09/04/2013

Tiago Manuel na Mundo Fantasma






Temos o prazer de o/a convidar para a inauguração da exposição Céu em Fogo, de originais de ilustrações de Tiago Manuel, Sábado 13 de Abril, pelas 17h00, com a presença do autor.
Apresentação do livro "Mário de Sá Carneiro: Antologia Poética" editado pela Faktoria K de Livros, chancela da Kalandraka.

(Convite da responsabilidade da organização)

08/04/2013

Cidade de Vidro











Paul Karasik (argumento)
David Mazzucchelli (desenho)
ASA
Portugal, Março de 2013 (2ª edição)
140 x 210 mm, 138 p., pb, brochada com badanas
15,50 €







A transposição de uma obra de um género para outro - a vulgar adaptação - para ser bem-sucedida tem que conseguir cumprir dois quesitos principais. Primeiro: manter o espírito e a essência da obra original - o espírito, friso bem. Segundo: que a "adaptação" funcione autonomamente no género que a acolhe, sem que haja necessidade do conhecimento da obra original para a fruir plenamente.
O melhor exemplo de más adaptações de literatura para banda desenhada, são aquelas que mantêm a versão escrita original, funcionando o todo apenas como texto (quantas vezes mal) ilustrado e não como uma verdadeira BD - ou seja, uma obra composta por imagens sequenciais em que, quando existente, o texto não é independente dos desenhos, nem vice-versa.
Ora, isto não acontece em "Cidade de vidro" que funciona perfeitamente na adaptação aos quadradinhos feita por Paul Karasik e David Mazzucchelli, pese embora o carácter quase abstracto do texto original de Paul Auster.
Relembro que na base deste relato está Quinn, um escritor de segunda categoria que, após receber diversos misteriosos telefonemas nocturnos que procuravam um detective de nome Paul Auster, decide assumir essa identidade, sendo encarregado de seguir um certo Peter Stilman, e evitar que este se aproxime do filho para o matar. Quinn transforma-se então na sombra de Stilman, até este desaparecer, altura em que o pretenso investigador decide sentar-se 24 horas por dia em frente à sua porta, acabando por se fundir com as paredes, o beco onde está, os caixotes de lixo que o "enfeitam" - com aquela cidade, uma cidade de vidro que tudo mostra mas onde nos tornamos assustadoramente vazios, ocos, partes inúteis de um todo que funciona sem nós/apesar de nós.


Só que no resumo deste policial sem acção, a intriga parece enganadoramente linear, já que Auster, como noutras ocasiões, optou por um enredo complexo, muito baseado nas ideias - em ideias - em conceitos e no valor variável das palavras, nas ilusões que provocam, conforme são ditas e ouvidas…
Isto, na verdade, só torna mais notável a forma como Karasik e Mazzucchelli conseguiram transpor o romance para BD. Se a história era opressiva, obsessiva, sufocante, quase um delírio, é isto que o traço de Mazzucchelli - quase só esboço, por vezes próximo da absoluta depuração - recria e acentua, tornando o todo incómodo para o leitor.
Veja-se como um discurso se pode tornar estranho - e como muda o seu significado, o seu impacto - pelo tão simples pormenor de o balão que o contém não apontar para quem o profere, como é normal, mas sair de dentro da personagem, do seu íntimo - das suas entranhas… E veja-se também como Karasik e Mazzucchelli, conseguem reproduzir em BD a predominância das palavras - e o espírito intrinsecamente abstracto do relato - ao utilizarem imagens que parecem filmadas por uma câmara rotativa, que tanto vai mostrando cenários como intervenientes, enquanto roda pelo espaço, se aproxima e se afasta em efeitos de zoom, que acompanham o fluir das palavras, envolvendo, mergulhando, perdendo o leitor nos seus densos e diversificados sentidos.
Um bom exemplo, é a sequência em que Peter Stilton ("que não é Peter Stilton") se apresenta, em que parece graficamente "aprisionado" numa planificação fixa e inalterável de 9 vinhetas iguais por página, ao longo de várias pranchas, que muito naturalmente se acabam por fundir numa prancha única, falsamente composta pelas tais 9 vinhetas e mas que o leitor também pode visualizar como a porta de uma cela, onde a "imagem branca entre as vinhetas" - esse notável conceito da BD, um pedacinho de espaço/tempo em que o leitor vê/imagina o que acontece entre duas vinhetas sucessivas - tem o papel das grades dessa porta.

