Há 45 anos,
a revista Tintin belga estreava dois heróis de banda desenhada que os leitores
portugueses viriam a conhecer bem: Luc Orient e Bruno Brazil.
Em comum,
para além da data e local de estreia, tinham o mesmo argumentista, Greg, um dos
mais prolíferos escritores da BD franco-belga, que ao longo da sua carreira
assinou mais de 350 álbuns, que no caso de Bruno Brazil utilizava o pseudónimo
de Louis Albert.
Luc Orient
Nas
primeiras aventuras, o sábio e atlético Luc Orient – cuja trama base evocava o
clássico Flash Gordon – em conjunto com o professor Kala e a bela Lora,
enfrentava a ameaça dos naturais do planeta Terango. Depois, o trio deparou-se
com diversos fenómenos paranormais que foi resolvendo ao longo de 18 álbuns,
publicados até 1994.
Para o
desenvolvimento desta série de ficção-científica, algo raro na revista Tintin,
Greg trabalhou com Eddy Paape, que adoptou um desenho realista, progressivamente
servido por cores contrastantes e enquadramentos mais dinâmicos, com o qual
retratou os mundos exóticos que Luc Orient visitou.
Bruno
Brazil
Quanto a
Bruno Brazil, de cabelo prematuramente branco e sempre elegante, era o
responsável pela inusitada Brigada Caimão, composta por Whip Rafale, Big Boy
Lafayette, Texas Bronco, Gaúcho Morales e Billy Brazil, uma unidade especial
norte-americana encarregada de casos complexos, quer se tratasse da máfia,
traficantes ou terroristas.
O desenho
estava entregue a William Vance, que soube equilibrar um traço realista algo
rígido, com alguns enquadramentos mais espectaculares que realçavam as muitas
cenas de acção. Desenvolvida ao longo de 11 álbuns, esta foi uma série que
marcou gerações de leitores, pela morte de alguns dos seus protagonistas, algo
nada habitual na banda desenhada franco-belga de aventuras.
Luc Orient
e Bruno Brazil partilham pelo menos mais dois aspectos em comum: o facto de a
morte de Greg, em 1999, ter deixado incompletos novos episódios dos dois
heróis, e a divulgação das aventuras de ambos em Portugal ter sido feita no
Tintin português – Bruno Brazil estreou-se em 1968 e Luc Orient em 1969 - e,
parcialmente, em álbum, pela Bertrand.
No ano
passado, a colecção Clássicos da Revista Tintin (e Público/ASA), dedicou um dos
seus volumes a Luc Orient.