13/05/2010

Animal’z

Enki Bilal (argumento e desenho)
ASA (Portugal, Novembro de 2009)
240 x 320, 104 p., cor, cartonado


Nesta obra, que marcou o seu regresso à banda desenhada no ano passado, Bilal retorna a alguns dos temas políticos que desenvolveu nos seus trabalhos mais recentes: os totalitarismos, (a falta de) futuro da humanidade ou a ecologia. Fá-lo, num registo mais neutro do que tem sido habitual, afastando-se um pouco do pessimismo de álbuns anteriores mas mesmo assim tendo como ponto de partida um planeta devastado por um fenómeno natural designado como “Golpe de Sangue”, que provocou brutais alterações climáticas e funcionais na Terra, reduzindo drasticamente as fontes de água potável e limitando a uns quantos (e ilusórios?) “eldorados” as zonas habitáveis do planeta. Devido a esse acontecimento, a par da redução da população mundial e do desmoronamento da economia mundial, o dia a dia tornou-se uma luta constante pela sobrevivência na qual todos os expedientes são válidos.
Mas Bilal opta por deixar estes contornos (estimulantes) apenas como pano de fundo e desencadeadores das acções da meia dúzia de protagonistas com que dotou este relato de antecipação científica num futuro não muito distante, marcado por progressos científicos que permitiram uma maior proximidade entre homem e animal, traduzida na possibilidade de fusão temporária entre ser humano e golfinho ou em mutações genéticas. A sua opção foi antes para um relato humano, aprofundando o lado psicológico, as motivações e a forma como cada um se relaciona com os restantes seres e se adequa (ou não) à nova situação e ao meio.
A opção por enquadramentos cinematográficos e vinhetas grandes – geralmente apenas duas ou três por prancha – destaca o magnífico traço a carvão sobre papel de tom cinza, que acentua o tom a um tempo sombrio e orgânico da narrativa, apenas tingido aqui e ali por raios de vermelho vivo, o que desvaloriza a sensação que a leitura deixa de que temos na nossa posse apenas um fragmento isolado de um todo maior e mais abrangente.

A reter
- O livro/objecto em si; as co-edições também têm vantagens…

(Versão revista e aumentada do texto publicado originalmente a 8 de Maio de 2010, na página de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)

12/05/2010

Zobo et les fleurs de la vie #1 – Sakura

Nie Jun (argumento e desenho)
paquet (Suíça, Janeiro de 2010)
240 x 322 mm, 48 p., cor, cartonado


Mais do que uma narrativa, este é um poema em banda desenhada, protagonizado por Zobo, uma marionete que ganha vida quando a jovem Ryoko lhe coloca no lugar do coração um ramo de flor de cerejeira, planta que no Japão está associada ao amor e ao carácter efémero das alegrias deste mundo. Com esse gesto, desperta a paixão de Zobo – de certa forma um Pinóquio à maneira oriental - que o leva a uma entrega total para a tentar concretizar. Só que, o coração nem sempre faz as escolhas mais óbvias, apesar de todos os sacrifícios que o amor se dispõe a fazer.
Com esta base, a que acrescenta ainda o enigmático Doku, Nie Jun, chinês e não japonês como se poderia pensar, num tom assumidamente romântico, com protagonistas (utópicos e) puros, desenvolve uma história terna e simples, recheada de simbolismos, uns mais evidentes do que outros, sobre amores juvenis, paixões não correspondidas, entrada na idade adulta, diferenças sociais e a necessidade de fazer sacrifícios para atingir a felicidade (ainda que de forma passageira).
E se o desenrolar deste conto – com muitos dos ingredientes dos de fadas que encantam os mais pequenos - é mais ou menos previsível, a verdade é que o seu lirismo, o tom agradável e melancólico, onde paira uma certa magia, o traço delicado e as belas cores a aguarelas, acabam por cativar e seduzir o leitor, por momentos afastado do mundo real, bem menos atractivo.

