21/02/2012

Leituras Novas

Fevereiro de 2012



ASA
Corto Maltese na Sibéria
Hugo Pratt
“Quando nos apercebemos de que o sonho é demasiado grande para se concretizar, restam duas alternativas: deixar de sonhar, ou continuar até ao fim, até à lenda…
Nos confins da China e da Sibéria, Corto e Rasputine perseguem o comboio blindado que transporta o ouro dos czares. Atravessam, assim, uma região que se encontra a ferro e fogo, esquartelada entre sociedades secretas e senhores da guerra, entre Russos vermelhos e brancos, entre tropas regulares e exércitos privados…
O campo de acção ideal para estes aventureiros românticos!”

Astérix - Tudo sobre Cacofonix
Senhor de uma voz mundialmente célebre (embora nem sempre apreciada...) e professor respeitado, o bardo Cacofonix é uma figura importante da Aldeia e um dos membros do Conselho. No entanto, se é verdade que todos o conhecem, isto deve-se ao facto de ser o eterno bode expiatório dos habitantes de uma aldeia da qual é o representante mais marginal, vivendo isolado numa cabana construída no cimo de uma árvore.
Quanto à sua música, os comentários são unânimes: é um massacre para os tímpanos! O que não impede que seja considerado pelos seus amigos como um excelente companheiro, o qual libertam das garras dos leões do Circo Máximo ou vingam a sua exclusão do “Domínio dos Deuses”. Embora não cante os feitos dos guerreiros da Aldeia, Cacofonix esteve na origem de muitos deles!

Assírio & Alvim
A Tempo Inteiro
Tamaio Marin
«Tamayo Marín invocou a Morte como flâneur praticante do diálogo esgrimista para nos dizer das trevas dos nossos dias. Demonstra-o com divertida moralidade: a morte é o fim da vida ou o seu contrário? Dito de outro modo: se a morte morresse, esta nossa vida seria o seu inferno?» João Paulo Cotrim

Booktree
Garfield
FUNtástico
Viva a dieta!
Jim Davis
Álbuns com algumas das melhores tiras inéditas, com muito sentido de humor, do gato mais famoso do mundo.
As tiras de humor de Garfield centram-se no quotidiano hilariante de um gato gordo, preguiçoso, egocêntrico, cínico e comilão que adora lasanha, café e o controlo remoto da televisão, e odeia a segunda-feira. A vida de Garfield é animada pelo seu dono Jon Arbuckle, eterno sofredor, e Odie, o cão simpático mas lento de raciocínio.
Humor inteligente, espirituoso e, até por vezes, dolorosamente divertido, FUNtástico é o sétimo volume desta formidável série e Garfield-Viva a Dieta! o oitavo volume.
Garfield tornou-se um sucesso estrondoso no mundo das tiras de humor (comic strips) desde o seu princípio em 19 de Junho de 1978, ao figurar em apenas 41 jornais nos Estados Unidos.
Actualmente, Garfield é publicado em 2.570 jornais no mundo inteiro, em 26 línguas e lido diariamente por 263.000.000 de pessoas – número recorde assinalado pelo Guinness.
Com mais de 130.000.000 de livros Garfield vendidos no mundo inteiro, mais de 50 mil admiradores acedem diariamente ao seu site oficial em www.garfield.com e mais de 3 milhões juntaram-se ao famoso gato no Facebook.

Devir
Death Note #1 – Aborrecidos
Tsugumi Ohba e Takeshi Obata
Death Note é um dos melhores mangás jamais publicados, best-seller em todo o mundo.
Trata-se de uma obra original da maior editora de BD do Planeta, a Shueisha, e da sua emblemática revista Shonen Jump. O seu público vai dos adolescentes aos adultos.
Recomendadíssimo aos leitores fãs de BD, Comics, tramas policiais modernas e thrillers internacionais.
Death Note conta a história de um caderno muito especial, deixado cair no mundo dos humanos por um Shinigami, Deus da Morte. O ser humano cujo nome for escrito nesse caderno, morre! Quem o encontra é um estudante, Light Yagami, que não via significado na sua vida até que, na posse do caderno, imagina utilizá-lo para modificar o mundo.
Esta série de culto já vendeu mais de 30 milhões de volumes em todo o mundo e irá agora deliciar os leitores portugueses ao longo de 13 entusiasmantes volumes.
O caderno é uma arma, um instrumento a criar profecias.

