10/01/2011

Selos & Quadradinhos (18)

Stamps & Comics / Timbres & BD (18)

Tema/subject/sujet:
Tintin à l’écran
País/country/pays: Bélgica/Belgium/Belgique
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: Agosto de 2011/August 2011/Août 2011

Nota: a primeira prancha de Tintin foi publicada há 82 anos, a 10 de Janeiro de 1929, nas páginas do Le Petit Vingtième.

Note: The first page of Tintin was published 82 years ago, the January 10, 1929, in the pages of Le Petit Vingtième.

Note: La première planche de Tintin a été publié il ya 82 ans, le 10 Janvier 1929, dans les pages du Petit Vingtième.

Tinta nos Nervos. Banda Desenhada Portuguesa

Data: 10 de Janeiro a 27 de Março
Local: Museu Colecção Berardo, Praça do Império, Lisboa
Horário: Domingo a sexta, das 10h às 19h; Sábado, das 10h às 22h. Entrada gratuita.


A abrir o ano, possivelmente aquele que será o grande evento relacionado com a banda desenhada em Portugal em 2011. Uma mostra com cerca de 600 originais de 41 autores nacionais, modernos e contemporâneos, que terá lugar durante dois meses no Museu Colecção Berardo. Uma óptima oportunidade para (re)descobrir alguns dos nomes mais importantes dos quadradinhos nacionais a par de criadores promissores ou mais experimentais.
Para saber mais sobre a mostra, veja o texto de Pedro Moura, comissário da exposição, no seu blog Ler BD.

09/01/2011

Selos & Quadradinhos (17)

Stamps & Comics / Timbres & BD (17)


Tema/subject/sujet: Send a Hello - Pixar characters
País/country/pays: Estados Unidos da América/United States/États-Unis
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 19 de Agosto de 2011/19th August 2011/19 août 2011

A temática destes selos não está relacionada com quadradinhos, eu sei, mas sim com animação. Tal como acontecia, por exemplo, com a série australiana dedicada aos Simpsons. Não sendo o caso actual, no que aos selos diz respeito por vezes a fronteira entre os dois meios é algo ténue e difícil de estabelecer, pelo que fica aqui a referência a uma das primeiras emissões filatélicas com esta temática, prevista para o corrente ano.

The theme of these stamps is not related to comics, I know, but with animation. As, for example, the Australian stamps series dedicated to the Simpsons. Isn’t the case today, but in stamps sometimes the border between the two media is somewhat tenuous and difficult to establish, so this reference to one of the first philatelic issues with this topic, scheduled for this year.

Le thème de ces timbres n’est pas lié à la BD, je sais, mais avec l’animation. Comme c'était le cas, par exemple, de la série australienne dédié à les Simpsons. Ce n’est pas le cas aujourd'hui mais, en ce qui concerne les timbres, parfois la frontière entre les deux médias est un peu fragile et difficile à établir; voici donc une référence à l'une des premières émissions philatéliques sur ce sujet, prévue pour cette année.

08/01/2011

Selos & Quadradinhos (16)

Stamps & Comics / Timbres & BD (16)

Tema/subject/sujet: Kinderzegels
País/country/pays: Holanda/Netherlands/Pays-Bas
Autor/author/auteur: Joost Swarte
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 1984

