17/06/2011

Dragon Ball

#9 - Baba, a vidente
#10 - O 22º Grande Torneio
Akira Toriyama (argumento e desenho)
ASA (Portugal, Maio de 2011)
120 x 180 mm, 192 p., pb, brochado
9,60 €

1. Dez livros depois, volto a Dragon Ball.
2. Se não convertido, pelo menos esclarecido e convencido.
3. E, por que não dizê-lo, também divertido.
4. Esclarecido quanto às qualidades que fizeram de Dragon Ball um êxito:
5. Um ritmo alucinante, reforçado pela planificação diversificada e dinâmica, pelo uso recorrente de linhas de movimento e pela constante mudança de pontos de vista;
6. Um desenho simples, mas extremamente eficaz, simpático, agradável e divertido;
7. Um argumento que, se bem que sempre assente nos mesmos dois vectores – a procura das bolas de dragão para concretizar um desejo, cuja segunda “saga” conclui no tomo #10, e constantes combates, sendo que naquele tomo se inicia mais um grande torneio – consegue ir inovando a constante repetição de situações, ao mesmo tempo que combina de forma equilibrada a componente acção, com as componentes surpresa e humor;
8. Um herói simpático – Son Goku – a um tempo simples e ingénuo – quase um pouco parolo até – mas também decidido, bom, de coração puro e movido apenas pela amizade e o desejo de ajudar os seus amigos, conseguindo assim grandes feitos.
9. Convencido, depois, pela forma como esta “receita” continua a funcionar mais de 1500 pranchas depois, sem cansaço evidente.
10. E, por tudo o que atrás fica escrito, divertido. Porque, é dessa forma, que tenho terminado a leitura de cada volume.
11. Sem deixar de esclarecer que Dragon Ball não é uma daquelas obras-primas incontornáveis na história da BD, não me custa nada reconhecer que é uma obra muito eficaz, com tudo para agradar a quem procura uma leitura que disponha bem, independentemente da idade…
12. … e com mais ainda para funcionar junto das camadas etárias mais novas.
13. Uma palavra final para assinalar o cumprimento da periodicidade mensal por parte da ASA o que, podendo parecer menor a alguns, é algo que não tem acontecido muitas vezes na edição da BD em Portugal.
14. E que, acredito, será um factor fundamental para transformar Dragon Ball no êxito comercial que a editora com certeza espera. A obra tem tudo para isso.

16/06/2011

Leituras Novas

Junho 2011

ASA
Tintin na América
(Edição Fac-similada)
Hergé (argumento e desenho)
Tintin parte para a América durante o período da lei seca. Em Chicago é raptado por gangsters, cujo chefe é Al Capone, que o consideram perigoso. Após escapar e ser de novo perseguido, acaba por encontrar os peles-vermelhas…

As Águias de Roma - Livro 2
Marini (argumento e desenho)
Marco Valério Falco e Ermanamer tiverem o mesmo treino e foram submetidos a uma disciplina de ferro. Ao longo das provas, os dois jovens começam por defrontar-se e acabam por se tornar amigos. Descobrem a embriaguez das armas e o prazer dos sentidos, acabando por misturar os seus sangues para selar um pacto de fraternidade eterna.

Corto Maltese - Longínquas Ilhas do Vento
Hugo Pratt (argumento e desenho)
Corto Maltese está nas Caraíbas, navegando de ilha em ilha, ao sabor do vento e dos seus caprichos. Mas tal como um sonho que se transforma em pesadelo, este cruzeiro paradisíaco na companhia do professor Steiner vai complicar-se extraordinariamente. Assim, o nosso marinheiro cruzar-se-á com uma perigosa aventureira, uma jovem acusada da prática de vodu e índios encolhedores de cabeças. E Corto, como sempre, no local errado e à hora errada, terá dificuldades em salvar a sua pele e a dos seus amigos.

Corto Maltese – Sob a Bandeira dos Piratas
Hugo Pratt (argumento e desenho)
Corto Maltese, um pirata? Chamemos-lhe antes o último cavalheiro da fortuna, com todas as características do salteador de estradas e do marinheiro romântico. Mas Corto é também e, sobretudo, um aventureiro sem medo nem escrúpulos. Vive numa liberdade frágil e absoluta, na busca impossível de tesouros que se eclipsam uma vez alcançados. Tal como o ouro de Santo. Tal como a mulher dos seus sonhos. Tal como um punhado de areia na água.

