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15/04/2020

Mattéo: Primeira e Segunda épocas

 
Pequena História
Iniciada entre nós pela Vitamina BD há mais de uma década e continuada agora pela Ala dos Livros, a série Mattéo revisita alguns dos momentos mais marcantes da História do século XX.
Fá-lo, não do ponto de vista dos eruditos ou dos compêndios do género, privilegiando antes a ‘pequena’ História, aquela que foi vivida no local por tantos (meros) figurantes anónimos - mas sem os quais nada do que conhecemos hoje teria tido lugar.
Na Primeira Época (1914-1915) revive a guerras das trincheiras, enquanto que na Segunda Época (1917-1918) se acerca da revolução soviética.

27/01/2016

03/08/2011

O Diabo dos Sete Mares

Partes 1 e 2
Yves H. (argumento)
Hermann (desenho)
Vitamina BD (Portugal, Agosto de 2008 e Março de 2009)
240 x 320 mm, 48 p., cor, cartonado

Após 40 anos de carreira, Hermann estreia-se numa história de piratas. Aos 70 anos, "O diabo dos sete mares", é (mais) uma confirmação de Hermann como um dos melhores desenhadores realistas da BD franco-belga.
E revela a sua mestria na planificação contida mas variada e dinâmica e, principalmente, no desenho traçado com soberbas cores directas, das múltiplas gamas de cinzentos das cenas nocturnas aos tons luxuriantes dos pântanos da Carolina do Sul.
Isto, depois de incursões por quase todos os géneros: aventura em estado puro (em "Bernard Prince"), western ("Comanche"), Idade Média (revisitada n'"As Torres de Bois-Maury"), futuro pós-apocalíptico ("Jeremiah"), ficção histórica ("Jugurtha") ou humor e fantasia ("Nic, o sonhador").
Agora, tudo se inicia com o casamento em segredo da filha de um rico fazendeiro com um aventureiro de passado duvidoso. Só que o seu acto despoleta um sem número de consequências, do deserdar da jovem ao incêndio da plantação do seu pai, da fuga do casal às sucessivas alianças, lutas e traições pela posse do tesouro do mítico e terrível pirata conhecido como "Diabo dos Sete Mares", em torno de quem tudo gira apesar de uma aparição pouco mais do que fugaz.
Tudo narrado em cadência acelerada, com os aconte-cimentos e as revelações a sucederem-se, obrigando o leitor a parar por vezes para considerar as diversas pistas que o argumentista Yves H., como é habitual nele, vai fornecendo, fazendo de uma intriga aparentemente simples e directa, uma trama elíptica e elaborada.
Só que – e isto tem acontecido pouco na carreira de Hermann – a passagem do primeiro tomo para o segundo revela-se – para mim, pelo menos, foi – uma desilusão. Porque, apesar da explicação de algumas pontas deixadas soltas, a opção narrativa tomada não convence e desvirtua aquilo que o primeiro tomo prometia, uma vez que este volume marca também a estreia de Hermann num outro género – o das histórias de mortos-vivos.
Sobra, no entanto, não sendo pouco, a excelência do seu trabalho gráfico.

(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 8 de Dezembro de 2008)

PS – Bongop: obrigado pelo empréstimo (involuntário) das pranchas incluídas neste post, pirateadas das tuas Leituras de BD

05/11/2010

Leituras diversas

Libri Impressi

Dot & Dash
Cliff Sterrett (argumento e desenho)
À espécie quase extinta dos que ainda compram livros de papel e ao número ainda mais reduzido dos que ainda gostam de banda desenhada, Manuel Caldas tem o prazer de comunicar que já está impressa e acabada a sua última edição: “Dot & Dash”, de Cliff Sterrett.
Criada em 1926-1928 para os jornais americanos, trata-se da obra-prima absoluta do celebrado autor de “Polly and Her Pals”. Esta edição apresenta-a na sua integralidade, completamente restaurada e com o seu deslumbrante colorido original. Ainda que menos conhecido pelo público em geral, Cliff Sterrett foi um génio ao nível de George Herriman e Winsor McCay.
O livro tem o tamanho de 30x21,3cm, 64 páginas a cores e um preço de 16,50 Euros. Aparecerá em breve nas livrarias, mas se o pedir directamente ao editor (sem pagar despesas de correio, claro), receberá um poster de tiragem limitada reproduzindo uma enorme página de jornal de 1928 com “Dot & Dash” e “Polly and Her Pals”.
Caso esteja interessado na edição e em contribuir para a sobrevivência de um editor que continua a não se render, faça de imediato o seu pedido, de um ou mais exemplares (para poder oferecê-los).