Mutts #5 – Os nossos Mutts
Patrick McDonnell
“Trata-se de uma das poucas leis puramente benevolentes do universo: qualquer que seja a altura, existe uma tira de banda desenhada mágica, profundamente divertida e espetacularmente gratificante. Atualmente, essa banda desenhada é Mutts, de Patrick McDonnell.
Desfrutem, saboreiem, deleitem-se com Mutts.” Arthur Salm, Editor de Livros no San Diego Union-Tribune.
“Os livros que mais me tocaram foram Cristianismo Puro e Simples, de C.S. Lewis, As Flores do Mal, de Baudelaire, Em Busca do Tempo Perdido, de Proust e, claro, também Mutts. Eu sei que é uma banda desenhada, mas aprendo imenso com o Mooch e com o Earl.” Brooke Shields
 
Niepoort
Almanaque Niepoort 
O ALMANAQUE NIEPOORT é um catálogo de apresentação da imagem de contemporaneidade da marca. Esta edição foi concebida para, através dos rótulos dos vinhos, sublinhar uma identidade visual forte que funciona como um indicador de qualidade, postura criativa e inovadora. É também uma homenagem ao Douro, à natureza agreste das encostas escarpadas do rio e afluentes, aos seus vales estreitos, ao clima extremo, às condições difíceis duma produção vinícola de processos muito artesanais que tornam esta região tão particular e especial.
Este é um objecto para ser consumido visualmente; um diálogo estético entre o rótulo e o contexto, interpelando continuamente o olhar numa dinâmica interactiva entre a informação e a expressão.
Apresentado como um álbum de coleccionismo, O ALMANAQUE subdivide-se em três categorias de acordo com as características e natureza de cada grupo de vinhos:
·                     O primeiro grupo, a “Alma Niepoort”, repercute a magia da região do Douro com imagens das quintas e da adega. A relação gráfica deste grupo de vinhos refere o contexto/ambiência reporta à “origem”, às vinhas antigas, à terra, à colheita, à produção, às caves, acentuando esse “intimismo”, essa “intensidade”.
·                     Os “Projectos” no segundo grupo, de natureza mais “experimentalista” mais aberta ao ensaio, são apresentados dentro desse espírito. Nestas páginas, com aberturas múltiplas, há “ludismo”, “coisas escondidas”, jogos de luz, efeitos cromáticos, diversões expressivas para valorizar o carácter entusiasta subjacente.
·                     A excelência artística dos rótulos do último grupo, os “Fabulosos” desenhados por artistas nacionais e estrangeiros, sob convite da marca, foi sugestiva para um tratamento onde os planos são as superfícies pensadas para fazer sobressair cada um em toda a sua expressão, como uma galeria de arte, com recurso por vezes a elementos desenhados dos próprios para acentuar algum efeito cénico com significado para a “história”.

(Os textos são da responsabilidade das editoras)

