25/12/2010

Selos & Quadradinhos (12)

Stamps & Comics / Timbres & BD (12)

Tema/subject/sujet: Christmas - Disney
País/country/pays: Redonda
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 1981

Estes são alguns dos cerca de 2500 selos com personagens Disney emitidos durante quase duas décadas pelo IGPC, especialmente para coleccionadores, embora sob a égide de serviços postais de algumas dezenas de países.

These are some of the roughly 2500 stamps featuring Disney characters issued for nearly two decades by IGPC, especially for collectors, although under the aegis of postal services in dozens of countries.

Voici quelques-unes des 2500 timbres émis avec les héros Disney pendant près de deux décennies par l’IGPC, surtout pour les collectionneurs, bien que sous l'égide des services postaux de quelques dizaines de pays.

24/12/2010

Natal aos Quadradinhos


O Pedro deseja aos seus leitores um Natal com muitos livros e um Ano Novo – melhor do que o de 2010… - com muitas (e boas) leituras.... como a tira Quase Nada, de Fabio Moon e Gabriel Bá, que ilustra este post.

Pedro wishes to their readers a lot of books in Christmas and a Happy New Year - better than 2010 ... - with many (and good) readings... as the weekly strip Quase Nada, from Fabio Moon e Gabriel Bá, showed on this post.

Pedro
souhaite à ses lecteurs un grand nombre de livres à Noël et une bonne nouvelle année - mieux que le 2010 ... - avec de nombreuses (et bonnes) lectures... comme les planches hebdomadaires de Quase Nada, de Fábio Moon et Gabriel Bá, qu'ilustre ce post.

23/12/2010

L’Assassinat du Pére Nöel

Éric Adam e Didier Convard (argumento)
Paul (desenho)
Glénat (França, Dezembro de 2010)
240 x 320 mm, 72 p., cor, cartonado


Resumo
Mortefond é uma pequena aldeia cuja economia assenta no fabrico artesanal de brinquedos e que se distingue pelo facto de na véspera de Natal todos os habitantes se fantasiarem de personagens de contos infantis, para participarem num baile intitulado “Era uma vez…”, que lhes permite, por uma noite, saírem da realidade.
É o que acontece na noite em que a história começa, em que tudo corria bem, até alguém anunciar que o Pai Natal tinha sido assassinado.

Desenvolvimento
Ou talvez não fosse o Pai Natal – quem o costumava encarnar… - mas sim alguém que se aproveitou do seu disfarce para conseguir outros intentos. Porque, conta uma lenda local, na pequena localidade repousa escondido um tesouro de enorme valor, que muitos procuraram em vão durante decénios, um braço em ouro e pedras preciosas, de que se possui apenas um dedo com um valioso rubi, mostrado uma vez por ano, na tal noite especial. E que, como não podia deixar de ser, desapareceu.
A narrativa, começa com o clímax que culmina com o assassinato do Pai Natal, para depois recuar 15 dias, para um trecho bem mais pausado, que narra a chegada de um “estrangeiro” a Mortefond e prepara o caminho para a tal morte. Que tem lugar numa noite em que a neve isolou a localidade de todo o resto do mundo.
É por isso que o tal “estrangeiro”, Prosper Lepicq, detective/advogado como saberemos mais tarde, cujas razões para a busca de isolamento e fuga do seu meio habitual não nos são reveladas, assume o protagonismo. De forma discreta, privilegiando a observação e a dedução.
História policial de contornos tradicionais – a grande novidade é mesmo a noite do “Era uma vez…” – cujo desenrolar contém algumas revelações até chegar ao habitual final com algumas surpresas, permite-nos acompanhar o inquérito levado a cabo por Lepicq, ouvir as suas indagações, apreciar os indícios que recolhe e que lhe permitirão chegar até ao culpado, encontrando pelo caminho gente apaixonada, outros que não são quem parecem ser, um cura com queda para a bebida e alguns mais, numa galeria bem construída e caracterizada, apropriada a um meio pequeno como Mortefond.
Como curiosidade, desta narrativa bem estruturada, de ritmo pausado para permitir pesar os factos que vão sendo revelados e encaixar as sucessivas peças do puzzle que vão sendo encontradas, fica o facto de o protagonista ser não só detective como também advogado, começando por investigar e descobrir o assassino, para depois o defender no tribunal, onde a história terminará.
Para a forma agradável como a história se desenvolve, captando a atenção do leitor, contribui também a linha clara de Paul, suave e luminosa – fruto da luz reflectida pela neve que tudo cobre…? – com a qual, em belas pranchas – especialmente quando os cenários assumem maior destaque - traça o retrato de Mortefond e dos seus habitantes.

