05/02/2013

Tex Gigante #27 - A Cavalgada do Morto









Mauro Boselli (argumento)
Fabio Civitelli (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Outubro de 2012)
185 x 275 mm, 242 p., pb, brochado
R$ 19,00 / 10,00 €



Resumo
A morte em condições enigmáticas de um antigo ranger, seguida da aparição de um pretenso cavaleiro sem cabeça, leva Tex, Kit Carson, Kit Willer e Jack Tigre a regressar a Pilares, correspondendo a um convite do seu amigo El Mourisco. 
Irão descobrir uma antiga história, violenta e trágica, na origem de uma vingança que deverão impedir a todo o custo.

Desenvolvimento
Embora a alguns isto possa soar estranho, a verdade é que este era um dos livros aos quadradinhos mais aguardados de 2012. Dentro do seu segmento específico, evidentemente, que, diga-se, pela sua dimensão, está longe de ser negligenciável, mas também fora dele. E não só porque estamos em presença de um “Textone” (o nome original dos “Tex Gigante” em Itália).
Tal como acontece recorrentemente noutras áreas temáticas da BD, a expectativa devia-se primordialmente à sua parte gráfica, ou não fosse Fabio Civitelli, sem dúvida o mais categorizado desenhador de Tex dos últimos anos, o escolhido para ilustrar este livro.
E o mínimo que se poderá dizer, é que o artista italiano não defraudou os seus fãs nem as esperanças nele depositadas. Ajudado pelo formato do álbum, o seu desenho brilha mais, pois permite realçar a qualidade e a precisão do seu traço fino e expressivo, apreciar o realismo com que retrata tanto cenários urbanos, quanto paisagens desertas ou zonas montanhosas, fogosos cavalos ou seres humanos. (E aqui justifica-se um aparte para realçar as mulheres de Civitelli – e elas têm um pouco mais de protagonismo neste Tex Gigante do que é habitual – o que faz desejar a sua arte numa série em que elas tivessem presença mais destacada).
Amante da precisão, do detalhe, do pormenor, do rigor e da qualidade, Civitelli brilha a grande altura e com ele a técnica que desenvolveu ao longo de muitos anos a desenhar o ranger Bonelli. E, neste campo, revela-se insuperável o pontilhismo que utiliza para definir sombras, volumes e ambientes nublados ou noturnos, sendo justo destacar a longa sequência passada no interior da montanha, no cemitério índio, onde a névoa e a escuridão são quase palpáveis à bruxuleante luz das tochas.
Quanto à história em si – que apesar de tudo o que para trás fica não pode ser passada para segundo plano, pois isso faria desta BD uma obra menor – é consistente e está bem construída. Os avanços narrativos são feitos de forma calculada, com mudanças de local e de protagonistas em cada pico de acção ou suspense, quase como se se tratasse de capítulos a publicar numa revista – o que ajuda a embarcar o leitor no tom predominante.
É verdade que tem uma longa introdução – talvez demasiado longa, defeito recorrente em Tex – que condiciona uma equilibrada exploração do desfecho, mas é ela que contextualiza e explica a restante acção e a origem do morto sem cabeça que cavalga à noite como lúgubre premonição para aqueles a quem irá tirar a vida.
Cavaleiro sem cabeça (literalmente?) esse que está na origem do (pouco vulgar) tom fantástico que a história assume, a espaços próximo mesmo do suspense e do terror – visível na fantasmagórica aparição ou na viagem ao além de Eusébio e cujo auge se divide entre a já citada (e conseguida) cena no cemitério índio e o confronto final - e que é a nota distintiva do relato.

A reter
- O desenho de Civitelli, (não) suficientemente elogiado acima.
- O (inusitado) tom fantástico da história.
- Para todos os efeitos, o curto intervalo entre a publicação original e o lançamento desta edição no Brasil.

Menos conseguido
- O final algo abrupto, o que infelizmente não é novidade nem em Tex, nem em Tex Gigante.

Nota final
- A utilização de imagens em italiano, provenientes directamente de Fabio Civitelli (via Tex Willer Blog) deve-se ao facto de terem uma qualidade muito superior à que poderia obter num scanner a partir da edição brasileira.

