Paul Gravett (coordenação)Terry Gilliam (prefácio)
Universe/Cassell (EUA/Inglaterra, Outubro de 2011)
$36.95/£20.00
Lançado nos Estados Unidos no início de Outubro, 1001 Comics You Must Read Before You Die (algo como 1001 bandas desenhadas que deve ler antes de morrer) é uma lista de obras aos quadradinhos fundamentais, compilada pelo especialista britânico Paul Gravett, e que inclui uma criação portuguesa: “O diário de K”, de Filipe Abranches.
Obra a preto e branco, lançada pela Polvo em 2001, “O diário de K.” é uma adaptação livre de “A morte do palhaço”, de Raul Brandão, desenvolvida por Filipe Abranches ao abrigo de uma Bolsa de Criação Literária, na categoria de BD, atribuída pelo Instituto Português do Livro e das Bibliotecas e do Ministério da Cultura.
Se esta é a única obra portuguesa presente no volume com quase 1000 páginas, a participação lusa contou com a consultoria de dois especialistas, Domingos Isabelinho e Pedro Moura, responsáveis por alguns dos textos que apresentam cada uma das obras seleccionadas.
Este último referiu ao JN ter “participado “no processo de propostas numa fase tardia, pelo que as escolhas estavam já quase fechadas”.
Dos 10 títulos nacionais que entendeu “como "indispensáveis" num contexto de conhecimento mundial, tendo em conta a ausência da sua tradução, a periferia a que pertencemos, a política de géneros mais generalizada, e o estado da arte contemporânea” apenas restou “O Diário de K.” que na sua óptica “é um título inteligente, adulto, contemporâneo e que ficará bem em estantes internacionais” assim possa haver uma tradução.
Pedro Moura considera ainda que 1001 títulos são “já em si uma boa escolha, que não pretende ser nem fechada nem absoluta”. E mesmo admitindo que possam faltar “outros 1001”, considera não haver nenhum “capítulo inteiro ausente de forma gritante”.
Descrito por Gravett como uma “tentativa de fazer uma abordagem histórica aos melhores ou mais significativos títulos do género”, 1001 Comic You Must Read Before You Die, que tem introdução de Terry Gilliam, não pretende de forma alguma criar uma listagem definitiva ou absoluta num meio “tão internacionalizado e em constante fluxo”.
As 1001 bandas desenhadas escolhidas – que, de forma estranha, inclui obras únicas, como Maus, Persépolis ou Palestina, títulos individuais de algumas histórias de Astérix, Batman, Corto Maltese ou Tintin, e séries no seu todo, como acontece com Alix, The Spirit ou o Superman de Siegel e Schuster – cobrem um período de 174 anos, começando com o precursor “Les aventures de Monsieur Vieuxbois”, do suíço Rodolphe Töpffer, de 1837 e concluindo com cinco títulos editados já este ano. Embora haja uma maior presença de títulos mais recentes – 214 são da primeira década deste século, 191 da década de 1990 e 152 da década imediatamente anterior – clássicos como Popeye, Krazy Kat, Dick Tracy ou Príncipe Valente não foram esquecidos estando incluídos nesta selecção que abrange as mais díspares temáticas, do biográfico ao western, do humor ao erótico, da BD infantil ao romance, do underground aos super-heróis.
E se Portugal está representado por apenas um título, tal como o Quénia e a Malásia (!), dada a origem do projecto não surpreenderá ninguém que os Estados Unidos sejam o país com maior representação (385 títulos), seguidos de Japão (149), França (123), Inglaterra (80) e Bélgica (63), sendo no total 41 os países contemplados. No entanto, os portugueses encontrarão outros títulos bem familiares, como a Turma da Mônica e Tex distribuídos mensalmente nos nossos quiosques, Cuto, que fez as delícias da geração que leu o Mosquito, ou séries nipónicas mais actuais como Dragon Ball ou Naruto, preferidas das novas gerações.
A reter
- Este livro representa apenas uma selecção. Que, como todas as selecções, vale o que vale. Pode valer mais – vale com certeza - pela reconhecida competência de quem a encabeçou e pela grande quantidade de títulos seleccionados. O que me leva ao ponto seguinte:
- 1001 bandas desenhadas são muitas bandas desenhadas!
- Uma análise breve aos títulos seleccionados, confirmou algo que já sabia: ainda tenho muita BD para ler! Mesmo que tenha lido (nalguns casos só parcialmente) cerca de quatro centenas dos títulos/séries seleccionadas. O próprio Paul Gravett confessa não as ter lido todas – O diário de K é, possivelmente, uma das suas falhas – embora justifique o facto pelo medo de morrer após concluir a leitura das 1001 BD!
Menos conseguido
- A confusão entre episódios e séries integrais, que me parece difícil de justificar, nomeadamente no que diz respeito à banda desenhada europeia.
Desafio
Como disse atrás, li total ou parcialmente cerca de 400 das obras incluídas neste livro. E os leitores deste texto, quantas conhecem? Confiram na lista que está já a seguir e deixem a resposta em forma de comentário.
1001 Comics You Must Read Before You Die
- As obras
- Os autores
- Por países
- Por ano
- Por temáticas
(versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 25 de Outubro de 2011)
07/11/2011
1001 Comics You Must Read Before You Die
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06/11/2011
Tintin por... (III)
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05/11/2011
AmadoraBD 2011 (IV)
5 e 6 de Novembro
Balanço
Chega ao fim este fim-de-semana o AmadoraBD. Como todos os anos, são mais as críticas do que os elogios, pois a natureza humana está sempre mais predisposta para aqueles. O que não quer dizer que muitas delas não sejam justas.
Pessoalmente, confesso que o facto de este ano ter estado mais próximo da organização, como comissário de uma exposição – a par da leitura da entrevista ao vereador da Cultura da C.M. Amadora, António Moreira, publicada no BDJornal #28 – me ajudou a perceber algumas das condicionantes que o festival tem que, se não justificam tudo, explicam algumas coisas.
