20/11/2009

Tex Edição Histórica #73 e #74

Giovanni Luigi Bonelli (argumento)
Erio Nicolò (desenho)
Mythos (Brasil, Setembro e Novembro de 2007)
136 x 177 mm, 260 + 260 p., pb, brochada


Resumo

Uma misteriosa personagem, apoiada por importantes figuras de Washington, interessada em apossar-se dos terrenos da reserva onde vivem os navajos chefiados por Tex, consegue fazer com que este seja condenado a 20 anos de cadeia por um assassínio que não cometeu. Depois, consegue a nomeação de um agente indígena de sua confiança o que obriga Kit e Jack Tigre a guiar os peles-vermelhas para o interior da reserva.

Desenvolvimento
Para além de ser uma das maiores histórias de Tex (mais de meio milhar de pranchas) esta é também uma das histórias mais apreciadas pelos fãs. Justamente, diga-se, não só pela forma como está escrita e se desenvolve (quase sempre) em bom ritmo, mas porque foge ao que é habitual na série. Porque Tex, em grande parte dela é apenas espectador ausente, porque se vê condenado por um assassinato que não cometeu, porque tem que experimentar (embora de forma breve – e a obra teria ganho se a sua estadia no presídio de Vicksburg fosse mais extensa) a vida na prisão para onde geralmente envia os seus adversários - pelo menos aquele que não despacha no imediato com uns quantos tiros certeiros… - , porque o protagonismo é entregue a Kit Carson e Kit Willer.
Todos estes aspectos estão bem interligados numa trama bem urdida, passe algum exagero na facilidade com que Tex cai na armadilha inicial, mas merece destaque em especial a forma como a situação na reserva se degrada e, fosse outra a série, a certa altura do relato quase poderíamos acreditar que “A grande intriga” narrava o fim das aventuras de Tex.
Claro está, que com o ranger isso não poderia acontecer e no final tudo se resolve a contento dele e dos seus amigos, com o esquema desvendado e os bandidos derrotados, mas, até se chegar a esse ponto, são várias as inflexões no argumento e os momentos de dúvida ou suspense introduzidos, o que faz deste western, em que a amizade desempenha um papel marcante, uma obra cuja leitura desperta e prende o leitor.
Uma referência – por ser pouco vulgar em Tex – para o papel importante desempenhado por uma mulher, no caso a bela e bem feminina Myra Solano, um dos elos principais da tramóia que se abate sobre o ranger, desenhada primorosamente por Nicolò, com a sua beleza a destacar-se ainda mais em contraste com as feições duras com que o desenhador italiano dotou a maior parte dos protagonistas masculinos. Referência ainda para o seu bom domínio da planificação e para a utilização de uma grande variedade de enquadramentos, com os quais consegue tornar dinâmicas mesmo longas sequências em que as personagens apenas conversam.

A reter
- A originalidade do argumento, considerado no conjunto das histórias de Tex.
- O bom trabalho gráfico de Nicolò.

Menos conseguido
- A excessiva provocação de Tex à sua futura suposta vítima.
- A facilidade como um homem com o passado do ranger é condenado como se fosse um desconhecido.
- Alguns desajustes temporais na narrativa.

Curiosidade
- Aquando da publicação original, a história prolongou-se por cinco números do título mensal do ranger e, no caso presente, obrigou a dividi-la por dois números da colecção Tex Edição Histórica, que geralmente publica histórias completas
- Ambas as edições trazem introduções, de Júlio Schneider (no #73) e de Sergio Bonelli (#74).

(Texto publicado originalmente no Blog do Tex, em 13 de Novembro de 2009)

2 comentários:

  1. Uma das melhores histórias de Tex, sem dúvida.
    Argumento sem falhas, lindos desenhos, e história empolgante que prende do início ao fim, sem monotonia ao longo de cinco centenas de páginas.
    Realmente uma história que marca!
    Concordo com o que Pedro disse: Kit Carson e Kit Willer foram os dois grandes protagonistas da história.
    Vale ressaltar também a bela Myra Solano, linda mulher calculista que sabe o momento de jogar e de parar de jogar. Ressalte-se também o grande vilão Marcus Parker, bandido elegante, de gabinete, de grande inteligência, inteligência contra a qual o nosso querido ranger Tex jamais poderia fazer frente, se não fossem seus inúmeros aliados. Pra mim, Marcus Parker até hoje foi o bandido mais perigoso que Tex já teve que enfrentar!
    No mais, o roteiro de G. L. Bonelli é indefectível, os desenhos de Erio Nicolò são lindos (Erio Nicolò sempre será lembrado como um dos melhores desenhistas de Tex. Na minha opinião, ele está entre os seis melhores)!
    Um épico da saga texiana, e de toda a banda desenhada mundial, sem dúvida!

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    Respostas
    1. Caro descohecido,

      Obrigado pelo complemento apaixonado que fez ao meu texto!

      Boas leituras... de Tex!

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