07/01/2011

Bruno Brazil #9

Quitte ou Double pour Alak 6 Greg (argumento) Vance (desenho) Petra (cor) Le Lombard (França, Junho de 2001) 224 x 297 mm, 48 p., cor, cartonado 1. Iniciadas com este álbum, as minhas leituras do corrente ano tiveram, por isso, um pendor fortemente nostálgico. 2. Lido originalmente (no final da década de 70…?) na revista Tintin portuguesa, emprestada por algum amigo – é verdade, eu não coleccionei aquela revista – esta foi uma das histórias que mais marcaram o meu percurso de leitor de BD. 3. Uma história que pertence a uma lista curta, da qual fazem parte também Rip Kirby – O envelope trocado, Simon du Fleuve – Maílis, Lanterna Verde & Arqueiro Verde – Os “Pássaros da Neve” não voam ou Silêncio. 4. Histórias às quais devo o facto de ainda hoje ter os quadradinhos como minha leitura de eleição. 5. Porque, lidas na altura certa, permitiram-me descobrir em banda desenhada temáticas e abordagens diferentes e mais adultas, que correspondiam às minhas exigências crescentes do momento. 6. Há muitos anos na minha lista de “álbuns a comprar”, este relato segue – de forma não especialmente brilhante, confesso – o modelo tradicional dentro da banda desenhada de aventuras franco-belga. 7. Os seus protagonistas são a Brigada Caimão, um grupo de operações especiais de elite, comandado por Bruno Brazil que, na sequência de alguns atentados, recebe a missão de resgatar em Madagáscar o último possuidor do segredo de um novo míssil estratégico experimental (implantado cirurgicamente no cérebro do homem em questão…). 8. Graficamente, é um trabalho pouco inspirado de Vance, com um traço demasiado estático, uma planificação mais rígida do que era habitual e a utilização de legendagem mecânica nos tamanhos maiores o que não torna o conjunto especialmente atraente. 9. Datado de 1975, inspirado no clima de guerra fria que então se vivia, o argumento é uma história de espionagem e acção, com debilidades, narrativas e temporais, e que se destaca – quase só - pelo falhanço quase total do comando de Brazil… 10. A diferença, que me marcou então sobremaneira, surge nas páginas finais, mais exactamente nas pranchas 40 a 44, onde um então adolescente descobriu, com surpresa e choque, que os heróis de papel, geralmente perfeitos e invencíveis, também podiam ficar estropiados ou até morrer… 11. E nas quais (re)lembrei uma frase que, tantos anos depois, ainda estava gravada na minha memória: “Gaucho Morales, que a morte não quisera, chorava convulsivamente…”

06/01/2011

Coeur de Glace

Marie Pommepuy (argumento)
Patrick Pion (desenho)
Dargaud (França, 14 de Janeiro de 2011)
Colecção Long Courier
240 x 320 mm, 72 p., cor, cartonado

Resumo
Quando Kay é levado pela Rainha das Neves, a sua amiga Gerda decide partir à sua procura, iniciando um longo périplo, recheado de perigos e criaturas fantásticas, como ogres, uma velha que a obriga a comer restos de outras crianças e um corvo falante.

Desenvolvimento
Apesar de livremente inspirado na Rainha das Neve, um conto escrito no século XIX por Hans Christian Andersen, esta é uma história que está longe de ser indicada para crianças e, muito menos, para ler à hora de dormir. Porque, se nela estão presentes muitos dos protagonistas e das temáticas habituais naquele género, ela é, antes de mais, uma história adulta de contrastes, entre o maravilhoso do mundo da infância e o realismo cruel da idade adulta, o bem e o mal, a poesia e a crueldade, o horror e a beleza, a amizade e a maldade, que a espaços roça mesmo o registo de terror.
Por isso, em cada momento do relato, aquilo que vemos raramente corresponde ao que realmente é e mesmo os momentos mais agradáveis têm sempre um reverso assustador. Veja-se, por exemplo, a estadia de Gerda em casa da senhora que cultiva o seu jardim ou – exemplo supremo – o desfecho do álbum.
Na sua origem, este é um relato de busca iniciática, em que Gerda é movida pela sua amizade por Kay, o vizinho da casa em frente com quem sempre brincou até ao dia em que a Rainha das Neves (a Morte…) decidiu reclamá-lo. Embalada pelas crenças doces da infância, Gerda decide ir à sua procura, para recuperar o seu amigo e restabelecer o equilíbrio que desapareceu do seu mundo.
A história, que começa pela captura de Gerda por um bando de ogres, com o propósito de a comer, vai sendo narrada pela protagonista à ogre mais jovem (e a nós, leitores), em sucessivos flash-backs que ajudam a ritmar a narrativa e a equilibrar momentos de tensão com outros mais descontraídos.
Ao longo dela, há um sentimento dominante, a amizade que Gerda vai encontrando e cultivando nos sucessivos encontros: a jovem ogre, o corvo falante, o mendigo, o rapaz-árvore… A mesma amizade, intensa e motivadora, que a empurra na sua busca, pelos mais estranhos e aterradores cenários - a floresta, a planície gelada, o jardim da velha senhora, o palácio encantado - todos transformados em obstáculos que aquele sentimento sempre ajuda a vencer. Até ao encontro final com Kay que, menos que o happy-end habitual em histórias de encantar, leva a uma (amarga) reflexão sobre quanto o amor (adulto…) – ao contrário da amizade (infantil…)? – pode ser egoísta e castrador.
O traço de Pion, de alguma forma mimetizando o estilo dos grandes ilustradores do século XIX, mostra-se perfeitamente adequado ao actual registo, apesar de uma planificação relativamente tradicional, confere o ritmo adequado ao relato, interligando os diversos episódios (soltos…) que o compõem e transmitindo em cada momento o efeito pretendido, seja o lado doce e agradável de cada um, sejam – de forma mais marcante – os momentos de pesadelo, mais assustadores.