Desde logo a necessidade de o projecto de arquitectura do Fórum Luís de Camões – este ano mais funcional e melhor sinalizado - ter de estar pronto em Janeiro, muito antes de estarem definidas as exposições…
Depois, o facto de o orçamento ser aprovado apenas em Julho, o que condiciona enormemente a programação e a sua divulgação, em especial, a possibilidade de ter grandes nomes da BD como convidados, daqueles que chamam fãs e o grande público e provocam as grandes enchentes que o festival já teve. Como contrapartida surgem no festival autores pouco ou nada conhecidos, sem exposição e sem livros à venda, condenados a passar despercebidos ou a desenhar em folhas soltas de papel.
Os aspectos atrás citados são burocráticos, chamemos-lhe assim, mas devem ser repensados, sob pena de a continuidade do festival ser colocada em risco.
Recorrentemente, tem surgido a ideia de que o festival poderia ser melhor se durasse apenas 4 ou 5 dias em lugar de três fins-de-semana. Se para mim, que moro em V. N. Gaia e normalmente só vou uma vez à Amadora, seria melhor, percebo perfeitamente a necessidade da autarquia rentabilizar o (grande) esforço financeiro feito. Quer prolongando no tempo o evento – e, dessa forma, o seu mediatismo – quer aproveitando-o para levar lá os alunos das escolas locais.
Além disso, a BD não tem em Portugal - em termos culturais e financeiros - o peso que tem nos países francófonos, nos EUA ou mesmo em Espanha, pelo que estas diferentes realidades dificilmente são comparáveis. E o mesmo se aplica aos modelos.
Questões semelhantes justificam a dispersão do festival pela cidade da Amadora, no aproveitamento e ocupação (durante algumas semanas ou meses…) de espaços camarários, possivelmente sem custos directos. A verdade, no entanto, é que, devido à distância entre elas a maioria dos visitantes passa ao lado dessas mostras. E, este ano, exposições como as de Relvas ou José Pires, mereciam ter mais público (digo eu, que não tive hipótese de as visitar…)
Em termos de exposições, cujo bom nível deve ser salientado, regista-se mais uma vez a ausência de autores ligados ao manga e aos super-heróis – e não têm de ser japoneses ou norte-americanos, podem ser europeus… - por ser lacuna grave e por serem passíveis de contribuir para a renovação geracional dos visitantes do AmadoraBD.
Isto não invalida o interesse das que foram apresentadas, onde me apraz destacar as dedicadas a Filipe Melo (enquanto argumentista…), Filipe Andrade, a solo e com Filipe Pina, Rui Lacas, Carlos Roque (relativamente simples mas bastante abrangente), Nelson Martins ou David Soares/Pedro Serpa…
A estas, há que acrescentar a mostra central, uma proposta de leitura – uma das possíveis – feita por Osvaldo Macedo de Sousa acerca do papel do humor nos quadradinhos ao longo da sua história, onde, a par do aspecto didáctico foi possível encontrar originais bem interessantes.
Originais também presentes na dedicada aos 60 anos dos Peanuts, embora em número reduzido, com a agravante, aqui, da (aparente) falta de parte dos painéis previstos…
Voltando à questão arquitectural - que compensou bem a redução do número de exposições a que o corte de um terço do orçamento obrigou - penso que as mostras do piso inferior continuam a ter alguma falta de visibilidade, pela colocação da feira logo no início. Quanto à zona dos autógrafos, se este ano esteve melhor do que em anos recentes, pecou por “encerrar” os autores longe da vista de quem pass(e)ava. Já agora, porque não criar um espaço único mais aberto, de venda e autógrafos, em que os autores assinem junto das bancas que têm os seus livros, potenciando um e outro aspecto?
Podendo ser questão de pormenor para a generalidade dos visitantes, há que saudar o facto de este ano o programa e o catálogo estarem disponíveis desde o início do festival. O que prova que tal é possível.
Em termos de edições, penso que continua a faltar a publicação autónoma dos premiados do concurso e de outros trabalhos que o júri ache relevantes, mesmo que numa edição sem luxos nem manias de grandeza. Porque a BD – toda a BD – antes do mais é para ser lida.
Ainda em termos editoriais, este ano o AmadoraBD – mais uma vez – fica marcado pelo bom número de lançamentos nacionais, sendo incontornável o sucesso – a vários níveis – do lançamento de “As Extraordinárias Aventuras de Dog Mendonça e PizzaBoy II – Apocalipse”. E num aparte, quero frisar a importância da acção dos autores neste particular, substituindo-se à editora, sim, mas “fazendo pela vida” – algo que muitas vezes tem faltado na BD nacional. O que também ajuda a explicar aquele sucesso.
Mais poderia ser dito, sem dúvida, mas penso que foquei os aspectos mais relevantes.
Com o pano a cair sobre a 22º Festival de BD da Amadora, fica a proposta de uma visita
hoje e/ou amanhã – o que, claro está, recomendo – e o programa previsto para estes dois dias.
