Boselli
(argumento)
Marcello
(desenho)
Mythos
Editora
Brasil,
Julho de 2012
135
x 175 mm, 330 p., pb, brochado
R$
19,90 / 10,00 €
Suponho que uma das razões para as novas
gerações não terem sido cativadas pelo western – a par de ser um género (literalmente)
parado num tempo que lhes soa distante – é o facto de não terem – logicamente…
- as referências e o conhecimento da mitologia com ele relacionadas, que outras
gerações assimilaram.
Por isso, também – a par da diminuição global do
número de leitores tout court - Tex luta com o decréscimo regular dos seus
seguidores.
Esta história – que a título de curiosidade se
pode dizer que foi a primeira que a Mythos editou no Brasil, quando “herdou” os
direitos das publicações Bonelli da Globo – tem uma base que permite contornar
a questão atrás descrita e chamar a atenção de quem normalmente passa ao lado
das aventuras do ranger.
Boselli situa o seu início na Irlanda e associa
alguns dos protagonistas ao IRA – o Exército Republicano Irlandês, mais mediático
na época – 1997 – em que a história foi originalmente publicada.
O argumento de Boselli, como habitualmente, é
denso e bem urdido, pois a par do já descrito, explora o “estado”
revolucionário da Irlanda e do México e igualmente o passado de Tex e Kit,
fazendo aquele encontrar um amigo de adolescência, a quem quase seguiu para se
tornar fora-da-lei. E a quem agora tem a missão de prender, bem como aos seus
companheiros – o tal bando dos irlandeses que dá título à narrativa.
Para isso terá de se embrenhar num México
(sempre) conturbado pelas revoluções, enfrentar tanto o exército local quanto
os rebeldes e reencontrar Montales, num final épico que apresenta um dos mais
longos e sangrentos tiroteios que Tex Willer já viveu. E a que não falta um
final com um invulgar tom trágico, pouco habitual na série.
A par de um argumento em crescendo, que prende
pela aventura em si e pelas ramificações que vão sendo introduzidas para
estruturar uma história consistente e com diversas surpresas e inflexões, “O
Bando dos Irlandeses” conta com o traço realista, rigoroso e pormenorizado de
Marcello que, mesmo não sendo nada beneficiado pela impressão, consegue brilhar
a bom nível em especial na (longa e) dinâmica sequência final.
O que, tudo junto, faz desta banda desenhada –
actualmente nas bancas portugueses - uma
boa opção para quem quiser (re)descobrir o western.