Família
Sei
de há muito que uma das razões para apreciar/seguir uma série tem
a ver com a afinidade que conseguimos estabelecer com os seus
protagonistas - e raramente por razões que a lógica explica
cabalmente. [Como (me) acontece também no que à música diz
respeito, por exemplo...]
Pessoalmente,
no que aos super-heróis (actuais)
diz
respeito, Miles
Morales é
um dos (poucos) exemplos que posso apresentar.
Um dos pilares desta série - como já era no Homem.Aranha original que temos podido (re)ler na Colecção Clássica Marvel - é a família. A família como ponto de partida e de chegada; como referência e suporte, como apoio e fonte de força. O normal, dirão alguns. Cada vez menos o normal, vinco eu, desiludido.
E, mais uma vez, é esse o ponto forte desta edição, mesmo que, pelo meio - como prato principal para os leitores adolescentes a que maioritariamente se destina - haja o prolongamento do confronto entre o Homem-Aranha e o vilão Ultimatum, que encontrará o seu ponto final - as suas reticências (?) dados os recorrentes e inevitáveis retornos que são imagem de marca do Universo Marvel - neste volume.
Isto, pelo meio, porque nos extremos (da edição), temos um divertido - e absurdo! - entreacto com um passeio pelo parque de Miles Morales com a sua irmã bebé recém-nascida, inevitavelmente interrompido por uma emergência em que, com humor, é evocado um dos grandes mitos sobre os subterrâneos nova-iorquinos.
E se na outra extremidade do arco, a força dos laços familiares assume outros contornos - e bem trágicos - ao longo de toda a narrativa repetem-se os sinais de que a ligação entre Miles e os seus familiares e amigos - numa extensão lógica e coerente do conceito 'família' - é bem mais do que a partilha de sangue ou de um apelido; existe realmente e assume efeitos tão práticos como os expressos no 'grito de guerra' dos Três Mosqueteiros: Um por todos e todos por um!
Para o leitor regular de super-heróis o que acima fica escrito pode soar a pouco, por isso, vou acrescentar o bom ritmo - quase sempre frenético! - narrativo que Saladin Ahmed imprimiu ao relato, entremeando os poucos momentos mais calmos, com outros de acção pura e com - mais importantes - alguns em que personagens coadjuvantes assumem - mesmo que pontualmente - o protagonismo, em nome de valores maiores: a família, os amigos, liberdade, justiça...
Graficamente, o ritmo frenético é vincado por uma planificação - cujo melhor adjectivo para a descrever é - anárquica, no bom sentido do termo, pois
(quase) não há duas páginas que sigam um mesmo modelo, e por um desenho muito dinâmico que funciona de forma exemplar nos confrontos do Homem-Aranha com os diversos opositores.
Miles
Morales: Homem-Aranha #4
Ultimatum
Compila
Miles Mlorales: Spider-Man #16-#21
(EUA, 2020/21)
Saladin
Ahmed (argumento)
Cory
Smith, Carmen Carnero e Marcelo Ferreira
(desenho)
Victor
Olazaba, Carmen Carnero, JP Mayer, Wayne Faucher e Marcelo Ferreira
(arte-final)
Panini
Comics
Brasil,
Julho
2021
170
x 260 mm, 136
p., cor, capa cartão
R$
27,90/10,60
€
(capa disponibilizada pela Panini Comics; pranchas disponibilizadas pela Marvel; clicar nelas para as apreciar em toda a sua extensão)
Vem ai saga dos clones que ninguém pediu e novo uniforme,o Ultimatum devia ter morrido em Homens aranhas 2 do Bendis.
ResponderEliminar