20/02/2012

Edgar P. Jacobs partiu há 25 anos








Há um quarto de século, o mundo da banda desenhada recebia a notícia da partida de Edgar P. Jacobs, vítima da doença de Parkinson. O autor belga, nascido em Bruxelas a 30 de Março de 1904, era o criador de Blake e Mortimer.
Para a BD, que o tornou famoso, trouxe o dramatismo, a teatralidade e a grandiosidade da ópera que tanto admirava e onde chegou a participar como cenógrafo e barítono. A par dela, alimentou o gosto pelo desenho, o que lhe valeu um emprego na revista Bravo onde, durante a Segunda Guerra Mundial, devido ao embargo alemão às bandas desenhadas norte-americanas, teve que concluir a história de Flash Gordon que estava em publicação. Logo de seguida, criaria O Raio U (1943), primeira experiência a sério nos quadradinhos, onde eram notórias as influências daquele herói de ficção-científica criado por Alex Raymond.
Durante esse período, Jacobs pintou os cenários para uma peça teatral chamada Tintin aux Indes, durante a qual Van Melkebeke, o apresentou a Hergé, de quem se tornou próximo, e que posteriormente o convidou a colaborar na modernização das primeiras aventuras de Tintin, tendo em vista a sua edição a cores, e com quem chegou mesmo a trabalhar na criação de novas histórias.
Após o fim da guerra, desentendimentos devido à não inclusão do seu nome nos álbuns levaram-no a deixar o estúdio de Hergé e a optar por uma carreira a solo, iniciada no número inaugural da revista Tintin, a 26 de Setembro de 1946, onde assinava O Segredo do Espadão, primeira aventura da série de ficção-científica protagonizada pela dupla constituída por Francis Blake, oficial dos serviços secretos britânicos, e Philip Mortimer, cientista renomado mas também homem de acção.
Segiu-se uma versão ilustrada de A Gurra dos Mundos(1947), de H. G. Wells e, até 1970, mais sete histórias de Blake e Mortimer, traçadas numa linha clara pormenorizada e realista, que totalizariam 11 álbuns, entre os quais A Marca Amarela, considerado por muitos um álbum quase perfeito, e O Enigma da Atlântida, em que Blake e Mortimer descobrem no subsolo dos Açores os sobreviventes da Atlântida, que fizeram de Jacobs um dos mais apreciados autores franco-belgas de BD.
Quando a morte o encontrou, a 20 de Fevereiro de 1987, trabalhava no segundo tomo de As 3 Fórmulas do Professor Sato, que deixou esboçado e parcialmente desenhado.
De acordo com a sua vontade, a sua morte não implicou igual destino para Blake e Mortimer, tendo sido aquele álbum terminado por Bob de Moor, em 1990. A partir de 1996, outras equipas criativas, seguindo de perto as bases lançadas por Jacobs, deram nova vida aos seus heróis que, desde então, já viveram seis novas aventuras divididas por oito álbuns, estando previsto para Novembro deste ano o lançamento de Le Serment des cinq lords, de Yves Sente e André Juillard.


(Versão expandida do texto publicado no Jornal de Notícias de 20 de Fevereiro de 2012)

19/02/2012

As Figuras do Pedro (XV)

Voitures & Véhicules Fantastiques Blake et Mortimer
10. L’Astronef Amiral de L’Énigme de l’Atlantide



Figura: Nave Almirante de O Enigma da Atlântida
Colecção: Voitures & Véhicules Fantastiques Blake et Mortimer
Fabricante/Distribuidor : Hachette Collections (França)
Ano : 2011
Altura : 20 cm
Material: PVC
Preço original: 14,99 €
Extras: Fascículo A4, com 20 páginas + capas a cores, com diversas abordagens à obra de Jacobs, à figura, à série e às suas principais personagens.




18/02/2012

Leituras de banca

Fevereiro 2012
Revistas periódicas de banda desenhada este mês disponíveis nas bancas portuguesas.

Mythos
Mágico Vento 110
J. Kendall – Aventuras de uma criminóloga 81

Os Grandes Clássicos de Tex #30
Tex 476
Tex Colecção 268
Tex Edição em Cores #9
Zagor #124
Zagor Extra 89





Turma da Mónica (Panini Comics)
Almanaque da Magali #28
Almanaque do Bidu e do Mingau #3
Almanaque do Chico Bento #28
Almanaque do Horácio e Piteco #3
Almanaque do Papa Capim e Turma da Mata #3
Almanaque da Tina #10
Cascão #56
Cebolinha #56
Chico Bento #56
Magali #56
Mônica #56
Mónica y su Pandilla - Turma da Mónica em Espanhol #5
Monica’s Gang - Turma da Mónica em Inglês #5
Ronaldinho Gaúcho e Turma da Mônica #56
Tiras Clássicas da Turma da Mônica #7
Turma da Mônica – Clássicos do Cinema #27 – Lanterninha Verde
Turma da Mónica – Saiba mais #45 – China
Turma da Mônica – Uma aventura no parque #56
Turma da Mônica Jovem #38



DC Comics (Panini Comics)
Batman #104
Liga da Justiça #103
Superman #104
Universo DC #13





Marvel (Panini Comics)
Homem-Aranha #114
Os Novos Vingadores #89
Wolverine #78
Universo Marvel #12
X-Men #114




Manga (Panini Comics)
Vampire Knight #7


17/02/2012

Níquel Náusea










Um tigre, dois tigres, três tigres
A vaca foi pró brejo atrás do carro na frente dos bois
Fernando Gonsales
Devir (Brasil, Novembro de 2009 /Agosto de 2010)
210 x 280 mm, 48 p., cor, cartonado
R$ 24,00, 12,99 € / R$ 26,00, 12,99 €



Resumo
Mais duas colectâneas com as tiras do rato Níquel Náusea e os seus amigos: a rata Gatinha. O rato Ruter, o Sábio do Buraco, a barata Fliti e muitos outros animais… como nós!

