03/11/2011

Charlie Hebdo sofre atentado

As instalações da revista satírica francesa Charlie Hebdo foram destruídas anteontem de madrugada por um incêndio causado por um cocktail Molotov, previsivelmente lançado por fundamentalistas islâmicos. O atentado, que surge na sequência das ameaças que a publicação tinha recebido nos últimos dias, não foi reivindicado e terá sido a resposta ao número 1011 da revista, ontem posto à venda em França, que trazia na capa uma imagem do profeta Maomé, “convidado” para dirigir esse número, intitulado “Charia Hebdo”, a propósito da vitória do partido islamita Ennahda nas recentes eleições tunisinas.
Na caricatura, o profeta ameaça dar “100 chicotadas a quem não morrer de riso”. No miolo da publicação, a par das suas rubricas habituais, há diversos desenhos e artigos que têm os fanáticos religiosos como alvo e um editorial assinado por um tal “Mohamed Rassoul Allah” cujo e-mail é leprophete@charliehebdo.fr...
Os dois andares do edifício, recentemente ocupados pela publicação, ficaram completamente destruídos, o mesmo tendo acontecido com todo o equipamento informático. Ao mesmo tempo o site da revista era vítima de pirataria informática, sendo substituído por uma mensagem integrista islâmica.
As primeiras notícias indicam, no entanto, que a sobrevivência da revista não está em causa, uma vez que os seus arquivos em papel e digitais estavam noutro local. Entretanto, já diversos jornais franceses ofereceram as suas instalações para alojarem provisoriamente a “Charlie Hebdo” tendo o presidente da câmara de Paris feito uma proposta no mesmo sentido.
Durante a manhã de ontem os diversos colaboradores da revista, visivelmente abalados, foram passando pelo local. Charb, o desenhador que dirige a revista afirmou que os “autores do atentado não são verdadeiros muçulmanos”, acrescentando que o incêndio serve “os interesses da Frente Nacional” (partido de extrema-direita francês). E, com algum humor, acrescentou: “Nós combatemos os integristas com desenhos, textos e papel… e o papel arde bem.” Na mesma linha, Luz, autor do desenho de Maomé, ironizou: “A primeira vez que um islamista se serve de um cocktail, é para enfiá-lo pela nossa garganta abaixo”.
Entre as primeiras reacções ao sucedido contam-se as de Dominique Sopo, presidente do SOS Racisme, que afirmou : “A democracia é o direito à blasfémia. Os que cometeram este atentado são inimigos da democracia. Isto foi um auto de fé de que a Charlie Hebdo foi vítima”.
Entretanto, o primeiro efeito do atentado foi uma corrida aos quiosques, tendo a “Charia Hebdo” esgotado em poucos minutos em muitos pontos de venda. Uma situação similar à que se passou quando a “Charlie Hebdo” publicou as caricaturas dinamarquesas do mesmo profeta Maomé, em 2005, num número cujas vendas ultrapassaram os 400 mil exemplares. O que será sem dúvida um balão de oxigénio para a revista, que desde há alguns meses está a ultrapassar problemas financeiros.
A revista “Charlie Hebdo” existe desde 1970, tendo sido criada por Georges Bernier e François Cavanna, uma semana após a proibição pelo governo francês da “Hara-Kiri Hebdo”, nascida dois anos antes, na sequência dos ventos de mudança introduzidos pelas manifestações de Maio de 1968, mantendo a mesma linha satírica, contundente e incómoda, que não poupa ninguém nem respeita qualquer tabu.

(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 3 de Novembro de 2011)

02/11/2011

Monica’s gang

Mónica y su Pandilla
Maurício de Sousa Produções (argumento e desenho)
Panini Comics (Brasil, Setembro de 2009)
135x190 mm, 68 p., cor, revista mensal
1,50€ / R$ 3,20

