10/01/2012

Auto da Barca do Inferno






Gil Vicente (texto original)
Laudo Ferreira (desenho)
Omar Viñole (cor)
Colecção Clássicos em HQ
Editora Peirópolis (Brasil, Agosto de 2011)
200 x 270 mm, 56 p., cor, brochado com badanas
R$ 35,00


1.       Confesso que não sou fã da utilização do texto integral de uma obra original numa adaptação em banda desenhada.
2.      Ou em qualquer outro meio, refira-se.
3.      Porque literatura, teatro, cinema ou banda desenhada são géneros narrativos díspares, com regras e códigos próprios – apesar de alguns pontos de contacto.
4.      Por isso, a transposição do texto integral de uma obra em qualquer daqueles géneros para outro, implica sempre a quebras das tais regras e códigos, provocando – no mínimo – estranheza e prejudicando a sua legibilidade.
5.      No caso do álbum presente, a situação agrava-se pois estamos a falar de um texto – magnífico! - com cerca de 5o0 anos, com todas as diferenças de significado e de grafia que facilmente se imaginam.
6.      Não quero com isto dizer que não entendo o conceito – que até pode ser louvável – que preside a esta opção: chamar a atenção dos leitores actuais para obras clássicas.
7.      Mas, mesmo tendo isso em conta, não me parece que a opção tomada seja a mais indicada. Passo a explicar porquê:
8.     Primeiro, porque o esforço a que obriga a leitura do português antigo, facilmente desencorajará o leitor de hoje. O ganho seria evidente, se a linguagem fosse actualizada e adaptada ao género narrativo escolhido, respeitando o espírito e os princípios do magnífico original de Gil Vcente.
9.      Depois, porque se um leitor comum tiver o desejo de descobrir o original videntino, dificilmente o procurará numa edição aos quadradinhos.
10.  Feito este preâmbulo, que já vai demasiado longo, passemos então à obra em si, a meu ver demasiado penalizada pela opção editorial de base, uma vez que, graficamente, Laudo Ferreira desenvolveu um trabalho que (quase) só merece elogios.
11.   Desde logo pela dinâmica e pela cadência de leitura impostas que – a espaços – conseguem contrariar as limitações de ritmo provocadas pelo português arcaico.
12.  Assente na expressividade física e gráfica das personagens, na planificação diversificada e no bom trabalho de cor de Omar Viñole.
13.  Também - e muito - porque o seu estilo caricatural se adequa às mil maravilhas ao tom mordaz e crítico do original de Gil Vicente, acentuando as características, qualidades e defeitos de cada uma das personagens-tipo – fidalgo, onzeneiro, parvo, sapateiro, padre, Brísida Vaz, judeu, etc. - falecidas que buscam a barca que as conduzirá ao paraíso (ou, na maior parte dos casos) ao inferno.
14.  Na verdade, vale a pena perder – ganhar, sem dúvida – algum tempo a apreciar com mais pormenor cada uma das personagens, com especial destaque para o barqueiro diabólico.
15.   Veja-se o seu olhar trocista e malévolo, o ar com que contesta as razões daqueles que recusam entrar na sua barca, a sua figura imponente, distinta e enganadoramente acolhedora, o ar triunfal após cada embarque no seu navio…
16.  O que no seu conjunto faz dele – bem como de muitos dos outros - uma personagem extremamente conseguida e que encarna na perfeição – acredito eu – o que o mestre português tinha em mente quando escreveu a sua peça teatral.
17.   E esse é outro trunfo desta adaptação, a forma como Laudo Ferreira conseguiu “encenar” no palco que são os quadradinhos da sua história, o texto teatral vicentino…
18.  … conferindo à BD um invulgar mas estimulante tom teatral – no excesso dos gestos, na pose declamatória tantas vezes assumida, na importância dada às expressões, na sua divisão em “actos”...
19.  Por isso, apesar do texto integral original, confesso que foi um prazer recordar desta forma o “Auto da Barca do Inferno”, embora reste a sensação de que, tendo sido outra a opção, esta adaptação poderia ter-se tornado uma obra de referência…
20.  Por isso, acredito que o aplauso à obra expresso por Gil Vicente, no final da “peça encenada” a que assiste ao lado de Laudo Ferreira, tem toda a justificação e teria certamente lugar se ele a tivesse podido ler, assim existissem já histórias aos quadradinhos quando escreveu a sua peça.
21.  A finalizar, fica a estranheza pelo facto de, num tempo em que (supostamente) existe um Acordo Ortográfico que (supostamente) serve para uniformizar a escrita entre os países lusófonos, uma obra baseada num clássico da literatura portuguesa, apoiada pela Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas portuguesa e pelo Ministério da Cultura português, não esteja disponível em Portugal…
22. (A exemplo do que acontece, a outro nível, com outros contornos, com  a ausência, no Brasil, das edições portuguesas de BD (da ASA) do grupo Leya, e na ausência, em Portugal, das edições de BD da filial brasileira da Leya…)


09/01/2012

Leituras de Banca

Janeiro 2012

Títulos que já estão ou estarão em breve disponíveis nas bancas portuguesas.