11/05/2010

Frank Frazetta (1928-2010)

Frank Frazetta, o homem que revolucionou a ilustração fantástica e de ficção-científica faleceu ontem, aos 82 anos, num hospital da Florida, na sequência de um derrame cerebral.
Norte-americano, nascido em Brooklyn, Nova Iorque, a 9 de Fevereiro de 1928, Frazetta começou a sua carreira aos 16 anos, como desenhador de quadradinhos, que o ocuparam nos anos 1940 e 1950, durante os quais ilustrou histórias de todos os géneros – terror, ficção-científica, western, super-heróis - mas entre as quais se destacam as colaborações nas tiras diárias de imprensa de L’il Abner e nas aventuras de Little Anne Fanny para a revista Playboy, bem como diversas bandas desenhadas de estilo humorístico, que levaram Walt Disney a convidá-lo para o seu estúdio, oferta que ele declinou.
O desenho do cartaz para o filme “What’s New Pussycat” (1965) levou-o a descobrir um novo (e mais rentável) mundo, passando a dedicar-se especialmente à ilustração de capas de livros e discos, posters, cartazes cinematográficos e quadros, nos quais revelou um grande sentido estético e de composição, um traço dinâmico e vigoroso, servidos por uma paleta de cores diversificadas, com os quais deu nova vida a personagens como Conan, Vampirella ou Tarzan. Os seus trabalhos, maioritariamente de temática fantástica, de terror ou de ficção-científica, distinguem-se pelos homens fortes e vigorosos e pelas belas e sensuais mulheres, na maior parte das vezes em cenas de combate, em ambientes hostis, perante monstros ameaçadores.
Informação mais detalhada disponível aqui.

(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 11 de Maio de 2010)

A herança de Bois-Maury - Vassya

Yves H. (argumento) e Hermann (desenho)
Vitamina BD (Portugal, Outubro de 2009)
222 x 300, 48 p., cor, cartonado


O ano é 1604 e o contexto histórico a guerra pelo poder na Rússia entre o Czar Boris Godunov e Grigori Otrepiev, apoiado pelos cossacos polacos, um impostor que se faz passar por herdeiro e que ficou na História como o “falso Dimitri”. Mas a história – para lá da História – é um relato de desejo e vingança.
Vassya, um dos cossacos, dá título ao livro, mas na verdade – como sempre nesta série, aliás, em torno dos descendentes do cavaleiro Aymar de Bois-Maury, protagonista do ciclo inicial “As Torres de Bois- Maury”, parcialmente editado em Portugal - o protagonismo é vivido no feminino, através de Douniachka, uma mulher à frente do seu tempo, por ter (e exercer…) opinião(, desejos) e vontade própria. Porque se é ela o objecto de desejo – de Vassya, o marido demasiado ausente, de Aymar, o descendente do seu homónimo original, e de Kolya e os seus zaporogas – ela também sente e quer. Numa época em que à mulher cabia um papel de subserviência e de pouco mais do que objecto ao serviço dos homens.
E, também por isso, vai ser Douniachka quem está na origem dos desejos de vingança de Kolya e dos seus companheiros, quando Aymar os impede de consumarem a sua violação. Num relato em que as personagens se vão cruzando, aumentando as animosidades e a tensão.
Por isso, esta é, antes de mais, uma história humana, sim – aspecto reforçado até pelo papel (falsamente) secundário do avô de Douniachka – embora menos estimulante do que seria desejável, reconheço, porque algo previsível. E também crua – como têm ultimamente sido quase todos os relatos desenhados por um Hermann desencantado com os seus semelhantes – porque testemunho de onde o ser humano pode chegar quando os (piores) sentimentos se impõem à razão.
Fica, mais uma vez, como principal atractivo, o extraordinário trabalho gráfico de Hermann, com um traço realista assente em soberbas cores directas – a que a impressão não faz inteira justiça –, num notável jogo de luz e sombras, em especial nas cenas nocturnas ou ao entardecer, e numa planificação sóbria mas muito eficiente, de que é bom exemplo a cena muda inicial.

(Versão revista e aumentada do texto publicado originalmente a 1 de Maio de 2010, na página de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)

10/05/2010

Lulu Femme Nue – second livre

Étienne Davodeau (argumento e desenho)
Futuropolis (França, Abril de 2010)
216 x 293 mm, 80 p., cor, cartonado


Resumo

10 dias depois de sair de casa, Lulu, quarentona, mãe de 3 filhos, continua o seu percurso, longe dos seus, tentando descobrir-se e a um sentido para a (sua) vida.