AUDITÓRIO
Sábado, 5 de Novembro
16 h
Apresentação de “É de Noite Que Faço as Perguntas” (Edições Saída de Emergência), com David Soares (argumento), e os desenhadores Jorge Coelho, André Coelho, João Maio Pinto e Daniel Silvestre da Silva
18 h
Apresentação de “Mahou na Origem da Magia” (Edições ASA), com Hugo Teixeira (desenho) e Vidazinha (argumento) e Pedro Mota
Domingo, 6 de Novembro
16 h
Lançamento informal de “As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e Pizza Boy” pela Dark Horse, seguido de visita à exposição, com Filipe Melo (argumento), Juan Cavia (desenho) e Santiago Villa (cor) e Pedro Mota
AUTÓGRAFOS
Sábado, 5 de Novembro
15h
André Coelho
Daniel Silvestre da Silva
David Soares
Geral & Derradé
Hugo Teixeira
João Maio Pinto
Jorge Coelho
José Ruy
Pedro Leitão
Ricardo Cabral
Victor Mesquita
Vidazinha
Yara Kono
16h
António Gomes dAlmeida
Geral & Derradé
Hugo Teixeira
José Ruy
Pedro Leitão
Ricardo Cabral
Roberta Gregory
Rui Lacas
Victor Mesquita
Vidazinha
Yara Kono
17h
António Gomes dAlmeida
Carlos Pedro
David Soares
Fernando Dordio
GEvan…
Hugo Teixeira
José Ruy
Mário Freitas
Nuno Duarte
Nuno Saraiva
Osvaldo Medina
Pedro Leitão
Ricardo Cabral
Roberta Gregory
Victor Mesquita
Vidazinha
18h
Carlos Pedro
Fernando Dordio
Geral & Derradé
GEvan…
José Ruy
Mário Freitas
Nuno Duarte
Nuno Saraiva
Osvaldo Medina
Ricardo Cabral
Roberta Gregory
Victor Mesquita
Domingo, 6 de Novembro
15h
André Coelho
Daniel Silvestre da Silva
David Soares
Filipe Melo
Geral & Derradé
Hugo Teixeira
João Maio Pinto
João Mascarenhas
Jorge Coelho
Juan Cavia
Maria João Worm
Pedro Leitão
Ricardo Cabral
Santiago Villa
Victor Mesquita
Vidazinha
16h
André Coelho
António Gomes dAlmeida
Daniel Silvestre da Silva
David Soares
Geral & Derradé
Hugo Teixeira
João Maio Pinto
João Mascarenhas
Jorge Coelho
Maria João Worm
Pedro Leitão
Ricardo Cabral
Roberta Gregory
Rui Lacas
Victor Mesquita
Vidazinha
17h
António Gomes dAlmeida
Carlos Pedro
David Soares
Fernando Dordio
Filipe Melo
GEvan…
Hugo Teixeira
Juan Cavia
Mário Freitas
Nuno Duarte
Osvaldo Medina
Pedro Serpa
Ricardo Cabral
Roberta Gregory
Rui Lacas
Santiago Villa
Vidazinha
18h
Carlos Pedro
David Soares
Fernando Dordio
Filipe Melo
Geral & Derradé
GEvan…
Hugo Teixeira
Juan Cavia
Mário Freitas
Nuno Duarte
Osvaldo Medina
Pedro Serpa
Ricardo Cabral
Roberta Gregory
Rui Lacas
Santiago Villa
Vidazinha
Balanço
Chega ao fim este fim-de-semana o AmadoraBD. Como todos os anos, são mais as críticas do que os elogios, pois a natureza humana está sempre mais predisposta para aqueles. O que não quer dizer que muitas delas não sejam justas.
Pessoalmente, confesso que o facto de este ano ter estado mais próximo da organização, como comissário de uma exposição – a par da leitura da entrevista ao vereador da Cultura da C.M. Amadora, António Moreira, publicada no BDJornal #28 – me ajudou a perceber algumas das condicionantes que o festival tem que, se não justificam tudo, explicam algumas coisas.
Desde logo a necessidade de o projecto de arquitectura do Fórum Luís de Camões – este ano mais funcional e melhor sinalizado - ter de estar pronto em Janeiro, muito antes de estarem definidas as exposições…
Depois, o facto de o orçamento ser aprovado apenas em Julho, o que condiciona enormemente a programação e a sua divulgação, em especial, a possibilidade de ter grandes nomes da BD como convidados, daqueles que chamam fãs e o grande público e provocam as grandes enchentes que o festival já teve. Como contrapartida surgem no festival autores pouco ou nada conhecidos, sem exposição e sem livros à venda, condenados a passar despercebidos ou a desenhar em folhas soltas de papel.
Os aspectos atrás citados são burocráticos, chamemos-lhe assim, mas devem ser repensados, sob pena de a continuidade do festival ser colocada em risco.
Recorrentemente, tem surgido a ideia de que o festival poderia ser melhor se durasse apenas 4 ou 5 dias em lugar de três fins-de-semana. Se para mim, que moro em V. N. Gaia e normalmente só vou uma vez à Amadora, seria melhor, percebo perfeitamente a necessidade da autarquia rentabilizar o (grande) esforço financeiro feito. Quer prolongando no tempo o evento – e, dessa forma, o seu mediatismo – quer aproveitando-o para levar lá os alunos das escolas locais.
Além disso, a BD não tem em Portugal - em termos culturais e financeiros - o peso que tem nos países francófonos, nos EUA ou mesmo em Espanha, pelo que estas diferentes realidades dificilmente são comparáveis. E o mesmo se aplica aos modelos.
Questões semelhantes justificam a dispersão do festival pela cidade da Amadora, no aproveitamento e ocupação (durante algumas semanas ou meses…) de espaços camarários, possivelmente sem custos directos. A verdade, no entanto, é que, devido à distância entre elas a maioria dos visitantes passa ao lado dessas mostras. E, este ano, exposições como as de Relvas ou José Pires, mereciam ter mais público (digo eu, que não tive hipótese de as visitar…)
Em termos de exposições, cujo bom nível deve ser salientado, regista-se mais uma vez a ausência de autores ligados ao manga e aos super-heróis – e não têm de ser japoneses ou norte-americanos, podem ser europeus… - por ser lacuna grave e por serem passíveis de contribuir para a renovação geracional dos visitantes do AmadoraBD.
Isto não invalida o interesse das que foram apresentadas, onde me apraz destacar as dedicadas a Filipe Melo (enquanto argumentista…), Filipe Andrade, a solo e com Filipe Pina, Rui Lacas, Carlos Roque (relativamente simples mas bastante abrangente), Nelson Martins ou David Soares/Pedro Serpa…
A estas, há que acrescentar a mostra central, uma proposta de leitura – uma das possíveis – feita por Osvaldo Macedo de Sousa acerca do papel do humor nos quadradinhos ao longo da sua história, onde, a par do aspecto didáctico foi possível encontrar originais bem interessantes.
Originais também presentes na dedicada aos 60 anos dos Peanuts, embora em número reduzido, com a agravante, aqui, da (aparente) falta de parte dos painéis previstos…
Voltando à questão arquitectural - que compensou bem a redução do número de exposições a que o corte de um terço do orçamento obrigou - penso que as mostras do piso inferior continuam a ter alguma falta de visibilidade, pela colocação da feira logo no início. Quanto à zona dos autógrafos, se este ano esteve melhor do que em anos recentes, pecou por “encerrar” os autores longe da vista de quem pass(e)ava. Já agora, porque não criar um espaço único mais aberto, de venda e autógrafos, em que os autores assinem junto das bancas que têm os seus livros, potenciando um e outro aspecto?
