Marcas...
Para
um leitor de banda desenhada franco-belga (clássica...), o que
primeiro marca
nesta
edição,
é a homenagem, evidente na capa, a uma das obras-primas de Edgar P.
Jacobs, A
Marca Amarela.
No
entanto, ultrapassada essa referência, potenciada pelo muro de
tijolos, e pela 'marca vermelha' nele desenhada com um 'W' - ou um
'M' invertido... - no
interior de um círculo aberto, para
além de uma e outra narrativa decorrerem numa Londres nevoenta e de
os protagonistas se relacionarem com a Scotlland Yard, nada mais une
este Dylan Dog e aquele Blake e Mortimer.
O que, no entanto, não retira qualquer prazer à leitura, mesmo para leitores contumazes de banda desenhada franco-belga clássica porque, em O Marca Vermelha, encontramos as características que fizeram do Detective do Pesadelo uma personagem marcante e incontornável dos quadradinhos. Para qualquer tipo de leitores.
A sua insegurança, a capacidade de seduzir o belo sexo, a incompatibilidade compatível com o inspector Bloch, o humor execrável de Groucho e a capacidade de tornar possível o impossível, real o imaginário e terra a terra o intemporal, são bem equilibrados por Tiziano Sclavi, num relato pelo qual já passaram, sem se fazer notar, 30 anos de idade.
Na sua origem, está a captura e condenação de um homem, suspeito de ser o assassino em série de diversas mulheres da alta sociedade inglesa, que se destacava por deixar junto às suas vítimas, traçada a sangue, a tal 'marca vernelha'. Cinco anos depois, o assassino parece estar de volta para retomar a sua loucura homicida. Acontece que o condenado, um emigrante russo, se suicidou na prisão embora agora todos os relatos apontem para o seu regresso sob forma espectral...
Face à incapacidade da polícia, Dylan Dog é contratado para investigar o caso e acaba por descobrir mais do que era previsível - e até desejado - pelo seu cliente, num relato consistente e de enorme coerência, em que Sclavi, a par de uma forte crítica comportamental e da denúncia das desigualdades sociais, nos mergulha num ambiente fantástico, quase tangível, que nos envolve e convence, até ao desfecho, que se revela duplamente inesperado.
Dylan
Dog #2 O Marca Vermelha
Tiziano
Sclavi (argumento)
Gianluigi
Coppola (desenho)
Mythos
Editora
Brasil,
Abril de 2018
160 x 210 mm,
96 p., pb, capa mole
R$
26,90
(imagens disponibilizadas pela Mythos Editora; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)
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