado? Há limites que não se podem passar?
Luís Louro - Acho que se a coisa for feita com criatividade e evitando o mau gosto tudo é permitido. É uma situação que diz respeito a todos nós, e não apenas a alguns, tentei sempre levar as coisas de um modo ligeiro e brejeiro, mas há situações que devem e têm de ser criticadas. Este álbum serve para aliviar o stress, para alertar, mas sobretudo tem uma forte componente de crítica social.
Luís Louro - Obviamente não podemos agradar a grego e troianos... obviamente houve gente a não concordar, a não perceber ou a ficar ofendida com algumas das tiras... Obviamente se assim não fosse, eu ficaria desiludido... Obviamente não estaria a cumprir o meu papel de cartoonista!!! Eheheh…
As Leituras do Pedro - Tens alguma tira ou personagem de que gostes mais?
Luís Louro - Quanto ao personagem favorito... claro que não há duvidas... o Ahmed!!! Porquê? Porque o humor dele é explosivo!!!
(versão integral da entrevista feita por e-mail que serviu de base ao texto publicado na página online do Jornal de Notícias, em 16 de Maio de 2021; imagens recolhidas na página do Facebook do autor; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)
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