Em termos de edições, penso que continua a faltar a publicação autónoma dos premiados do concurso e de outros trabalhos que o júri ache relevantes, mesmo que numa edição sem luxos nem manias de grandeza. Porque a BD – toda a BD – antes do mais é para ser lida.
Ainda em termos editoriais, este ano o AmadoraBD – mais uma vez – fica marcado pelo bom número de lançamentos nacionais, sendo incontornável o sucesso – a vários níveis – do lançamento de “As Extraordinárias Aventuras de Dog Mendonça e PizzaBoy II – Apocalipse”. E num aparte, quero frisar a importância da acção dos autores neste particular, substituindo-se à editora, sim, mas “fazendo pela vida” – algo que muitas vezes tem faltado na BD nacional. O que também ajuda a explicar aquele sucesso.
Mais poderia ser dito, sem dúvida, mas penso que foquei os aspectos mais relevantes.
Com o pano a cair sobre a 22º Festival de BD da Amadora, fica a proposta de uma visita
hoje e/ou amanhã – o que, claro está, recomendo – e o programa previsto para estes dois dias.
AUDITÓRIO
Sábado, 5 de Novembro
16 h
Apresentação de “É de Noite Que Faço as Perguntas” (Edições Saída de Emergência), com David Soares (argumento), e os desenhadores Jorge Coelho, André Coelho, João Maio Pinto e Daniel Silvestre da Silva
18 h
Apresentação de “Mahou na Origem da Magia” (Edições ASA), com Hugo Teixeira (desenho) e Vidazinha (argumento) e Pedro Mota
Domingo, 6 de Novembro
16 h
Lançamento informal de “As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e Pizza Boy” pela Dark Horse, seguido de visita à exposição, com Filipe Melo (argumento), Juan Cavia (desenho) e Santiago Villa (cor) e Pedro Mota
AUTÓGRAFOS
Sábado, 5 de Novembro
15h
André Coelho
Daniel Silvestre da Silva
David Soares
Geral & Derradé
Hugo Teixeira
João Maio Pinto
Jorge Coelho
José Ruy
Pedro Leitão
Ricardo Cabral
Victor Mesquita
Vidazinha
Yara Kono
16h
António Gomes dAlmeida
Geral & Derradé
Hugo Teixeira
José Ruy
Pedro Leitão
Ricardo Cabral
Roberta Gregory
Rui Lacas
Victor Mesquita
Vidazinha
Yara Kono
17h
António Gomes dAlmeida
Carlos Pedro
David Soares
Fernando Dordio
GEvan…
Hugo Teixeira
José Ruy
Mário Freitas
Nuno Duarte
Nuno Saraiva
Osvaldo Medina
Pedro Leitão
Ricardo Cabral
Roberta Gregory
Victor Mesquita
Vidazinha
18h
Carlos Pedro
Fernando Dordio
Geral & Derradé
GEvan…
José Ruy
Mário Freitas
Nuno Duarte
Nuno Saraiva
Osvaldo Medina
Ricardo Cabral
Roberta Gregory
Victor Mesquita
Domingo, 6 de Novembro
15h
André Coelho
Daniel Silvestre da Silva
David Soares
Filipe Melo
Geral & Derradé
Hugo Teixeira
João Maio Pinto
João Mascarenhas
Jorge Coelho
Juan Cavia
Maria João Worm
Pedro Leitão
Ricardo Cabral
Santiago Villa
Victor Mesquita
Vidazinha
16h
André Coelho
António Gomes dAlmeida
Daniel Silvestre da Silva
David Soares
Geral & Derradé
Hugo Teixeira
João Maio Pinto
João Mascarenhas
Jorge Coelho
Maria João Worm
Pedro Leitão
Ricardo Cabral
Roberta Gregory
Rui Lacas
Victor Mesquita
Vidazinha
17h
António Gomes dAlmeida
Carlos Pedro
David Soares
Fernando Dordio
Filipe Melo
GEvan…
Hugo Teixeira
Juan Cavia
Mário Freitas
Nuno Duarte
Osvaldo Medina
Pedro Serpa
Ricardo Cabral
Roberta Gregory
Rui Lacas
Santiago Villa
Vidazinha
18h
Carlos Pedro
David Soares
Fernando Dordio
Filipe Melo
Geral & Derradé
GEvan…
Hugo Teixeira
Juan Cavia
Mário Freitas
Nuno Duarte
Osvaldo Medina
Pedro Serpa
Ricardo Cabral
Roberta Gregory
Rui Lacas
Santiago Villa
Vidazinha
04/11/2011
BD e ilustração na Mundo Fantasma
Lançamento de As Extraordinárias Aventuras de Dog Mendonça e PizzaBoy II – Apocalipse
O livro de banda desenhada “As Extraordinárias Aventuras de Dog Mendonça e PizzaBoy II – Apocalipse”, editado pela Tinta-da-china, vai ser apresentado hoje no Porto, às 18h na FNAC de Santa Catarina, e às 19h30 na Livraria Mundo Fantasma, no Centro Comercial Brasília, à Rotunda da Boavista, no Porto, com a presença dos respectivos autores: o português Filipe Melo (argumento) e os argentinos Juan Cavia (desenho) e Santiago Villa (cor).
Se no primeiro volume, que teve 3 edições, o lobisomen Dog Mendonça, o atendedor de call-center PizzaBoy, o demónio Pazuul e Edgar Agostinho, a gárgula falante, evitaram o fim do mundo planeado por nazis no subsolo de Lisboa, desta vez têm de evitar o Apocalipse bíblico, contando com a ajuda da Virgem Maria.
Trata-se de um relato divertido e repleto de acção, que tem prefácio do cineasta George Romero, a quem Filipe Melo pediu “emprestados” os zombies que surgem no livro, uma das muitas referências à cultura pop (cinematográfica, musical, televisiva e da própria BD) nele inscritas. Em relação ao primeiro tomo é notório o refinamento da escrita e a melhoria em termos de traço e de cor, qualidades que levaram a editora norte-americana Dark Horse Comics a encomendar uma história original aos autores, actualmente em publicação na revista Dark Horse Previews.