Desenvolvimento
Só que agora, ao contrário do que aconteceu no primeiro livro algo começa a mudar. O tom de algum optimismo e de esperança desvanece-se. Logo nas primeiras pranchas, Lulu fica sem dinheiro, dorme ao relento, assalta uma idosa para lhe roubar a carteira, é confundida com uma sem-abrigo e tomada por prostituta. Talvez porque, como diz Morganne, a sua filha, principal narradora deste segundo tomo, ela tenha sido finalmente “apanhada pela realidade”. Começando a compreender que a sua sede de liberdade, a sua aventura, o seu passeio, apenas podem ter um destino final: o regresso a casa.
Por isso, é uma Lulu dividida que Davodeau nos apresenta. Porque sente aquela inevitabilidade mas deseja prolongar ao máximo a “licença” que está a gozar.
Lulu que, neste segundo tomo, divide mais o protagonismo. Com a velha Marthe, surpreendente e generosa, com a inconsequente Virginie – ambas, como Lulu, mulheres simples e vulgares, pretextos para falar com delicadeza e sensibilidade de velhice e solidão… Mesmo Morganne e Tanguy, o seu marido, têm um outro protagonismo, já que uma parte da acção se passa agora na casa que ela deixou. A própria narração da sua escapada é mais vezes interrompida com as opiniões dos amigos, divididos entre a crítica e a comprensão. O que dá maior consistência ao relato e revela mais uma vez o enorme talento de Davodeau (também) para os diálogos e para a narração do quotidiano
Agora, vou abster-me de referir mais do enredo e o próprio final, porque expor como Lulu se relaciona com Marthe e Virginie, explicar a sua relação com elas, seria retirar aos leitores destas linhas grande parte do prazer da leitura deste (muito, muito aconselhável) díptico.
Que apesar do seu final aparentemente feliz – pelo menos até que a realidade apanhe novamente Lulu? – deixa no ar uma sombra pessimista, um gosto algo amargo, em especial devido à constatação de que a experiência de Lulu, positiva para ela – mas cuja profundidade das marcas que deixou só o tempo poderia revelar - foi apenas sua e não exportável, por exemplo, para Marthe ou Virginie, como Davodeau nos mostra. Isto, a par de questões, sempre incómodas, sobre os limites do ser humano, dentro ou fora do seu ambiente, e sobre as respostas que a sociedade (não) dá a questões prementes como a velhice ou a solidão, que o livro levanta.

A reter
- A volta dada à história sem lhe retirar interesse ou qualidade.
- A forma como é mantida em segredo, quase até final, a identidade de quem faleceu, com o levantar de sucessivas hipóteses não confirmadas.
- De novo, o excelente trabalho gráfico de Davodeau, melhor do que nunca neste aspecto, na planificação, na transmissão das noções de tempo e movimento, no belo colorido utilizado.

Menos conseguido
- A forma algo limitada como a personagem de Tanguy, o marido de Lulu, é desenvolvida no díptico.

Curiosidade
- Os progressos de Davodeau com a história de Lulu foram sendo narrados por ele no blog Lulu Femme Nue criado para o efeito.
- A primeira edição francófona do álbum - já esgotada! - teve uma tiragem de 30 mil exemplares. Notável para uma obra deste género.