Os Campistas
Swinnen e Dugomie e Maltaite
Com «Os Campistas», relembrem as alegrias da comunhão com a natureza, da tenda que levanta voo à mínima rajada de vento e a promiscuidade depois do aperitivo… Resumindo, é a vossa vez de rir a bom rir!
Quer sejam adeptos da clássica canadiana, da caravana toda equipada ou da auto-caravana de difícil manobra, nada poderá diminuir o entusiasmo desses nómadas modernos - nem mesmo os sanitários colectivos de se torcer o nariz; o que conta é trabalhar para o bronze à beira da piscina ou rebolar-se no baile com umas estrangeiras de perder a cabeça (ou ir mais longe, se a coisa se proporcionar).
Se, mal surgem uns dias de calor, os seus pés não conseguem resistir às havaianas, se acha que convívio rima com veraneantes bronzeados ou se quando o seu cão ladra, a caravana passa, então, não procure mais: leia «Os Campistas» e terá verão todos os dias!

Os Funcionários
Bloz e Béka
Uma grande vaga de entradas na reforma desabou sobre a nossa administração. Os futuros reformados nunca andaram tão atarefados! Com efeito, organizar uma festa de despedida não é tão simples como pensam! Nem mesmo o nosso sindicalista sabe a quantas anda. Poder de compra, crise, serviço mínimo, aumento do preço da bica… as razões para haver manifestações, multiplicam-se enquanto se esgotam os cartazes! Acompanhem os nossos funcionários nestes gags cheios de humor! Um álbum de que o público não se deve privar!

Dragon Ball #10 - = 22º Grande Torneio
Akira Toriyama (argumento e desenho)
Graças à ajuda de Baba, a vidente, Son Goku sabe agora onde se encontra a última bola de cristal: está em poder de alguém que ele conhece muito bem… Depois de algumas peripécias mais cómicas do que perigosas, Son Goku vai finalmente conseguir dar vida ao pai de Upa. Os meses passam e um novo torneio vai começar!

YU-GI-OH!5 – O Terror do “Blue Eyes”!
Kasuki Takahashi (argumento e desenho)
Quando Yugi derrotou o seu colega Seto Kaiba no jogo de cartas coleccionáveis “Duelo de Monstros”, não sabia até onde Kaiba iria para se conseguir vingar! Este super-génio louco gastou $85 milhões para construir um Parque de Diversões da Morte com o intuito de torturar Yugi e os seus amigos, desenvolvendo armadilhas mortais e contratando assassinos com motosserras como adversários de jogo!
Yugi, Jonouchi e Anzu chegaram praticamente ao fim do jogo – mas o seu amigo Honda, preso na “Sala dos blocos que caem do Céu”, não teve tanta sorte...

Lucky Luke #57 - Subindo o Mississípi
Goscinny (argumento) e Morris (desenho)
Num altura em que os negócios são difíceis, os capitães Barrows e Lowriver disputam o monopólio da circulação no rio Mississípi. Decidem efectuar uma corrida e apostam que ficará com o negócio quem conseguir chegar primeiro. Barrows, que teme sabotagens, pede a Lucky Luke que o acompanhe a bordo do “Daisy Belle”, mas os trapaceiros contratados por Lowriver também estão a bordo…


Gradiva
Zits - Não te Ponhas Com Essa Cara!
Jerry Scott (argumento) e Jim Borgman (desenho)
As personagens dispensam apresentações. As peripécias e o humor também. Mais um álbum
da famosa série Zits, dos autores que conhecem como ninguém os meandros da cultura dos adolescentes e das conturbadas relações entre os pais e os filhos «naquela idade».
Gargalhadas garantidas.
Zits de Jerry Scott e Jim Borgman já foram publicados em mais de 1500 jornais internacionais e estão agora disponíveis em livros traduzidos em várias línguas. O humor subtil e, tantas vezes, corrosivo dos autores retrata bem o conflito de gerações entre pais, que viveram numa outra conjuntura histórica, e filhos que vivem na conjuntura da Globalização das novas tecnologias e do consumo desenfreado. A forma sarcástica como o protagonista, Jeremy, é representado faz-nos, muitas vezes, compreender com boa disposição as angústias e as indecisões de muitos adolescentes e os constantes conflitos com os seus pais. A falta de comunicação é-nos apresentada como um dos problemas que subjaz a estas situações de corrente conflitualidade parental.