A Turma da Mônica, para além da óbvia componente de diversão, desde há muito está associada a preocupações educativas. Não só com a participação das suas personagens (e do seu autor!) em campanhas institucionais, brasileiras e internacionais - sobre educação, vacinação, alimentação, prevenção, etc. – mas também através dos ensinamentos e valores explícitos nas suas histórias aos quadradinhos e na forma como interagem e se relacionam os seus diferentes membros.
Em meados de Outubro, chegaram às bancas portuguesas as versões inglesa - Monica’s gang - e espanhola - Mónica y su Pandilla – que são mais dois vectores dessa vocação educativa.
Na sua origem, estão duas preocupações: chegar a falantes daqueles idiomas residentes no Brasil e iniciar os leitores mais pequenos em duas línguas cada vez mais fundamentais no mundo actual.
A mudança, em relação às edições originais, é só uma: os nomes dos protagonistas. Por isso, em vez de Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali, Penadinho ou Bidú, em inglês, descobrimos Monica, Jimmy Five (que troca os “rr” por “ww”), Smudge, Maggy, Bug-a-Booo ou Blu, e, em espanhol, encontramos Mónica, Cebollita, Cascarón, Magáli, Penadito e Bidú… Quanto ao resto, se é verdade que alguns trocadilhos se perdem, a boa disposição e o humor continuam os mesmos, mostrando a intemporalidade e a universalidade da criação de Maurício de Sousa.
Estas duas revistas, agora disponíveis entre nós, poderão até, em muitos casos, ser melhor porta de entrada para esse universo que tem entretido e formado gerações de leitores, do que as edições originais no (estranho) brasileiro que, apesar do (triste e ilusório) Acordo Ortográfico, muitas vezes as novas gerações (já) não entendem nem acompanham…

01/11/2011

Tintin por... (II)

Nelson Martins
Miguel Rocha

As Melhores Leituras

Outubro 2011

Mágico Vento #106 – Confronto final (Mythos Editora),
de Manfredi (argumento) e Siniscalchi (desenho)

de Bryan Lee O’Malley (argumento e desenho)

de Hergé (argumento e desenho)

Portugal (Dupuis), de Cyril Pedrosa (argumento e desenho)

J. Kendall - Aventuras de uma criminóloga #77 - Ameaça em domicílio (Mythos Editora), de Giancarlo Berardi e Lorenzo Calza (argumento) e Enio (desenho)

de Dupa (argumento e desenho)

Les Ignorants (Futuropolis),
de Étienne Davodeau (argumento e desenho)

o pEQUENO dEUS CEGO (Kingpin Books),
de David Soares (argumento) e Pedro Serpa (desenho)

Dragon Ball #13 – Son Goku contra-ataca (Edições ASA),
de Akira Toriyama (argumento e desenho)

As Extraordinárias Aventuras de Dog Mendonça e PizzaBoy II – Apocalipse (Tinta da China), de Filipe Melo (argumento), Juan Cavia (desenho), Santiago Villa (cor) e Martin Tejada (adaptação sequencial)

31/10/2011

Entrevista com Cyril Pedrosa

“Tentei ser sincero”
Editado há poucas semanas pela Dupuis, Portugal tem sido (justa e) unanimemente considerado um dos grandes romances desenhados de 2011. Eis o registo de uma pequena conversa à distância com o seu autor, Cyril Pedrosa, para conhecer um pouco melhor a génese de um livro em que fala das suas origens portuguesas.

As Leituras do Pedro - Porquê um livro sobre Portugal?
Cyril Pedrosa – Os meus avós eram portugueses e, por isso, a história da minha família está muito impregnada com os nossos laços com Portugal. Havia muitas coisas que eu sentia em relação à nossa história familiar (a dificuldade de falar de Portugal entre nós, a minha própria dificuldade em fazer qualquer coisa sobre as minhas origens portuguesas) mas que eu não conseguia explicar.
E depois, há alguns anos, fui convidado do Festival de Banda Desenhada da Amadora e para mim foi um grande choque, foi muito emotivo. Senti-me como se estivesse “em casa”, apesar de não conhecer nada desse país. Foi isso que desencadeou a vontade de escrever esta história, para tentar compreender porque me sentia ligado a um país e a uma língua de que conhecia tão pouco.

ALP – Então esta história é autobiográfica?
CP – O ponto de partida é autobiográfico. Simon, o protagonista, é bastante parecido comigo e, como eu, ele “redescobre” os seus laços com Portugal durante um festival de banda desenhada. Mas depois, ao contar a história, inventei muitas coisas. Por isso, é uma ficção, mas com muitos elementos pessoais.