Curiosidade
- Esta é uma adaptação muito livre de um romance de Pierre Véry publicado pela primeira vez em 1934 e levado ao cinema por Christian Jaque em 1941.

22/12/2010

La semaine des 7 Nöel

Olivier Grojonowski (argumento e desenho)
Casterman (França, Outubro de 1999)
240 x 320 mm, 64 p., cor, cartonado

A história repete-se. Depois de quase 30 anos de crescimento económico no início do novo milénio, um crash bolsista em Outubro de 2029 leva à falência a população francesa, fazendo com que os hotéis passem a ter dois tipos de tabela: para dormir ou para saltar da janela.
O governo, esgotadas as soluções tradicionais, organiza então um referendo que tem uma grande participação e como resposta um “sim” esmagador à pergunta: “Pode o Natal ser decretado sempre que o governo achar necessário?”. A razão é simples: sendo o período natalício o de maior consumo ao longo do ano, multiplicando esses períodos, aumentam-se as vendas, haverá maior produção e a economia, qual Fénix, renasceria das próprias cinzas.
Uma ideia (de uma ironia irresistível) que parecia genial mas que em breve se transforma num pesadelo para os franceses, progressivamente mergulhados numa ditadura natalícia, governados por tiranos Pais Natais, que os obrigam a celebrar o Natal todos os dias, a assistir a ceias de Natal todas as noites, a trocar presentes de Natal todas as meia-noites, a usar apenas e exclusivamente as cores tradicionais do Natal (branco, o predominante vermelho, preto). As mesmas cores que pintam a quase totalidade das pranchas do álbum, conferindo-lhe não um ar alegre e festivo como se poderia pensar, mas um aspecto soturno, opressivo e triste, como soturno, opressivo e triste é este relato concretizado no traço caricatural de Olivier Grojonowski, mais conhecido por O’Groj.
Relato que, apesar de começar com a ironia descrita, progressivamente vai perdendo força e humor, transformando-se numa opressiva descrição kafkiana de uma sociedade que é abalada quando os novos agentes da ordem começam a aparecer assassinados, descalços, obrigando a que se tomem medidas de emergência que apenas revelam que até os opressores estão insatisfeitos.
Mas, felizmente, o Natal não é assim – todos os dias, mesmo quando um homem não quer… - pese embora o cada vez maior consumo a ele associado, em detrimento dos valores mais importantes que o deveriam nortear.
Para todos, um verdadeiro e Feliz Natal… uma vez por ano!

(Versão ligeiramente retocada do texto publicado no Jornal de Notícias de 21 de Dezembro de 1999)

Natal 2010 - João Mascarenhas



21/12/2010

Quim e Manecas 1915-1918

Stuart Carvalhais (argumento e desenho)
João Paulo Paiva Boléo (organização, introdução e glossário)
Tinta-da-China (Portugal, Dezembro de 2010)
245x305 mm, 232 p., cor e pb, cartonado


Na sequência da exposição que esteve patente no 21º Amadora BD 2010 e ainda integrada na comemoração dos 100 anos da República em Outubro último, está já disponível nas livrarias a reedição dos melhores episódios da série “Quim e Manecas”.
Trata-se de um volume com cerca de duas centenas de pranchas com as aventuras e traquinices de dois miúdos lisboetas, sem dúvida os primeiros verdadeiros heróis da BD nacional, que foram animados por Stuart Carvalhais entre 1915 e 1918, nas páginas d’O Século Cómico.
Da responsabilidade da Tinta-da-China, esta edição cartonada de grande formato, tem prefácio e coordenação de João Paulo Paiva Boléo, um dos maiores especialistas em BD portuguesa, que apresenta Quim e Manecas como “uma das grandes obras da arte portuguesa do século xx”, considerando-a “uma das matrizes fundadoras da BD”, de uma qualidade “rara ou mesmo única na Europa do seu tempo” graças ao traço fácil e expressivo, à modernidade do ritmo, à harmonia estética e cromática de muitas páginas, ao humor que transparece não só do texto mas das próprias personagens e situações e à ternura das figuras principais”.