(Texto publicado no Jornal de Notícias de 1 de Outubro de 2006, com o título “O desenho das palavras da Cidade de Vidro”)


Isto é um assalto




Ficam todas e todos convidados:

Dia 10 de Abril, 4.ª feira, às 18h30, apresentação do livro "Isto é um Assalto", escrito por Francisco Louçã e Mariana Mortágua. É uma história da dívida em BD e será apresentado pelo escritor Urbano Tavares Rodrigues na Livraria Bertrand do Picoas Plaza (Metro: Picoas), em Lisboa. 

Em BD e ilustrações, a vida de Portugal nas mãos do capital financeiro, a história da dívida, a crise do euro, as promessas de Passos Coelho, a política da troika, o Jogo do Monopólio e o Feiticeiro de Oz, o desfalque de D.Sebastião e o banqueiro anarquista de Pessoa, o debate da Bíblia e de Júlio César sobre a reestruturação da divida, as relações dos Espírito Santo com Salazar, a estratégia da Merkel, tudo aquilo a que temos direito em desenhos e em texto.


(Convite endereçado por Nuno Saraiva)

07/04/2013

Leituras a fazer

Edições publicadas recentemente, um pouco por toda a parte,
que eu gostava de ter.
E que nalguns casos até já tenho!

Crónicas de Jerusálem
Guy Delisle
Zarabatana Books
Brasil

Peter Pank Integral
Max
La Cupula
Espanha

Disney temático Super-Heróis
Vários autores
Editora Abril
Brasil

 Dictionnaire illustré de la bande dessinée belge sous l'Occupation
Frans Lambeau
André Versaille
Bélgica

Prémios Profissionais de BD


Os PRÉMIOS PROFISSIONAIS DE BD (PPBD) foram criados em 2012 e estão a ser organizados por cinco pessoas ligadas à banda desenhada e ao jornalismo: André Oliveira, Inês Fonseca Santos, Maria José Pereira, Mário Freitas e Nuno Amado. A iniciativa tem como objectivo distinguir as melhores obras portuguesas de BD publicadas no nosso país no ano civil anterior àquele em que são atribuídos os prémios. Pretende ainda apresentar-se como uma montra e um motor permanente do que de melhor se faz na BD nacional.
Neste momento, as obras a nomear para a primeira edição dos PPBD estão a ser seleccionadas por um Grande Júri composto por 25 personalidades ligadas a esta área – de autores a investigadores, passando por jornalistas e divulgadores. Em análise, encontram-se mais de 30 obras publicadas em Portugal entre Janeiro e Dezembro de 2012.
O anúncio dos nomeados em cada categoria – Álbum do Ano; Argumentista do Ano; Desenhador do Ano; Colorista do Ano; Legendador do Ano; Design de Publicação do Ano; Antologia do Ano; WebComic do Ano – será feito já em Abril, num evento público a divulgar em breve.
A cerimónia de entrega dos PPBD acontecerá no dia 11 de Maio, na Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, em Lisboa, durante o Festival AniComics, onde estarão expostas as obras nomeadas. Acrescente-se ainda que, num primeiro momento, será no Festival Internacional de BD de Beja, em Junho, e na livraria Kingpin Books, em Lisboa, que vão poder ser vistas as obras vencedoras, estando previstas outras exposições a divulgar oportunamente.

(Texto da responsabilidade da organização)

06/04/2013

Carmine Infantino (1925-2013)












Esta continua a ser uma semana negra para a banda desenhada. Depois de JOBAT e de Fred, chegou agora a vez de Carmine Infantino ser chamado para o paraíso dos desenhadores.

