O leitor de banda desenhada é a
espécie mais irritante que existe. Em termos de heróis, fauna que
lhe é especialmente querida, exige constância, características bem
definidas, perenidade e a certeza de saber - sempre - com o que
conta. Mas delira - no bom ou no mau
sentido - quando o(s) autor(es) se
atrevem a alterar isso.
Pode
- e deve - ser um dos destaques deste ano em BD: o lançamento pela
Devir de uma colecção que recupera oito das obras distinguidas com
o Grande Prémio de Angoulême. Pela
inegável qualidade das obras em si - quatro das quais inéditas em
português; as outras há muito esgotadas no mercado - e pela maior
aposta da editora neste segmento. Mas
nem tudo são rosas.
O
crescimento da banda desenhada, das narrativas iniciais de humor e de
aventura, para uma forma narrativa plena e diversificada
tematicamente, contribuiu também para a assunção da sua
consciência cívica. Da reportagem em zonas de guerra às abordagens
ecologistas, da denúncia de situações sociais à recuperação de
temáticas históricas fundamentais para o mundo de hoje, a banda
desenhada tem-se afirmado, conseguindo chegar a outros leitores.
O
autor Luís Louro foi
distinguido pela Câmara Municipal de Lisboa com a Medalha Municipal
de Mérito Cultural.A
proposta, feita pelo presidente Dr. Carlos Moedas, foi aprovada por
unanimidade em reunião realizada a 26 de Março.