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05/03/2021

Snoopy #16: 1967

Erros grosseiros e grande desilusão




Posta à venda esta semana, a colecção Snoopy - A Peanuts Collection podia ser o lançamento do ano mas, afinal, não passa de uma grande desilusão.
As razões - e todas as características - estão expostas já a seguir.

27/09/2015

24/11/2013

Snoopy: A felicidade é um cobertor quentinho









Stephan Pastis e Craig Schulz (argumento)
Vicly Scott e Bob Scott (desenho)
Ron Zorman (arte-final)
Nemo
Brasil, 2013
168 x 255 mm, 88 p., cor, brochado
R$ 28,00


Penso que há obras – pela sua importância na época de publicação ou na história dos quadradinhos, pela sua qualidade, pelo seu carácter autoral… - deveriam ser intocáveis, para evitar a sua banalização. Os Peanuts – como Tintin, por exemplo – estão nesse grupo.
Por isso, a par da curiosidade, tinha bastante receio deste livro. A leitura, no entanto, revelou-se uma agradável surpresa, pelo respeito pela obra de Charles Schulz, pelo reencontro com as personagens, pela recordação de situações-chave da obra, pelo registo divertido, pelo tom de homenagem, pelo sabor a nostalgia.
Para isso, para lá do que já ficou escrito, contribuiu igualmente a planificação diversificada, o bom ritmo que ela imprime à leitura, o traço expressivo e uma boa utilização de cores quentes e planas.
Posto tudo isto, no entanto, preferia que esta tivesse sido uma edição única, pois a sua continuação – mesmo em moldes formais e qualitativos semelhantes - inevitavelmente acabará por contribuir para o esvaziamento da obra-prima original.


28/03/2011

Peanuts – Obra completa – 1961-1962

Charles Schulz (argumento e desenho)
Afrontamento (Portugal, Outubro de 2010)
215x175 mm, 328 p., pb, cartonado com sobrecapa, 23,21 €


Resumo
Sexto volume da compilação integral dos Peanuts, inclui as tiras diárias e as pranchas dominicais publicadas originalmente nos anos de 1961 e 1962.
O arranjo gráfico é de Seth e a introdução da cantora Diana Krall (que curiosamente invoca mais as suas memórias dos Peanuts da animação do que da banda desenhada…).


Desenvolvimento
Escrever recorrentemente sobre um mesmo tema é (quase) sempre complicado.
É o que me tem acontecido – felizmente! – em relação aos Peanuts e a Schulz, seja por motivo de efemérides ou de novas edições, como é agora o caso. Escrevi felizmente, contrariando o que exprimi na primeira frase, mas não me enganei, porque isso me tem obrigado a debruçar uma e outra vez, com redobrada atenção, sobre uma das obras-primas que o século XX nos legou.
Correspondente aos anos 11 e 12 da vida da tira, este volume mostra os Peanuts em velocidade de cruzeiro, com a estrutura da série mais do que estabelecida e a personalidade dos intervenientes bem definida.