Nascido a 24 de Maio de 1925, no Brooklyn, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, era um dos grandes nomes da chamada Era de Prata dos comics norte-americanos.
Iniciou a sua longa carreira nos quadradinhos em 1942, entrando na DC Comics cinco anos mais tarde, onde chegou a director artístico, em 1967, e a director editorial, em 1971, tendo sido responsável pela contratação de nomes como Dick Giordanno, Neal Adams e Denny O’Neil, com quem promoveu uma verdadeira revolução no estilo e na temática dos principais heróis.
Criador gráfico do segundo Flash (Barry Allen), em 1956, a partir de argumentos de John Broome e Robert Kanigher, foi também responsável por grande parte dos vilões que o homem mais rápidos da BD teve de enfrentar, como Captain Cold, Mirror Master ou Gorilla Grood, cujos direitos tentou – infrutiferamente - resgatar à DC Comics, em 2004 num processo judicial conjunto com outros criadores.
Distinguiu-se igualmente como capista e desenhador de Batman (cujo visual modernizou em 1964), tendo sido um dos mentores do primeiro crossover entre a DC Comics e a Marvel que originou uma aventura conjunta de Superman e Spiderman, em 1976, cuja capa também desenhou.
Nos anos 80, então na Marvel, desenhou alguns dos primeiros episódios aos quadradinhos de “Star Wars”, incluídos na colecção “Comics StarWars”  actualmente à venda em Portugal.




Os autógrafos do Pedro - Fred


05/04/2013

A arte de... Surzhenko

Paulo Monteiro editado na Polónia












O álbum de banda desenhada “O amor infinito que te tenho e outras histórias”, da autoria do português Paulo Monteiro, acaba de ser editado na Polónia, noticia o boletim electrónico do Camões, IP em Varsóvia.

O livro, editado em Portugal em finais de 2010, foi traduzido por Jakub Jankowski e dado à estampa pela editora "timof comics".
Esta extraordinária colectânea de contos de tom poético, que estavam dispersos por fanzines e outras publicações antes de reunidos e editados pela editora Polvo em Portugal, é o quinto livro de BD portuguesa a ser editado na Polónia, segundo o boletim electrónico do Camões, IP de Varsóvia.
Paulo Monteiro é um autor português de BD e, desde 2005, director do Festival de Banda Desenhada de Beja. Em 2011, o álbum agora publicado na Polónia foi galardoado com o prémio para o melhor álbum de banda desenhada, no Festival Internacional Amadora BD. Em 2012, Paulo Monteiro foi o autor em destaque na 23.ª edição do mesmo festival.

(Texto retirado do site do Instituto Camões, com alteração da grafia para a versão pré-acordo ortográfica da responsabilidade de As Leituras do Pedro)

04/04/2013

Na pista do Marsupilami












Um ano depois da estreia francesa, chega hoje às salas de cinema nacionais “Na pista do Marsupilami”, que transpõe para o grande ecrã uma das mais originais criações da banda desenhada.

Dirigido por Alain Chabat, que também o interpreta o protagonista, o repórter Dan Geraldo, foi o terceiro filme mais visto em França em 2012, com 5,3 milhões de espectadores. O comediante francês já tinha acumulado a realização com um dos papéis noutra adaptação de uma BD, “Astérix e Obélix: Missão Cleópatra”, em 2001.
Para o sucesso do filme, a par da popularidade da persona-gem dos quadradinhos, contribuiu também o tom familiar da película, escrita e montada de forma a poder agradar a todos os públicos, graças aos vários níveis de humor explorados. As dificuldades esperadas de transpor do papel para o ecrã uma personagem tão dinâmica quanto este estranho animal, acabam por ser relativamente bem resolvidas no filme, que privilegia os resultados das suas acções, deixando-o muitas vezes na sombra, o que alimenta a curiosidade do espectador e aumenta o impacto das suas aparições, pontuais mas decisivas.
Igualmente bem acolhido pela crítica francesa, “Na pista do Marsupilami” começa quando Geraldo chega a Palômbia, uma república das bananas sul-americana, em busca de um furo jornalístico. Longe de imaginar que vai descobrir uma criatura mítica, desconhecida do mundo civilizado, o extraordinário Marsupilami com a sua longa cauda, apurada inteligência e grande irritabilidade quando contrariado, contrata como guia um pequeno aldrabão local, Pablito (interpretado por Jamel Debbouze, apresentador da cerimónia de entrega dos Césars deste ano e o arquitecto Numerobis do filme de Astérix referido), e juntos embrenham-se na densa selva onde depararão com piranhas esfomeadas (o pitéu preferido do Marsupilami), um ditador com um grande segredo e uma tribo indígena que preserva uma antiga profecia…
O elenco, que inclui ainda o comediante Fred Testot, (a também realizadora) Géraldine Nakache ou Lambert Wilson, na versão dobrada emportuguês conta com as vozes de Alice Santos, António Vaz Mendes, Joana Carvalho, Jorge Mota, Rui Oliveira e Teresa Queirós.