Bedeteca de Beja – Fevereiro


EXPOSIÇÕES

CARTAZES DA BEDETECA DE BEJA
De 8 de Fevereiro a 30 de Março
Depois de mais de 7 anos de programação ininterrupta e de muitas dezenas de exposições realizadas decidimos tirar do baú das recordações alguns dos cartazes que fizeram maior sucesso entre nós. Uma boa ocasião para rever o trabalho de André Diniz, Carlos Apolo Martins, Carlos Páscoa, Dave McKean, José Feitor, Lobato, Luís Henriques, Susa Monteiro, Vilas e muitos outros.
Local: Sala de Vidro (rés-do-chão, ala esquerda)

MARIANA ALCOFORADO
De 15 de Fevereiro a 30 de Março
Exposição de Ilustração com Matisse, Milo Manara, Modigliani e outros autores que se debruçaram sobre as famosas Cartas Portuguesas, da freira de Beja
Local: Cafetaria




O MORRO DA FAVELA E OUTRAS HISTÓRIAS
Até 28 de Fevereiro
Exposição de Banda Desenhada de André Diniz
Local: Galeria Central (1º andar)

AVENIDA MARGINAL
Até 28 de Fevereiro
Exposição coletiva de Banda Desenhada com Afonso Ferreira, André Valente, Catarina Gil, Daniela Viçoso, Diogo Campos, Fábio Araújo, Fernando Madeira, Filipe Cardoso, Lucas Marques, Luís Nogueira, Luís Silva, Pedro Horta e Silvestre Francisco (Véte), entre muitos outros.
Local: Galeria de Madeira (rés-do-chão, ala esquerda)
Organização: CMB (Bedeteca de Beja) / Laboratório de Arte e Comunicação Multimédia do Instituto Politécnico de Beja / Flávia Carvalho / Marco Silva / Paulo Fino

ARTISTAS DO METAL
Até 28 de Fevereiro
Exposição de Ilustração para capas de discos de vinil da coleção particular de Nuno Fonseca, com trabalhos de Derek Riggs (Iron Maiden), Steve Huston (Dio), Ken Kelly (Manowar), John Blanche (Sabbat) Jean Delville (Morbid Angel), Sean Rodgers (Nuclear Assault), David Heffernan (Anthrax), Joe Petagno (Motorhead), Phil Lawvere (Kreator), Edward J. Repka (Megadeth), Kev Walker (Toranaga), Paul R. Alexander (Assassin), Eric Phillipe (Thanatos), Michael R. Whelan (Sepultura), Sebastian Krüger (Tankard), William Benson (Testament), Thomas Holm & Thorbjorn Jorgenson (King Diamond), John Martin (Angel Witch), Greg Hildebrandt (Black Sabbath) e Thomas Holm (Mercyful Fate)
Local: Galeria da Entrada (rés-do-chão)

CAVALEIRO ANDANTE
Até 30 de Março
Exposição Bibliográfica da revista Cavaleiro Andante (1952 / 1962)
Local: Galeria da Bedeteca (1º andar)



CONVERSAS

O AMOR NO CINEMA E NA BANDA DESENHADA
por Paulo Monteiro
Dia 7, quinta-feira, das 21h30 às 22h30
Uma conversa acompanhada por muitas imagens, no mês em que se celebra o Amor em Beja…
Local: Bedeteca de Beja (1º andar, ala esquerda)




CINEMA E BANDA DESENHADA
Na terceira quinta-feira de cada mês…

NOITE DE FICÇÃO CIENTÍFICA
Dia 21, quinta-feira, às 21h30
Conversa sobre John Wagner e Carlos Ezquerra, os autores do célebre personagem de banda desenhada Judge Dredd, um juiz com métodos muito especiais. Exibição do filme JUDGE DREDD (1995), de Danny Cannon, com Sylvester Stallone e Max von Sydow (que vimos ainda há pouco na Bedeteca no papel de Ming)
Apresentação de Paulo Monteiro
Local: Bedeteca de Beja (1º andar, ala esquerda)
Entrada livre


LIVRO DO MÊS NA BEDETECA
HABIBI, de Craig Thompson
Craig Thompson é um dos nomes mais relevantes da banda desenhada mundial (esteve entre nós em 2009). A sua última obra, Habibi, levou 8 anos a fazer, e conta a história de Dodola e Zam, dois escravos fugitivos num país imaginário. Uma obra complexa e com múltiplas leituras que se tornou um best-seller (disponível para consulta em francês)