Nada que significasse estagnação ou repetição, longe disso, pois Schulz, então num dos seus períodos de maior criatividade, continuou a introduzir novas personagens e situações e a fazer experiências (gráficas, narrativas…). Foi assim que surgiu Frieda (com os seus caracóis naturais…!) e o seu gato Faron, que Linus (e por arrastamento Snoopy!) usou óculos durante cerca de um ano, que Sally teve um crescimento acelerado, que Snoopy começou a receber repetidas visitas de uns passarinhos, antepassados do
 (mais tarde) indispensável Woodstock... E se a maior parte destas inovações se mantiveram nos anos seguintes, outras desapareceram tão naturalmente como tinham aparecido, sinónimo da sua ineficácia – na óptica do autor ou dos leitores… - mas também da vitalidade e da personalidade da própria série.
Por outro lado, a leitura cronológica de um período alargado – dois anos, no presente caso – de uma tira diária como os Peanuts, extremamente rica a vários níveis, permite ver como Schulz abordava temas da actualidade (de então, claro!) ou recorrentes (mais evidentes uns do que outros): Natal, o aniversário de Beethoven, o regresso à escola, a queda das folhas no Outono, a época do basebol, as estações do ano, o Dia das Bruxas/Grande Abóbora… E como conseguia, inovar e renovar a cada nova abordagem - mesmo que por vezes as diferenças sejam apenas subtis… e por isso mesmo ainda mais conseguidas - quer de uns anos para os outros, quer na sucessão de piadas em torno de um mesmo tema, que se podiam suceder ao longo de vários dias ou poucas semanas.
Pesem embora as inovações referidas, estes Peanuts são aqueles a que os leitores já se tinham habituado, encontrando por isso exactamente o que esperavam deles: os sucessivos falhanços de Charlie Brown, com o papagaio, as cartas ao correspondente, no basebol ou perante os outros – embora haja também uma das raras respostas à altura que ele deu a Lucy; a dependência… de Linus em relação ao cobertor; a crueldade crescente das tiradas de Lucy, quer como psiquiatra, quer sendo ela própria (!); a (inexistente) relação de Lucy com Schroeder; a paixão platónica de Linus por miss Othmar, a sua professora; o protagonismo crescente de Snoopy – assumindo outras personalidades, a sua relação com a casota; as referências à rapariguinha ruiva por quem Charlie Brown se apaixona mas com quem nunca falará…
Em resumo, mais uma sublime oportunidade de descobrir os Peanuts de sempre de uma forma nova, renovada. Aproveitem!


A reter
- Ao longo da leitura fui assinalando as tiras e pranchas dominicais de referência ou que me pareceram mais conseguidas. Acabei o livro com umas quantas dezenas seleccionadas… Mais uma prova da genialidade de Schulz! Ou da sua coerência!
- A qualidade da edição, em tudo fiel à original. E onde se destaca o grafismo sóbrio, cuidado e atraente de Seth.
- A tradução de Gabriela Rocha, com conta, peso e medida.

Menos conseguido
- O tempo (excessivo) que tem mediado entre a edição de cada um dos volumes.

Curiosidades
- Logo nas páginas iniciais, Lucy enterra o cobertor de Linus, num episódio que serviu de base à primeira graphic novel dos Peanuts, a editada nos EUA por estes dias.
- Os “famosos” – do cinema, da BD, da música… - que têm assinado cada introdução, mostrando a universalidade da obra de Schulz.

Sugestão

- Comercializar à parte a caixa para guardar cada dois volumes da colecção. Ou incluir nos volumes respectivos um vale que permita depois obtê-las. O sistema actual, convida a esperar pela edição conjunta dos dois volumes em lugar de os ir comprando á medida que são publicados, o que é penalizador para a editora.

09/03/2011

Peanuts regressam aos quadradinhos

Charlie Brown, Snoopy, Lucy, Linus e os restantes companheiros vão regressar à banda desenhada já este mês. O anúncio foi feito pela editora norte-americana Kaboom!, confirmando assim os rumores que circulavam no meio dos quadradinhos, desde que os herdeiros de Schulz venderam os direitos da série à Iconix Brand Group Inc. por 175 milhões de dólares (cerca de 131,5 milhões de euros), em Abril do ano passado.
Ao contrário do que muitos pensavam, esta volta à BD não vai ser no tradicional formato de tira diária de jornal, mas sim numa novela gráfica intitulada “Happiness is a Warm Blanket, Charlie Brown” (“A felicidade é um cobertor quente, Charlie Brown”), que adapta o filme animado homónimo que também ficará disponível neste mês de Março e que assinala os 45 anos da estreia dos Peanuts na televisão.
São 80 páginas a cores, baseadas no trabalho de Schulz, com argumento do seu filho Craig Schulz e de Stephen Pastis (criador da tira de imprensa Pérolas a Porcos) e desenhadas por Bob Scott, Vicki Scott e Ron Zorman.
Pelas páginas iniciais da obra, já disponibilizadas pela Kaboom!, até agora mais conhecida pelas adaptações aos quadradinhos de criações da Disney e da Pixar (Donald Duck, The Cars, Nemo), é possível verificar que foi utilizado um estilo gráfico muito próximo do de Schulz e uma planificação dinâmica e variada.
Os Peanuts começaram a ser publicados em Outubro de 1950 e através deles, Schulz traçou um retrato duro e desencantado do mundo dos adultos, visto através de um grupo de crianças, que apresentavam todos os defeitos do ser humano. A última prancha dominical foi publicada a 13 de Fevereiro de 2000, um dia após a morte de Schulz, único responsável pelas 17 897 tiras da sua criação, pelo que esta é a primeira vez que os Peanuts têm uma assinatura diferente.
O sucesso da banda desenhada levaria os heróis de Schulz levá-los-ia a serem adaptados na televisão, em teatro e em musicais, gerando um sem número de artigos derivados, o que faz com que os respectivos direitos gerem um encaixe de cerca de 75 milhões de dólares por ano.