ALP – Que história conta neste livro?
CP – É a história de Simon, um francês neto de emigrantes portugueses, que faz banda desenhada mas que está num momento mau da sua vida, um pouco deprimido. Uma viagem profissional a Lisboa fá-lo descobrir a que ponto ama Portugal, as pessoas com quem se cruza na rua, como se fossem a sua família, como se estivesse em “sua casa”. Isso perturba-o e ele põe-se a tentar compreender porque perdeu os laços com aquele país. Vai então aproximar-se da sua família em França, com quem mantinha uma relação distante, participar numa grande festa familiar onde vai rever o seu avô sob um olhar diferente, compreender um pouco melhor porque é que o seu pai não foi capaz de lhe transmitir essa ligação com Portugal. Depois, na parte final do livro, regressa a Portugal, para tentar descobrir a história do seu avô.

ALP – De que Portugal fala neste livro ? Porquê?
CP – Falo de um Portugal imaginário, quer dizer, aquele que eu conheço e que não é o verdadeiro Portugal. É um Portugal “emocional”, o das sensações e da afeição que tenho por esse país, por esse povo, por essa língua. Sei perfeitamente que não conheço a realidade do país, para isso teria que viver nele. Mas conheço a beleza da sua língua, a generosidade dos portugueses e também conheço bastante bem a região de onde são originários os meus avós, uma pequena aldeia perto da Figueira da Foz (chamada Marinha da Costa, onde decorre a última parte do livro).
Tentei ser sincero, não utilizar clichés, mesmo sabendo que tinha um conhecimento superficial de Portugal.

ALP – Conseguiu responder às suas questões relativas a Portugal?
CP – Não sei se consegui responder às minhas questões, mas sinto-me aliviado em relação a algumas coisas. Penso que para mim o importante não era forçosamente responder a todas as questões, mas sim colocar essas questões, dizer a mim próprio e aos que me são próximos, “estão a ver, esta história, a nossa história, é uma história bonita, devemos interessar-nos por ela”.

ALP – Como reagiram os seus familiares ao livro?
CP – Penso que se sentiram muito tocados e emocionados, mas não me disseram tudo o que pensavam :)

ALP – Esteve em Portugal para fazer esboços?
CP – Sim, passei três meses em Portugal, para escrever e desenhar, fazer esboços, tirar fotografias, viver no local, ter o prazer de conhecer melhor os meus primos que moram aí, aprender a falar um pouco de português… Foram três meses formidáveis!

ALP – Portugal vai ser editado em… Portugal?
CP – Gostava muito que fosse! O meu editor francês disse-me que tinha sido contactado por uma editora portuguesa. Espero sinceramente que isso se concretize.

30/10/2011

Prémios Nacionais de BD 2011

Melhor Álbum Português
O Amor Infinito que te Tenho - Paulo Monteiro - Polvo


Melhor Argumento de Autor Português
Victor Mesquita - Eternus 9 A Cidade dos Espelhos - Gradiva Publicações

Melhor Desenho de Autor Português
Ricardo Cabral - Newborn 10 Dias no Kosovo - Edições ASA
e
Prémio da Juventude
Newborn 10 Dias no Kosovo - Ricardo Cabral - Edições ASA

Melhor Álbum de Autor Português em Língua Estrangeira
Agencia de Viajes Leming - José Carlos Fernandes - Astiberri

Melhor Álbum Estrangeiro (editado em Portugal)
Blacksad - O Inferno, o Silêncio - Díaz Canales e Guarnido - Edições ASA


Melhor Álbum de Tiras Humorísticas
Happy Sex - ZEP - Edições ASA





Melhor Ilustração de Livro Infantil (Autor Português)
Ana Afonso - O Lobo Prateado - Editorial Caminho




Melhor Ilustração Estrangeira de Livro Infantil
Marjorie Priceman - Paris na Primavera com Picasso - Gradiva Publicações

Clássicos 9ª Arte
Astro Boy #3 - Osamu Tezuka - Edições ASA

Fanzine
Venham + 5 nº8 - Paulo Monteiro (coordenador) - CM Beja/Bedeteca de Beja


TROFÉU DE HONRA
Zé Manel
Pseudónimo de José Manuel Domingues Alves Mendes (Lisboa, Janeiro de 1944) cartoonista, ilustrador, e criador de banda desenhada.
A revista O Século Ilustrado mostrou os seus primeiros desenhos aos seis anos. Em 1959, publicou as primeiras anedotas em Os Ridículos e, em 1961, estreou-se profissionalmente como ilustrador de cartoons na Parada da Paródia.
Tem o curso de desenhador-gravador-litógrafo na Escola de Artes Decorativas António Arroio.
Entre as muitas publicações para as quais trabalhou contam-se O Brincalhão, A Parada da Paródia, o Jornal do Exército, A Chucha, a Rádio & Televisão, O Emigrante, Bomba H, Fungagá da Bicharada, o fanzine Tertúlia BDzine, a obra colectiva Novas 'fitas' de Juca & Zeca, bem como o álbum infantil Os Burros, as Flores e o Sol, que foi editado no Japão.
É filho do criador de banda desenhada António Alves Mendes (Méco).

