Submarino ao fundo
Com
o volume #4, encerrou esta colecção ASA/Público e, obviamente, é
mais uma série completa em português, cumprindo-se aquela que
parece ser a 'nova normalidade ' editorial por cá.
Com
a história decorrer local e temporalmente em vários momentos, com
mais de um século de intervalo, a sua conclusão dá as respostas
necessárias e
ganha
relevo por duas coincidências que explico mais abaixo.
Recordo que tudo começa com uma viagem transatlântica de um submarino, nos últimos dias do III Reich, rumo à Argentina, com uma carga e um passageiro muito especiais. Anos depois, o submarino é descoberto no interior da selva amazónica, encalhado e com um único sobrevivente. Paralelamente, após mais de um século passado, uma investigação financeira por um freelancer provoca a entrada em cena de uma assassina de elite.
Jean-Yves Delitte, autor completo deste U-Boot optou - de forma curiosa e original, mas nem sempre em nome da maior legibilidade - por ir alternando a acção por estes momentos - e outros mais - sendo que as respostas completas e absolutas só se encontram no final.
Seria interessante, sem dúvida, numa segunda leitura, ser possível ordenar cronologicamente o relato para uma melhor compreensão do mesmo. De qualquer forma, acredito que fazê-lo, equivaleria a retirar a U-Boot uma das suas características mais interessantes e distintivas e teria exigido ao autor um maior cuidado na composição de cada um dos períodos - logo uma obra mais extensa.
A verdade é que, chegado ao final, entre o (aparente) relato bélico primitivo e o tom fantástico que a narrativa vai assumindo cada vez mais, a revelação - quase no término da obra - da misteriosa carga inicial do submarino acaba por lhe outorgar uma dupla carga de actualidade, quer pela recente publicação e leitura de A Bomba, quer pela situação que se vive actualmente na Ucrânia - e sobre isto mais não digo.Em jeito de resumo, fica a nota de estarmos perante uma obra escorreita e competente em termos gráficos, com um ritmo narrativo pausado devido à forma como está construída e pela atenção extra que isso exige ao leitor. Para além disso - ainda sem uma leitura de conjunto que se impõe e que irei fazer oportunamente - da leitura semanal a acompanhar as sucessivas saídas dos álbuns, fica a sensação de as muitas questões levantadas terem sido respondidas satisfatoriamente e com algumas surpresas pelo meio. Finalmente, como principal destaque, que primeiro 'se estranha, mas depois se entranha', fica a construção narrativa que assume o modelo de um enorme puzzle, cuja imagem completa nos vai sendo servido ao ritmo de 1, 2 ou 3 páginas de cada vez.
U-Boot
#3
Jude
#4
Tio Harry
Jean-Yves
Delitte
ASA/Público
Portugal,
13 e 20
de Julho de 2022
240
x 320 mm,
48
p.,
cor,
capa dura
10,90
€
(cada)
(capas disponibilizadas pela ASA; pranchas da edição francesa disponibilizadas pela Glénat; clicar nelas para as apreciar em toda a sua extensão)
A opção de publicar 4 álbuns com estórias completas, limita bastante as escolhas!
ResponderEliminarNeste caso, os álbuns vão para a "zona morta" da estante, pois, embora bem desenhados, apresentam um argumento que não me convenceu minimamente.