A reter
- A forma como cada momento, aparentemente doce e feliz, apresenta sempre um reverso, que muitas vezes choca e arrepia. Como a fuga do jardim aparentemente idílico, só conseguida através do esfolamento do rapaz-árvore.
- O traço de Pion que, sem mudar de registo, consegue mostrar as duas faces contrastantes de cada momento.

05/01/2011

Jornalistas nos quadradinhos

No passado dia 2, foi publicada a derradeira tira diária de Brenda Starr. Estreada nos jornais norte-americanos a 30 de Junho de 1940, a heroína criada por Dale Messick foi uma das primeiras da extensa linhagem de jornalistas dos quadradinhos.

Curiosa-mente – ou talvez não – os heróis de papel raramente são reconhecidos pelo que fazem na sua profissão. Tintin, o mais antigo (?) e o mais famoso jornalista europeu da BD, é conhecido como “o repórter que nunca escreveu uma linha”; o que não deixa de ser falso, pois o herói criado por Hergé em 1929, produziu uma – única mas - volumosa reportagem nas páginas iniciais da sua primeira aventura “No país dos Sovietes”, embora os seus eventuais escritos sobre a estadia em África tenham sido avidamente disputados. Do outro lado do oceano, dois dos mais famosos, o repórter Clark Kent e o fotógrafo Peter Parker, usam-na apenas como fachada para esconder a sua identidade de super-herói, respectivamente, Super-Homem e Homem-Aranha. O que não impede que parte da acção das suas histórias decorra na redacção dos respectivos jornais – Daily Planet e Daily Bugle - e que, no primeiro caso, Jimmy Olsen e Lois Lane, vivam mesmo aventuras a solo. Esta última, receberia mesmo um prémio Pulitzer no filme Superman Returns (2006). Tal como aconteceu em 1992, na vida real, com “Maus”, de Art Spigelman, uma obra biográfica sobre a vida do seu pai no campo de concentração de Auschewitz. Mas esta temática – a BD reportagem, ficará para outra vez, pois levar-nos-ia para longe do tema actual.

A constatação atrás expressa só vem reforçar que a escolha da profissão de jornalista pelos autores serve, antes de tudo, como fácil mas credível justificação às constantes deslocações dos protagonistas para os locais onde tudo acontece e também para acederem à informação com maior facilidade. É o que se passa com outra personagem de topo da escola franco-belga, o jornalista-detective Ric Hochet, criado em 1955 por Duchateu e Tibet, que entre perse-guições emotivas, a descoberta de intrincados mistérios e o espatifar do seu chamativo Porsche amarelo tem ainda tempo para escrever no jornal La Rafale. Igualmente membro de uma redacção, Fantásio, alterna o seu quotidiano entre as grandes reportagens e a vida na redacção da revista que tem o nome do seu companheiro Spirou, onde sofre e se exaspera com as partidas e disparates de Gaston Lagaffe, a incontornável criação de Franquin.
Entre aqueles cuja relação com a profissão é mais forte, conta-se Ernie Pike, correspondente de guerra da autoria de Oesterheld e Hugo Pratt, em 1957, que percorreu as principais frentes da II Guerra Mundial, testemunhando de forma crua e realista os seus dramas, horrores e feitos heróicos. Muito importante, embora não seja o protagonista, é o papel do jornalista Willy Richards (vulgo Poe dada à sua semelhança física com o célebre escritor), no western Bonelli Mágico Vento (mensalmente distribuído nos quiosques nacionais), pela forma como se move nos meios governamentais onde obtém informações cruciais para as narrativas e pela contextualização histórica que o seu criador, Manfredi, assim lhes imprime.