Exposição de José Manuel Saraiva: Divagando entre as palavras
Data: 5 de Novembro a 4 de Dezembro de 2011
Local: Galeria Mundo Fantasma, loja 509/510, Centro Comercial Brasília, Avenida da Boavista, 267, Porto
Horário: de 2ª a sábado, das 10h às 20h: Domingos e feriados, das 15h às 19h
Entretanto, amanhã, sábado, às 17 horas, também na Mundo Fantasma, será inaugurada a exposição “Divagando entre as palavras”, que reúne as ilustrações feitas por José Manuel Saraiva para um livro com poemas de Cesário Verde, publicado pela Faktoria K de Livros.
A mostra, que está patente até 4 de Dezembro, desvenda parte do processo criativo seguido pelo ilustrador, natural do Porto e professor na Escola Superior de Artes e Design, para captar graficamente a extraordinária plasticidade poética de Cesário Verde.
(Texto publicado no Jornal de Notícias de 4 de Novembro de 2011)
O livro de banda desenhada “As Extraordinárias Aventuras de Dog Mendonça e PizzaBoy II – Apocalipse”, editado pela Tinta-da-china, vai ser apresentado hoje no Porto, às 18h na FNAC de Santa Catarina, e às 19h30 na Livraria Mundo Fantasma, no Centro Comercial Brasília, à Rotunda da Boavista, no Porto, com a presença dos respectivos autores: o português Filipe Melo (argumento) e os argentinos Juan Cavia (desenho) e Santiago Villa (cor).
Se no primeiro volume, que teve 3 edições, o lobisomen Dog Mendonça, o atendedor de call-center PizzaBoy, o demónio Pazuul e Edgar Agostinho, a gárgula falante, evitaram o fim do mundo planeado por nazis no subsolo de Lisboa, desta vez têm de evitar o Apocalipse bíblico, contando com a ajuda da Virgem Maria.
Trata-se de um relato divertido e repleto de acção, que tem prefácio do cineasta George Romero, a quem Filipe Melo pediu “emprestados” os zombies que surgem no livro, uma das muitas referências à cultura pop (cinematográfica, musical, televisiva e da própria BD) nele inscritas. Em relação ao primeiro tomo é notório o refinamento da escrita e a melhoria em termos de traço e de cor, qualidades que levaram a editora norte-americana Dark Horse Comics a encomendar uma história original aos autores, actualmente em publicação na revista Dark Horse Previews.
Exposição de José Manuel Saraiva: Divagando entre as palavras
Data: 5 de Novembro a 4 de Dezembro de 2011
Local: Galeria Mundo Fantasma, loja 509/510, Centro Comercial Brasília, Avenida da Boavista, 267, Porto
Horário: de 2ª a sábado, das 10h às 20h: Domingos e feriados, das 15h às 19h
Entretanto, amanhã, sábado, às 17 horas, também na Mundo Fantasma, será inaugurada a exposição “Divagando entre as palavras”, que reúne as ilustrações feitas por José Manuel Saraiva para um livro com poemas de Cesário Verde, publicado pela Faktoria K de Livros.
A mostra, que está patente até 4 de Dezembro, desvenda parte do processo criativo seguido pelo ilustrador, natural do Porto e professor na Escola Superior de Artes e Design, para captar graficamente a extraordinária plasticidade poética de Cesário Verde.
(Texto publicado no Jornal de Notícias de 4 de Novembro de 2011)
Leituras relacionadas
BD para ver,
Dog Mendonça,
Filipe Melo,
José Manuel Saraiva,
Juan Cavia,
Mundo Fantasma
03/11/2011
Charlie Hebdo sofre atentado
As instalações da revista satírica francesa Charlie Hebdo foram destruídas anteontem de madrugada por um incêndio causado por um cocktail Molotov, previsivelmente lançado por fundamentalistas islâmicos. O atentado, que surge na sequência das ameaças que a publicação tinha recebido nos últimos dias, não foi reivindicado e terá sido a resposta ao número 1011 da revista, ontem posto à venda em França, que trazia na capa uma imagem do profeta Maomé, “convidado” para dirigir esse número, intitulado “Charia Hebdo”, a propósito da vitória do partido islamita Ennahda nas recentes eleições tunisinas.
Na caricatura, o profeta ameaça dar “100 chicotadas a quem não morrer de riso”. No miolo da publicação, a par das suas rubricas habituais, há diversos desenhos e artigos que têm os fanáticos religiosos como alvo e um editorial assinado por um tal “Mohamed Rassoul Allah” cujo e-mail é leprophete@charliehebdo.fr...
Os dois andares do edifício, recentemente ocupados pela publicação, ficaram completamente destruídos, o mesmo tendo acontecido com todo o equipamento informático. Ao mesmo tempo o site da revista era vítima de pirataria informática, sendo substituído por uma mensagem integrista islâmica.
As primeiras notícias indicam, no entanto, que a sobrevivência da revista não está em causa, uma vez que os seus arquivos em papel e digitais estavam noutro local. Entretanto, já diversos jornais franceses ofereceram as suas instalações para alojarem provisoriamente a “Charlie Hebdo” tendo o presidente da câmara de Paris feito uma proposta no mesmo sentido.
Durante a manhã de ontem os diversos colaboradores da revista, visivelmente abalados, foram passando pelo local. Charb, o desenhador que dirige a revista afirmou que os “autores do atentado não são verdadeiros muçulmanos”, acrescentando que o incêndio serve “os interesses da Frente Nacional” (partido de extrema-direita francês). E, com algum humor, acrescentou: “Nós combatemos os integristas com desenhos, textos e papel… e o papel arde bem.” Na mesma linha, Luz, autor do desenho de Maomé, ironizou: “A primeira vez que um islamista se serve de um cocktail, é para enfiá-lo pela nossa garganta abaixo”.
