Datada
de 1996
esta é, possivelmente, uma das mini-séries ‘alternativas’ mais
famosas dentro do universo de comics dos super-heróis. Não só por
ser a preto e branco - e que pretos e que
brancos! - num género que
geralmente nos é servido a cores, nem por ter como protagonista
único o Batman - então como agora uma das marcas mais fortes
daquele género - mas também pela invulgar qualidade - e diversidade
- dos autores envolvidos - bem como das suas prestações.
Evidentemente,
numa compilação deste género, em que não
existe um todo resultante
da soma de partes que
funcionam individualmente mas
em que cada prestação vale por si só,
o leitor tem um peso fundamental na sua valorização, em função
das expectativas de que parte e da sua capacidade de ‘ler’
aquelas que se desviam dos seus padrões.
Algumas
abordagens podem desiludir, como a tradicionalista visão de
Liberatore; outras adoptar um tom classicista, como aquela que junta
Archie Godwin (há personagem que ele não tenha escrito…?) e Gary
Gianni, um dos desenhadores que trabalhou em Príncipe Valente, após
o abandono de Hal Foster, para referir uma série hoje em destaque.
Outras,
pelo contrário seduzem e inspiram. Entre aqueles para quem os comics
são criação do dia a dia, saliência para Bruce Timm, cujo
grafismo agradável e ligeiro que conhecemos das suas (celebradas)
versões animadas, surge em grande contraste com a temática adulta
relatada; para Bill Sienckwicz com uma história sobre
responsabilidade parental, servida pelo seu grafismo personalizado em
alto contraste com o estilo cartoon que adoptou para parte das
personagens; o desenho soberbo de Brian Bolland na narração da
morte do Batman; o traço
anguloso num preto e branco contrastante de Brian Steelfreeze, que dá
corpo a um argumento de Dennis O’Neil que faz um interessante
paralelismo entre um atentado sofrido pelo Batman, com o assalto que
lhe vitimou os pais e - de certa forma - a parábola bíblica do bom
samaritano; ou ainda a
prestação
de Katsuhiro Otomo, em que consegue colocar Batman se não no universo, pelo menos no grafismo e no espírito de Akira.
de Katsuhiro Otomo, em que consegue colocar Batman se não no universo, pelo menos no grafismo e no espírito de Akira.
Mas,
acima de tudo, uma antologia deste género serve para ver como
autores consagrados noutros estilos e temáticos revisitam uma
personagem icónica dos super-heróis. Dois
exemplos que me tocaram:
Matt Wagner cola-o ao Fantasma (The Phamtom), e, de forma sublime,
para quem Archie Goodwin
escreveu uma história quase
sem Batman (!), terna e
nostálgica, ao som de uma
melancólica balada de jazz, à
medida do traço único do grande José Muñoz.
É
evidente que noutro momento,
noutra leitura, as escolhas deste
volume - possivelmente o mais interessante desta colecção -
poderiam
ser outras. A sensação que fica é que o resultado é tanto melhor
quanto os autores, em lugar de fazerem uma história do Batman,
fizeram a sua história do seu Batman.
Batman:
Black & White
Os
melhores contos noir
Volume
7 da colecção Batman 80 anos
Vários
autores
(argumento e
desenho)
Levoir/Público
Portugal,
4
de Abril de
2019
170
x 257
mm, 200
p., cor, capa dura
11,90
€
(imagens
disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as aproveitar em
toda a sua extensão)
Boa colectânea.12€ bem investidos.
ResponderEliminarhttps://www.youtube.com/watch?v=v02YZDpXie4
ResponderEliminarÉ giro ver como o texto, falado está fantástico. É mesmo NOIR.
Uma bela adaptação, sim senhor.
EliminarComprei esta série, originalmente, em fascículos em 1996 e é, sem dúvida uma das melhores reinterpretações do personagem por autores de topo, alguns dos quais nunca editados por cá (Ted McKeever, Bruce Timm, Kent Williams....). Mesmo para quem não aprecia o género (super-heróis) é um investimento que se recomenda...
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