Steve Roper, Jeff Cobb, Frank Cappa, Guy Lefranc ou Jill Bioskop são alguns outros nomes de heróis jornalistas, capazes de evocar recordações nos que estão mais familiarizados com os quadradinhos, mas a geração que leu a BD Disney nos anos 70 e 80, com certeza recorda, divertida, as muitas confusões criadas pelos repórteres Donald e Peninha do jornal A Patada. Quanto á geração jovem actual, vibra com as reportagens e peripécias de Geronimo Stilton, director do Diário dos Roedores, principal quotidiano da Ilha dos Ratos, que embora nascido em romances juvenis, também já protagoniza aventuras aos quadradinhos.
E se muitos deles têm evoluído da imprensa escrita para a online – como é o caso de Peter Parker ou Ric Hochet, em histórias mais recentes – a perda de audiência dos jornais impressos poderá ser uma das explicações para o fim da carreira de Brenda Starr, quase 70 anos após o seu primeiro quadradinho, numa altura em que se destacava por ser mulher, tal como a sua criadora, num mundo em que imperavam os homens. Aliás, foram sempre mulheres que estiveram aos comandos do destino desta jornalista de investigação, elegante, inteligente e sensual, como o seu modelo, a actriz Rita Hayworth, em casos policiais com muita acção e romance.

Se a banda desenhada portuguesa nunca foi pródiga em heróis (entenda-se o termo como referindo-se a personagens recorrentes), não surpreende que seja difícil encontrar nela protagonistas ligados à comunicação social.
Um dos casos mais curiosos é o de Maria Jornalista, heroína de uma dezena de histórias de duas pranchas que os leitores da Notícias Magazine descobriram durante 1994, mas que nunca foram compiladas em livro.
Passados em diversos locais de Portugal (Viana, Porto, Aveiro, Sintra, Lisboa, …), nalguns casos com referência a personagens reais (Rosa Mota, Jorge Sampaio, Manuela Moura Guedes), cada episódio teve um autor diferente (José Abrantes, Crisóstomo Alberto, Fernando Bento, Luís Diferr, José Garcês, Catherine Labey/Jorge Magalhães, Luís Louro, Baptista Mendes, José Ruy e Ana Costa/Augusto Trigo), que lhe imprimiu o seu próprio estilo gráfico e temático, em narrativas que variaram do humor ao policial, do turístico ao onírico, da denúncia social ao fantástico.

(Versão alargada do texto publicado no Jornal de Notícias de 4 de Janeiro de 2011)

04/01/2011

Tex #487 – A Grande Sede e #488 - Jogos de Poder

Manfredi (argumento)
Civitelli (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Maio e Junho de 2010)
135x175 mm, 114 p., pb, brochado, mensal
A principal nota deste Tex, é o facto de ter juntado um bom argumentista, um bom desenhador e um herói clássico. O que à partida não é – nunca foi, nunca será - garantia de uma boa BD.
Por um lado, temos o argumentista, Gianfranco Manfredi, criador da saga de Mágico Vento, que usou para esta narrativa protagonizada por Tex uma sólida base histórica, invulgar nas histórias do ranger.

