Actualmente,
uma das características mais interessantes da publicação de banda
desenhada em Portugal é a proximidade entre as edições portuguesas
e as edições originais, quando não a sua simultaneidade. No
caso de Tango,
o oitavo volume, O
Tesouro do Mar de Sulu,
conclusão do díptico iniciado com A
Flecha
de Magalhães,
acaba de chegar às livrarias com um pequeno hiato de três meses em
relação à edição francesa,
o que significa que a Gradiva conseguiu 'apanhar' a série original
em num período de apenas
quatro
anos.
O acaso - ou o protector dos
leitores de BD - fez-me chegar às mãos, com a minha óbvia
participação financeira… - três edições especiais de tiragem
limitada que me proporcionaram experiências de leitura diferentes do
habitual.
Num
momento editorial estimulante, em que já se tornou comum a edição
integral de séries, certamente poucos se terão apercebido que os 6
volumes de Tango demoraram
apenas 13 meses a serem editados (Agosto 2021/Setembro 2022). Não
sei se será um recorde para edições de livraria, mas que merece
ser sublinhado, sem dúvida.
O
pressuposto é claro: Tango é
uma série de aventuras franco-belga, com tudo o que
de bom e menos bom que isso
acarreta; se se lhe reconhece competência, profissionalismo e
qualidade q.b., também é
evidente que assenta nalguns
clichés e estereótipos. Independentemente
disso - ou talvez mesmo por isso - se nunca desilude, também nunca
chega a deslumbrar.
O que não é contraditório com escrever que este quinto tomo, O
último condor, é,
possivelmente, o melhor até agora.
Um
pequeno iate, paragens exóticas, belas mulheres, encontros
inesperados, a aventura ao virar da esquina - ou em qualquer porto
onde se
faz escala - Tango
(nome
de série e do protagonista) é uma daquelas bandas desenhadas de
aventuras,
na linha daquelas que
fizeram escola nos anos 1960-70 e que continuam
a ter (muitos) apreciadores.
Banda
desenhada de aventuras, envolvente,leve e descontraída -
elementos que nem sempre são
fáceis
de combinar - Tango é
a mais recente aposta da Gradiva no segmento conhecido em França por
grand public e o seu
primeiro álbum, Um oceano de pedra, é
sem dúvida um bom cartão de apresentação.