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13/01/2015

Tex Edição Histórica #89










Se fosse outra a norma vigente aqui em As Leituras do Pedro, possivelmente teria titulado este texto Tex contra a ameaça islâmica.
Algo excessivo, reconheço, mas também um bom chamariz num momento em que os ecos do atentado à revista satírica francesa Charlie Hebdo ainda se fazem ouvir na comunicação social.

20/11/2009

Tex Edição Histórica #73 e #74

Giovanni Luigi Bonelli (argumento)
Erio Nicolò (desenho)
Mythos (Brasil, Setembro e Novembro de 2007)
136 x 177 mm, 260 + 260 p., pb, brochada


Resumo

Uma misteriosa personagem, apoiada por importantes figuras de Washington, interessada em apossar-se dos terrenos da reserva onde vivem os navajos chefiados por Tex, consegue fazer com que este seja condenado a 20 anos de cadeia por um assassínio que não cometeu. Depois, consegue a nomeação de um agente indígena de sua confiança o que obriga Kit e Jack Tigre a guiar os peles-vermelhas para o interior da reserva.

Desenvolvimento
Para além de ser uma das maiores histórias de Tex (mais de meio milhar de pranchas) esta é também uma das histórias mais apreciadas pelos fãs. Justamente, diga-se, não só pela forma como está escrita e se desenvolve (quase sempre) em bom ritmo, mas porque foge ao que é habitual na série. Porque Tex, em grande parte dela é apenas espectador ausente, porque se vê condenado por um assassinato que não cometeu, porque tem que experimentar (embora de forma breve – e a obra teria ganho se a sua estadia no presídio de Vicksburg fosse mais extensa) a vida na prisão para onde geralmente envia os seus adversários - pelo menos aquele que não despacha no imediato com uns quantos tiros certeiros… - , porque o protagonismo é entregue a Kit Carson e Kit Willer.
Todos estes aspectos estão bem interligados numa trama bem urdida, passe algum exagero na facilidade com que Tex cai na armadilha inicial, mas merece destaque em especial a forma como a situação na reserva se degrada e, fosse outra a série, a certa altura do relato quase poderíamos acreditar que “A grande intriga” narrava o fim das aventuras de Tex.
Claro está, que com o ranger isso não poderia acontecer e no final tudo se resolve a contento dele e dos seus amigos, com o esquema desvendado e os bandidos derrotados, mas, até se chegar a esse ponto, são várias as inflexões no argumento e os momentos de dúvida ou suspense introduzidos, o que faz deste western, em que a amizade desempenha um papel marcante, uma obra cuja leitura desperta e prende o leitor.
Uma referência – por ser pouco vulgar em Tex – para o papel importante desempenhado por uma mulher, no caso a bela e bem feminina Myra Solano, um dos elos principais da tramóia que se abate sobre o ranger, desenhada primorosamente por Nicolò, com a sua beleza a destacar-se ainda mais em contraste com as feições duras com que o desenhador italiano dotou a maior parte dos protagonistas masculinos. Referência ainda para o seu bom domínio da planificação e para a utilização de uma grande variedade de enquadramentos, com os quais consegue tornar dinâmicas mesmo longas sequências em que as personagens apenas conversam.

A reter
- A originalidade do argumento, considerado no conjunto das histórias de Tex.
- O bom trabalho gráfico de Nicolò.

Menos conseguido
- A excessiva provocação de Tex à sua futura suposta vítima.
- A facilidade como um homem com o passado do ranger é condenado como se fosse um desconhecido.
- Alguns desajustes temporais na narrativa.

Curiosidade
- Aquando da publicação original, a história prolongou-se por cinco números do título mensal do ranger e, no caso presente, obrigou a dividi-la por dois números da colecção Tex Edição Histórica, que geralmente publica histórias completas
- Ambas as edições trazem introduções, de Júlio Schneider (no #73) e de Sergio Bonelli (#74).

(Texto publicado originalmente no Blog do Tex, em 13 de Novembro de 2009)
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