Pode
não haver apenas um punhadso de histórias para contar, como alghuns
defendem, podem ser até umas quantas mãos cheias, mas há temas que
são recorrentes e que apenas têm uma nova abordagem. Danificada,
obra de estreia de M.
L. Vieira
na continuação da aposta que a Penguin Random House tem feito em
autores portugueses através da sua chancela Iguana,
aborda
a questão -
sem resposta... - da
identidade dos clones
e da sua personalidade - ou falta dela.
Como
medir o sucesso de uma criação (no
caso presente)
em banda desenhada? Pelos
exemplares vendidos? Pela sua perenidade no tempo? Sim,
em ambos os casos, mas também pela forma como a obra é inserida e
utilizada (tantas vezes abusivamente) pela cultura popular. Peanuts
e Mafalda, apesar de tudo de forma diferenciada, são dois
exemplos concretos e incontornáveis,
agora de regresso às livrarias nacionais.
Há
momentos da História que convém não deixar cair me esquecimento. O
que os nazis fizeram aos judeus durante a II Guerra Mundial, é um
desses casos e livros como esta adaptação em banda desenhada do
romance A
bibliotecária de Auschwitz,
de António Iturbe, são muito importantes para que as gerações
mais novas tenham noção de certos acontecimentos - mesmo que
incompleta e parcial porque seria impossível descrever numa obra
para os mais novos toda a brutalidade, crueldade e bestialidade que
foi empregue nos campos de concentração.
A
educação
física - mais uma aposta da Iguana na criação nacional - é um é um conjunto de retratos soltos de
pessoas dos
nossos dias,
um retrato tristonho e até sombrio, sobre amizades, relações e a
busca pela felicidade. Um conjunto de pedacinhos
de vidas tangenciais,
apanhados
aqui e ali,
de
gente que quer viver mas
que
não sabe como,
que
só consegue sobreviver.
Dentro
da aposta continuada que a Penguin Random House, através do selo
Iguana, tem vindo a fazer recentemente
em
autores portugueses de BD [e
de
cartoon],
O
Segredo dos Mártires é
o primeiro a abordaruma
narrativa de base histórica, com uma premissa que me agradou:
revelar desde logo o final - um final...? - mas sendo capaz de mesmo
assim surpreender o leitor.
Num
mercado que continua a dar sinais de crescimento e diversificação,
a presença da coreana Keum Suk Gendry-Kim já começa a ser natural;
depois de no ano passado nos terem sido propostos Alexandra
Kim
(Levoir) e A espera
(Iguana), agora, esta última editora sugere Erva,
mais uma história real, sobre as adolescentes e mulheres que foram
utilizadas pelos japoneses como escravas sexuais durante a II Guerra
Mundial.
Nas
suas mãos,
edição muito recente da Iguana, é a biografia de Suzanne Noël
(1978-1954), a primeira mulher a praticar cirurgia estética e uma
lutadora pela emancipação feminina.
Há
livros com títulos longos e desafiadores - e como eu gosto desse
tipo de título… - e há outros que nos dizem de imediato ao que
vamos, embora sem retirar o prazer da descoberta. Tempo,
de
Jorge Pinto, Evandro Renan e Talita Nozomi obviamente entra na
segunda categoria.
A
Espera,
oportuna edição recente da Iguana, é um relato biográfico em que
a autora, a coreana Keum Suk Gendry-Kim, nos conta a vida da mãe
antes, durante e depois da separação das duas Coreias, após a II
Guerra Mundial e a divisão do mundo em dois blocos. Obviamente,
porque parte da narrativa decorre no tempo presente, há em A
Espera
também uma componente autobiográfica, numa exposição contida, e
de alguma forma catártica, da autora, que se utiliza para realçar o
momento actual da mãe e a sua relação nem sempre fácil com ela,
como reflexo de tudo o que sofreu no momento da divisão da península
coreana.