(Texto publicado no Jornal de Notícias de 8 de Março de 2011)

13/02/2011

Selos & Quadradinhos (25)

Stamps & Comics / Timbres & BD (25)
Tema/subject/sujet: Snoopy
País/country/pays: Estados Unidos da América / United States / États Unis
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2001

Charles Schulz: 26-11-1922 – 12.02.2000

12/02/2011

Selos & Quadradinhos (24)

Stamps & Comics / Timbres & BD (24)
Tema/subject/sujet: O Snoopy nos correios / Snoopy in the mail / Snoopy dans la poste
País/country/pays: Portugal
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2006

Charles Schulz: 26-11-1922 – 12.02.2000

11/12/2010

Selos & Quadradinhos (8)

Stamps & Comics / Timbres & BD (8)

Tema/subject/sujet: The Peanuts
País/country/pays: Ilhas Caimão/Cayman Islands/ Iles Caïmans
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2002

02/10/2010

The Peanuts: Retrato de gente adulta








De estatura reduzida e grandes cabeças estiveram para se chamar “Li’l Folks” (gente pequena), mas foi como “Peanuts” (amendoins) que surgiram ao público e atingiram um sucesso ímpar dentro e fora dos quadradinhos.
A primeira publicação foi há 60 anos, em menos de uma dezena de jornais norte-americanos, numa tira com quatro vinhetas e desenho ainda algo incipiente, no qual o futuro (anti-)protagonista principal, Charlie Brown, aparecia de passagem apenas nos primeiros dois, sem dizer qualquer palavra. Estas, estariam a cargo de outro rapazinho que na última vinheta disparava: “Não posso com ele!”. Nem Charles Schulz, o seu autor, possivelmente o saberia ainda, mas esta frase definia já o carácter futuro da personagem, que só reapareceria seis tiras mais tarde: anti-herói, depressivo, sem auto-confiança, sonhador mas eterno falhado (no amor como no desporto, nas brincadeiras como nos relacionamentos)… Era a base de um retrato sério e profundo de gente adulta (nunca presente nos quadradinhos) feita a partir de gente pequena, com todos os defeitos (e algumas qualidades) dos grandes.
Porque a Charlie Brown, ao longo dos tempos, juntar-se-iam a refilona e prepotente Lucy, o inseguro Linus sempre a arrastar o cobertor pelo chão, Schroeder o pianista obcecado pela sua arte, a sonhadora e marginal Peppermint Patty, Sally Brown, a maior crítica do irmão, Marcie, a tímida e míope boa aluna… E, claro, o extrovertido Snoopy que, surgido como cão vulgar na tira do dia 4, dois anos depois “pensava alto” pela primeira vez, acabando por assumir pose antropomórfica e tornar-se a estrela da série, fazendo um contraponto entre a vida real dos outros e o seu mundo de fantasia, funcio-nando quer como consciência crítica do grupo, quer como principal fonte de nonsense, através dos seus diversos heterónimos: escritor famoso, ás da aviação da Primeira Guerra Mundial, chefe de escuteiros, o relaxado Joe Cool, advogado, hoquista, patinador olímpico…
Com eles, baseado num traço simples, quase sem cenários nem pormenores, mas extremamente expressivo e, acima de tudo, eficaz e legível, Schulz, que sempre elaborou a tira sozinho, analisou de forma lúcida e mordaz – por vezes cruel até – meio século da vida da América, inspirado na sua própria experiência.
Considerada a mais bem escrita e influente tira de imprensa, os Peanuts, que chegaram a ser publicados em mais de 2600 jornais em todo o mundo, foram capa das mais influentes revistas e valeram inúmeros galardões ao seu autor, acabaram por saltar do papel que os viu nascer para outros suportes: primeiro o merchan-dising, nas suas mais diversas formas, depois a televisão (onde o sucesso foi ainda maior, sem que as suas qualidades intrínsecas fossem afectadas), um musical na Brodway, a literatura, onde foram base de teses diversas e tema de livros filosóficos, sociais e religiosos…
E foi assim, com mais altos do que baixos, até 13 de Fevereiro de 2000, quando foi publicada a última prancha dominical original, na qual o autor se despedia, afirmando: “Charlie Brown, Snoopy, Linus, Lucy… nunca os poderei esquecer…”. Curiosamente, um dia antes Charles Monroe Schulz deixara o mundo dos vivos devido a um cancro do cólon.
No entanto, 60 anos depois da sua criação e 10 após a publicação da última tira diária, os Peanuts continuam a ser um negócio que movimenta milhões. Em Abril deste ano, a família de Charles Schulz anunciou a venda dos direitos da série à Iconix Brand Group Inc. por 175 milhões de dólares (cerca de 131,5 milhões de euros). Do negócio resultou a criação da Peanuts Worlvide, na qual os herdeiros do autor detêm 20 % do capital. Entretanto, recentemente, esta empresa anunciou que a United Feature Syndicate, com quem Schulz trabalhou desde o início, deixará de distribuir a banda desenhada – cujas 17897 tiras ainda são (re)publicadas diariamente em cerca de 2000 jornais de todo o mundo – passando esta para o serviço Uclick da Universal.
As receitas anuais da marca Peanuts, cujas bandas desenhadas continuam a ser reimpressas diariamente em centenas de jornais de todo o planeta, rondam os 2 mil milhões de dólares e os respectivos direitos permitem um encaixe de 75 milhões de dólares por ano.
A efeméride é assinalada a diversos níveis: a Smithsonian National Portrait Gallery de Washington expõe auto-retratos de Schulz, Snoopy junta-se à Unicef para uma recolha de fundos que durará até Novembro de 2011, foi posta à venda uma figura de tiragem limitada reproduzindo o “primeiro” Charlie Brown, a Fantagraphics Books continua a soberba reedição integral da tira (de que a Afrontamento já lançou cinco volumes em português) e a Lacoste lança uma série de pólos com as criações de Schulz a interagirem com o famoso crocodilo da marca.
Mais motivos – como se eles fossem necessários – para que Charlie Brown, Snoopy, Lucy, Linus e os outros permaneçam vivos nas nossas memórias.

(versão integral do texto publicado no Jornal de Notícias de 2 de Outubro de 2010)

12/02/2010

Peanuts, obra completa – 1959-1960


Charles M. Scuhlz (argu-mento e desenho)
Introdução de Whoopi Goldberg
Afron-tamento (Portugal, Novembro de 2009)
220 x 174 mm, 324 p., pb, cartonado com sobrecapa com badanas