(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 18 de Dezembro de 2010)

20/12/2010

Rip Kirby, Volume I

Alex Raymond (argumento e desenho)
Bonecos Rebeldes (Portugal, Novembro de 2010)
270 x 348 mm, 56 p., pb, capa brochada com badanas

Aqueles que nas décadas de 50, 60, 70 ou mesmo 80, foram leitores regulares (ou não) especialmente do Mundo de Aventuras ou de outros títulos da Agência Portuguesa de Revistas, de certeza que guardam na memória o nome do detective Rip Kirby. Que muitos até podem ter conhecido sobre o (estranho) nome de Rúben Quirino, na fase em que as revistas infanto-juvenis rebaptizavam os heróis dos quadradinhos para os transformar em heróis lusos.
É especialmente para esses leitores a edição que a Bonecos Rebeldes acaba de colocar nas livrarias, o primeiro volume daquela que pretende ser a reedição integral das tiras de jornal desenhadas por Alex Raymond que criou o detective após ter participado na Segunda Guerra Mundial.
Movendo-se no meio da alta burguesia norte-americana, Rip (aliás Remington) Kirby, de óculos no nariz e cachimbo na boca, apreciador de música clássica e de conhaque, era fleumático, inteligente e ponderado, e privilegiava o raciocínio à acção, embora fosse capaz de recorrer aos punhos ou às armas quando necessário. Ao seu lado estavam sempre o fiel e impassível mordomo Desmond e belas e sensuais mulheres. A sua estreia nos jornais norte-americanos deu-se a 4 de Março de 1946, tendo demorado apenas três anos a chegar a Portugal, como um dos protagonistas do número inaugural do Mundo de Aventuras, com a história “O caso de Medellon Bell”.
Raymond, também criador de Flash Gordon, desenharia o detective durante dez anos, até à sua morte trágica num acidente de automóvel. John Prentice prosseguiria com as suas aventuras, de forma talentosa, até 1999, data em que desenhador e herói se reformaram definitivamente.
A actual edição foi preparada em Portugal, não seguindo a reedição integral (bem mais luxuosa) que a IDW Publishing está a levar a cabo nos Estados Unidos.

(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias 18 de Dezembro de 2010)

19/12/2010

Selos & Quadradinhos (11)

Stamps & Comics / Timbres & BD (11)

Tema/subject/sujet: Invito Alla Filatelia I Fumetti – Tex e Corto Maltese
País/country/pays: Italía/Italy/Italie
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 1996

18/12/2010

Selos & Quadradinhos (10)

Stamps & Comics / Timbres & BD (10)
Tema/subject/sujet: Correspondencia Epistolar Escolar. Cómics Juveniles. País/country/pays: Espanha Autor/author/auteur: Miguelanxo Prado Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2004