CLUBES

LEMON STUDIO – CLUBE DE MANGÁ
Horário: sextas-feiras, das 16h00 às 18h30
Frequência livre
Local: Bedeteca de Beja (1º andar, ala esquerda)
Organização: Lemon Studio
Apoio: CMB (Bedeteca de Beja)


ATELIÊS

ATELIÊ DE BANDA DESENHADA OURIÇO-DE-MAR
(dos 8 aos 12 anos)
De 2 de outubro a 25 de Junho
Com Paulo Monteiro
Horário: terças-feiras, das 18h30 às 20h00
Frequência livre
Local: Bedeteca de Beja (1º andar, ala esquerda)
Organização: CMB (Bedeteca de Beja)




ATELIÊ DE BANDA DESENHADA TOUPEIRA
De 4 de outubro a 27 de Junho
 (a partir dos 13 anos)
Com Paulo Monteiro
Horário: quintas-feiras, das 18h30 às 20h00
Frequência livre
Local: Bedeteca de Beja (1º andar, ala esquerda)
Organização: CMB (Bedeteca de Beja)


ATELIÊ DE DESENHO E PINTURA
Até 26 de Junho
Com Ana Lopes
Horário: segundas e quartas-feiras, das 19h30 às 21h15
Número limite de inscrições: 10
Mensalidade: 20 euros
Inscrição: 5 euros
Local: Sala de Desenho
Organização: Associação Pegada no Futuro
Parceria: CMB (Casa da Cultura)

ATELIÊ DE ILUSTRAÇÃO CIENTÍFICA I E II
Até 27 de Junho
Com Ana Lopes
Horário: terças e quintas-feiras, das 19h30 às 21h15
Número limite de inscrições: 10
Mensalidade: 20 euros
Inscrição: 5 euros
Local: Sala de Desenho
Organização: Associação Pegada no Futuro
Parceria: CMB (Casa da Cultura)

ATELIÊ DE ILUSTRAÇÃO (EDITORIAL / INFANTIL)
Até 26 de Junho
Com Ana Lopes
Horário: segundas e quartas-feiras, das 21h30 às 23h15
Número limite de inscrições: 10
Mensalidade: 20 euros
Inscrição: 5 euros
Local: Sala de Desenho
Organização: Associação Pegada no Futuro
Parceria: CMB (Casa da Cultura)


OUTROS SERVIÇOS

CEDÊNCIA DE ESPAÇOS PARA ATIVIDADES
Apoio e cedência de espaços, a escolas e outras instituições, para a realização de reuniões e eventos na área da banda desenhada ou da ilustração

APOIO A ALUNOS E PROFESSORES
Apoio a alunos e professores para a realização de exposições ou outros projectos específicos na área da banda desenhada e ilustração


CONTACTOS E HORÁRIOS
BEDETECA DE BEJA
Edifício da Casa da Cultura
Rua Luís de Camões
7800 – 508 Beja
Telefone: 284 313 318
Telemóvel: 969 660 234
E-mail: bedetecadebeja@cm-bejapt
Horário: de terça a sexta-feira, das 14h00 às 23h00 Sábados das 14h00 às 20h00


PARCEIROS

APOIOS E PARCEIROS PARA A PROGRAMAÇÃO
Associação para a Defesa do Património Cultural da Região de Beja / Associação Pegada no Futuro / Lemon Studio / Museu Regional de Beja

PARCEIROS PARA A DIVULGAÇÃO NA NET
AS LEITURAS DO PEDRO / CENTRAL COMICS / DRMAKETE / KUENTRO / LEITURAS DE BD / NOTAS BEDÉFILAS

(Texto da responsabilidade da Bedeteca de Beja, com alteração para a grafia pré-Acordo Ortográfico da responsabilidade de As Leituras do Pedro)

04/02/2013

Entrevista com André Diniz


“Cresci muito como pessoa a fazer este livro."






Depois de inaugurar uma exposição de originais, ainda patente em Beja até 28 de Fevereiro, em trânsito para o Festival de BD de Angoulême que ontem terminou, André Diniz esteve de passagem pelo Porto.
Por isso, aproveitei para conversar com o criador de “Morro da Favela”, tendo como pretexto o lançamento, esta semana, do livro em Portugal, pela Polvo – obrigado Rui Brito pela informação - ficando a conhecer um pouco melhor um dos autores brasileiros de BD (ou HQ!) mais interessantes do momento.