07/05/2010

Anicomics Lisboa 2010

Tem início hoje, às 21h30, com a cerimónia de abertura (entrada por convite), prolongando-se até ao próximo domingo, o Anicomics Lisboa 2010, um evento organizado pela livraria (e editora) Kingpin Books, dedicado à banda desenhada, que terá lugar na Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, em Telheiras, que estará aberta entre as 10h e as 23h (no sábado) e das 10h e às 19h (no domingo)
Como cabeças de cartaz, surgem três autores europeus que desenham para a Marvel: os italianos Giuseppe Camuncoli (que tem trabalhado nas revistas “Dark Wolverine” e “Hellblazer”) e Stefano Caselli (“Avengers: The Initiaive”, “Secret Warriors”), e o espanhol David Lafuente (“Ultimate Spider-Man”). Este último dirigirá um workshop sobre “O desenho e o processo criativo”.
Os autores portugueses têm também um lugar de destaque, estando anunciadas as presenças de Carlos Pedro (Super Pig), Cristina Dias, David Soares (Mucha), Fernando Dordio (C.A.O.S.), Filipe Andrade (BRK, X-23), Filipe Melo (Aventuras de Dog Mendonça e Pizza Boy), Filipe Teixeira (C.A.O.S.), GEvan.. (Super Pig), Jo Bonito (Super Pig Manga), Joana Lafuente (Transformers), João Lemos (Marvel Fairy Tales), Jorge Coelho (Forgetless), Mário Freitas (Super Pig, Mucha), Nuno Duarte (A Fórmula da Felicidade),
Nuno Plati (Marvel Fairy Tales, X-23), Osvaldo Medina (A Fórmula da Felicidade, Mucha) e Selma Pimentel.
Preferência actual dos mais jovens, o manga e o anime marcarão igualmente presença através de concursos de Cosplay, demonstrações de Hairstyling & Make-up e degustação de Sushi, constando ainda do programa debates e sessões de autógrafos com os autores, a projecção de filmes de animação e sessões de desenhos ao vivo.
O programa completo pode ser consultado aqui.

(versão revista do texto publicado no JN de 7 de Maio)

06/05/2010

Lulu Femme Nue – premier livre

Étienne Davodeau (argumento e desenho)
Futuropolis (França, Novembro de 2008)
216 x 293 mm, 80 p., cor, cartonado

Resumo
Lulu tem 40 anos, não trabalha há 16, desde que nasceu o primeiro dos seus 3 filhos, e o seu marido é bruto e alcoólico. Não é bela nem especial. É apenas uma mulher comum, envelhecida, gasta pela vida, esgotada, submersa pelos afazeres do quotidiano.
Por isso, afirma na primeira pessoa, “a minha vida não me agrada. Não se passa nada nela”. E mais: “Não sei se ainda amo o meu marido, às vezes não o suporto (…) tenho a impressão de ser apenas uma extensão do fogão e do lava-louças…”
É, assim, uma mulher desiludida, que após mais uma recusa de emprego, decide tirar algum tempo, longe de tudo e de todos, para repensar a sua vida. Para se encontrar. Ou perder.

Desenvolvimento
Esta é a história de Lulu, que nos vai sendo narrada pelos seus amigos, em sua casa, conforme a foram sabendo e descobrindo através dos seus telefonemas, por outras pessoas ou observando-a directamente. Uma história de 20 dias, narrada no breve tempo de uma única noite, véspera de um funeral.
Uma história que começou há três semanas em relação ao tempo em que é narrada e que prossegue numa cidadezinha à beira-mar, bela e tranquila – como tranquila (e também bela, pelo menos por dentro) se vai revelando Lulu, uma nova Lulu, conforme se vai descobrindo e descobrindo rumos para uma vida diferente. Uma cidadezinha onde vai conhecer Charles, como ela um abandonado pela vida, com quem vive uma breve mas gratificante relação.
Pelo meio, vamos conhecendo Tanguy, o marido de Lulu, os amigos dela (não dele…), os seus filhos, em especial Morganne, 16 anos muito adultos, que vai ter que ocupar o lugar da mãe, os (muito loucos, mas extremamente ternos) irmãos de Charles.
Com eles, mantendo o leitor em constante suspense, com a mestria que lhe é habitual (aprecie-se a naturalidade com que nos é mostrada a (longa) noite de conversa, com a narração da “aventura” de Lulu a ser entremeada com apartes sobre o deitar dos miúdos, o frio da noite ou os pedidos de comida ou cerveja…), com muito pudor e ternura, Davodeau constrói um belíssimo relato. Um relato em que o optimismo e a esperança (expressos nos sorrisos de Lulu, nas areias douradas, no mar de um azul intenso…) predominam sobre os contornos negros e sombrios da base narrativa. Um relato sobre relações humanas, realização pessoal e a morte dos sonhos face à incontornável (será?) realidade, face à forma como a vida quotidiana persegue e envolve mesmo quem dela quer fugir. Ou não.
Porque esse suspense prolonga-se para o segundo e último tomo desta história profundamente humana e realista, que neste álbum se conclui, melhor, que é suspensa, 10 dias antes de ser narrada.