Desenvolvimento
Criado em 1985, o rato Níquel Náusea, evocação de sarjeta de um certo astro Disney com nome foneticamente parecido, é já uma verdadeira instituição nos quadradinhos brasileiros, o que de forma alguma diminui o interesse ou o humor desta criação do também veterinário – pelas tiras apostaria mais em médico… - Fernando Gonsales.
Porque, se aparentemente em Níquel Náusea há uma viagem profunda ao maravilhoso mundo animal, um olhar atento - que não precisa de ser de lince – revela nele bem mais sobre o (nada) maravilhoso mundo humano.
Passo a explicar: se os protagonistas destas tiras de jornal são ratos, pulgas, crocodilos, cães, borboletas e outros animais – embora a par de seres humanos e de mitos e referências culturais como personagens de BD e de contos infantis ou o Pai Natal - as suas acções e atitudes traduzem sentimentos e comportamentos (poucas vezes nobres…) bem mais próprios dos humanos, embora distorcidos e deformados pelo nonsense e o olhar mordaz que Gonsales emprega em cada situação, obrigando-nos, assim, a sorrirmos ou rirmos mesmo abertamente – também de nós próprios - com os poucos quadradinhos com que compõe cada um destes gags, de desenho simples, mas vivo, expressivo e muito eficaz.
Por isso, não se surpreendam quando encontrarem em Níquel Náusea elefantes vítimas de bullying, borboletas com patrocínio nas asas, caracóis que tocam às campainhas e fogem, papagaios falantes estrelas do cinema mudo, peixes que vivem em lagos que são miragens no deserto, reflexões sobre a reprodução de micro crustáceos como estimulante sexual, avozinhas toureiras – é incrível como as consequências da senilidade (fraca audição, visão, locomoção…) podem originar tantas piadas, saudáveis (!) e politicamente incorrectas – os inconvenientes de levar um bode para a cama do casal, provas da existência do Pai Natal, Batman à volta com as seguradoras ou novas (e inventivas) versões da corrida entre a lebre e a tartaruga e da história do Capuchinho Vermelho, de histórias de vampiros e de extraterrestres ou de situações tão banais como uma galinha pôr um ovo ou (não) atravessar para o outro lado da estrada…

A reter
- O humor corrosivo e certeiro de Fernando Gonsales, que em cada tira surpreende e desconcerta e revela o(s) animal(is) que há dentro de cada um de nós.
- A boa concepção gráfica dos livros, que permite incluir 5 tiras por prancha – são mais de 200 por álbum! – sem que exista uma mancha branca demasiado grande.
- Em textos recentes sobre álbuns de autores brasileiros, terminei-os sempre lamentando a sua ausência das livrarias nacionais. No caso destas (e de outras) colectâneas de Níquel Náusea, isso não acontecerá, pois elas estão disponíveis em Portugal, distribuídas pela Devir.
Editora a quem lanço o desafio para que também faça chegar aos leitores portugueses outros álbuns de autores brasileiros pertencentes ao seu catálogo, como Curtas e Escabrosas, Folheteen, Frauzio – Ares da Primavera, Histórias do Clube da Esquina, Mondo Urbano, Pequenos Heróis, Yeshuah…



16/02/2012

John Severin (1921-2012)









Segundo informação da família, o desenhador norte-americano John Severin faleceu no passado dia 12, aos 90 anos, de causa natural.
Nascido a 26 de Dezembro de 1921, vendeu os seus primeiros desenhos aos 10 anos, iniciando uma carreira que durou mais de seis décadas e que acompanhou muitos dos grandes momentos da história da banda desenhada nos Estados Unidos, o que lhe valeu ter sido distinguido com diversos troféus, entre os quais o Will Einer Award Hall of Fame, em 2003.
Entre os mais marcantes, estão ter sido um dos fundadores da revista satírica MAD, em 1952, com Harvey Kurtzman e Will Elder, e ter desenhado Hulk e Namor, para a Marvel Comics, e Conan e B.P.R.D., para a Dark Horse.
Formado na High Schoolof Music and Art of New York e tendo servido o exército dos EUA nas batalhas do Pacífico, durante a Segunda Guerra Mundial, Severin desenhou também histórias de terror para a EC Comics – era um dos últimos grandes nomes da editora ainda vivos - antes da censura voltar a sua atenção para os quadradinhos nos EUA, tendo depois aplicado o seu desenho realista em westerns e relatos de humor e de guerra, destacando-se neste último género a série The Nam, nos anos 80, sobre a participação norte-americana na guerra do Vietname.