17/12/2010

Mágico Vento #97 a #101

Gianfranco Manfredi (argumento) Darko Perovic, Pasquale Frisenda, Bruno Ramella, Frederic Volante, Goran Parlov, Stefano Biglia e Giovani Talami(desenho) Tomislav Tikulin (cor do #100) Mythos Editora (Brasil, Julho a Novembro de 2010) 135x175 mm, 100 p. (132 p. no #101), pb (cor no #100), brochado, mensal 1. Recorrentemente apercebo-me que em cerca de ano e meio que este blog tem de vida, até hoje ainda não me debrucei nele sobre este ou aquele autor, personagem ou série. 2. Por motivos diferentes, conforme os casos, mas com um resultado comum: o esquecimento de algo que já devia ter divulgado. 3. Mágico Vento, apesar de ser presença regular entre as edições de banca disponíveis mensalmente, é um desses casos. 4. O seu criador é Gianfranco Manfredi, nascido em 1948, em Senigallia, Itália, formado em História da Filosofia e que, para além de argumentista de fumetti, é também cantor e escritor. No universo Bonelli, para além de Mágico Vento, assinou também argumentos para Dylan Dog, Nick Raider ou Tex. 5. Graficamente, como é normal na editora, para assegurar a periodicidade mensal das revistas, têm sido vários os desenhadores que têm passado pela sua série – normalmente escolhidos de forma a adequar o seu estilo ao tema específico de cada episódio, apesar de alguns pontos comuns que garantam uma certa homogeneidade. 6. Entre os nomes recorrentes contam-se José Ortiz, Giuseppe Barbati, Bruno Ramella, Corrado Mastantuono, Pasquale Frisenda, Goran Parlov, Paolo Raffaelli, Sicomoro, Giez, Stefano Biglia, Ivo Milazzo, Luigi Piccatto e Corrado Roi. 7. Quanto à personagem central, seguindo outra “tradição” Bonelli, fisicamente foi baseada no actor Daniel Day-Lewis. 8. Sendo – sem qualquer dúvida – um western, Mágico Vento distingue-se, no entanto, das outras abordagens que os quadradinhos têm feito ao Velho Oeste, por várias razões. 9. Desde logo, porque o seu protagonista é um antigo soldado – de nome Ned Ellis - ferido numa explosão de um comboio que lhe apagou a memória, que ele vai recuperando em fragmentos ao longo da trama, descobrindo quem era e o que fez ao mesmo tempo que o leitor. 10. Salvo por Cavalo Manco, um índio, após ser ferido, Mágico Vento acabaria por se tornar um xamã Sioux, passando a viver com e à maneira dos índios, embora sejam muitas as suas incursões no mundo dito civilizado. 11. Por esse motivo, grande parte da saga é sobre a história, os costumes, as tradições e as crenças dos peles-vermelhas, conferindo-lhe – pelo rigor empregue – um carácter de verdadeira etnologia. 12. Mas em Mágico Vento há também uma forte componente histórica – que reforça o seu tom realista -, encontrando o protagonista nomes míticos e famosos do Oeste como o general Custer, Cavalo Louco ou Nuvem Vermelha entre outros. Por isso, ao longo da saga, há o acompanhamento de momentos marcantes da História dos Estados Unidos. 13. Noutros episódios ainda, prevalece um registo fantástico e mesmo de terror, geralmente baseado na concretização de lendas e crenças indígenas. E um acentuado lado místico, porque o xamã Sioux tem com frequência visões que esclarecem o seu passado ou o deixam vislumbrar o futuro. 14. Em Mágico Vento há ainda uma outra temática, que diz respeito à procura do seu pai – que acabará por encontrar no seu maior inimigo, Howard Hogan, um dos cabecilhas de uma organização secreta com muitas ramificações e também responsável pela explosão que Ned foi ferido. 15. Finalmente, é também possível encontrar na criação de Manfredi, episódios que constituem “werterns puros”, fiéis ao mais tradicional no género. 16. Tudo isto em histórias auto-conclusivas que permitem uma leitura isolada mas que constituem apenas uma pequena parte de um todo bem maior, bem desenvolvido, consistente e credível que cativa e prende o leitor. 17. A par de Mágico Vento, está geralmente o jornalista Willy Richards, mais conhecido como Poe, dada a sua semelhança física com o célebre escritor fantástico, que privilegia a “pena à espada”, espécie de consciência crítica, embora sujeito a tentações como o álcool ou mulheres disponíveis. 18. Pese embora o que escrevi no início, esta abordagem mais alongada a Mágico Vento, tem uma justificação (desnecessária): a chegada às bancas portuguesas este mês da sua revista #97, que inicia uma longa história (mais de 500 pranchas) – ou diversos episódios auto-conclusivos encadeados, se preferirem – durante a qual podemos assistir à célebre batalha do Little Big Horn, em que os índios derrotaram os soldados brancos e na qual o (também) célebre General Custer encontrou a sua morte, e conhecer algumas das versões existentes (verídico) sobre o seu desfecho. 19. Nessa descrição – obviamente ficcionada -, que constitui uma bela súmula dos pontos fortes da saga já atrás descritos, é notável a forma como os movimentos, motivações e questões internas dos dois lados em confronto são apresentados, num relato pausado, desenvolvido num tom crescente que culminará na batalha – a que quase não assistimos embora vejamos as suas consequências ao longo de (pelo menos) mais duas edições. 20. A par disso, há uma correcta e credível caracterização dos diferentes intervenientes, bem diferentes dos “bons” e “maus” habituais nos westerns, antes seres profundamente humanos com (algumas) qualidades e (muitos) defeitos. 21. Esperando ter escrito o suficiente para isso, deixo um conselho final: se nunca leu Mágico Vento, esta é uma boa oportunidade para o descobrir. Sabendo que corre o risco de, depois, querer conhecer toda a restante saga. 22. Como ponto final, em jeito de informação, fica a referência ao facto de o episódio #100 ser a cores – como é habitual nos números centenários Bonelli – e de a partir do #101, a revista aumentar de 100 para 132 páginas, permitindo a Manfredi explorar e explanar melhor os seus argumentos.