As Leituras do Pedro – Quem é o André Diniz Fernandes?
André Diniz – Nasci no Brasil a 5 de Setembro de 1975 e faço quadrinhos desde antes de saber ler.
Comecei por editar fanzines, fotocopiados, ainda antes de haver Internet (!) e, no ano 2000, criei a Nona Arte, uma editora de uma pessoa só, lançando dois títulos: “Subversivos – Companheiro Germano”, desenhado pelo Laudo Ferreira, e “Fawcet”, com arte de Flávio Colin. Este último foi marcante, não só pela colaboração com o mestre Colin, mas também porque teve uma boa receptividade e conquistou vários prémios.
Nestes dois livros apenas escrevi os argumentos. Sabia desenhar um pouco, já tinha feito algumas bandas desenhadas, mas sentia que para fazer algo a sério tinha que entregar o desenho a outros autores.
Depois, criei um site cuja intenção era divulgar os meus trabalhos, comecei a incluir obras de outros autores, esgotadas ou de pouca circulação e quando parei, já tinha mais de 450 obras aos quadradinhos.
Com outras obras que fui editando, quando o mercado brasileiro despertou para os quadradinhos, o meu trabalho já era conhecido. Em 2005, quando saiu o meu primeiro livro por um editor “de verdade”, já tinha ganho 12 prémios!
Desde então não editei mais nada sozinho e não sinto nenhuns remorsos!

ALP – “Morro da Favela” é a biografia do fotógrafo Maurício Hora. Como surgiu esta ideia?
AD – Tudo começou durante um almoço em casa da minha mãe, onde comentei que havia muita gente com vidas interessantes que ninguém conhecia e que gostava de fazer a biografia de alguém assim.
Um cunhado meu disse que conhecia o Maurício Hora, fez um apanhado do percurso dele e fiquei bastante curioso. Telefonei-lhe, apresentei-me e disse-lhe de imediato, pelo telefone, que gostava de contar a vida dele em BD. Fez-se um silêncio… e ele aceitou.
A partir daí, encontramo-nos várias vezes. No Rio de Janeiro, em qualquer sítio há uma favela, vê-se uma favela, mas quase ninguém as conhece de verdade. O Maurício levou-me à “sua” favela – Morro da Providência – várias vezes e descobri coisas boas e coisas más.
A primeira grande surpresa foi ver na favela tantas pessoas armadas como geralmente se vêem pessoas ao telemóvel. Mas, ao mesmo tempo, também descobri que a favela é quase como uma grande família! Claro que nas famílias, às vezes um cunhado mata outro (risos)!
Hoje, entendo perfeitamente que alguém diga que habita numa favela e não quer sair de lá. O Maurício tem uma visão única. A visão de alguém de dentro, mas também a de quem está fora da favela.
Quando escolhi a favela como cenário, não queria que fosse mais uma história de violência, embora soubesse que era impossível eliminá-la completamente…

ALP – Que aspectos o marcaram mais durante a criação de “Morro da Favela”?
AD – Houve muitos. Um dos que mais me marcou, foi quando percebi que ia narrar algo que ninguém poderia imaginar em ficção, quando o Maurício me contou o episódio em que teve de ensinar fotografia a 50 pessoas que não tinham máquinas fotográficas e saiu com elas pela favela, a fazerem enquadramentos com os dedos (forma um rectângulo com os polegares e os indicadores para exemplificar). Ninguém se lembrava de algo assim!
Também me tocou o episódio das visitas que fazia ao pai quando era criança. Comecei logo a imaginar uma cena terrível, numa prisão suja e degrada, com homens mal-encarados e afinal aquelas eram as melhores recordações de infância do Maurício. Ia ver o pai, havia muitas famílias a fazer visitas, brincava com as outras crianças, havia bolos, doces, coisas boas… Era uma verdadeira festa!
Muita da capacidade de emocionar que o livro tem deve-se ao Maurício.
Cresci muito como pessoa a fazer este livro.

ALP – Qual foi a reacção do Maurício Hora à obra pronta?
AD – Ele só quis ver no fim, mas tínhamos um acordo: o que ele não quisesse eu tirava. Na verdade, pouco foi alterado: uma página de que ele não gostou e uma ou outra fala…
Quando terminei entreguei-lhe o livro e fiquei à espera dos comentários. O tempo começou a passar, o editor queria o livro para mandar para a gráfica e nada. Pensei: não gostou. Ganhei coragem e falei com ele. Disse-me que não conseguia ler ais de 2 ou 3 páginas sem desatar a chorar, por sentir que tudo era tão fiel ao que ele tinha vivido.