Em 2004, a editora norte-americana Fantagraphics Books lançava o primeiro tomo de um ambicioso projecto: a edição integral dos "Peanuts" de Charles M. Schulz, anunciando-o como "o mais aguardado e ambicioso projecto editorial da história das tiras diárias americanas".
Dos 25 volumes previstos, lançados a uma média de dois por ano, estão já editados 12, devendo a edição ficar concluída em 2016. Cada volume, com mais de 300 páginas, reúne por ordem cronológica, recuperadas e restauradas, todas as tiras diárias e pranchas dominicais publicadas nos jornais ao longo de dois anos, com excepção do primeiro que abarca o período 1950-1952.
O notável arranjo gráfico da colecção é da responsabilidade de Seth, também ele autor de BD, sendo cada volume prefaciado por personalidades de diferentes áreas que de alguma forma foram influenciadas pela obra de Schulz, como Matt Groening, criador dos Simpsons, a cantora Diana Krall, a actriz Whopi Goldberg ou a ex-tenista Billie Jean King.
Em 2006, a Afronta-mento, a exemplo do que têm feito outras editoras um pouco por todo o mundo, lançou os dois primeiros tomos, em versão portuguesa “Peanuts – Obra completa”, tendo até ao momento editado cinco volumes, o último dos quais em Dezembro último, correspondente ao período 1959-1960. Este volume, dedicado a um período em que os alicerces da série já estavam lançados e Schulz já tinha encontrado o seu caminho, inclui, entre muitas outras, as tiras dedicadas ao nascimento de Sally, a irmã de Charlie Brown (aqui bebé mas que em pouco tempo atingirá a idade dos outros Peanuts), a aparição inaugural da Grande Abóbora, a primeira consulta da “psiquiatra” Lucy e, claro, a página que Schulz sempre referiu como a sua favorita, a prancha dominical de 14 de Abril de 1960, aqui reproduzida.
Para este ano, a Afronta-mento prevê lançar em Maio o sexto tomo, referente a 1961-1962, com a caixa arquivadora para os volumes #5 e #6, e em Outubro os volumes 7 e 8 com a respectiva caixa.

(Versão revista e aumentada do texto publicado a 6 de Fevereiro de 2010 na revista NS, distribuídas aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)

Schulz e os Peanuts, uma cronologia

1922
26 de Novembro – Charles Monroe Schulz nasce em Minneapolis, no Minnesota, EUA

1943
É incorporado no exército norte-americano, participando na libertação da França e na ocupação da Alemanha

1946
Professor no Art Instruction, Inc.

1947
Publica as primeiras ilustrações humorísticas no Saturday Evening Post e Li’l Folks no Saint Paul Pionner Press

1950
Assina com o United Features Syndicate
2 de Outubro – Publicação da primeira tira diária de Peanuts, em 8 jornais norte-americanos
1951
Casa com Joyce Halverson

1952
6 de Janeiro – Publicação da primeira prancha dominical de Peanuts
Lançada a primeira colectânea
A tira chega a mais de 40 jornais norte-americanos

1955
Recebe o Reuben Award da National Cartoonists Society para melhor cartoonista do ano
Uma câmara da Kodak é o primeiro produto comercial a utilizar a marca Peanuts

1958
É comercializado o primeiro artigo de merchandising dos Peanuts: bonecos de Charlie Brown, Snoopy, Linus e Lucy
A tira diária é publicada em 355 jornais norte-americanos e 40 estrangeiros

1962
Os Peanuts são considerados A Melhor Tira de Humor do Ano pela National Cartoonists Society

1964
É o primeiro autor a receber um segundo Reuben Award

1965
Os Peanuts fazem a capa da revista Times
Exibição da primeira animação “A Charlie Brown Christmas”; distinguida com um Emmy e um Peabody

1967
Musical na Brodway: You’re a Good Man, Charlie Brown
Ronald Reagan, governador da Califórnia, institui 24 de Maio como o dia “Charles Schulz”

1972
Divorcia-se de Joyce Halverson Schulz

1973
Casa com Jean Forsyth Clyde
Recebe novo Emmy por A Charlie Brown Thanksgiving, décima animação dos Peanuts

1975
A tira diária é publicada em 1480 jornais norte-americanos e 175 estrangeiros, chegando a 90 milhões de pessoas
Novo Emmy, por You’re a Good Sport, Charlie Brown

1980
Life Is a Circus, Charlie Brown conquista mais um Emmy

1983
Novo Peabody, por What Have We Learned, Charlie Brown?
Os Peanuts surgem no Guinness Book of World Records como a primeira tira vendida a mais de 2 000 jornais

