17/11/2009

Johan et Pirlouit #4 - Les Années Schtroumpfs

Peyo (argumento e desenho)
Dupuis (Bélgica, Outubro de 2009)
218 x 230 mm, 276 p., cor, cartonado

Resumo
Johan foi criado por Peyo em 1946, num gag de apenas 4 vinhetas em que era louro. O autor recuperá-lo-ia mais tarde, já com cabelo preto, para protagonista de uma série medieval de capa e espada, de tom humorístico, acentuado pela formação de uma parelha com Pirlouit, a partir do terceiro tomo da série.
E se ela era a preferida do seu criador, hoje é mais conhecida por nas suas páginas terem surgido pela primeira vez os célebres Schtroumpfs, cujo sucesso obrigou Peyo a abandonar progressivamente Johan et Pirlouit, ao cabo de 13 álbuns e algumas histórias curtas.
Este quarto e último volume da reedição integral inclui os álbuns “La guerre des 7 fontaines”, “L'anneau des Castellac”, “Le pays maudit” e “Le sortilège de Maltrochu”, todos datados dos anos 60 e os últimos escritos e desenhados por Peyo, então em paralelo com as primeras aventuras dos anõeszinhos azuis.

Desenvolvimento
A participação destes últimos numa das histórias, aliás, faz perceber porque tiveram mais sucesso que os dois heróis em questão, devido à sua originalidade.
Porque “Johan et Pirlouit”, uma banda desenhada de humor e acção, dentro de um género então popular, não tinha maiores ambições do que o distrair e dispor bem, o que, refira-se consegue com eficácia.
As histórias revelam a construção semana a semana, sem argumento nem ritmo definido, para além de uma ideia geral, adivinhando-se que Peyo – como todos os seus colegas de então, homem de mil e um heróis e histórias – ia descobrindo as façanhas dos seus heróis ao mesmo tempo que as contava aos seus leitores.
Apesar disso, a sua leitura não permite descobrir lapsos de maior ao nível dos argumentos, que combinam aventura, feitiçaria, seres fantásticos ou misteriosos, humor e acção em doses equilibradas, sejam os heróis movidos pelo desejo de ajudar um fantasma a reencontrar paz de espírito, um náufrago a reconquistar o seu ducado, o seu rei a redescobrir a alegria de viver ou um príncipe transformado em cão a recuperar a forma humana. Tudo no meio de muitos perigos, diversas surpresas, inúmeras peripécias, gags divertidos e actos de coragem, no final dos quais os heróis vencem sempre e o bem prevalece.
O traço de Peyo, ágil, vivo, expressivo e agradável, contribui para uma leitura agradável, fluida e dinâmica.

Relidas hoje, com o distanciamento que o tempo e a época actual permitem, as aventuras de Johan et Pirlouit valem pelo reencontro com uma ingenuidade genuína que a banda desenhada de então tinha – para o bem e para o mal… – e que nos nossos dias raramente ostenta.

A reter
- O completo dossier sobre Peyo e Johan et Pirlouit, com documentos inéditos ou raros, que serve de introdução ao álbum.
- O baixo preço – apenas 22 € para quase 300 páginas coloridas e uma edição sem nada a apontar - uma agradável surpresa, habitual nas reedições integrais francófonas.

Curiosidade
- Uma das histórias curtas publicadas neste volume têm origem num concurso da revista Spirou, que desafiou os seus leitores a legendarem uma BD de 4 páginas elaborada por Peyo. Entre os participantes, contou-se um certo… René Goscinny!
- Em Portugal, onde foram publicados em revistas como “O Cavaleiro Andante”, “Zorro”, “Jacaré” ou “Spirou” (2ª série), Johan passou a Joanico ou João (conforme os casos) e Pirlouit foi rebaptizado como … Pirolito! Estavam à espera de quê?
- A União Gráfica editou mesmo três álbuns com as suas aventuras: “O Juramento dos Vickings” (5º álbum da série), “A Flauta de Seis Schtrumpfs” (9º, mais tarde reeditado pela Verbo na forma de romance ilustrado) e “O Anel dos Castellac” (11º).

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