Planeta Júnior
Geronimo Stilton - A Grande Era Glacial
Geronimo Stilton é o director do Eco dos Roedores, o jornal mais famoso da Ilha dos Ratos.
Nos seus tempos livres adora contar histórias alegres e divertidas.
Numa tentativa de impedir que os Gatos Piratas mudem o rumo da história, Geronimo vai encontrar-se numa terra rodeada de gelo por todos os lados, entre enormes mamutes, ferozes tigres-dentes-de-sabre e curiosos povos primitivos.
Conseguirá sobreviver à grande era glacial?

(Textos da responsabilidade das editoras)

15/06/2011

Zagor, 50 anos

Há exactamente 50 anos, era publicado em Itália o primeiro número de Zagor, uma criação de Guido Nolitta, aliás Sergio Bonelli, que adoptou aquele pseudónimo para se distinguir do seu pai Giovanni Luigi Bonelli, o “inventor” dos quadradinhos populares italianos.
Ao seu lado, no desenho, estava Gallieno Ferri que escolheu o actor Robert Taylor como modelo, definiu o grafismo da série e foi também responsável pelas capas da revista durante vários anos, para além de ter desenhado mais de 200 histórias da personagem. Depois deles, como é normal na Sergio Bonelli Editore, Zagor já passou pelas mãos de diversos outros criadores entre os quais Giovanni Luigi Bonelli, Mauro Boselli, Alfredo Castelli, Decio Canzio, Tiziani Sclavi, Marcello Tonitelli, Ade Capone ou Moreno Burattini (nos argumentos) e Franco Donatelli, Francesco Gamba, Franco Bignotti, Pini Segna ou Marco Torricelli.
Zagor – que esteve para se chamar Ajax, não fosse esse já o nome de um detergente! - era mais um western que se vinha juntar ao catálogo da editora Bonelli, embora de características diversas de Tex a sua série de referência. O protagonista é Za-gor-te-nay (o que em dialecto algonquino significa “o espírito da machadinha”, nome que recebeu por utilizar como principal arma um pequeno machado. Branco, jovem, ágil e com extraordinário reflexos, bem sucedido junto do belo sexo, vive na zona pantanosa de Darkwood, situada na região dos Grandes Lagos no nordeste dos Estados Unidos e é considerado imortal e invencível pelos índios. Zagor luta pela justiça e pela verdade sempre ao lado dos mais fracos, em aventuras movimentadas recheadas de acção e com um toque de humor dado pelo seu companheiro habitual, o mexicano Chico, gordo, desajeitado e trapalhão, embora pontualmente, a ficção-científica, o mistério e o horror também marquem presença.
Entre os seus principais inimigos contam-se Hellingen, Kandrax ou Mortimer.
Originalmente publicado em Itália no formato conhecido como “livro de cheques”, com apenas uma tira por página, rapidamente passou ao formato padrão (160x210 mm, a preto e branco e com preço acessível) da Bonelli, tendo, na sua época áurea, os anos 1970, vendido mais de 220 mil exemplares mensalmente. Actualmente as suas vendas rondam os 40 000 exemplares.
Em Itália, este primeiro meio século de vida fica assinalado por diversas edições especiais: o primeiro Zagor gigante (Zagorone), de Moreno Burattini e Marco Torricelli, em Maio último, a publicação a cores do Zagor #551 e de um livro-entrevista com Sergio Bonelli, assinado por Moreno Burattini e Graziano Romani, publicado pela Coniglio Editore, ambos este mês de Junho, e "Os Muros de Jericó" (Cartoon Club), um volume sobre o trajecto de Zagor, da autoria de Moreno Burattini, a ser lançado em Julho, mês em que no título regular se inicia uma longa saga que durará cerca de dois anos e meio e que levará Zagor até à América do Sul.
Estão igualmente previstas diversas exposições comemorativas da efeméride em Godega (3 a 5 Junho), Parma (11 e 12 Junho), Zagabria (16 a 18 Junho), Raiano (9 e 10 Julho), Rimini Comix, (22 a 24 Julho) e Città di Castello (24 Setembro).
No Brasil, Zagor estreou-se em 1978 com o selo da Vecchi,no formato que ainda hoje a Mythos utiliza. Depois italiano e sempre com histórias completas, tendo depois passado pela Rio Gráfica, a Globo e a Record,nesta última no formato italiano e com histórias completas, antes de o título ser assumido pela Mythos Editora, que anunciou para Agosto o lançamento do Zagor gigante #1 e tem agendada para 2012 a publicação do Zagor colorido e da saga com a viagem à América do Sul.
No nosso país, Zagor estreou-se em 1978 numa edição da Portugal Press não autorizada pela casa mãe Bonelli, que duraria apenas 16 números.


