Como devidamente divulgado, decorreu entre 16 e 18 deste mês (a primeira(?) edição
d)o Maia BD.
As impressões de As
Leituras do Pedro sobre o evento, já a seguir.
Local
O Maia BD decorreu no Fórum da Maia, um espaço com óptimas condições: múltiplas salas espaçosas para exposições, dois auditórios - o pequeno com cerca de 100 lugares e o maior com cerca e 600 cadeiras - e um espaço exterior protegido do sol e do vento, que com as condições atmosféricas que se registaram, se revelou extremamente aprazível e ideal para as sessões de autógrafos.
Para além disso, dispõe de óptima localização: fica no centro da cidade da Maia, tem metro literalmente à porta, bons acessos rodoviários e um sem número de cafés e restaurantes ao redor.
Condicionantes
O Maia BD foi uma iniciativa do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal da Maia, que entregou a sua organização à cooperativa editorial de A Seita, tendo-se dedicado especialmente ao certame Saffa Dib, Bruno Caetano e José de Freitas. O facto de os contactos terem ocorrido apenas cerca de dois meses das datas previstas para o evento, implicou três condicionantes.
Por um lado, parte do edifício estava já ocupado com a Bienal de Arte, o que levou a que as exposições não ficassem todas juntas (e algumas para mim não eram fáceis de encontrar…).
Por outro lado, o pouco tempo disponível para pôr de pé um certame desta dimensão, condicionou o convite a autores estrangeiros, reduzidos a apenas (?) dois nomes: Georges Bess, com um lançamento de A Seita no Maia BD, e Canizales, desenhador de Os Maias na colecção Clássicos da Literatura em BD (Levoir/RTP).
A terceira, tem a ver com a sobreposição com o último fim-de-semana do Festival Internacional de BD de Beja. Mesmo que neste último, seja nos dois primeiros dias que (quase) tudo acontece, espera-se que em futuras edições - que se desejam - seja possível calendarizar o Maia BD sem ‘choques’ com outros acontecimentos.
Exposições
Cinco exposições, sóbrias mas compostas apenas por originais: Auto da Barca do Inferno, de Joana Afonso/João Miguel Lameiras; As aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy, de Juan Cavia/Filipe Melo; O mangusto, de Joana Mosi; Frankenstein, de Georges Bess; Juventude & Etc., de Marco Mendes (que, ao contrário das outras, fica patente até 22 de Julho).
Cinco exposições relacionadas com obras recentes ou mesmo lançadas no certame - e disponíveis para venda no local.
Cinco exposições, também, que espelham outras tantas vertentes gráficas, estéticas, plásticas e temáticas. Diversidade seria a sua palavra-chave.
Sem a espectacularidade que pinturas ampliadas de pormenores ou recriações em 3D conferem, centraram-se exclusivamente nos originais que, nalguns casos, permitiam apreciar a forma de trabalhar dos autores: esboços, desenhos preparatórios, evolução desde o lápis até aplicação da cor...
A excepção foi a de Marco Mendes, que inclui também mostra bibliográfica.
Convidados
Sobre os dois estrangeiros já escrevi. Mas reitero a importância da existência dos seus livros.
Quanto aos portugueses, foram mais de duas dezenas. O mediatismo de Filipe Melo e Nuno Markl foi fundamental para a enchente - no bom sentido - de sábado, mas Luís Louro não lhes ficou atrás em popularidade.
Boa parte dos presentes vieram para lançamentos ou apresentação de novidades recentes. E os seus livros estavam lá, à espera dos leitores interessados.
Autógrafos
Este aspecto - fundamental num evento de BD - é indissociável do anterior.
Sábado, as filas foram constantes e bem reveladoras da ‘fome’ que o público do Norte tinha de um certame assim - até porque os ‘habitués’ primaram (quase todos) pela ausência.
Duas notas para mim muito positivas: a quase total ausência de folhas de papel nos autógrafos, o que significa que foram praticamente todos concedidos em livros - o que é bom para os leitores, os autores e as editoras; o facto de muitos dos visitantes terem ido ao Mercado do Livro - nalguns casos uma e outra vez - comprar os livros para autografar.
