Em 1997,
eram criadas em Portugal as Edições Polvo que, 15 anos mais tarde contam no seu
catálogo quase uma centena de títulos, a maioria dos quais de banda desenhada
de autores portugueses.
Aliás, esse
foi um dos propósitos da editora quando surgiu, explica Rui Brito, o seu actual
responsável: pois “na altura praticamente não havia publicação de novos autores
nacionais”. Por isso, “o primeiro livro editado foi o "Época morta &
(À Suivre)", de José Carlos Fernandes, logo seguido de "Loverboy, o
rebelde", de Marte e João Fazenda”.
Fundada por
Rui Brito, Jorge Deodato e Pedro Brito, a estrutura manteve-se até 2005, quando
passou a “Polvo, uma chancela de Rui Brito, edições”. E se no seu catálogo há
“espaço para o infantil, para a poesia, para os contos e para o ensaio (…)
cerca de 85% das edições são de banda desenhada”, possuindo a Polvo actualmente
um dos maiores catálogos nacionais do género.
A par de Miguel
Rocha, Filipe Abranches, Paulo Monteiro, Rui Lacas, Sergei, Geral e Derradé, Pedro Brito,
João Fazenda, André Carrilho, José Carlos Fernandes, André Carrilho, Rui Ricardo
e Paulo Patrício, Ricardo Blanco, Richard Câmara, Carlos Rico, Horácio e de alguns autores mais
alternativos, a Polvo publicou também obras de grandes nomes da BD europeia,
como Baru, Tardi, David B. ou Sfar, bem como a primeira edição lusa de
“Persépolis”, da iraniana Marjane Satrapi.
Entre os
lançamentos mais recentes estão “Três Sombras”, de Cyril Pedrosa (que esteve no
recente AmadoraBD e é autor também do multipremiado “Portugal”), uma obra que
aborda de forma poética e metafórica a morte por doença de um filho na
infância, “Han Solo”, de Rui Lacas e “Há piores 2 - Ainda mais profundo",
de Geral e Derradé.
A Polvo
desde sempre tentou associar as suas edições à vinda de autores ao nosso país
(a eventos como o Salão de BD do Porto, o Salão Lisboa de Ilustração e BD ou o
AmadoraBD) e apostou no intercâmbio de edições com estruturas semelhantes de
outros países. Dessa forma, alguns dos seus principais títulos “foram (ou estão
em vias de ser) editados noutras línguas: "A vida numa colher - Beterraba", de Miguel Rocha, em Espanha
e França; "Tu és a mulher da minha vida, ela a mulher dos meus
sonhos", de Pedro Brito e João Fazenda (França, Polónia e Itália); "O amor infinito que te tenho", de Paulo Monteiro (Reino Unido, Irlanda,
Espanha, França, Roménia e Brasil); "Yaylalar", de Alain Corbel
(França); "4 Peças para Octávio Framboa", de Alain Corbel (França)”.
Num mercado
pequeno e com limitações, a Polvo tem best-sellers, que atingiram as quatro edições.
Um deles é "As mulheres não gostam de foder", de Alvarez Rabo, “devido
à mediatização televisiva de uma tentativa de censura que ocorreu numa livraria
em Viseu” e o outro é “Tu és a mulher da minha vida, ela a mulher dos meus
sonhos”, de Pedro Brito e João Fazenda.
Para além
destes, “vários outros títulos alcançaram a 2.ª edição”, o mais recente
dos quais “O amor infinito que te tenho”, de Paulo Monteiro, distinguido como o
Melhor Álbum Nacional de 2010 pelos Prémios Nacionais de BD e pelos Troféus
Central Comics.
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 18 de Novembro de 2012)
(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 18 de Novembro de 2012)