Depois, em meados da década de 1980, Zagor tornou-se presença regular nas bancas e quiosques através das edições que mensalmente chegam do Brasil. Actualmente a Mythos disponibiliza três títulos com as suas aventuras: Zagor, Zagor Extra e Zagor Especial.
A título de curiosidade refira-se que para além de Itália e do Brasil, Zagor é também publicado na Turquia (por duas editoras diferentes!), Macedónia, Eslovénia, Sérvia, Croácia e Bósnia-Herzegovina.


(Este texto, escrito com a preciosa e inestimável colaboração de José Carlos Pereira Francisco, responsável pelo Tex Willer Blog, é uma versão revista e aumentada da versão publicada no Jornal de Notícias de 15 de Junho de 2011)

14/06/2011

John Carter: A Princess of Mars

A nova mini-série de Filipe Andrade para a Marvel
O português Filipe Andrade assinou contrato com a Marvel, para desenhar uma nova mini-série, desta vez uma adaptação das aventuras de John Carter de Marte, um herói criado há um século por Edgar Rice Burroughs (1875-1950), também criador de Tarzan.
Intitulada “John Carter: A Princesse of Mars” terá cinco números, o primeiro dos quais está previsto para o próximo mês de Setembro. A adaptação do romance de Burroughs está a cargo de Roger Langridge, sendo as capas da autoria de Skottie Young. Filipe Andrade, para além do desenho fará também capas variantes.
Recorde-se que depois de alguns trabalhos soltos, Andrade foi o primeiro português a desenhar uma mini-série para a Marvel, no caso “Onslaught Unleashed”, protagonizado, entre outros, pelo Capitão América, e cujo quarto e último número acaba de chegar às livrarias especializadas nacionais.
Um trabalho cujo número de vendas parece ser bom uma vez que até vai sair compilado em capa dura já em Julho” revelou o autor ao Jornal de Notícias. E acrescenta “Quando estive em Miami (na Wizard Comiccon) e em Londres (Kapow) o feedback foi muito bom, houve muito boas reacções”. No entanto, leu “também que havia muita gente a não gostar do meu estilo mais angular e até tive uma critica em formato video no Youtube. As reacções negativas sinceramente não me surpreenderam porque o meu desenho não se enquadrava nas formas dos anteriores Onslaughts. De qualquer forma fiquei espantado com o numero de vendas e criticas positivas”.
Relativamente a esta nova mini-série, implica a saída do género de super-heróis, algo que Andrade não procurou mas que reconhece que “veio em boa hora. Fazer o Onslaught foi um processo muito desgastante a todos os níveis. Eu e o Ricardo Tércio, o colorista, andávamos sempre a mil e o facto de não ser o meu género de ambientes mais cansativo se tornou. Esta história tem um universo completamente diferente e ainda mais desafiante, onde acho que posso evoluir muito como artista”.
John Carter de Marte nasceu em 1911 no romance “A Princess of Mars” e protagonizaria onze aventuras, sendo uma personagem que Andrade desconhecia: “Do E. R. Burroughs só conhecia o Tarzan, mas assim que fiz uma pesquisa rápida percebi no que me estava a meter. Facto comprovado também em conversa com os meus amigos. A história ainda não está finalizada e só li o primeiro rascunho, portanto ainda não posso adiantar mais nada”. Graficamente, o desenhador teve que fazer “designs que tiveram de ser aprovados. O ambiente extraterrestre é algo que nunca explorei ainda para mais tendo em conta que foi criado no inicio do século XX onde estes eram super exagerados. Mas acho que saiu bem pois foi tudo aprovado, pela Disney, pela ERB Foundation e pela Marvel”.
Ex-soldado da Guerra Civil norte-americana, John Carter, ao fugir de um grupo de índios, entra numa caverna onde desmaia, acordando mais tarde no planeta Marte, onde descobre que a baixa gravidade lhe proporciona uma enorme agilidade e força. Aí encontra estranhos habitantes, como os tharks, gigantes verdes com dois pares de braços, ou a bela princesa Dejah Thoris com quem acabará por casar.
As aventuras de John Carter foram por diversas vezes adaptadas em BD desde 1939, sendo que uma versão de 1972, da autoria de Murphy Anderson, foi publicada em português, primeiro no “Mundo de Aventuras” e, mais tarde, em álbum, pela Agência Portuguesa de Revistas.
Esta nova versão, de alguma forma vem preparar caminho para o filme realizado por Andrew Stanton que a Disney/Pixar tem anunciado para 2012, protagonizado por Taylor Kitsch, Bryan Cranston, Williem Dafoe e Lynn Collins. Apesar disso, Filipe Andrade afirma ter “total liberdade criativa em termos de visual e isso é um bónus a juntar a todo este projecto já de si maravilhoso”.