15/02/2012

Principe Valiente – La Reina y el Escudero








1949-1950
Harold R. Foster (argumento e desenho)
Manuel Caldas e Pedro Caldas (restauro)
Rafael Marin (tradução e posfácio)
La Imprenta (Uruguai, Setembro de 2011)
260 x 340 mm, 112 p., pb, brochado
680 pesos uruguaios / 25,00 €





1.       Acredito que pertenço à mais afortunada geração de leitores de histórias aos quadradinhos de sempre.
2.       É verdade que alguns poderão afirmar que preferiam ter vivido no início dó século passado para assistirem in loco aos primeiros passos da BD norte-americana nos jornais, nos anos 1930/1940 como contemporâneos da sua idade de ouro, ter acompanhado a explosão dos super-heróis ou o movimento undeground na década de 1960, ou, do outro lado do oceano, ter vivenciado o nascimento de Tintin, o boom da BD europeia pós-Segunda Guerra Mundial, a sua libertação temática pós-Maio de 1968…
3.       Mas a verdade é que – se todos estes e outros períodos foram estimulantes – nos dias de hoje, como nunca, conseguimos compreender a importância de cada um deles….
4.       ... e temos acesso a muitos dos grandes momentos dos quadradinhos das épocas citadas, em edições cuidadas e comentadas que são uma autêntica perdição para quem lê histórias aos quadradinhos.
5.       Para além disso - como todos os contemporâneos daquelas épocas – podemos acompanhar o muito e bom que é criado nos nossos dias.
6.       Dirão alguns que, daqui para a frente isso acontecerá sempre, mas permitam-me duvidar.
7.       Não só pelos avanços tecnológicos que poderão conduzir a BD para outros caminhos e outros suportes, pondo fim – a curto? médio? prazo - às edições em papel, pesadas na mão, em que se sente o cheiro da tinta, a textura do papel, que eu tanto prezo…
8.       … mas também pela questão geracional, pois hoje em dia reedita-se – em boa parte acredito eu – para aqueles que em crianças e jovens leram os quadradinhos hoje clássicos e que conheceram esses períodos tão estimulantes…
9.       … e não me parece que próximas gerações venham a ter esses mesmos interesses.
10.   Dito isto, em jeito de introdução (bem longa), permitam-me passar ao livro que hoje destaco, no terceiro e último dos três textos que As Leituras do Pedro dedicam aos 75 anos do Príncipe Valente.
11.   La Reina y el Escudero, é mais uma dessas reedições (quase) perfeitas de um clássico incontornável da BD, ou não fosse o seu responsável Manuel Caldas, cujo trabalho nunca é de mais salientar.
12.   Suspensa a edição portuguesa pelas (tristes razões) já conhecidas, perdidos os direitos para Espanha por força da força de uma editora “grande”, esta edição para o Uruguai (!) surge como bem-vindo oásis para os que admiram o trabalho de restauro, minucioso e perfeccionista que Caldas desenvolveu na (re)descoberta do traço original a preto e branco de Foster.
13.   Para não repetir o que já escrevi várias vezes sobre a obra, o autor e o trabalho de Caldas, referirei a variedade temática das várias histórias incluídas neste tomo,
14.   que “abarca o período das últimas pranchas publicadas em "O Mosquito" e das primeiras saídas no "Mundo de Aventuras", incluindo as pranchas que na época não se publicaram enquanto uma revista não retomou a série abandonada pela outra”, esclarece Manuel Caldas,
15.   o alto nível gráfico e narrativo que Foster mais uma vez demonstra,
16.   com especial destaque para o seu elevado sentido de humor e a cada vez maior humanização dos participantes.
17.   E também a harmonia com que a narrativa aventurosa combina com a temática familiar, a intriga palaciana e as questões sociais e políticas.
18.   E ainda, o protagonismo que ocupam nestas páginas a (rainha) Aleta e o (escudeiro) Arf, daí o sub-título do livro
19.   cujo desenho se mantém soberbo, preciso, expressivo e minucioso.
20.   Por isso, mesmo em tempos de crise, esta é sem dúvida uma daquelas obras incontornáveis, que pode – que deve! – ser encomendada. Aqui.



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