1990
Recebe a Ordem das Artes e das Letras do ministro francês da Cultura, Jack Lang, durante uma exposição da sua obra no Museu do Louvre
1992
Condecorado com a Ordem de Mérito pelo governo italiano

1996
Inaugura a sua estrela no Passeio da Fama, em Hollywood

1999
A tira diária é publicada em 2600 jornais de todo o mundo e lida por 300 milhões de pessoas
14 de Dezembro - Anuncia o fim dos Peanuts, por sofrer de um cancro do cólon

2000
3 de Janeiro – Publicação da última tira diária dos Peanuts
2002
Inauguração do The Charles Schulz Museum and Research Center em Santa Rosa, Califórnia

2004
A Fantagraphics inicia a publicação de “Peanuts – Obra integral”

2007
A prancha de 10 de Abril de 1955, assinada por Charles Schulz, mostrando Charlie Brown sozinho no campo de basebol, debaixo de um dilúvio, é arrematada num leilão por cerca de 76.500 €

(Texto publicado originalmente na revista NS, distribuída aos s´bados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)

10 Anos sem Charles Schulz

Há dez anos, a 12 de Fevereiro de 2000, falecia Charles Schulz, o criador dos Peanuts, possivelmente a banda desenhada que mais autores (e não só) influenciou. No dia seguinte, era publicada nos jornais a última prancha dominical desenhada por si. Em Outubro próximo, passam 60 anos sobre a estreia da sua criação.