16/12/2010

Sete histórias em busca de uma alternativa

Álvaro Àspera e Marta Portela (argumentos)
Pedro Serpa, Pedro Colaço, António Brandão, Pedro Alves, João Martins e Ricardo Cabrita (desenho)
GRAL - Gabinete para a Resolução Alternativa de Litígios (Portugal, Outubro de 2010)
208 x 297 mm, 52 p., cor, brochado

Resumo

A Resolução Alternativa de Litígios é hoje um dos pilares em que assenta o futuro dos Sistemas de Justiça.
Contudo, a resolução alternativa de litígios carece ainda de uma imagem pública junto dos seus potenciais utentes. O desconhecimento de boa parte dos serviços públicos disponíveis nesta área motivou o GRAL a encontrar novas formas de chegar aos cidadãos, no intuito de dar a conhecer a oferta existente.
Considerando as características da Banda Desenhada, forma de arte que permite aliar a inteligência do texto à criatividade do desenho, o GRAL lançou um repto a vários autores portugueses de banda desenhada, no sentido de criarem histórias em torno dos serviços públicos de resolução alternativa de litígios.
(texto da responsabilidade do GRAL)

Desenvolvimento
Este é um daqueles projectos curiosos que de tempos em tempos surgem na banda desenhada nacional.
Projecto institucional, primordialmente com uma função didáctica e informativa, consegue diluir essa faceta, proporcionando não só uma boa legibilidade em termos de banda desenhada como também, nalguns casos, histórias bem conseguidas e mesmo divertidas, que cumprem o outro propósito do álbum: homenagear autores (Luís Louro, António Simões, Nuno Saraiva, Fernando Relvas, José Carlos Fernandes) e personagens (Corvo, Jim del Monaco, Zé Inocêncio, Inspector Acácio. A Pior Banda do Mundo, o Barão Wrangel) da banda desenhada portuguesa.
É verdade que há desequilíbrios evidentes, quer em termos narrativos (apesar de o argumentista ser quase sempre Álvaro Àspera) quer (mais notoriamente) em termos gráficos, com alguns autores a revelarem-se demasiado imaturos para um projecto desta envergadura.
No entanto, a forma como as temáticas habituais e o espírito próprio de cada um dos heróis (será que se pode designá-los assim?) citados são “adaptados” à “resolução de litígios” nalgumas das histórias, consegue justificar, por si só, a leitura do álbum. Refiro-me a narrativas que seguem o caminho mais evidente, como “O Caso do Desenhador que não conseguia desenhar porque uma Vizinha andava Nua pelos Telhados perseguida por um Estranho Homem numa Bicicleta”, que herda do Corvo o tom a um tempo ingénuo e absurdo, ou de “O Caso Extra Ordinário do Jeep que caiu pela Falésia Abaixo num Magnífico pôr-do-sol”, com uma situação de divórcio eminente entre Del Monaco e Gina. Ou a “O Caso Inacreditável da Rocambolesca Conspiração para Revelar ao Mundo os Mistérios da Mediação e dos Julgados de Paz”, em que se descobre que o Espião Acácio foi o responsável por todos os percalços sofridos pelo Barão Wrangel, sendo esta, sem dúvida, a melhor história do álbum, onde um argumento bem conseguido anda a par com uma história muito bem desenhada por Ricardo Cabrita, em sucessivos flash-backs evocativos da obra de J.C. Fernandes.

Informação
- O álbum é comercializado pela FNAC e pelos CTT.
- Uma exposição de originais da obra está actual-mente patente na estação dos CTT dos Restauradores, em Lisboa. A mostra, itinerante, irá de seguida até Coimbra, Porto, Santa Maria da Feira e Óbidos, regressando depois a Lisboa, estando previsto o seu encerramento na Amadora.