Devir

The Walking Dead - Dias passados
Robert Kirkman (argumento
Charlie Adlard, Cliff Rathburn e Tony Moore ( desenho)

"Num mundo governado pelos mortos, somos obrigados a começar a viver." Em conjunto com o lançamento mundial da série na Fox a Devir disponibiliza o primeiro volume da série inteiramente em Português!
Desde o seu lançamento em Outubro de 2003, The Walking Dead de Robert Kirkman transformou-se num dos campeões de vendas da Image Comics nos Estados Unidos. Agora a Fox em conjunto com a AMC apostam na serie e a Devir lança o primeiro volume totalmente em Português.
Com argumento de Robert Kirkman e arte de Charlie Adlard, Cliff Rathburn e Tony Moore, este primeiro volume é uma história de 144 páginas vencedora de um prémio Harvey e um Eisner como a melhor série contínua.


Sin City – Valores familiares
Frank Miller (argumento e desenho)
Dwight McCarthy e Miho estão atrás de alguns assassinos que cometeram um crime que seria considerado hediondo, se o mesmo não tivesse ocorrido nas ruas sujas de sangue e pecado de Sin City. Quem são esses criminosos e o que fizeram eles de tão grave será revelado numa aventura cheia de traição, balas... e vingança!




Kingpin Comics

Off Road
Sean Murphy (argumento e desenho)

Greg está a ter um dia em cheio! O pai ofereceu-lhe um jipe amarelo, novinho em folha, e Trent, um dos seus amigos mais antigos, acaba de voltar da faculdade para uma breve visita. Trent, por sua vez, anda mal de amores e desanimado. Está novamente sozinho, depois de traído e abandonado por mais uma namorada. O amigo comum, Brad, também já viu melhores dias. Anda em guerra aberta com o pai – e por guerra aberta, entenda-se andarem literalmente ao soco.
Brad e Greg estão convencidos que uma festa é a solução ideal para se abstraírem dos seus males. Mas Trent tem outra coisa em mente - partir numa aventura, mato adentro, com o novo todo-o-terreno de Greg! Mas será que os três amigos estão realmente preparados para o que os espera para lá do asfalto? Nem por sombras!
Publicado originalmente em 2005 pela Oni Press, Off Road foi o álbum de estreia de Sean Gordon Murphy, que ilustrou entretanto, para a DC Comics, Batman: Scarecrow – Year One, John Constantine: Hellblazer e Joe, The Barbarian, este último escrito pela super-estrela escocesa, Grant Morrison.


Booksmile

Scott Pilgrim na boa vida (vol. 1)
Scott Pilgrim contra o mundo (vol. 2)
Bryan Lee O'Malley (argumento e desenho)

Chama-se Scott Pilgrim, tem 23 anos e está feliz com a vida pacífica que leva. Divide os dias entre o ócio do desemprego voluntário e os ensaios da banda de rock, os Sex Bob-Omb.
No entanto, a rotina diária dividida entre videojogos, a banda e o tempo dedicado à preguiça, vai sofrer um abalo sísmico. A culpada é Ramona Flowers, uma norte-americana recém-chegada ao Canadá, a única estafeta da empresa Amazon na região.
Esta é apenas uma introdução à inacreditável história de Scott Pilgrim. Um universo caracterizado pela mistura elementos de videojogos, manga, filmes de kung fu, música e cinema e que se une às questões do amor jovem e do início da vida adulta.
Uma BD de culto criada por Bryan Lee O'Malley.




Como Desenhar Manga Passo a Passo



A influência da cultura japonesa tem vindo a crescer nos útimos anos em Portugal, muito por culpa do interesse que o anime e manga têm despertado entre miúdos e graúdos.
Manga (ou Mangá) é a palavra usada para designar a banda desenhada feita no estilo japonês. É, muitas vezes, considerada uma forma artística de contar histórias, pois as suas criações têm características únicas no que respeita à cor e dinâmica das ilustrações.
A nova colecção já lançada pela Booksmile, Como Desenhar Manga Passo a Passo - à venda desde 21 de Outubro - está concebida para dois públicos distintos: amadores com interesse por este estilo de animação e com desejo de aprender mais sobre o tema, e profissionais que pretendam alimentar o seu gosto e aprofundar conhecimentos.
Explicam de forma fácil e intuitiva todos os passos que são necessários para desenhar Manga, desde a concepção do esboço, passando pela utilização da palete de cores até à criação de sombreados e outros recursos de estilo. Contêm dezenas de personagens diferentes para recriar nos estilos Chibi e Lolita Gótica, os mais conhecidos e reproduzidos no universo Manga.

