Atormentado
pelo peso do mundo
Penso
que já o escrevi por aqui: apesar de ter lido todos os álbuns
publicados em português - e de ter tido até o privilégio de
traduzir parte deles, o que potencia sempre uma leitura mais
profunda, completa e atenta - nunca fui fã absoluto de Alix
e a série nunca foi uma das minhas referências, embora lhe
reconheça todos os méritos e qualidades - tal como algumas
fraquezas.
Curioso,
a princípio em relação a Alix Senator,
a cada novo álbum dou por mim mais rendido a esta inteligente e
consistente sequela.
Só
muda a cor das ditaduras
Com
a comemoração dos 50 anos do 25 de Abril ainda como pano de fundo,
permanece a necessidade de lembrar o que a revolução quis mudar e
fazer e não deixa de ser uma coincidência agradável a publicação
recente
deste livro, Jonas
Fink: Inimigo do povo,
cuja acção decorre numa ditadura de outro tom, a Checoslováquia
"vermelha" do bloco soviético da década de 1950, mas em
que os métodos repressivos e os efeitos que provocavam eram
indiscutivelmente similares.
Outra
vez
Pode
concordar-se ou não, pode gostar-se mais ou menos da opção, mas a
verdade é que esta adaptação - tal como a que André Morgado já
tinha feito da Farsa de Inês Pereira - tem pelo menos um grande -
enorme mesmo! - mérito: tornar compreensível
nos dias de hoje, obras com centenas de anos e a respectiva linguagem
datada.
Fim
de ciclo no Velho Oeste
Se
às novas gerações o western
dirá
pouco, houve uma época em que o género imperava e seduzia. Na banda
desenhada, como no cinema, os grandes espaços naturais, o confronto
entre o homem branco,
dito
“civilizado”,
e os peles-vermelhas,
ditos
“selvagens”, e a necessidade de superação constante eram os
principais atractivos, a par de figuras marcantes que preencheram o
imaginário de muitos, do western
puro
e duro, com muitos tiros e poucas considerações, de que Tex
será um dos melhores exemplos, aos relatos humanistas, que têm em
Buddy Longway um dos mais relevantes.