A reter
- A originalidade do relato.
- A forma como o autor marca os tempos, as pausas, o ritmo da leitura.
- A expressividade dos rostos, a naturalidade dos movimentos, a credibilidade da história, a humanidade das personagens, a força das emoções expressas.
- As belíssimas pranchas que Davodeau nos oferece, em especial graças aos tons suaves que utilizou para as colorir.
- Enfim, tudo.

05/05/2010

Peter O’Donnell (1920-2010)

Peter O’Donnell faleceu na noite do dia 3, poucos dias depois de ter completado 90 anos. Britânico, nascido a 11 de Abril de 1920, distinguiu-se como criador de Modesty Blaise, uma aventureira que protagonizou uma tira diária de imprensa que começou a ser publicada em Inglaterra, no The Evening Standard, há exactamente 47 anos, depois de ter sido recusada por outros jornais devido à audácia de algumas imagens.
Inspirada na literatura de espionagem, Modesty no início era uma jovem amnésica, fugitiva de um campo de refugiados grego após o final da II Guerra Mundial, e que vivia de expedientes pouco lícitos. Viria mesmo a dirigir uma organização criminal chamada Network, antes de se tornar uma das mais distintas agentes secretas ao serviço de Sua Majestade britânica. Bela, sensual e sedutora, apesar dessa nova faceta não ganhou muitos escrúpulos nem deixou de frequentar o submundo, tendo como único amigo William Garvin, um antigo mercenário.
O responsável pelo desenho era Jim Holdaway que após a sua morte, em 1970, seria substituído sucessivamente por Enrique Romero, John Burns, Patrick Wright e Neville Colvin. Até ao final da série, a 11 de Abril de 2001, foram publicadas 10183 tiras diárias, correspondentes a quase uma centena de aventuras, tendo algumas delas aparecido nas páginas do Diário Popular, em meados dos anos 1980, época em que a Gradiva editou um tomo único com três histórias, intitulado “Aventuras completas de Modesty Blaise”.
Peter O’Donnell escreveu também três dezenas de romances com as suas aventuras, bem como diversos romances históricos sob o pseudónimo de Madeleine Brent. Modesty Blaise protagonizou ainda dois filmes e um episódio piloto para televisão, que não teve sequência.

(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 5 de Maio de 2010)

04/05/2010

Cadavre Exquis

Pénélope Bagieu (argumento e desenho)
Gallimard
França, Abril de 2010
175 x 245 mm, 128 p., cor, cartonado

Resumo 
Zoé leva uma vida vazia e sem objectivos, entre o seu trabalho como hospedeira de acolhimento em eventos e salões, de produtos tão diversos como queijos ou automóveis, e as noites passadas com o seu companheiro, mais interessado em comida na mesa e sexo do que em partilhar a vida. Thomas Rocher é um (ex-)escritor de sucesso, em falha de inspiração, que vive como um autêntico recluso no seu apartamento de onde nunca sai. O acaso vai fazer com que os dois se cruzem e com que as suas vidas se modifiquem totalmente.

03/05/2010

Quadrinhos em Quadrinhos

Se é verdade que prefiro – de longe – ler em papel (pelo cheiro, a textura, o peso…), isso não impede que pontualmente faço algumas leituras na internet. Embora geralmente isso aconteça face à inexistência de uma versão no suporte físico.
É o caso das bandas desenhadas publicadas no blog Quadrinhos em Quadrinhos, que têm a particularidade de serem recensão crítica de álbuns (editados no Brasil). E a curiosidade de cada uma ser escrita e desenhada no estilo da obra em análise, com as personagens originais como protagonistas.
Até agora foram contempladas “Copacabana”, de Sandro Lobo e Odyr Bernardi, “O Chinês Americano” (“American Born Chinese”), de Gene Luen Yang, “Aya de Yopougon 1”, de Marguerite Abouet e Clément Oubrerie, uma homenagem a Glauco (1957-2010), “Jimmy Corrigan - o menino mais esperto do mundo” (“Jimmy Corrigan - The Smartest Kid on Earth”) de Chris Ware, “Fracasso de Público: Heróis Mascarados e Amigos Encrencados” (“Box Office Poison”), de Alex Robinson, e “Gourmet”, de Masayuki Kusumi e Jiro Taniguchi.
O responsável pelo blog (e pelas bandas desenhadas, de periodicidade quinzenal) é Audaci Júnior, (também) autor de BD, crítico e cineasta, autor de uma curta-metragem em imagem real baseada na BD “O Gosto da Ferrugem, de José Carlos Fernandes, de quem tem na calha a crítica a “A Pior Banda do Mundo”… em BD!
Se é verdade que o modelo tem algumas limitações – até porque o espaço disponível não é (não pode ser) muito – a visita e a leitura (mesmo online!) justificam-se plenamente.