ALP – O facto de desenhar em “negativo” foi uma opção por se tratar da biografia de um fotógrafo ou foi apenas uma questão estética?
AD – A partir de 2008, comecei a desenhar também. Esqueci tudo o que tinha feito para trás e tentei descobrir qual seria o meu estilo, o traço que mais se adequava ao que eu queria contar.
Tenho a mão muito pesada, parte bicos com facilidade, sinto uma certa dificuldade em trabalhar linhas curvas, delicadas… Procurei influências que me servissem: arte africana, cubismo… Demorei seis meses neste processo, algo bem obsessivo… Foi algo marcante que em grande parte definiu o que hoje. Agora, no cartão de visita, até já escrevo “ilustrador”. E até já fiz trabalhos de ilustração.
Passando ao “Morro da Favela”, como no fim do livro iam ser incluídas fotografias do Marcelo Hara, não quis retratar a favela com um traço rigoroso e realista. Aliás, desenhar uma favela é óptimo para quem não sabe perspectiva. Há edifícios inclinados para um lado, outros para o outro…
Para mostrar o lado rústico, rude daquele local, precisava de um traço assim, anguloso. A questão do “negativo” acabou por surgir durante as pesquisas que fiz, naturalmente, e depois de experimentar algumas páginas optei por ele.

ALP – Já tem o distanciamento necessário para olhar para o Morro da Favela de modo crítico? O que mudaria nele?
AD – Ainda não! Para já não mudaria nada! Mas se daqui a cinco anos continuar a achar o mesmo, haverá algo de errado, quererá dizer que não evoluí nada!

ALP – Depois das edições inglesa e francesa, segue-se a portuguesa. Houve algumas mudanças em relação ao original brasileiro?
AD - O texto é o mesmo, as únicas alterações são a capa, que é nova, e a inclusão de ilustrações que pedi a alguns amigos brasileiros: os gémeos Marcelo e Magno Costa, José Aguiar, Laudo Ferreira, Pablo Mayer, Ricardo Manhães e Will.
Editar em Portugal é muito importante para mim. Estou muito feliz, sinto-me como um fã da Marvel ou da DC Comics que consegue publicar nos Estados Unidos. Quando comecei a interessa-mer mais por quadradinhos li muitas edições portuguesas: a revista “Selecções BD”, álbuns da Meribérica, Astérix, Lucky Luke… que era preciso desencantar nos sebos, a bom preço… Também li revistas portuguesas como a “Grande Reportagem”, que me deslumbrava, pois na época não havia nada semelhante no Brasil.

ALP – Como estão os quadradinhos no Brasil?
AD – Eu estou a viver coisas que nunca imaginei possível!
Há mudanças no Brasil que acredito que vieram para ficar: a forma de ver os quadradinhos, a atenção da comunicação social, a existência de uma secção de BD em quase tidas as livrarias…
Há editoras só de quadradinhos, há grandes editoras com selos de quadradinhos… Mesmo editoras que nunca publicaram BD, estão abertas a propostas de quadradinhos que se ajustem à sua linha editorial.
Por outro lado, nos últimos anos o governo federal passou a incluir nas listas de livros a distribuir pelas bibliotecas, livros de quadradinhos. Para editores e autores isso é muito bom. Um livro seleccionado garante uma tiragem de 15 a 30 mil exemplares, o que é muito bom!

03/02/2013

Angoulême 2013: o palmarés


Grande Prémio de Angoulême
Willem

Grande Prémio Especial 40 anos
Akira Toriyama

Melhor Álbum
Quai d'Orsay Volume Two: Chroniques diplomatiques
Christophe Blain and Abel Lanzac
Dargaud

Prémio Especial do Júri
Le Nao de Brown
Glyn Dillon
Akileos

Prémio do Público
Tu mourras moins Bête - Tome 2
Montaigne Marion
Ankama

Melhor Série
Aama, Vol. 2
Frederik Peeters
Galimard

Prémio Revelação
Automne
Jon McNaught
Nobrow

Prémio do Património
Krazy Kat (1925-1929)
George Herriman
Les revêurs

Prémio Fauve Policial SNCF
Castilla Drive
Anthony Pastor
Actes Sud/L'an 2

Prémio da BD Alternativa
Dopu Tutto
Max
Éditions Misma

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