29/10/2011

AmadoraBD 2011 (III)

29 e 30 de Outubro
1 de Novembro


A CARICATURA EM FESTA
Sábado, 29 de Outubro
13h30 – 14h30
Estação do Rossio - Lisboa
Um grupo de caricaturistas está a sua espera na Estação do Rossio, em Lisboa. Apareça, peça a sua caricatura e entre gratuitamente no Festival.
Apoio: Refer e CP

15h – 17h
Recreios da Amadora
Festa da Caricatura

17h30
Casa Roque Gameiro
Inauguração da Exposição
Direitos Humanos - Exposição
Internacional de Cartoon
Esta exposição assinala os 50 anos da Amnistia Internacional no mundo
e os 30 anos em Portugal.
Organização: FECO Portugal - Associação de Cartoonistas e Amnistia Internacional.
Apoio: AmadoraBD

Domingo, 30 de Outubro
11h – 12h30
Fórum Luís de Camões
Festa da Caricatura

VISITA GUIADA
Domingo, 30 de Outubro
17h
Visita guiada ao Amadora BD com Pedro Mota

AUDITÓRIO
ENCONTROS, LANÇAMENTOS E APRESENTAÇÕES EDITORIAIS
Sábado, 29 de Outubro
17h
Too Much Coffee Man
com Shannon Weeler e Pedro Mota

Domingo, 30 de Outubro
15 h
O Associativismo Artístico, Mesa Redonda
Organização: FECO Portugal e Amadora BD

Terça-feira, 1 de Novembro
15 h
Apresentação de “Punk Redux” (Qual Albatroz)
com João Mascarenhas (desenho e argumento)

16 h
Lançamento de “As Extraordinárias Aventuras de Dog Mendonça e Pizza Boy - vol 2 - Apocalipse” (Tinta-da-China Edições)
com Filipe Melo (argumento), Juan Cavia (desenho) e Santiago Villa (cor)

17 h
Apresentação de “Voyager #1” (R’lyeh Dreams)
Com Diogo Campos (argumento), Diogo Carvalho (argumento e desenho), Luís Belerique (argumento e arte), Luís Maiorgas (arte), Nelson Nunes AKA Cocas (arte), phermad (arte), Ricardo Reis (argumento), Rui Ramos (argumento, arte e coordenação do projecto) e Salvador Pombo (arte)

18h
Encontro de Autores Lusófonos

AUTÓGRAFOS
Sábado, 29 de Outubro
15h
André Caetano
André Mealha
Bruno Ribeiro
David Soares
Eric Maltaite
Filipe Andrade
Filipe Pina
Hugo Jesus
Hugo Teixeira
Jeffrey Ferreira
Nelson Martins
Peggy Adam
Shannon Wheeler
Spacca
Victor Mesquita
Vidazinha

16h
André Caetano
André Mealha
Bruno Ribeiro
David Soares
Eric Maltaite
Filipe Andrade
Filipe Pina
Geral & Derradé
Hugo Jesus
Hugo Teixeira
Jeffrey Ferreira
Paulo Monteiro
Peggy Adam
Rui Lacas
Shannon Wheeler
Spacca
Vidazinha

17h
André Mealha
Bruno Ribeiro
David Soares
Eric Maltaite
Filipe Andrade
Filipe Pina
Geral & Derradé
Hugo Teixeira
Jeffrey Ferreira
Nelson Martins
Paulo Monteiro
Peggy Adam
Rui Lacas
Spacca
Vidazinha

Domingo, 30 de Outubro
15h
André Caetano
Eric Maltaite
Hugo Teixeira
João Martins
João Mascarenhas
José Ruy
Luiz Gê
Maria João Worm
Nelson Martins
Spacca
Victor Mesquita
Xaquin Marin

16h
André Caetano
Carlos Pedro
Eric Maltaite
Fernando Dordio
Geral & Derradé
GEvan…
Gogue
Hugo Teixeira
João Martins
Luiz Gê
Mário Freitas
Nelson Martins
Nuno Duarte
Osvaldo Medina
Peggy Adam
Rui Lacas
Shannon Wheeler

