Modelos
“Parar
é morrer”,
costuma dizer-se e o que se aplica aos seres humanos também serve
para as publicações periódicas.
No
caso presente, três revistas - deixem que as designe assim -
actualmente à venda (nalguns locais) em Portugal cujos
modelos - há mais ou menos tempo em vigor, a diferentes níveis -
estão em mudança.
Tenho recorrentemente voltado ao Demolidor - e mais vezes recentemente a este assinado por Chip Zdarsky. Porque é uma das minhas preferências na Marvel e porque o arco que agora chega ao fim em Demolidor #7 (Panini Comics, Brasil, 2022) se revelou bastante interessante, colocando em causa e questionando a responsabilidade (a nível pessoal) que os poderes do super-herói cego lhe conferem. E em que até a sua substituição temporária por Elektra foi suficientemente contida e equilibrada para fazer sentido.
[E cuidado que daqui a nada revelo mais do que devia sobre a história...]
Mas, a Marvel oblige e há modelos narrativos a seguir e modelos pré-estabelecidos a repetir... Assim, no final deste longo arco, pela enésima vez, o Rei do Crime descobre a identidade secreta do Demolidor e possivelmente tudo irá voltar ao que já foi. A palavra cabe ao argumentista, mas que fica um sentimento de desilusão, é inegável.
No que respeita à Turma da Mônica Jovem, a questão modelo tem significado diferente: aplico-o ao formato do conteúdo. Porque, se durante as duas primeiras séries deste título, a norma era a história completa ou, eventualmente, a estender-se por duas ou três edições, nesta terceira vida da publicação, ela é preenchida com uma saga em continuação por vários números a par de narrativas curtas auto-conclusivas. Um modelo que serve para prender o leitor, obrigando-o a comprar os números seguintes, mas também o deixa com um sentimento de satisfação pelas leituras completas proporcionadas.
Na Turma da Mônica Jovem #13 (III série) (Panini Comics, Brasil, 2022), a morte de Ramona continua a pairar e a fazer sentir os seus efeitos na Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali e nos outros adolescentes da turma, num novo ciclo que, de forma bastante interessante e positiva, se centra no luto e nos diferentes modos de o fazer segundo a forma de ser e pensar de cada um.
Quanto às histórias curtas, revelam-se mais leves e divertidas e servem para aprofundar o conhecimento que temos das personagens, das suas interacções e deste universo adolescente.
Finalmente, a questão do modelo assume outra forma na Giga Spirou Eté 2023 (Dupuis, Bélgica, 2023), com a mudança física da publicação.
Sucessora da Méga Spirou, a nova publicação diminui o tamanho do quase A4 para 180 x 260 mm, perdendo cerca de 20 % da sua superfície, mas se a maioria das bandas desenhadas publicadas aguenta bem a redução, nalguns casos a leitura dos balões levanta algumas dificuldades.. No novo formato, também é duplicado o número de páginas, de 192 para 384, e os álbuns completos sobem de 2 para 3 - na prática pode dizer-se que se perde um...
De resto - curiosamente face ao que fica atrás! - é possível escrever-se que o modelo se mantém, com os álbuns completos a serem acompanhados por histórias curtas (quase sempre) de uma página de várias das séries humorísticas da revista Spirou.
(imagens disponibilizadas pelas editoras; clicar nelas para as aproveitar em toda a sua extensão; clicar nos textos a cor diferente para saber mais sobre os temas destacados)
Para dizer que há coisas que voltam ao que sempre foram, não era preciso de mandar um spoiler ou pelo menos dizia que ia escrever um.
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Carlos Veloso
Tem razão, falha minha... corrigida.
EliminarBoas leituras!
Para a(s) editora(s) marvel/dc tudo o que aconteceu a mais de 5 dos nossos anos nao conta.Logo as runs do miller.bendis.nao existiram
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