“Quem te disse que sabias jogar basebol? És o pior do mundo! És uma nulidade! És uma desgraça!”, afirma alto e bom som Lucy, dirigindo-se a Charlie Brown, na tira de 7 de Setembro de 1959. Logo de seguida, Patty reitera: “Não prestas para nada! És abaixo de zero! És pior do que mau! És…”
Era Charlie Bown, em todo o seu (total desprovimento de) esplendor, ou não seja ele, possivelmente, o (anti)-herói mais nulo da história, sem quase nenhum êxito ao longo de 50 anos de quadradinhos. Mas foi com ele – em torno dele, mais exactamente – que Charles Monroe Schulz desenvolveu uma das mais notáveis galerias de personagens e um dos mais espantosos universos das histórias em quadradinhos, um autêntico “microcosmos”, como os classificou o insuspeito Umberto Eco, “uma pequena comédia humana, tanto para o leitor inocente como para o leitor sofisticado”.
E estes dois níveis de leitura (pelo menos…) são um dos segredos do sucesso dos pequenos “amendoins” (tradução literal de “peanuts”, nome imposto pelo United Features Syndicate, que Schulz sempre abominou) que ao longo de quase cinco décadas e das 17.897 tiras diárias e pranchas dominicais integralmente escritas e desenhadas por ele mantiveram um assinalável nível de qualidade, chegando, no seu apogeu, a mais de 2.500 jornais de todo o mundo, estando traduzidos em 25 línguas (incluindo o latim!) e em 75 países, tendo os seus livros vendido mais de 300 milhões de exemplares.
Neles, aquele leitor simples citado por Eco, diverte-se com os sucessivos fracassos de Charlie Brown – a lançar um papagaio, junto dos amigos, a jogar basebol, a chutar uma bola de futebol americano ou a conseguir chegar à fala com a rapariguinha de cabelo ruivo – repetidos à exaustão, sempre com desfechos diferentes, sempre com resultados iguais: o falhanço. E também com a maldade de Lucy, a sua indiferença como psiquiatra, o sempre surpreendente Snoopy, tão capaz de se portar como um cão tanto quanto como um ser humano, dormindo no tecto da casota, escrevendo à máquina romances de sucesso, assumindo a identidade de um ás da aviação da I Guerra Mundial em luta contra o terrível Barão Vermelho, o piano de Schroeder, o cobertor de Linus, o nonsense de muitas situações...
Quanto ao leitor sofisticado – embora se divertisse igualmente com as situações atrás descritas – apreciaria igualmente como com um grupo de crianças – a série esteve para se chamar “Li’l folks” (“gente pequena”) – e um cão, Snoopy, que progressivamente ocupa o lugar de consciência crítica do conjunto, Schulz foi capaz de criar um retrato tão próximo quer do seu mundo, quer do mundo adulto. Porque dotou cada um com características do ser humano, inspirando-se para isso em familiares e amigos e vertendo muito da sua própria vida para as situações retratadas nos quadradinhos. Ele próprio o afirmou: “desenhei os Peanuts pela mesma razão que Beethoven compôs as suas sinfonias, porque era a minha vida”. Para o pior e para o melhor pois Schulz era propenso a crises de depressão e de amarga solidão que frequentemente influenciaram a tira. Por isso, se os Peanuts podem ser ternos, meigos, engraçados, amigos, interessados, disponíveis ou altruístas, também conseguem ser maus, egocêntricos, cruéis, amargos, egoístas, ressentidos ou injustos.