A organização pôs em prática um modelo de senhas para gerir a questão dos autógrafos. Confesso que numa primeira fase, coloquei em causa o facto de só ser entregue uma senha por pessoa de cada vez, mas acabei por me confessar rendido ao modelo. Sem açambarcamentos, todos tiveram oportunidade de ir circulando pelas diversas mesas - até porque os mais solicitados (Markl, Melo, Louro) não se importaram de ficar para além dos horários para satisfazerem todos - e raramente houve autores sem leitores à sua frente. O quadro que indicava a numeração do autógrafo em curso não funcionou, mas a boa vontade dos responsáveis pela sua organização resolveu todas as questões. E o facto de cada um só ter uma senha pendente, também facilitou.
Houve queixas pelo facto de Georges bess apenas ter feito 10 desenhos + 10 assinaturas no sábado e 6+6 no domingo, mas o seu cansaço e as limitações físicas devido à sua idade eram por demais evidentes e a culpa disto não pode ser assacada à organização.
E não resisto a contar o que se passou à minha frente: a certa altura, sem leitores para autógrafos, Canizales levantou-se da sua mesa, regressando minutos depois. Na mão, trazia o livro Estes dias, de Bernardo Majer, que estava a autografar ao seu lado, e uma senha para pedir o respectivo desenho!
Mercado do Livro
Funcionou num espaço suficientemente amplo, com livrarias e algumas (poucas) editoras. Globalmente, quem vendia ficou satisfeito com os resultados; quem comprava encontrou o que procurava e até o que não sabia que existia. E houve títulos que esgotaram.
Lançamentos
O Maia BD fica marcado pelo lançamento de 8 novas edições. É relevante e de assinalar. Deixo, por isso, as respectivas capas.
Programação
A programação foi diversificada nas três vertentes que abarcou: cinema de animação, banda desenhada e cultura japonesa.
Se a primeira e a última são menos relevantes para mim, no que toca à banda desenhada assisti no Maia BD a algumas sessões muito bem compostas, como raramente tinha visto até então noutros acontecimentos similares, com assistências de 50, 60 ou 70 pessoas - embora em sentido inverso também tenha havido algumas quase às moscas...
Como já escrevi, a existência de auditórios confortáveis e com condições acústicas que permitem ouvir sem problemas as conversas contribui para este facto; nomes como Nuno Markl e Filipe Melo também, mas não foram os únicos com plateia bem composta.
Falhou, para mim, a existência de um sistema sonoro (ou visual) que fosse colocando os visitantes a par do que se ia sucedendo nos auditórios, apesar dos folhetos com o programa disponíveis por todo o Fórum da Maia.
Obviamente, o facto de as sessões decorrerem em paralelo com os autógrafos, diminui os interessados naquelas, mas parece-me impossível separar umas e outros no tempo.
Impressões finais
Organizado por gente experiente, o Maia BD foi condicionado pela questão temporal exposta.
Se para o visitante menos habituado, alguns aspectos menos positivos possivelmente não foram visíveis, para quem visita com regularidade outros eventos, foram notórios alguns aspectos a limar.
De qualquer forma, para uma primeira edição penso que os objectivos foram cumpridos e na generalidade editores, livreiros, autores, visitantes e organização saíram satisfeitos.
Espero que a Câmara da Maia também o esteja, para que esta tenha sido realmente a primeira edição e, para o ano, possa haver um novo Maia BD, mais sólido e com mais tempo de preparação.
(clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)
Foi o meu primeiro festival! E sai de mochila cheia! Majer, P. Mendes e Penim/Carlos Silva eram um objectivo de vida. Assinar o vinil da serie 1986, outro. Georges foi um bom acrescimo ao autografo do drácula..... Consegui os meus dois tangerinas com a Rita Alfaiate... Canizales.... Foi um sábado para recordar! É claro, não deu para tudo... Fiquei com o Starr por assinar e nao consegui chegar "perto" da Joana Afonso... Fica para uma próxima!
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