Por isso, como trama central desta aventura surge a disputa da água na zona de Phoenix, entre uma companhia gerida pelo pouco escrupuloso Lansdale e os agricultores locais, brancos, índios e mexicanos (ou seja, o inevitável choque entre a tradição e o progresso fomentado pela cupidez, com algum racismo e preconceito à mistura). E, para além disso, humaniza de alguma forma o protagonista, que surge aqui mais astuto (veja-se, o estratagema final para devolver a água aos agricultores) e menos dependente dos seus punhos e da sua capacidade de atirador, tornando mais credível a história, sem no entanto descaracterizar o herói.
Por outro lado, o artista escolhido, Fabio Civitelli, sem dúvida o “grande desenhador” de Tex dos últimos anos, apresenta mais uma história trabalhada de forma superior, com o seu traço fino e detalhado, o recurso a sombras, tramas e pontilhados, uma planificação diversificada, com a utilização de diferentes pontos de vista, rostos expressivos e a soberba representação dos cavalos, o que origina algumas cenas antológicas, com destaque para a emboscada organizada por Lansdale (Tex #488, pp. 54-80).
No caso presente, no final da leitura de mais um western bem delineado e definido, se não estamos face a uma obra-prima e se ambos os autores – e também Tex – já foram mais felizes, a verdade é que o saldo é positivo e o leitor tem motivos suficientes para se sentir satisfeito. Embora seja verdade que as premissas iniciais permitiam aspirar a mais.


(Texto publicado originalmente a no Tex Willer Blog)

03/01/2011

BD Portuguesa: o que vamos poder ler em 2011

Se em anos recentes, têm sido recorrentes as notícias sobre bandas desenhadas de desenhadores nacionais publicadas no estrangeiro, que suplantam e abafam as que dizem respeito às edições em Portugal, 2011 promete uma diferença: alguns desses projectos terão uma dimensão e uma visibilidade até agora nunca atingidas, embora por motivos diferentes.