(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 13 de Junho de 2011)

13/06/2011

As Águias de Roma #1

Marini (argumento e desenho)
ASA (Portugal, Maio de 2011)
240 x 320 mm, 60 p., cor, cartonado
16,50 €

Há autores de banda desenhada que caíram no goto dos leitores portugueses. Vá lá saber-se porquê. Apesar da sua indiscutível qualidade ou de outros predicados que lhes são reconhecidos.
Possivelmente, porque neles o editor apostou, insistiu, até ter resultados. O que devia, merecia, se justificava, acontecer com todos. Pelo menos com bastantes mais. Porque, se assim fosse, possivelmente não haveria nos catálogos dos editores portugueses de BD tantas séries deixadas incompletas…

Vou recomeçar.

Há autores de banda desenhada que caíram no goto dos leitores portugueses. Vá lá saber-se porquê.
Apesar da sua indiscutível qualidade ou de outros predicados que lhes são reconhecidos.
É o caso de Bourgeon, Bilal, Prado, Jodorowsky, Manara… E, mais recentemente, de Marini.
Neste caso, há razões evidentes. Que saltam à vista. Gráficas.
O seu traço é agradável, interessante, uma boa súmula do semi-realismo franco-belga – rigoroso na anatomia e nos cenários, convincente, credível – e da banda desenhada asiática – no dinamismo, nas sucessivas mudanças de enquadramento, na transmissão da ideia de movimento… Ao que alia um óptimo trabalho ao nível da aplicação da cor.
E isto é evidente num western como “A Estrela do Deserto”, na aventura histórica medieval de “O Escorpião” ou nos futuros mais ou menos próximos de “Rapaces”, “Gipsy” e (no menos interessante) “Os Dossiers de Oliver Varese”.
Ou, agora, no passado mais distante de “As Águias de Roma”, na transição entre o antes e o depois de Cristo, a época áurea do império romano, hoje na moda, e que a BD já tratou muito bem, do classicismo do “Alix”, de Jacques Martin, à magnífica ficção histórica de “Murena”, de Dufaux e Delaby.
No caso de “As Águias de Roma”, o contexto histórico surge leve e diáfano, apenas para situar a acção, dividida entre Roma e a Germânia bárbara…
É nelas que Marini, agora também argumentista, depois de já ter trabalhado com nomes como Desberg, Dufaux e Smolderen, situa a sua história, onde se destaca o dinamismo das cenas de acção, as belas mulheres, a facilidade de distinção das personagens, o à-vontade tanto nas cenas exteriores como nas interiores, no tratamento da figura humana ou animal, nos cenários urbanos como nos campestres ou selvagens.
É a história de Ermanamer, um jovem príncipe bárbaro (germânico), levado como refém/garantia para Roma onde rapidamente desenvolve uma inimizade/rivalidade com o filho do seu tutor, Marco.
Ambos avessos à autoridade, senhores do seu nariz, verão com o tempo esse sentimento transformar-se em amizade sólida, alicerçada no facto de Marco salvar a vida a Ermanamer durante uma caçada, tornando-se os dois inseparáveis. Juntos vão crescer, fortalecer o corpo e o espírito, descobrir o amor, o prazer e a volúpia, viver intensas aventuras.
Pelo meio há ainda tempo para a paixão entre o bárbaro e a irmã de Marco, prometida a um velho romano, e o ódio daquela à sua mãe adoptiva (dois aspectos que, refira-se acabam por não ter o desenvolvimento que possivelmente justificavam – bem como a relação de Marco (e de Ermanamer) com o pai - a não ser que venham a ser explorados – tardiamente…? - em tomos futuros).
Futuro no qual, não custa adivinhar mesmo sem ter lido o volume 2, os dois jovens se virão a defrontar no campo de batalha – e talvez não só…
Porque, se a história está bem narrada, bem planificada e bem desenhada e tem bases para ser interessante, assenta num estereótipo muitas vezes explorado, o que a torna previsível e lhe retira encanto. Porque Marini, sem dúvida melhor desenhador do que argumentista, até agora ainda não conseguiu dar-lhe o toque que faça a diferença, que a torne diferente e capaz de surpreender o leitor.
Apesar disso, e se no final da (re)leitura deste álbum, essa previsibilidade provoca uma ligeira amargura, ela não é suficiente para deixar de ler o segundo tomo, que a ASA deve fazer chegar às livrarias durante este mês de Junho.