02/05/2010

As Melhores Leituras de Abril

Alix - Garra Negra (ASA+Público), de Jacques Martin (argumento e desenho)
Animal'z (ASA), de Enki Bilal (argumento e desenho)

Cadavre Exquis (Gallimard), de Pénélope Bagieu
Cartoons do ano 2009 (Assírio e Alvim ), de António, André Carrilho, Augusto Cid, Cristina Sampaio, António Jorge Gonçalves e Maia (cartoons)
Faire le Mur (Casterman), de Maximilien Le Roy (argumento e desenho)
Hellboy – Terras Estranhas (G. Floy Studio), de Mike Mignola (argumento e desenho) e Dave Stewart (cor)
Incognito #1 - Project Overkill (Delcourt), de Ed Brubaker (argumento), Sean Phillips (desenho) e Val Staples (cor)
J. Kendall – Aventuras de uma Criminóloga – Almanaque Mistério 2009 (Mythos Editora), de Giancarlo Berardi (argumento e guião), Maurizio Mantero (guião) e Steve Boraley (arte)
Níquel Náusea #7 - Em boca fechada não entra mosca (Devir Livraria), de Fernando Gonsales (argumento e desenho)

Superman & Batman #50 (Panini Brasil)
Tex a cores #1 – O Totem Misterioso (Mythos Editora), de Gianluigi Bonelli (argumento) e Aurelio Galleppini (desenho)

Turma da Mônica Jovem #16 - Monstros do ID Parte 2 (Maurício de Sousa Editora), de Maurício de Sousa

01/05/2010

Para Ver - Ana Madureira na Mundo Fantasma

A galeria Mundo Fantasma, situada na livraria especializada em BD com o mesmo nome, no Centro Comercial Brasília, no Porto, inaugura hoje, às 17h, uma exposição de Ana Madureira, na presença da autora.
Intitulada “A Alma do negócio”, a mostra é composta por 20 ilustrações originais que retratam, através de um desenho sensível e espontâneo, feito de traço frágil e fino, lugares, situações e personagens que nos parecem ao mesmo tempo próximas e estranhas, e evocam histórias que nos soam familiares.
Natural de Espinho, onde nasceu em 1980, Ana Madureira estudou Direito em Coimbra, antes de viver na Holanda e na Índia. Actualmente divide o seu tempo pelo teatro e pela música, enquanto intérprete e cenógrafa na companhia Circolando e com o colectivo musical Gudubik, a dança, campo onde faz investigação na CEM, e a ilustração, tendo auto-editado as colecções “Cosido à mão”, em 2003, e “Coração nas mãos”, em 2009, e sido seleccionada para as Mostras Nacionais de Jovens Criadores de 2003, 2005, 2006, 2007 e 2009, e para a XIII Bienal de Jovens Artistas da Europa e Mediterrâneo, realizada em Itália, em 2008.


(Texto publicado no Jornal de Notícias de 1 de Maio de 2010)

30/04/2010

Alix, o intrépido

Jacques Martin (argumento e desenho)
ASA (Portugal, Abril de 2010)
302 x 225 mm, 64 p., cor, cartonado

Parece resposta ao meu post de há dias, mas é pouco provável que o seja.
De qualquer forma, a notícia é que a partir de hoje está disponível (apenas) nas lojas FNAC uma edição limitadíssima de 300 exemplares da colecção Alix em capa dura, com grafismo igual aos volumes já editados pela ASA.
Serão editados dois álbuns por mês, pela mesma ordem em que estão a ser lançados com o jornal Público. Ou seja, é desde já possível comprar “Alix, o intrépido” e “A esfinge de ouro”, custando cada volume 14,90€.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...