17h
Carlos Pedro
David Soares
Eric Maltaite
Fernando Dordio
Geral & Derradé
GEvan…
Gogue
Hugo Teixeira
João Mascarenhas
Mário Freitas
Nelson Martins
Nuno Duarte
Osvaldo Medina
Peggy Adam
Rui Lacas
Shannon Wheeler
Spacca
Xaquin Marin

18h
Carlos Pedro
David Soares
Fernando Dordio
Geral & Derradé
GEvan…
Gogue
Hugo Teixeira
José Ruy
Luiz Gê
Mário Freitas
Nuno Duarte
Osvaldo Medina
Peggy Adam
Shannon Wheeler
Spacca
Victor Mesquita
Xaquin Marin

Terça-Feira - 1 de Novembro
15h
Diogo Campos
Diogo Carvalho
Luís Belerique
Luís Maiorgas
Nelson Nunes AKA Cocas
phermad
Ricardo Reis
Rui Ramos
Salvador Pombo

16h
AltinoNobre
Diogo Campos
Diogo Carvalho
João Mascarenhas
Lindomar de Sousa
Luís Belerique
Luís Maiorgas
Luiz Gê
Manuel Tambula
Nelson Nunes AKA Cocas
Olímpio de Sousa
Pedro Leitão
phermad
Ricardo Reis
Rui Ramos
Salvador Pombo

17h
Altino Nobre
Filipe Melo
João Mascarenhas
Juan Cavia
Lindomar de Sousa
Luiz Gê
Manuel Tambula
Olímpio de Sousa
Pedro Leitão
Santiago Villa

18h
Altino Nobre
Filipe Melo
Juan Cavia
Lindomar de Sousa
Luiz Gê
Manuel Tambula
Olímpio de Sousa
Santiago Villa

ESPECTÁCULO
Sábado, 29 de Outubro
16h
Actuação do Grupo de Percussão Bombrando
O grupo apresenta ritmos tradicionais portugueses e africanos, passando por estilos como o reggae ou o rock, sempre temperados com muita energia.
O projecto, da Junta de Freguesia da Brandoa, nasceu em 2003 e é dinamizado sobretudo por jovens, com uma alegria contagiante, bem presente no ritmo da música que desenvolvem.

28/10/2011

As Extraordinárias Aventuras de Dog Mendonça e PizzaBoy II

Apocalipse
Filipe Melo (argumento)
Juan Cavia (desenho)
Santiago Villa (cor)
Martin Tejada (adaptação sequencial)
George A. Romero (prefácio)
Tinta-da-China (Portugal, 1 de Novembro de 2011)
170 x 240 mm, cor, 112 p., brochado com badanas
16,90 €

Resumo
Depois de evitarem o fim do mundo. Dog Mendonça, o lobisomem de meia-idade, PizzaBoy, agora operador de call-center, o demónio Pazuul e a gárgula falante são obrigados a juntar-se novamente, desta vez para evitar o Apocalipse…
E para além deste quarteto fantástico, numa catástrofe de proporções bíblicas, até a Virgem de Fátima faz uma perninha!