Entre as primeiras reacções ao sucedido contam-se as de Dominique Sopo, presidente do SOS Racisme, que afirmou : “A democracia é o direito à blasfémia. Os que cometeram este atentado são inimigos da democracia. Isto foi um auto de fé de que a Charlie Hebdo foi vítima”.
Entretanto, o primeiro efeito do atentado foi uma corrida aos quiosques, tendo a “Charia Hebdo” esgotado em poucos minutos em muitos pontos de venda. Uma situação similar à que se passou quando a “Charlie Hebdo” publicou as caricaturas dinamarquesas do mesmo profeta Maomé, em 2005, num número cujas vendas ultrapassaram os 400 mil exemplares. O que será sem dúvida um balão de oxigénio para a revista, que desde há alguns meses está a ultrapassar problemas financeiros.
A revista “Charlie Hebdo” existe desde 1970, tendo sido criada por Georges Bernier e François Cavanna, uma semana após a proibição pelo governo francês da “Hara-Kiri Hebdo”, nascida dois anos antes, na sequência dos ventos de mudança introduzidos pelas manifestações de Maio de 1968, mantendo a mesma linha satírica, contundente e incómoda, que não poupa ninguém nem respeita qualquer tabu.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 3 de Novembro de 2011)
Na caricatura, o profeta ameaça dar “100 chicotadas a quem não morrer de riso”. No miolo da publicação, a par das suas rubricas habituais, há diversos desenhos e artigos que têm os fanáticos religiosos como alvo e um editorial assinado por um tal “Mohamed Rassoul Allah” cujo e-mail é leprophete@charliehebdo.fr...
Os dois andares do edifício, recentemente ocupados pela publicação, ficaram completamente destruídos, o mesmo tendo acontecido com todo o equipamento informático. Ao mesmo tempo o site da revista era vítima de pirataria informática, sendo substituído por uma mensagem integrista islâmica.
As primeiras notícias indicam, no entanto, que a sobrevivência da revista não está em causa, uma vez que os seus arquivos em papel e digitais estavam noutro local. Entretanto, já diversos jornais franceses ofereceram as suas instalações para alojarem provisoriamente a “Charlie Hebdo” tendo o presidente da câmara de Paris feito uma proposta no mesmo sentido.
Durante a manhã de ontem os diversos colaboradores da revista, visivelmente abalados, foram passando pelo local. Charb, o desenhador que dirige a revista afirmou que os “autores do atentado não são verdadeiros muçulmanos”, acrescentando que o incêndio serve “os interesses da Frente Nacional” (partido de extrema-direita francês). E, com algum humor, acrescentou: “Nós combatemos os integristas com desenhos, textos e papel… e o papel arde bem.” Na mesma linha, Luz, autor do desenho de Maomé, ironizou: “A primeira vez que um islamista se serve de um cocktail, é para enfiá-lo pela nossa garganta abaixo”.
Entre as primeiras reacções ao sucedido contam-se as de Dominique Sopo, presidente do SOS Racisme, que afirmou : “A democracia é o direito à blasfémia. Os que cometeram este atentado são inimigos da democracia. Isto foi um auto de fé de que a Charlie Hebdo foi vítima”.
Entretanto, o primeiro efeito do atentado foi uma corrida aos quiosques, tendo a “Charia Hebdo” esgotado em poucos minutos em muitos pontos de venda. Uma situação similar à que se passou quando a “Charlie Hebdo” publicou as caricaturas dinamarquesas do mesmo profeta Maomé, em 2005, num número cujas vendas ultrapassaram os 400 mil exemplares. O que será sem dúvida um balão de oxigénio para a revista, que desde há alguns meses está a ultrapassar problemas financeiros.
A revista “Charlie Hebdo” existe desde 1970, tendo sido criada por Georges Bernier e François Cavanna, uma semana após a proibição pelo governo francês da “Hara-Kiri Hebdo”, nascida dois anos antes, na sequência dos ventos de mudança introduzidos pelas manifestações de Maio de 1968, mantendo a mesma linha satírica, contundente e incómoda, que não poupa ninguém nem respeita qualquer tabu.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 3 de Novembro de 2011)
02/11/2011
Monica’s gang
Mónica y su Pandilla
Maurício de Sousa Produções (argumento e desenho)Panini Comics (Brasil, Setembro de 2009)
135x190 mm, 68 p., cor, revista mensal
1,50€ / R$ 3,20
A Turma da Mônica, para além da óbvia componente de diversão, desde há muito está associada a preocupações educativas. Não só com a participação das suas personagens (e do seu autor!) em campanhas institucionais, brasileiras e internacionais - sobre educação, vacinação, alimentação, prevenção, etc. – mas também através dos ensinamentos e valores explícitos nas suas histórias aos quadradinhos e na forma como interagem e se relacionam os seus diferentes membros.
Em meados de Outubro, chegaram às bancas portuguesas as versões inglesa - Monica’s gang - e espanhola - Mónica y su Pandilla – que são mais dois vectores dessa vocação educativa.
Na sua origem, estão duas preocupações: chegar a falantes daqueles idiomas residentes no Brasil e iniciar os leitores mais pequenos em duas línguas cada vez mais fundamentais no mundo actual.
A mudança, em relação às edições originais, é só uma: os nomes dos protagonistas. Por isso, em vez de Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali, Penadinho ou Bidú, em inglês, descobrimos Monica, Jimmy Five (que troca os “rr” por “ww”), Smudge, Maggy, Bug-a-Booo ou Blu, e, em espanhol, encontramos Mónica, Cebollita, Cascarón, Magáli, Penadito e Bidú… Quanto ao resto, se é verdade que alguns trocadilhos se perdem, a boa disposição e o humor continuam os mesmos, mostrando a intemporalidade e a universalidade da criação de Maurício de Sousa.
Estas duas revistas, agora disponíveis entre nós, poderão até, em muitos casos, ser melhor porta de entrada para esse universo que tem entretido e formado gerações de leitores, do que as edições originais no (estranho) brasileiro que, apesar do (triste e ilusório) Acordo Ortográfico, muitas vezes as novas gerações (já) não entendem nem acompanham…
Leituras relacionadas
Maurício de Sousa,
Panini,
Turma da Mônica
01/11/2011
Tintin por... (II)
Leituras relacionadas
Miguel Rocha,
Nelson Martins,
Tintin por...