Marvel (Panini Comics)
Homem-Aranha #113
Os Novos Vingadores #88
Wolverine #77
X-Men #113
Universo Marvel #11 

DC Comics (Panini Comics)
Batman #103
Liga da Justiça #102
Superman #103
Universo DC #12 


Turma da Mónica (Panini Comics)
Almanaque da Mônica #28
Almanaque do Cascão #28
Almanaque do Cebolinha #28
Almanaque do Louco #2
Almanaque Turma do Astronauta #9
Cascão #55
Cebola Jovem #1
Cebolinha #55
Chico Bento #55
Grande Almanaque de Férias da Turma da Mônica #10
Magali #55
Mônica #55
Monica’s Gang (Turma da Mônica em inglês) #4
Mónica y su Pandilla (Turma da Mônica em espanhol) #4
Ronaldinho Gaúcho e Turma da Mônica #55
Turma da Mônica – Uma aventura no parque #55
Turma da Mónica – Saiba mais #46 – Biodiversidade
Turma da Mônica Jovem #37
Turma da Mônica – Colecção Histórica #24







Bonelli (Mythos Editora)
Almanaque Tex #39
J. Kendall – Aventuras de uma criminóloga #80
Mágico Vento #109
Tex #475
Tex Colecção #267
Tex Edição de Ouro #47
Zagor #123
Zagor Especial #34
Zagor Extra #88

08/01/2012

Melhores Leituras de 2011


O final ou início de cada ano é sempre pretexto para listas mais ou menos longas que, reflectindo apenas o gosto de quem as elabora, não deixam no entanto de ajudar a compor uma imagem – subjectiva, portanto – do ano que terminou.
Após alguma hesitação – por questionar a sua utilidade, porque mensalmente já faço esse destaque aqui – decidi-me a listar, (possivelmente?) por ordem de preferência, as melhores obras que li durante 2011, independentemente da sua data de publicação.
Após diversas tentativas, optei por as dividir em quatro categorias – discutíveis, obviamente - de diferentes dimensão: autores nacionais, edições em língua portuguesa, edições em língua estrangeira e revistas.
Sem mais delongas, aqui ficam elas. 

Autores Nacionais
Quim e Manecas 1915-1918 (Tinta da China),
de Stuart Carvalhais e João Paulo de Paiva Boléo 
(Tinta da China), de Filipe Melo, Juan Cavia, Santiago Villa e Martin Tejada

Agencia de viajes Lemming (Astiberri), de José Carlos Fernandes

Edições em Língua Portuguesa


Blankets (Devir), de Craig Thompson


Ele foi mau para ela (Libri Impressi), de Milt Gross
Peanuts - Obra Completa - 1961-1962 (Afrontamento), de Schulz


Edições em Língua Estrangeira

Habibi (Casterman), de Craig Thompson
Portugal (Dupuis), de Cyril Pedrosa
Les Ignorants (Futuropolis), de Étienne Davodeau

Voyageaux îles de la Désolation (Futuropolis), de Lepage
100 balas – volume 1 de 4 (Planeta de Agostini), de Brian Azzarello e Eduardo Risso

Revistas
(Edição mensal da Myhtos Editora) 

07/01/2012

Figuras para 2012

Este novo ano de 2012 começa bem para os que gostam de coleccionar artigos para-BD.
Isto porque a Planeta DeAgostini lança já em Portugal na próxima segunda-feira a colecção Os automóveis de Michel Vaillant, que se vem juntar aos dois outros coleccionáveis relacionados com histórias aos quadradinhos que a editora tem em curso: Figuras Marvel de Colecção e DC Comics – Super-heróis – Figuras de Colecção.
Eis os seus detalhes:

Os automóveis de Michel Vaillant
Início: 9 de Janeiro de 2012
Nº de entregas: 24 (correspondentes a 26 viaturas)
Conteúdo: uma viatura escala 1/43, com figuras humanas, reproduzida dos álbuns de Michel Vaillant, e um fascículo de 12 páginas, analisando o veículo na banda desenhada e no seu contexto histórico.
Preço: nº 1 – 7,99 € (2 carros)
             nº 2 – 14,99 € (2 carros);
             nº 3 a 24 – 14,99 € (1 carro);
             caixa arquivadora – 7,99 € (nº 16)
Spot TV

Figuras Marvel de Colecção
Nº de entregas: 60 (35 já editadas)
Conteúdo: um herói (ou vilão) Marvel e um fascículo de 20 páginas, com o seu historial, aliados, inimigos, curiosidades, etc., em cada entrega.
Preço actual: 12,11 €