Desenvolvimento
Neste novo livro, a história começa cinco anos após os acontecimentos marcantes do primeiro volume, em belos cenários desenhados por Juan Cavia, servidos por cores mais claras e um traço bem mais definido que muito valorizam a obra, embora custe a acreditar que numa país chamado Portugal, num intervalo de tempo tão curto, Lisboa fosse tão rapidamente reconstruída…!
PizzaBoy trabalha agora num call-center, onde presta ajuda informática. A atitude enfadada, o desinteresse pela tarefa, a falta de atenção dada a quem telefona, os conselhos factuais – “tente desligar o router e reiniciar o computador” - mostram que afinal estamos no mundo real!
Quanto à trama, ela é espoletada por um padre perseguido pelo Vaticano que recorre a Dog Mendonça e à sua equipa para deterem o Apocalipse… iniciado “há quinze minutos e dez segundos”. E se a ética impede o detective de salvar “o mundo à borla”, a precipitação dos acontecimentos não lhe dará outra hipótese, levando ao reencontro dos quatro protagonistas.
Desencadeia-se então a acção, em grande estilo e em ritmo acelerado, que, entre pragas, confrontos monumentais, perseguições e a análise da previsão bíblica através de uma edição… infantil (!), vai levar os protagonistas a Fátima – onde, tal como Jacinta, Francisco e Lúcia, terão direito à respectiva aparição.
Num volume, mais uma vez recheado de referências a uma certa cultura pop, da música, do cinema, da televisão, da própria BD e até auto-citações (!), consubstanciada em zombies, monstros fofinhos, bestas do apocalipse, teorias da perseguição, conspirações religiosas e o mais que os leitores se vão divertir a descobrir, Filipe Melo cria uma obra plena de bom humor, bem escrita e cativante que o leitor não tem outro remédio do que ler num só fôlego.
Aos diálogos, escritos como poucas pessoas o fazem em Portugal – na BD, para além de Arlindo Fagundes não me ocorre mais ninguém – ritmados, vivos, credíveis, divertidos, repletos de alusões e trocadilhos, Melo e os seus companheiros acrescentam também uma planificação muito dinâmica, com múltiplas tomadas de pontos de vista e alguns efeitos bem conseguidos em termos narrativos, como a mudança de cenas mantendo os planos e dando sequência às frases, logo nas páginas iniciais, uma melhoria evidente na aplicação da cor e na iluminação das cenas, bem mais claras e legíveis, e um aprimoramento do traço ágil, caricatural e expressivo, mostrando-se Juan cavia completamente à vontade tanto com a figura humana como nos cenários - naturais ou dantescos - com os quais vão prendendo e surpreendendo o leitor, página após página.
Desta forma, este livro confirma tudo o que o primeiro já tinha mostrado e prometido, indo ainda mais além, com o refinamento da escrita, a melhoria gráfica e a melhor colorização, tendo tudo para ser mais um sucesso em Portugal (à dimensão do nosso mercado, claro) e para passar além-fronteiras, como aliás já está a acontecer com uma nova história, a ser actualmente publicada na revista norte-americana Dark Horse Presents, de que hei-de falar proximamente.
No final, com Lisboa mais uma vez destruída (o que não indicaria um daqueles estudos psicológicos de pacotilha…?), fica a inevitável ponta solta que promete uma continuação para as aventuras de Dog Mendonça e PizzaBoy.
Que, já antevejo, terão no título algo como “assombrosas” ou “espantosas” e um “III” no final…

A reter
- A escrita de Filipe Melo: incisiva, divertida, fluente.
- A significativa melhoria da iluminação, da cor, que realçam ainda mais o traço - melhorado com a prática - de Juan Cavia.
- As boas recordações que as muitas referências trazem a quem foi passando por elas.
- O dossier final com o making-of do livro.
- A mais-valia do prefácio de George A. Romero.

Lançamentos
Tal como aconteceu com o primeiro volume, também este vai ser objecto de uma mini-tournée de apresentação e lançamento, sempre com a presença de Filipe Melo, Juan Cavia e Santiago Villa, numa promoção empenhada que não justifica por si só o sucesso que a obra inicial conquistou, até porque o seu valor e potencial são inegáveis, mas ajuda a explicá-lo. Por que em Portugal, poucas vezes a BD tem sido alvo da promoção que poderia alavancá-la para lá do nicho habitual de consumidores…
Eis as datas já anunciadas:

1 de Novembro
16h – Lançamento oficial, AmadoraBD 2011 – Fórum Luís de Camões, à Brandoa
17h-19h – Sessão de autógrafos, AmadoraBD 2011
20h – Lançamento na Tertúlia de BD de Lisboa – Parque Mayer
23h – Lançamento no Shortcutz – Bicaense, Lisboa

2 de Novembro
22h – Lançamento no Shortcutz – Hardclub, Porto

3 de Novembro
18h30 – Lançamento na FNAC Chiado, Lisboa

4 de Novembro
18h00 – Lançamento na FNAC Santa Catarina, Porto
19h30 – Lançamento na Mundo Fantasma, Porto

5 de Novembro
15h – Lançamento na Bertrand, Caldas da Rainha

6 de Novembro
15h – Sessão de autógrafos, AmadoraBD 2011
16h – Lançamento “Dog na Dark Horse”, AmadoraBD2011
17h-19h – Sessão de autógrafos, AmadoraBD 2011

9 de Novembro
18h30 – Lançamento na Dr. Kartoon, Coimbra
21h – Lançamento na FNAC Coimbra

10 de Novembro
10h - Aula aberta de BD com João Lameiras, Guimarães
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...