Estreia na BD em 1952
Com cerca de um metro de altura, várias vezes multiplicada na sua cauda interminável, que lhe serve para mil e uma funções, amarelo com bolas negras, ovíparo, carnívoro e dotado de uma enorme inteligência o Marsupilami é uma das mais extraordinárias criações dos quadradinhos.
Imaginado por Franquin, estreou-se a 31 de Janeiro de 1952 na etapa final de “Spirou e os herdeiros”, na qual encontrá-lo era uma das condições para Fantásio receber uma herança. Capturado o Marsupilami e ganho o desafio, Spirou e Fantásio decidem devolvê-lo à sua selva natal, na Palômbia. Afeiçoado aos seus novos amigos, o extravagante animal segue-os para casa, passando a integrar as suas aventuras, até Franquin deixar a Dupuis, no final da década de 1960, levando consigo o extravagante animal, que protagonizaria histórias a solo, a partir de 1986.
Agora, tudo indica que Spirou, Fantásio e o Marsupilami se poderão reunir novamente, pois no passado mês de Março a Dupuis comprou a Marsu Productions que detinha os direitos do Marsupilami (e também de Gaston Lagaffe).

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de hoje, 4 de Abril de 2013)

Lucky Luke em Abril

(Público/ASA)

As Colinas Negras
3 de Abril 


Os Dalton no Canadá
10 de Abril 


Os Dalton regeneram-se
17 de Abril

O 20.º de Cavalaria
24 de Abril

03/04/2013

Fred (1931-2013)









A banda desenhada acaba de perder um dos seus maiores poetas, Frédéric Othon Théodore Aristidés, mais conhecido como Fred.

Francês de ascendência grega, nascido a 5 de Março de 1931, publicou a sua primeira banda desenhada, “Journal de bord”, em 1954, na “Zero”. Aí conheceu Georges Bernier (o célebre professor Choron) e François Cavanna, com quem fundara a “Hara-Kiri”, em 1960, de que foi director artístico.
Cinco anos mais tarde, juntou-se à equipa da “Pilote”, dando um contributo decisivo para fazer da banda desenhada uma arte (também) para adultos, assinando as primeiras aventuras de Philémon, uma série poética, filosófica e experimental, cujo protagonista, um sonhador, começou por saltar de letra em letra, na palavra Atlântico, pois cada uma é uma ilha no meio daquele oceano, e depois partiu à descoberta de novos mundos e realidades paralelas.
O último álbum da série, “Le train où vont les choses”, que Fred fez ponto de honra terminar para “fechar o círculo”, foi publicado há poucas semanas, constituindo assim uma espécie de testamento artístico de um autor que Angoulême distinguiu com o Grande Prémio, em 1980, e que homenageou de novo com uma exposição antológica na edição deste ano.
Autor inquieto, crítico da sociedade e em busca da diferença, que foi capaz de inovar na narrativa aos quadradinhos cuja estrutura soube explorar graficamente como poucos, Fred, a par dos 16 álbuns de “Philémon” (apenas o primeiro, “O Náufrago do ‘A’” foi editado em português, pela Meribérica/Líber), legou-nos também obras como “Le Petit Cirque” (1973), “Le Journal de Jules Renard lu par Fred” (1988; “O Diário De Jules Renard lido por Fred”, Bertrand Editora), “L’Histoire du corbac aux baskets” (1993; Melhor Álbum de Angoulême 1994; “A história do corvo de Ténis”, Meribérica/Líber), “L’Histoire du conteur électrique” (1995; “A História do Contador Eléctrico”, Meribérica/Líber) ou “L’Histoire de la dernière image” (1999) cuja (re)leitura vivamente aconselho.



Almanaque Tex #44














Mythos Editora
Brasil, Agosto de 2012
135 x 176 mm, 114 p., pb, brochada
R$ 7,90 / 4,00 €
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