Cronologicamente, a primeira - e possivelmente a mais mediática de todas as bandas desenhadas com assinatura lusa a editar em 2011 - será “Female Force: Angelina Jolie”, a biografia da actriz desenhada por Nuno Nobre, até agora sem bibliografia aos quadradinhos. Destacando-se pelo tema, estará disponível nas livrarias especializadas em Janeiro e é mais uma edição da norte-americana Bluewater Productions especializada em biografias de personalidades da política e da cultura.
A 2 de Fevereiro será lançado o primeiro número de “Onslaught Unleashed”, a mini-série de quatro comics que Filipe Andrade está a desenhar para a Marvel a partir de um argumento de Sean McKeever. Primeiro projecto de fôlego de um português para a Casa das Ideias, narra o regresso do vilão Onslaught e como isso irá afectar o professor Xavier, líder dos X-Men, e Magneto o seu maior inimigo. As capas serão de dois “monstros” dos comics: Humberto Ramos e Rob Liefeld.
Ainda na Marvel, igualmente em Fevereiro, Nuno Plati Alves, depois de participações em Avengers Fairy Tales, X-23, Iron Man e Shanna the She Devil, desenha o seu segundo comic completo, “Marvel Girl #1”, no qual Josh Fialkov narra como a mutante Jean Grey aprendeu a controlar os seus poderes, e João Lemos, que recentemente fez o papel de argumentista numa história de Wolverine, volta ao mutante de garras retrácteis, desenhando uma história de Sarah Cross, inserida na colectânea “Wolverine: The Adamantium Diaries #1000”.
Quanto ao terceiro projecto mediático citado, verá a luz em Maio e destaca-se por estar incluído na antologia que assinala os 25 anos da editora norte-americana Dark Horse, juntamente com criadores como Frank Miller, Mike Mignola ou Dave Gibbons. Trata-se de uma BD de 24 páginas (com um arranque excelente, que tenho o privilégio de poder assegurar pessoal-mente!) que evoca o primeiro encontro de Dog Mendonça e Pizzaboy, os heróis fantásticos criados pelo pianista português Filipe Melo e pelo desenhador argentino Juan Cavia. Esta mesma dupla, que começou por salvar o mundo de uma ameaça nazi latente nas entranhas de Lisboa (que já vai na 3ª edição), deverá regressar em Março, com “Apocalipse” (Tinta-da-China), uma graphic móvel de 120 páginas, para enfrentar o fim dos tempos, tal como descrito na Bíblia.
Outros dois projectos que marcaram recentemente a BD feita em português, “BRK”, um thriller urbano com contornos políticos, de Filipe Pina e do atrás citado Filipe Andrade, e “Asteroids Fighters”, uma space-opera de Rui Lacas (distinguido no Amadora BD 2010), verão os segundos tomos editados no próximo ano pela ASA, em data a definir.
Ainda em Portugal, possivelmente após o Verão, a Kingpin Books lançará três novos livros. O primeiro, é um policial escrito por Fernando Dordio e desenhada por Osvaldo Medina, uma sequela de “C.A.O.S.” (recentemente reeditado), com as mesmas personagens da série inicial - mais velhos , mais gordos , mais carecas e mais maldispostos - envolvidos num caso policial bem sério, com rapto, assassínio e afins.
Quanto a “O baile”, diz Nuno Duarte (argumentista das Produções Fictícias e de “A Fórmula da Felicidade”) é “uma história passada em 1967 e que gira em torno de um inspector da PIDE encarregado de abafar rumores de aparições sobrenaturais numa pequena aldeia piscatória e que podem ensombrar a visita do Papa Paulo VI ao país. Entre dúvidas da carreira que escolheu e os relatos de pescadores mortos na faina que regressam para levar os vivos consigo para o mar, o Inspector deparar-se-á com uma trama de ciúmes e vingança, num ambiente funesto onde pouca coisa é o que parece”. O desenho está a cargo de Joana Afonso.
O terceiro projecto da Kingpin é “O Pequeno Deus Cego”, escrito por David Soares que o apresenta assim: “é uma história alegórica, passada na China medieval. A narrativa orbita à volta de Sem Olhos, uma personagem frágil que talvez seja mais do que aquilo que aparenta ser. Abusada pela mãe intolerante, Sem Olhos já se resignou a viver com o sofrimento, quando contacta com duas personagens misteriosas, um velhote e um panda, que lhe irão mostrar os segredos do seu passado, levando-a a um final inesperado e épico. É, em essência, uma alegoria negra, às vezes violenta, mas sempre poética e recheada de personagens fascinantes que nenhum leitor irá esquecer. O argumento e layouts são meus e o desenho é de Pedro Serpa, que me foi sugerido pelo Mário Freitas”.
Do mesmo argumentista, transita de 2010 “É de Noite Que Faço as Perguntas” (Gradiva), uma narrativa ficcional sobre a implantação da República, o mesmo acontecendo com “O Menino Triste – Punk Redux” (Qual Albatroz), de João Mascarenhas, que evoca a Londres dos anos 70, e o segundo número do colectivo “The Lisbon Studio Mag”, que será apresentado em Janeiro, no Festival de Angoulême.
Ainda e fase de definição quanto a editora, formato e data, está uma BD sobre a pesca do bacalhau, da autoria da dupla João Paulo Cotrim/Miguel Rocha, autores de “Salazar – Agora, na hora da sua morte”.
Jorge Coelho, cujo percurso em 2010 ficou marcado pela participação na mini-série “Forgetless”, da Image, não prevê editar nada em 2011 “com excepção de pequenas colaborações como a história curta de apenas 6 páginas de nome "The Wheel Turns" para a antologia Outlaw Territory Nº2, pois estarei ocupado a desenhar uma história de maior envergadura que me ocupará todo ano. Trata-se de "Submerged Mary", uma graphic novel, escrita por Eric Skillman, para a qual ainda estamos à procura de editora, portanto, no limite, pode não chegar ao prelo”.
Do lado da Zona, revela Fil, um dos seus coordenadores, para já está apenas “programada e confirmada o lançamento da Zona Monstra, no festival de animação com o mesmo nome (A Monstra), em Março. Temos algumas ideias extra, mas não sei se teremos os meios para avançar, por isso ainda não há nada de concreto”.
No seu blog, Kuentro2, Jorge Machado Dias da Pedranocharco, acrescenta a esta lista “dois BDjornal (#27 - Maio e #28 - Outubro) e mais alguma coisa que está ainda no domínio dos deuses…”