Lolitas Góticas
As Lolitas Góticas são uma subcultura nascida no Japão há pouco mais de uma década, caracterizada pela combinação invulgar de elementos da moda ocidentais.
Mas o que as define? Que peças e acessórios costumam utilizar? Como se representam? Este livro ensina, passo a passo, a desenhar manga nos principais tipos de Lolitas Góticas.


Chibis
Chibi é a palavra japonesa utilizada no mundo da manga e anime para descrever versões disformes, infantis e humorísticas de personagens famosas. Este livro é um guia detalhado que o ensina a desenhar manga na forma de monstros chibis ou seres “superdeformados”. Inclui as técnicas e truques essenciais para desproporcionar uma pessoa ou animal sem alterar a sua personalidade.

Vitamina BD

Bernard Prince – Ameaça sobre o rio
Yves H. (argumento)
Hermann (desenho)

Bernard Prince e os seus amigos Jordan e Djinn regressam nesta aventura que começa com a chegada do Cormoran a Quirtos, um porto de rio na América Latina. Aguarda-os um encontro com um homem chamado Ramirez, um velho conhecido regressado ao país em circunstãncias misteriosas.
Mas há mais alguém muito interessado nos três heróis e o seu objectivo é… vingança!
Com Djinn refém a bordo, o Cormoranparte rumo a um destino desconhecido que levará Prince e Jordan a uma intensa perseguição pela selva amazónica e a um dramático final.

Jeremiah – O gatinho morreu
Hermann (argumento e desenho)
A VitaminaBD tem mais um álbum de “Jeremiah” pronto para satisfazer os coleccionares da série e fãs de Hermann. Sob o inocente título “O gatinho morreu”, Hermann apresenta um álbum carregado de tensões e dúvidas que poderão abalar a relação entre os protagonistas da série, Kurt e Jeremiah.

(resumos da responsabilidade das respectivas editoras)

11/05/2010

A herança de Bois-Maury - Vassya

Yves H. (argumento) e Hermann (desenho)
Vitamina BD (Portugal, Outubro de 2009)
222 x 300, 48 p., cor, cartonado


O ano é 1604 e o contexto histórico a guerra pelo poder na Rússia entre o Czar Boris Godunov e Grigori Otrepiev, apoiado pelos cossacos polacos, um impostor que se faz passar por herdeiro e que ficou na História como o “falso Dimitri”. Mas a história – para lá da História – é um relato de desejo e vingança.
Vassya, um dos cossacos, dá título ao livro, mas na verdade – como sempre nesta série, aliás, em torno dos descendentes do cavaleiro Aymar de Bois-Maury, protagonista do ciclo inicial “As Torres de Bois- Maury”, parcialmente editado em Portugal - o protagonismo é vivido no feminino, através de Douniachka, uma mulher à frente do seu tempo, por ter (e exercer…) opinião(, desejos) e vontade própria. Porque se é ela o objecto de desejo – de Vassya, o marido demasiado ausente, de Aymar, o descendente do seu homónimo original, e de Kolya e os seus zaporogas – ela também sente e quer. Numa época em que à mulher cabia um papel de subserviência e de pouco mais do que objecto ao serviço dos homens.
E, também por isso, vai ser Douniachka quem está na origem dos desejos de vingança de Kolya e dos seus companheiros, quando Aymar os impede de consumarem a sua violação. Num relato em que as personagens se vão cruzando, aumentando as animosidades e a tensão.
Por isso, esta é, antes de mais, uma história humana, sim – aspecto reforçado até pelo papel (falsamente) secundário do avô de Douniachka – embora menos estimulante do que seria desejável, reconheço, porque algo previsível. E também crua – como têm ultimamente sido quase todos os relatos desenhados por um Hermann desencantado com os seus semelhantes – porque testemunho de onde o ser humano pode chegar quando os (piores) sentimentos se impõem à razão.
Fica, mais uma vez, como principal atractivo, o extraordinário trabalho gráfico de Hermann, com um traço realista assente em soberbas cores directas – a que a impressão não faz inteira justiça –, num notável jogo de luz e sombras, em especial nas cenas nocturnas ou ao entardecer, e numa planificação sóbria mas muito eficiente, de que é bom exemplo a cena muda inicial.

(Versão revista e aumentada do texto publicado originalmente a 1 de Maio de 2010, na página de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)
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