12/06/2011

Selos & Quadradinhos (51)

Stamps & Comics / Timbres & BD (51)
Tema/subject/sujet: Fête du Timbre - Tintin
País/country/pays: França / France
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2000

11/06/2011

Selos & Quadradinhos (50)

Stamps & Comics / Timbres & BD (50)
Tema/subject/sujet: Journée du Timbre - Astérix
País/country/pays: França / France
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 1999

10/06/2011

VII Festival de BD de Beja (IV)

Fim e balanço
Foto de Jorge Machado Dias
Para descanso (bem merecido) de Paulo Monteiro e da sua equipa, mais uma vez francamente de parabéns, termina no próximo domingo o VII Festival de BD de Beja.
Para quem (ainda) não foi lá, há motivos mais que suficientes para justificar a deslocação, como pode ser visto nas reportagens fotográficas do Tex Willer Blog, do Kuentro (em dose dupla), do Leituras de BD ou do Notas Bedéfilas, já que a minha máquina fotográfica ficou em casa…
Da programação paralela para este fim-de-semana, para além da visita às 17 exposições de originais patentes – que se aconselha vivamente –, constam concertos hoje e amanhã, às 23h30 na Galeria do Desassossego, e a Festa de Encerramento, no domingo, às 19h30, onde será lançado o fanzine Café e Cigarros #2.
E, chegados ao fim, já a salivar pelo Festival de 2012, aqui ficam alguns apontamentos em jeito de balanço.
Fotos de Jorge Machado Dias

A reter
- A hospitalidade do Paulo Monteiro em particular e do festival em geral. Porque Beja, hoje, antes de ser um festival, é uma enorme tertúlia, um indispensável convívio com autores, críticos, divulgadores e simples leitores de BD, que facilmente se perdem em conversas apaixonadas ou interessadas, acabando por passar ao lado de alguns com quem até se queria falar. Por isso, àqueles que defendem um crescimento do evento, eu digo não, para não se perder este aspecto tão único. Aliás, já repararam como Beja também se está a transformar num festival familiar (e por mim falo…), com a presença crescente de maridos, esposas e filhos dos “protagonistas”?
Foto de Jorge Machado Dias
- O bom gosto evidente na progra-mação, que permite confirmar ou descobrir talentos.
- A qualidade e sobriedade das exposições.
- A presença de autores como Loustal e Milazzo.
- A justificada aposta no “quarteto fantástico” português da Marvel, de quem muito há a esperar… fora dela!
- A (re)descoberta de Relvas.
- O grande número de lançamentos que lá tiveram lugar.
- A oferta variada que o mercado do livro proporciona, este ano a obriga à montagem de uma tenda para albergar todas as bancas, embora alguns teimem em manter-se à margem dos locais onde a BD se vende, vá lá entender-se porquê…
- A programação paralela, aliciante e diversificada.

Foto de Jorge Machado Dias
Menos conseguido
- Apesar de tudo, o layout das exposições, que talvez merecesse ser repensado. Sei que o principal são as pranchas – e elas eram muitas e muito boas mais uma vez… - mas a arquitectura era sensivelmente a mesma de todos os anos…
- Falo só pelo sábado de abertura, sem ideia do que aconteceu depois, mas não tenho dúvida que o festival, nesse dia, merecia mais visitantes.
- A distância de Beja a Gaia. Vou lançar um abaixo-assinado para puxar a cidade mais para cima ou, em alternativa, façam o favor de abrir o aeroporto ao tráfego aéreo civil, pelo menos no fim-de-semana de abertura do festival!
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...