DC Comics – Super-heróis
Figuras de Colecção
Nº de entregas: 80 (59 já editadas)
Conteúdo: um herói (ou vilão) da DC Comics e um fascículo de 20 páginas, com o seu historial, aliados, inimigos, curiosidades, etc., em cada entrega.
Preço actual: 12,11 €

06/01/2012

Cisco Kid - "Lucy, Flor Roja y Belle"








Rod Reed (argumento)
José Luís Salinas (desenho)
Colecção Cómics de Prensa
Libros de Papel (Espanha, Dezembro de 2011)
280 x 235 mm, 88 p., pb, brochado
16,50 €


1.       Descobri Cisco Kid na minha adolescência, nuns velhinhos fascículos encadernados da Colecção Audácia, em casa da minha avó.
2.      Casa que, aliás, foi fértil em proporcionar-me descobertas de revistas dos anos 1930 a 1960, deixadas pela minha mãe e tios e que hoje estão na minha “biblioteca”.
3.      Talvez por isso, apesar de depois o ter (re)encontrado com alguma regularidade no Mundo de Aventuras, para mim, as aventuras de Cisco são a preto, branco e uma cor, no caso o vermelho desmaiado com que o vi pela primeira vez.
4.      E foi essa a recordação que me veio de imediato à memória, quando olhei para a capa desta nova incursão de Manuel Caldas pela edição de bandas desenhadas clássicas norte-americanas.
5.      Com a edição, como habitualmente, bem enquadrada por um texto introdutório, conciso mas bastante completo e interessante, da autoria de Manuel Andrés.
6.      Incursão que, como não poderia deixar de ser, foi feita com a minúcia, rigor e competência habituais, o que permite desfrutar das tiras inicias de Cisco Kid como, possivelmente, nunca até hoje tinham sido publicadas.
7.      E, reconheço, é um prazer admirar o traço realista, fino, elegante e dinâmico do argentino José Luís Salinas, nesta edição, em que os pretos – sim, o interior é “apenas” a preto e branco! – têm uma nitidez e um brilho inigualáveis!
8.      E, maior é esse prazer, nas vinhetas e pormenores reproduzidos num formato próximo dos originais de Salinas, sem que o seu traço perca com isso.
9.      Foi com esse (soberbo) extra, que recordei este pouco convencional western, protagonizado por um invulgar cowboy, decidido e bom atirador como todos os heróis, mas igualmente romântico e conquistador, sempre mais preocupado com as – belíssimas – mulheres com que se cruza, do que com os perigos proporcionados por facínoras e peles-vermelhas.
10.  Porque, se a base da trama de cada história – e neste tomo são três – encaixa facilmente nos estereótipos do género, com juízes pouco honestos a criar esquemas duvidosos para se apoderarem de terras, traficantes de armas a tentar provocar guerras entre índios e brancos ou aventureiros em busca de minas de ouro perdidas, elas integram igualmente temáticas bem mais originais.
11.   Por um lado, o tal tom romântico, (por causa dele?) reforçado pelo protagonismo que é dada às personagens femininas – no caso, a Lucy, a Flor Roja e a Belle presentes do título deste volume.
12.   Depois, porque esse protagonismo existe também porque elas são bem mais do que seres frágeis e indefesos a necessitar do abraço protector e acolhedor do herói; Lucy, Flor Roja e Belle são (muito) belas e sensuais, ninguém duvide, mas também activas e inteligentes, interventivas e resolutas, provocando mais a acção do que o próprio Cisco.
13.   Este facto dá um tom de emancipação feminina a este western, temática claramente presente aliás na narrativa inicial - aquela com que Cisco se estreou nos quadradinhos, em tiras diárias, a 15 de Janeiro de 1951, num prolongamento da sua pré-existência como protagonista de um romance de O. Henry e de alguns filmes.
14.  Finalmente, em todas as histórias há também uma nota de humor, que as aligeira, dada por Pancho, mexicano como Cisco, mas em tudo o mais diferente dele: gordo, desajeitado, amante de comida e de dormir e fonte inesgotável de gags.
15.   A talhe de foice ao que atrás ficou escrito, acrescento que o presente volume recolhe, num tamanho apreciável, todas as tiras publicadas pelo King Features Syndicate desde a estreia de Cisco até 13 de Outubro de 1951.
16.   E, esclarecendo quem possa pensar o contrário, não se trata do primeiro volume da reedição integral da obra mais conhecida de J. L. Salinas porque, afirma Manuel Caldas no preâmbulo, não dispõe “de material de reprodução com a qualidade” que os seus critérios editoriais exigem.
17.   O que não tem que ser negativo pois, em alternativa, Caldas propõe-se que - se houver “público para apoiar (ou alguém com ganas de, por puro amor à arte, ajudar)” - este seja o tomo inaugural da colecção Cómics de Prensa, que num futuro que se deseja próximo, incluirá  títulos como Casey Ruggles (já em preparação!), Scorchy Smith, Dickie Dare, Gasoline Alley, Jed Cooper, Drago ou outros.
18.   Por isso, mesmo estando em espanhol, por favor tratem de comprar o livro, que até só chegará às livrarias (do país vizinho…) em Fevereiro, directamente ao editor porque receberão a reprodução de uma tira no formato original em que foi desenhada e, mesmo “só” a preto e branco, esta é mais uma daquelas edições imperdíveis como tantas outras que Caldas (nos) tem proporcionado.

