Há 40 anos, as páginas da revista Spirou, habitualmente vocacionadas para os mais novos, recebiam a surpreendente e inesperada visita de uma jovem curvilínea e atraente. Era Natacha, uma nova heroína, hospedeira do ar de profissão, que quebrava uma (quase) tradição que entregava o protagonismo dos quadradinhos a heróis masculinos – de quem Natacha nunca dependeu -, precedendo - sem o saber – diversas outras mulheres de papel mais livres e autónomas.
O seu criador era François Walthéry, belga, então com 24 anos, iniciado na BD no estúdio de Peyo, criador dos Schtroumpfs, que com o seu traço semi-realista fazia realçar o lado bem feminino de Natacha.
O seu criador era François Walthéry, belga, então com 24 anos, iniciado na BD no estúdio de Peyo, criador dos Schtroumpfs, que com o seu traço semi-realista fazia realçar o lado bem feminino de Natacha.
A seu lado, no argumento, estava Gos (aliás Roland Goossens) que tirava partido da profissão dela para a transportar para os mais exóticos cenários, em companhia de Walter, um comissário de bordo impulsivo e trapalhão, em aventuras, leves, bem ritmadas e com um toque de humor, que terminavam sempre com a vitória da justiça e do bem, ou seja perfeitamente integradas na tradição e no espírito da revista que a acolhera.
Se Walthéry se mantém ao leme dos destinos da sua pupila, depois de Gos, passaram também pela escrita das suas aventuras autores conceituados como Tillieux, Wasterlain, Peyo ou Cauvin, seguindo o caminho previamente traçado.
Hoje, quatro décadas, 21 álbuns e cerca de um milhar de pranchas depois, Natacha não ganhou uma única ruga e, acompanhando os ventos de um tempo que também é o seu, viu até acentuar-se o seu lado sensual – sem transgredir, nos quadradinhos, as regras próprias do seu público, mas protagonizando, fora deles, portefólios com um toque de erotismo.
Em Portugal ficou conhecida através das histórias “Natacha, hospedeira do ar” e “Natacha e o Marajá”, publicadas na versão lusa do Spirou, primeiro, e depois repetidas no Jornal da BD – vol. 6. Actualmente está em curso na Bélgica a reedição integral das suas aventuras, pela editora Dupuis, estando já disponíveis três tomos, cada um compilando três álbuns para alem de diversos extras.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 26 de Fevereiro de 2010)
Se Walthéry se mantém ao leme dos destinos da sua pupila, depois de Gos, passaram também pela escrita das suas aventuras autores conceituados como Tillieux, Wasterlain, Peyo ou Cauvin, seguindo o caminho previamente traçado.
Hoje, quatro décadas, 21 álbuns e cerca de um milhar de pranchas depois, Natacha não ganhou uma única ruga e, acompanhando os ventos de um tempo que também é o seu, viu até acentuar-se o seu lado sensual – sem transgredir, nos quadradinhos, as regras próprias do seu público, mas protagonizando, fora deles, portefólios com um toque de erotismo.
Em Portugal ficou conhecida através das histórias “Natacha, hospedeira do ar” e “Natacha e o Marajá”, publicadas na versão lusa do Spirou, primeiro, e depois repetidas no Jornal da BD – vol. 6. Actualmente está em curso na Bélgica a reedição integral das suas aventuras, pela editora Dupuis, estando já disponíveis três tomos, cada um compilando três álbuns para alem de diversos extras.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 26 de Fevereiro de 2010)