Mystère investiga... Zagor?!
A Sergio
Bonelli Editore - como outras grandes editoras populares - volta e
meia 'marca' encontros entre os seus heróis - ou com heróis de
outras editoras, como aconteceu recentemente com a DC Comics - os
crossovers
que
garantem atenção mediática e a atenção redobrada dos fãs das
personagens envolvidas e... dos outros.
Este
díptico -
La hacha encantada/La astronave de los seres perdidos - de
Martin Mystère. embora com características bem diferentes, de
alguma forma pode corporizar um género de crossover
diferente.Na
verdade, Mystère e Zagor - ou mais exactamente Za-Te-Nay - não se
encontram numa mesma época, mas este último é o centro de um dos
habituais... mistérios de Mystère.Tudo
começa com a visita de um coleccionador de novelas
pulp
ao
Detective do Impossível,
após ter encontrado uma machadinha com estranhas propriedades - que
supostamente pertencera a Za-Te-Nay, herói da fronteira das tais
narrativas baratas e populares no Velho Oeste, na segunda metade do
século XIX.
Para dourar mais um pouco a história, Alfredo Castelli faz de um mexicano baixinho e gordo chamado... Pancho, o cronista dessas aventuras, colocando como principal opositor deste herói um cientista meio louco, baptizado como Vírus e com o visual de um protagonista de outra das aventuras originais.
Estabelecidas as bases, Castelli diverte-se a minar o visual do herói - aqui mais bronco e abrutalhado - fazendo o mesmo às origens oficiais do herói de Guido Nolita, transformando-o de acordo com os 'estereótipos' dos inquéritos de Martin Mystère - e tendo mesmo o arrojo, como cereja no topo do bolo, de narrar a sua morte, algo a que os seus criadores nunca se atreveram.
Narrada a dois tempos - no presente, com Mystère e Java - e em meados do século XIX - com Za-Te-Nay, Virus e Pancho - e com teor diferente consoante o ponto de vista de quem a narra, a história, vai avançando de acordo com as características próprias de cada registo - enquanto estabelece elos sólidos entre elas e com a cronologia do Detective do Impossível - num tom entre o humor, a homenagem e a grande aventura, com tudo para proporcionar uma leitura bem entretida - e bem resolvida - que é competentemente sustentada pelo traço limpo e seguro de Franco Devescovi, que atenua algumas passagens que podem ser mais complexas e recria com credibilidade locais conhecidos da vivência de Zagor.
Martin
Mystère #29: El hacha encantada
Martin
Mystère #30: La astronave de los seres perdidos
Correspondente
a Martin Mystère #242 e #243, da edição original italiana
Alfredo
Castelli (argumento)
Franco
Devescovi (desenho)
Aleta
Ediciones
Espanha,
2007
160
x 210 mm, 96 p., pb, capa cartão
(imagens disponibilizadas por Aleta Ediciones; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão)
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