Futebol,
sim, é
o mote - e quase o tema central… - do terceiro tomo de Stumptown.
O
futebol, o europeu, o
verdadeiro, o único(!) porque, a (nossa)
detective particular, Dex Parios, para além de adepta, é também
jogadora.
Por isso, a nova história - O Caso do Rei de Paus - começa durante um jogo amador, acompanha de seguida um desafio profissional e arranca verdadeiramente com uma agressão (bárbara) a um adepto, (só por acaso) amigo de Parios.
A investigação por conta própria, à revelia da (da) polícia, irá revelar realidades diferentes e reabrir feridas antigas - literais tanto quanto as figuradas - com o passado militar de Dex e a sua relação com o irmão Ansel a revelarem-se determinantes.
Com a detective privada a testar os próprios limites - ou a falta deles… - colocando-se em situações complicadas e dúbias que questionam as suas próprias regras, este volume apresenta uma almofada de segurança narrativa, consubstanciada na aparição de personagens recorrentes - para além do já citado Ansel, também CK, Grey ou Hoffman, que contribuem para o leitor sentir uma certa familiaridade com o núcleo ‘familiar’ da protagonista. Isso, a par do regresso a Portland, uma cidade sombria e marginal, dura mas humana, que já se habituaram a (re)conhecer.
Se as capas dos dois volumes iniciais, demasiado compartimentadas e escritas, já não me tinham agradado especialmente, esta está verdadeiramente assustadora, com uma ilustração muito pouco atractiva. Penso que a versão mostrada nos extras que (mais uma vez) fecham o livro, era bem mais conseguida graficamente e mesmo do ponto de vista de apelo ao leitor e de resumo do conteúdo…
E para mais, para alguém como eu, com uma costela (predominante) de leitor de banda desenhada franco-belga, a quem sempre fez confusão os sucessivos desenhadores que podem assumir uma série nos comics norte-americanos - tantas vezes no mesmo comic! - como, de forma similar, nos fumetti Bonelli, este ‘cartão de visita’ aumentou ainda mais o meu receio pela troca de Justin Greenwood por Matthew Southworth. Mas, reconheço, Stumptown ganhou com a troca. Se o traço de ambos está longe de ser agradável ou ‘bonito’ - são antes nervosos, mais esboço que arte-final - com personagens ‘feias’ e nada cativantes, a verdade é que Greenwood - ao afastar mais a sua ‘câmara’ das personagens, ganhou em legibilidade e o seu traço menos ‘pretensioso’, mais solto e agreste acentuou o tom geral desencantado da série. As cores menos saturadas aplicadas por Ryan Hill também contribuem para este efeito - e para a acentuar a grande legibilidade do conjunto.
O tom policial continua a ser preponderante - habilmente combinado com a introspecção de Parios e a sua constante busca de um difícil equilíbrio, pessoal e profissional - mas desta vez há também uma curiosa apresentação da forma como o futebol - das equipas aos adeptos, passando pelo próprio jogo - é encarado em Portland - em toda a liga americana? - que bem pode fazer pensar os fãs europeus...
Stumptown
#3: O Caso do Rei de Paus
Greg
Rucka (argumento)
Justin
Greenwood
(desenho)
Ryan
Hill (cores)
G.
Floy
Portugal,
Abril
de
2021
180
x 265
mm, 144 p., cor, capa dura
14,90
€
(imagens disponibilizadas pela G. Floy; clicar neste link para aceder a mais ou nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)
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