As Melhores Leituras
Outubro 2011
Mágico Vento #106 – Confronto final (Mythos Editora),
de Manfredi (argumento) e Siniscalchi (desenho)
Scott Pilgrim #4 - Agora é a sério (Booksmile),
de Bryan Lee O’Malley (argumento e desenho)
Tintin - As jóias de Castafiore (Edições ASA),
de Hergé (argumento e desenho)
Portugal (Dupuis), de Cyril Pedrosa (argumento e desenho)
J. Kendall - Aventuras de uma criminóloga #77 - Ameaça em domicílio (Mythos Editora), de Giancarlo Berardi e Lorenzo Calza (argumento) e Enio (desenho)
Cubitus - l'intégrale #4 (Le Lombard),
de Dupa (argumento e desenho)
Les Ignorants (Futuropolis),
de Étienne Davodeau (argumento e desenho)
o pEQUENO dEUS CEGO (Kingpin Books),
de David Soares (argumento) e Pedro Serpa (desenho)
Dragon Ball #13 – Son Goku contra-ataca (Edições ASA),
de Akira Toriyama (argumento e desenho)
As Extraordinárias Aventuras de Dog Mendonça e PizzaBoy II – Apocalipse (Tinta da China), de Filipe Melo (argumento), Juan Cavia (desenho), Santiago Villa (cor) e Martin Tejada (adaptação sequencial)
31/10/2011
Entrevista com Cyril Pedrosa
“Tentei ser sincero”
Editado há poucas semanas pela Dupuis, Portugal tem sido (justa e) unanimemente considerado um dos grandes romances desenhados de 2011. Eis o registo de uma pequena conversa à distância com o seu autor, Cyril Pedrosa, para conhecer um pouco melhor a génese de um livro em que fala das suas origens portuguesas.
As Leituras do Pedro - Porquê um livro sobre Portugal?
Cyril Pedrosa – Os meus avós eram portugueses e, por isso, a história da minha família está muito impregnada com os nossos laços com Portugal. Havia muitas coisas que eu sentia em relação à nossa história familiar (a dificuldade de falar de Portugal entre nós, a minha própria dificuldade em fazer qualquer coisa sobre as minhas origens portuguesas) mas que eu não conseguia explicar.
E depois, há alguns anos, fui convidado do Festival de Banda Desenhada da Amadora e para mim foi um grande choque, foi muito emotivo. Senti-me como se estivesse “em casa”, apesar de não conhecer nada desse país. Foi isso que desencadeou a vontade de escrever esta história, para tentar compreender porque me sentia ligado a um país e a uma língua de que conhecia tão pouco.
ALP – Então esta história é autobiográfica?
CP – O ponto de partida é autobiográfico. Simon, o protagonista, é bastante parecido comigo e, como eu, ele “redescobre” os seus laços com Portugal durante um festival de banda desenhada. Mas depois, ao contar a história, inventei muitas coisas. Por isso, é uma ficção, mas com muitos elementos pessoais.
ALP – Que história conta neste livro?
CP – É a história de Simon, um francês neto de emigrantes portugueses, que faz banda desenhada mas que está num momento mau da sua vida, um pouco deprimido. Uma viagem profissional a Lisboa fá-lo descobrir a que ponto ama Portugal, as pessoas com quem se cruza na rua, como se fossem a sua família, como se estivesse em “sua casa”. Isso perturba-o e ele põe-se a tentar compreender porque perdeu os laços com aquele país. Vai então aproximar-se da sua família em França, com quem mantinha uma relação distante, participar numa grande festa familiar onde vai rever o seu avô sob um olhar diferente, compreender um pouco melhor porque é que o seu pai não foi capaz de lhe transmitir essa ligação com Portugal. Depois, na parte final do livro, regressa a Portugal, para tentar descobrir a história do seu avô.
ALP – De que Portugal fala neste livro ? Porquê?
CP – Falo de um Portugal imaginário, quer dizer, aquele que eu conheço e que não é o verdadeiro Portugal. É um Portugal “emocional”, o das sensações e da afeição que tenho por esse país, por esse povo, por essa língua. Sei perfeitamente que não conheço a realidade do país, para isso teria que viver nele. Mas conheço a beleza da sua língua, a generosidade dos portugueses e também conheço bastante bem a região de onde são originários os meus avós, uma pequena aldeia perto da Figueira da Foz (chamada Marinha da Costa, onde decorre a última parte do livro).
Tentei ser sincero, não utilizar clichés, mesmo sabendo que tinha um conhecimento superficial de Portugal.
ALP – Conseguiu responder às suas questões relativas a Portugal?
CP – Não sei se consegui responder às minhas questões, mas sinto-me aliviado em relação a algumas coisas. Penso que para mim o importante não era forçosamente responder a todas as questões, mas sim colocar essas questões, dizer a mim próprio e aos que me são próximos, “estão a ver, esta história, a nossa história, é uma história bonita, devemos interessar-nos por ela”.
ALP – Como reagiram os seus familiares ao livro?
CP – Penso que se sentiram muito tocados e emocionados, mas não me disseram tudo o que pensavam :)
ALP – Esteve em Portugal para fazer esboços?
CP – Sim, passei três meses em Portugal, para escrever e desenhar, fazer esboços, tirar fotografias, viver no local, ter o prazer de conhecer melhor os meus primos que moram aí, aprender a falar um pouco de português… Foram três meses formidáveis!
ALP – Portugal vai ser editado em… Portugal?
CP – Gostava muito que fosse! O meu editor francês disse-me que tinha sido contactado por uma editora portuguesa. Espero sinceramente que isso se concretize.
Editado há poucas semanas pela Dupuis, Portugal tem sido (justa e) unanimemente considerado um dos grandes romances desenhados de 2011. Eis o registo de uma pequena conversa à distância com o seu autor, Cyril Pedrosa, para conhecer um pouco melhor a génese de um livro em que fala das suas origens portuguesas.
As Leituras do Pedro - Porquê um livro sobre Portugal?