(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 29 de Dezembro de 2010)

02/01/2011

Selos & Quadradinhos (15)

Stamps & Comics / Timbres & BD (15)
Tema/subject/sujet: Bruxelles, Ville Européene de la Culture de l’na 2000
País/country/pays: Bélgica/Belgium/Belgique
Autor/author/auteur: François Schuiten
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2000

01/01/2011

Selos & Quadradinhos (14)

Stamps & Comics / Timbres & BD (14)

Tema/subject/sujet:
50th Anniversary of the United Nations Refugee Agency
País/country/pays: São Marino/San Marino/Saint-Marin
Autor/author/auteur: Lorenzo Mattotti
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2001


Hoje e amanhã, de alguma forma para assinalar o novo ano, um conceito diferente dentro da temática Selos & Quadradinhos: selos desenhados por autores de BD.

Today and tomorrow, some way to mark the New Year, a different concept in the thematic Stamps & Squares: stamps designed by authors of BD.

Aujourd'hui et demain, une façon de marquer la nouvelle année, un concept différent dans la thématique Timbres & Places: timbres dessinés par les auteurs de BD.

31/12/2010

As Melhores Leituras de Dezembro

Blake e Mortimer - A maldição dos trinta denários - Tomo 2 (ASA), de Van Hamme (argumento) e Aubin e Schréder (desenho)

J. Kendall, aventuras de uma criminóloga #68, #69 e #70 (Mythos Editora), de Berardi, Calza e Mantero (argumento) e Piccoli, Zuccheri e Mantero (desenho)

L'Assassinat du Pére Noel (Glénat), de Adam e Convard (argumento) e Paul (desenho)

Margot La Folle (Glénat), de Blondeau

O amor infinito que te tenho (Polvo), de Paulo Monteiro

Sin City – Valores familiares e Copos, Gajas & Balas (Devir), de Frank Miller

Tex #487 e #488 (Mythos Editora), de Manfredi (argumento) e Civitelli (desenho)

Tintin - O Lótus Azul (ASA), de Hergé

30/12/2010

Os Sonhos do Maravilhas

Francisco Fernandes (argumento)
Roberto Macedo Alves e Valter Sousa (desenho)
Raúl Pestana (passatempos)
Club Sport Marítimo da madeira (Portugal, Outubro de 2010)
210 x 297 mm, 32 p., cor, brochado


Integrada nas comemorações do centenário do clube, que se cumpriu no dia 20 de Setembro de 1910, o Marítimo lançou um álbum de banda desenhada que conta a sua história desde a origem até aos nossos dias.
Escrita por Francisco Fernandes, Secretário da Educação e Cultura da Madeira, que aqui se estreia aos quadradinhos, e desenhada pelos também madeirenses Roberto Macedo Alves e Valter Sousa, intitula-se “Os sonhos do Maravilhas”, numa referência ao cântico dos adeptos quando o Marítimo regressou da sua primeira digressão ao estrangeiro (a Angola e Moçambique), em 1950: "Lá vêm, lá vêm, os nossos maravilhas, os endiabrados campeões das ilhas".
De forma breve e didáctica, de leitura simples, desenho dinâmico e planificação variada e legível, a obra foca os aspectos mais marcantes dos primeiros 100 anos de vida do clube, da fundação ao título de Campeão de Portugal, do ecletismo da colectividade à sua internacionalização.
Desta forma, o Marítimo junta-se a Porto, Benfica e Sporting, cujas histórias já tinham sido narradas aos quadradinhos nos anos 1990, por Manuel Dias e Artur Correia.
Como curiosidade refira-se que 13 das 32 páginas do álbum, são preenchidas com passatempos sobre o Marítimo e a sua história.

(Versão revista e alargada do texto publicado no Jornal de Notícias de 5 de Outubro de 2010)
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