15/12/2010

Leituras de Banca - Dezembro 2010

Títulos que já estão ou estarão em breve disponíveis nas bancas portuguesas:

Mythos Editora
Almanaque Tex #1 - Vendetta Navajo (reedição)
Este é o destaque das edições da Mythos este mês, a reedição do número inaugural desta colecção, com uma banda desenhada escrita por Claudio Nizzi e desenhada por Giovanni Ticci, não no (pequeno) tamanho habitual nas edições Bonelli brasileiras, mas no mesmo formato que o original italiano, ou seja, com uns mais generosos 16 x 21 cm, e com artigos actuais.
Tex #462 - Plano de Fuga
Tex Colecção #253 254 - O Rio da Morte
Os Grandes Clássicos de Tex #23 - Perseguição em Nevada / Os Cavaleiros da Noite
Tex Ouro #40 - A Pousada dos Fantasmas / A Carta Queimada
Tex Edição em Cores #6 - O Rei do Gatilho
Zagor Extra #75 - O Cemitério Indígena
Zagor #111 - O Forte da Traição
Zagor Especial #26 – Viagem sem volta
J. Kendall – Aventuras de uma criminóloga #68 - Quem Matou Norma Jeane?
Mágico Vento #97 - A Guerra de Todas as Guerras

Panini Brasil

As revistas da DC Comics e da Marvel que agora chegam às nossas bancas, são as primeiras abrangidas pela chamada “revolução editorial” que a Panini levou a cabo em Maio deste ano no Brasil.
E que na prática se resumiu ao cancelamento de alguns títulos, ao lançamento de outros novos e à diminuição ou aumento do número de páginas das revistas (que passaram a incluir três ou seis histórias por edição em vez de quatro) e o consequente ajustamento dos preços. Este mês, será já o caso de Batman, Superman, Homem-Aranha e X-Men, com apenas 76 páginas e o preço de capa reduzido para 2,80€.

DC Comics
Liga da Justiça #89
Batman #90
Superman #90
Marvel
Homem-Aranha #101
Os Novos Vingadores #76
X-Men #101
Avante Vingadores #40
Universo Marvel #58
Wolverine #67







Turma da Mónica
Mônica #42
Cebolinha #42
Cascão #42
Chico Bento #42
Magali #42
Ronaldinho Gaúcho e Turma da Mônica #42

Turma da Mônica – Uma aventura no parque #40
Almanaque da Magali #21
Almanaque do Chico Bento #21
Revista da Turma da Mônica – Uma aventura no parque #42
Turma da Mônica – Clássicos do Cinema #20 – Transfofos
Turma da Mónica – Saiba mais
#33 – Futebol
Turma da Mônica Jovem #24

14/12/2010

Sin City – Copos, Balas, & Gajas

Frank Miller (argumento e desenho)
Devir (Portugal, Junho de 2010)
168 x 258 mm, 160 p., pb, cartonada com badanas

1. Regresso a Sin City mais cedo do que esperava.
2. Não fugido das autoridades ou em busca de prazeres inconfessáveis, embora confesse que regressar à Cidade do Pecado é sempre um prazer. Duplo: para a mente e para os olhos.
3. Antes, neste caso, porque um novo livro da Devir – será este mesmo um regresso para durar? - está já disponível nas bancas e livrarias nacionais e constitui (mais) uma alternativa (muito) válida para as tradicionais prendas natalícias.
4. Um novo livro – que mantém no título a invulgar vírgula antes do “&” herdada da edição original norte-americana - algo diferente do habitual, porque é uma colectânea de histórias curtas, publicadas ao longo dos anos, em diferentes revistas – e é pena que o volume não indique data e local original de publicação.
5. O que permitiria, desde logo, analisar a evolução da série e a procuras de diferentes soluções gráficas como o um traço mais caricatural, a aplicação cirúrgica da cor (azul, rosa, vermelho…), a alternância entre pranchas predominantemente negras e outras mais luminosas…
6. Isto, feito a par da introdução (experimental) de novas personagens ou o regresso pontual a figuras mais marcantes, como o brutamontes Marv, infeliz protagonista do primeiro tomo de Sin City.
7. … e do trabalhar de forma breve registos diferentes, sendo que o humor (negro, muito negro, claro), geralmente por introdução de um final inesperado e surpreendente, tem aqui uma predominância maior do que nos relatos longos.
8. Isto tudo não invalida que continuem presentes (ou tenham nascido aqui…) os elementos fundamentais da série: o fabuloso preto e branco altamente contrastado, o pesado tom de registo policial negro, violência e sangue a rodos, mulheres belas, perigosas e sensuais, protagonistas de moral duvidosa, muita adrenalina e uma planificação altamente cinematográfica, com constante mudança de enquadramentos.
9. A terminar, deixo uma curiosidade em jeito de adivinha: alguém desconfia – são poucos os que sabem… – qual destes contos curtos esteve para marcar a estreia de Sin City em Portugal, há muitos anos atrás e onde? A resposta, há-de surgir, nos comentários abaixo, dentro de alguns dias…
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...