Cyril Pedrosa – Os meus avós eram portugueses e, por isso, a história da minha família está muito impregnada com os nossos laços com Portugal. Havia muitas coisas que eu sentia em relação à nossa história familiar (a dificuldade de falar de Portugal entre nós, a minha própria dificuldade em fazer qualquer coisa sobre as minhas origens portuguesas) mas que eu não conseguia explicar.
E depois, há alguns anos, fui convidado do Festival de Banda Desenhada da Amadora e para mim foi um grande choque, foi muito emotivo. Senti-me como se estivesse “em casa”, apesar de não conhecer nada desse país. Foi isso que desencadeou a vontade de escrever esta história, para tentar compreender porque me sentia ligado a um país e a uma língua de que conhecia tão pouco.
ALP – Então esta história é autobiográfica?
CP – O ponto de partida é autobiográfico. Simon, o protagonista, é bastante parecido comigo e, como eu, ele “redescobre” os seus laços com Portugal durante um festival de banda desenhada. Mas depois, ao contar a história, inventei muitas coisas. Por isso, é uma ficção, mas com muitos elementos pessoais.
ALP – Que história conta neste livro?
CP – É a história de Simon, um francês neto de emigrantes portugueses, que faz banda desenhada mas que está num momento mau da sua vida, um pouco deprimido. Uma viagem profissional a Lisboa fá-lo descobrir a que ponto ama Portugal, as pessoas com quem se cruza na rua, como se fossem a sua família, como se estivesse em “sua casa”. Isso perturba-o e ele põe-se a tentar compreender porque perdeu os laços com aquele país. Vai então aproximar-se da sua família em França, com quem mantinha uma relação distante, participar numa grande festa familiar onde vai rever o seu avô sob um olhar diferente, compreender um pouco melhor porque é que o seu pai não foi capaz de lhe transmitir essa ligação com Portugal. Depois, na parte final do livro, regressa a Portugal, para tentar descobrir a história do seu avô.
ALP – De que Portugal fala neste livro ? Porquê?
CP – Falo de um Portugal imaginário, quer dizer, aquele que eu conheço e que não é o verdadeiro Portugal. É um Portugal “emocional”, o das sensações e da afeição que tenho por esse país, por esse povo, por essa língua. Sei perfeitamente que não conheço a realidade do país, para isso teria que viver nele. Mas conheço a beleza da sua língua, a generosidade dos portugueses e também conheço bastante bem a região de onde são originários os meus avós, uma pequena aldeia perto da Figueira da Foz (chamada Marinha da Costa, onde decorre a última parte do livro).
Tentei ser sincero, não utilizar clichés, mesmo sabendo que tinha um conhecimento superficial de Portugal.
ALP – Conseguiu responder às suas questões relativas a Portugal?
CP – Não sei se consegui responder às minhas questões, mas sinto-me aliviado em relação a algumas coisas. Penso que para mim o importante não era forçosamente responder a todas as questões, mas sim colocar essas questões, dizer a mim próprio e aos que me são próximos, “estão a ver, esta história, a nossa história, é uma história bonita, devemos interessar-nos por ela”.
ALP – Como reagiram os seus familiares ao livro?
CP – Penso que se sentiram muito tocados e emocionados, mas não me disseram tudo o que pensavam :)
ALP – Esteve em Portugal para fazer esboços?
CP – Sim, passei três meses em Portugal, para escrever e desenhar, fazer esboços, tirar fotografias, viver no local, ter o prazer de conhecer melhor os meus primos que moram aí, aprender a falar um pouco de português… Foram três meses formidáveis!
ALP – Portugal vai ser editado em… Portugal?
CP – Gostava muito que fosse! O meu editor francês disse-me que tinha sido contactado por uma editora portuguesa. Espero sinceramente que isso se concretize.
30/10/2011
Prémios Nacionais de BD 2011
Melhor Álbum Português
O Amor Infinito que te Tenho - Paulo Monteiro - Polvo
Melhor Argumento de Autor Português
Victor Mesquita - Eternus 9 A Cidade dos Espelhos - Gradiva Publicações
Melhor Desenho de Autor Português
Ricardo Cabral - Newborn 10 Dias no Kosovo - Edições ASA
e
e
Prémio da Juventude
Newborn 10 Dias no Kosovo - Ricardo Cabral - Edições ASA
Melhor Álbum de Autor Português em Língua Estrangeira
Agencia de Viajes Leming - José Carlos Fernandes - Astiberri
Melhor Álbum Estrangeiro (editado em Portugal)
Blacksad - O Inferno, o Silêncio - Díaz Canales e Guarnido - Edições ASA
Melhor Álbum de Tiras Humorísticas
Happy Sex - ZEP - Edições ASA
Melhor Ilustração de Livro Infantil (Autor Português)
Ana Afonso - O Lobo Prateado - Editorial Caminho
Melhor Ilustração Estrangeira de Livro Infantil
Marjorie Priceman - Paris na Primavera com Picasso - Gradiva Publicações
Clássicos 9ª Arte
Astro Boy #3 - Osamu Tezuka - Edições ASA
Fanzine
Venham + 5 nº8 - Paulo Monteiro (coordenador) - CM Beja/Bedeteca de Beja
TROFÉU DE HONRA
Pseudónimo de José Manuel Domingues Alves Mendes (Lisboa, Janeiro de 1944) cartoonista, ilustrador, e criador de banda desenhada.
A revista O Século Ilustrado mostrou os seus primeiros desenhos aos seis anos. Em 1959, publicou as primeiras anedotas em Os Ridículos e, em 1961, estreou-se profissionalmente como ilustrador de cartoons na Parada da Paródia.
Tem o curso de desenhador-gravador-litógrafo na Escola de Artes Decorativas António Arroio.
Entre as muitas publicações para as quais trabalhou contam-se O Brincalhão, A Parada da Paródia, o Jornal do Exército, A Chucha, a Rádio & Televisão, O Emigrante, Bomba H, Fungagá da Bicharada, o fanzine Tertúlia BDzine, a obra colectiva Novas 'fitas' de Juca & Zeca, bem como o álbum infantil Os Burros, as Flores e o Sol, que foi editado no Japão.
É filho do criador de banda desenhada António Alves Mendes (Méco).
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