Esta dualidade, está também presente ao nível das temáticas. Se por um lado são os pequenos nadas quotidianos que ocupam Charlie Brown e os seus companheiros, por outro, são recorrentes na série – tratados de forma enganadoramente leve e divertida - temas como o crescimento, a velhice, a morte, o futuro (assustador), os sonhos, as relações, as ambições… Para além disso, ao longo dos anos, Schulz foi capaz de actualizar a série, introduzindo nela os avanços e as invenções que o homem foi criando, como a televisão, o microondas ou a chegada à Lua, em que Snoopy precedeu os astronautas da Apolo XI e mesmo… o gato do vizinho!
Graficamente, se se pode classificar de minimalista o traço de Schulz, já que “os seus desenhos não passavam de rabiscos, meia dúzia de traços pouco mais elaborados do que as figuras de pauzinhos das crianças”, como escreve Walter Cronkite na introdução do segundo tomo de “Peanuts – Obra Completa”, e se muitas vezes os fundos das vinhetas se encontram vazios ou quase, a verdade é que o seu desenho é extremamente legível e expressivo, funcionado com toda a auto-suficiência nas muitas tiras sem qualquer palavra.
Finalmente, Schulz deixou que os seus heróis se libertassem do papel, saltando para o cinema de animação em mais de quatro dezenas de bem conseguidas longas-metragens, um musical da Brodway ou um espectáculo no gelo, transformando-os em apetecíveis marcas que serviram para publicitar tudo o que se possa imaginar e também para apoiar as causas que julgou meritórias. Por isso dificilmente algum de nós se pode gabar de nunca ter tido em sua casa um ou outro artigo com Snoopy ou Charlie Brown estampados, mesmo que nunca tenha lido qualquer das suas tiras.
O que só se pode lamentar porque, pondo tudo o mais de lado, lembra Matt Groening, o criador dos Simpsons, fica “o que interessa: cinquenta anos de Peanuts propriamente ditos, a brilhante, atormentada e genuinamente divertida obra-prima de Schulz, impregnada de alegria e mágoa”. E na qual nos podemos reconhecer, seja nos fracassos de Charlie Brown, na irritabilidade de Lucy (que nunca tem dúvidas e raramente se engana…), na insegurança do intelectual Linus, no virtuosismo de Schroeder, na dificuldade comunicacional de Woodstock e, pontualmente – felizes de nós – na multiplicidade de Snoopy porque, ainda segundo Cronkite, “o maior dos truques mágicos de Schulz foi dar vida a todas aquelas criaturas maravilhosas com as quais povoou o nosso mundo e alegrou os nossos dias”.
Foi desse mundo, no qual teve “a felicidade de desenhar Charlie Brown e os seus amigos durante quase 50 anos”, realizando completamente os seus “sonhos de criança”, que Schulz se despediu, no último quadradinho que desenhou.

E sem dificuldade podemos fazer nossas as suas palavras: “Charlie Brown, Snoopy, Linus, Lucy… nunca os poderei esquecer…”



(Texto publicado originalmente na revista NS, distribuída aos s´bados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)
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