Mark Millar (argumento)
Steve McNiven (desenho)
Dexter Vines (arte-final)
Levoir/Público (Portugal, 20 de Dezembro de 2012)
170 x 260 mm, 192 p., cor, cartonado
8,90 €
Resumo
Uma explosão causada por um grupo de super-heróis ao serviço
de um reality-show televisivo, quando tentava capturar alguns super-vilões, provoca
a morte de quase um milhar de pessoas, provocando uma reacção de rejeição dos
familiares e conterrâneos das vítimas em relação àqueles que era suposto protegê-los.
Na sequência desses acontecimentos o senado norte-americano
aprova uma lei que obriga ao registo de todos os super-heróis, o que provoca a
criação de duas facções, pró-lei (encabeçados pelo Homem de Ferro) e anti-lei
(guiados pelo Capitão América) que terminará num confronto inevitável.
Desenvolvimento
Pode-se dizer que este tomo foi uma forma de a colecção Heróis Marvel terminar em beleza.
Não tanto por esta saga em si, mas pela relevância que ela teve aquando da sua
publicação original e pelos efeitos que causou ao equilíbrio do universo Marvel
– pese embora o facto de, paradoxalmente, quase todos eles terem já sido apagados
e tudo tenha voltado (sensivelmente…) à primeira forma.
Da autoria da mesma equipa criativa que deslumbrou com o
fantástico “Wolverine: Velho Logan”,
não atinge, no entanto, o brilhantismo daquele.
Apesar dos muitos confrontos entre super-heróis que engloba,
mostrados pelo traço hiper-realista e muito expressivo de Steve McNiven, “Guerra
Civil” nunca atinge a espectacularidade visual de “Velho Logan”, mesmo desenrolando-se
a bom ritmo, com uma planificação multifacetada que recorrentemente explode em painéis
de página inteira.
O argumento de Mark Millar revela-se consistente e está
desenvolvido num crescendo, com (quase todos) os super-heróis a assumirem a
posição que deles esperávamos o que provoca uma certa familiaridade com o
leitor, com os factos relevantes e marcante a sucederem-se a um ritmo acelerado.
Por isso, logo após a explosão inicial – uma original
exploração de algo que recorrentemente acontecia de forma anónima nos comics de
super-heróis, onde os danos e as vítimas colaterais raramente eram mencionados –
assistimos a um primeiro confronto do Capitão América com a SHIELD e sua
consequente deserção e passagem à clandestinidade, à revelação pública da
identidade secreta do Homem-Aranha (que posteriormente levará à quase morte da
Tia May e à eliminação do casamento de Peter e Mary Jane, uma das duas
consequências mais relevantes desta Guerra Civil), ao primeiro combate entre o
Capitão América e o Homem de Ferro, ao aparecimento de um falso e mortífero Thor, à morte trágica de um super-herói, à quebra
da relação entre Sue e Reed Richards, à prisão de inúmeros heróis, ao dar de
carta branca a super-vilões e ao confronto final entre ambas as facções, que
terminará de forma a um tempo surpreendente, digna e trágica, pois conduzirá à
segunda grande consequência desta saga: a posterior morte do morte do Capitão América.
O suficiente, sem dúvida, para tornar obrigatória este
volume que, para lá dos super-heróis propriamente ditos, tem um inegável tom politizado,
assente no confronto entre as posições fascizantes de Tony Stark/Homem de Ferro
e o discurso idealista de Steve Rogers/Capitão América, potenciado pelas
sombras do 11 de Setembro e as perspectivas de novas ameaças que ele abriu.
Eu gosto da história a melhor parte é mesmo o confronto de Tony Stark/Homem de Ferro e Steve Rogers/Capitão América,e das suas equipas porque os elementos de discordançia ambos já tem desde a 1a Armor Wars aonde curiosamente ambos tem os papeis invertidos.
ResponderEliminarEspectacular estes livros que a Público lançou! Espero que continuem com a série 3.
ResponderEliminarThiago,
EliminarEsta foi uma boa iniciativa (dupla) que preencheu uma lacuna existente em Portugal.
No entanto, parece-me difícil surgir - pelo menos para já - uma série 3...
Uma hipótese mais viável para um futuro não muito distante, seria uma colecção similar com obras da DC Comics...
Há que esperar para ver.
Boas leituras!
Pedro, não contes com isso relativamente à DC. Pra sair cá material pela DC teria de ser a própria Panini a editar, porque eles detém os direitos para a língua portuguesa e não podem cedê-los a terceiros, como acontece com a Marvel. E como sabemos à Panini não lhe interessa editar material em PT-PT. Já enviarem pra cá as sobras de Marvel e DC do Brasil é uma sorte.
ResponderEliminarOlá Reignfire,
EliminarSe assim é, já não está cá quem escreveu...
Boas leituras... mesmo assim!
Esta nova modalidade de contratos (infelizmente muito restritiva) da DC começou em 2000 e troca o passo quando a Devir ainda editava Sandman. Num desses anos a editora Pixel assinou contrato de exclusividade para a língua portuguesa de material Vertigo e Wildstorm. E a partir daí como os senhores da Pixel tinha adiantado em entrevista que não podiam ceder direitos a outras editoras brasileiras ou portuguesas, a Devir que ainda pretendia lançar Sandman não o pôde mais fazer. A DC começou a ser rígida nos seus contratos com parceiros internacionais - e várias editoras que editavam material da DC deixaram de o fazer: em Espanha e Itália era a Planeta DeAgostini que editava e em Espanha passou a ser a ECC Ediciones e em Itália a RW Edizione; em França era a Panini e passou a ser a Dargaud - Urban Comics. Já no Brasil e Alemanha a Panini continua a editar DC porque provavelmente chegaram à conclusão que nestes países não haveria alternativa melhor. Dizia-se na altura que a DC queria deixar de ter a Panini como parceira devido ao facto de esta ser a representante da Marvel na Europa e América Latina.
ResponderEliminarOlá de novo Reignfire,
EliminarMuito obrigado pelo esclarecimento tão completo!
Boas leituras... e bom 2013!