05/01/2012

Cavaleiro Andante nasceu há 60 anos


A 5 de Janeiro de 1952, um sábado, surgia pelas primeiras vez nas bancas portuguesas o “Cavaleiro Andante”, um dos mais importantes títulos do jornalismo infanto-juvenil português.
A nova publicação vinha retomar o “combate” com o Mundo de Aventuras, ocupando o lugar deixado vago pelo Diabrete uma semana antes, por isso, ao contrário do habitual, havia quase uma sucessão pacífica, com títulos e colaboradores a passarem de uma para a outra.
Era o caso de Fernando Bento (1910-2010) que trazia para a nova revista o seu estilo elegante e personalizado, assinando logo no número inaugural as primeiras páginas de Beau Geste, baseado no clássico de Percival C. Wren, uma das suas mais conseguidas criações, e também a capa, com um cavaleiro de armadura montado num fogoso corcel.
Essa mesma capa, que anunciava 20 páginas e 12 aventuras ilustradas pelo preço de 1$80, referia já dois dos aspectos que seriam recorrentes ao longo dos seus 10 anos de existência: separatas para construir (no caso, um jogo de “Oquei em patins” – sic!) e concursos, sendo oferecido aos leitores um rádio Philips por semana!
A revista distinguiu-se também pelas construções de armar e pelos suplementos que acolheu: “Pajem”, para os mais novos, “Andorinha”, para as meninas, “Desportos e “Bip-Bip”. Em paralelo, até 1963, lançou a colecção “Álbum do Cavaleiro Andante”, que teve 107 números publicados com histórias completas, antecipando uma moda que se viria a impor, bem como alguns números especiais e de Natal.
No número inaugural do Cavaleiro Andante, para além de Bento, o destaque ia para dois autores que marcariam a publicação: o italiano Franco Caprioli, autor de algumas das mais belas adaptações de clássicos da literatura, e Hergé com “Tim-Tim no templo do Sol”.
Ao longo dos anos, surgiriam outros nomes grandes das histórias aos quadradinhos europeias e norte-americanas: Macherot (Chlorophille), Jijé (Jerry Spring), Cuvelier (Corentin), Goscinny e Uderzo (Astérix, recuperado do entretanto extinto Foguetão) ou Tufts (Lance, rebaptizado “Flecha”, actualmente reeditado em álbum em Portugal), as estreias de Edgar P. Jacobs (Blake e Mortimer), Morris (Lucky Luke), François Craenhals, Bob de Moor, Jean Graton (com Michel Vaillant, aliás Miguel Gusmão!) ou Tibet, bem acompanhados pelos portugueses José Garcês, Artur Correia ou José Ruy.
Fruto da época que então se vivia e da pressão crescente da censura (e da auto-censura), a maior parte deste material vinha das melhore revistas católicas franco-belgas e italianas, obedecendo “a uma probidade e sensatez absolutas”, como escreve A. Dias de Deus em “Os Comics em Portugal”.
A sua selecção esteva a cargo de Adolfo Simões Müller (1909-1989), anteriormente responsável pelo Papagaio, Diabrete ou Foguetão que, ainda segundo Dias de Deus, soube conciliar “as preferências da juventude” com “os condicionamentos impostos pelas normas de educação dita formativa”.
O Cavaleiro Andante, que também se destacou pelo bom papel e impressão, terminaria no nº 556, a 25 de Agosto de 1962, registando uma mudança de formato no nº 327 e a crescente preferência por histórias completas na fase que corresponde ao seu declínio e fim.


Hoje em dia, uma colecção completa deste título, segundo alguns especialistas, poderá valer entre três e quatro mil euros, dependendo do seu estado e da pressa do comprador. Isto porque, quem tiver tempo e paciência poderá encontrar muitos dos números da revista em leilões online ou em feiras de usados. Como é habitual nestes casos, os números mais raros são os primeiros, mais antigos, os últimos, quando a tiragem era mais baixa, e os que correspondem à mudança de formato, pois nesses a tendência para se deteriorarem era maior. Por isso, não se surpreenda se lhe pedirem até 100 euros pelo Cavaleiro Andante nº 1 ou o dobro daquele valor pelo nº 556.

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