O lançamento de quase uma dezena de títulos de autores nacionais durante o VI Festival de BD de Beja, veio reforçar uma evidência dos últimos anos, a vitalidade da 9ª arte nacional faz-se à margem das grandes editoras.
Essa ideia era defendida por Paulo Monteiro, director do festival que decorre até ao próximo domingo, quando, no lançamento do festival, afirmou ao Jornal de Notícias que “a BD portuguesa é um fabuloso caldeirão de estilos e tendências em que os autores fervilham de criatividade e todos os anos surgem projectos assombrosos!”. Mas, ao mesmo tempo, lamentava que “muitos destes projectos não conseguem a visibilidade que merecem, pois dificilmente ultrapassam a auto-edição em fanzine ou o esquema da pequena editora”, o que é quase sempre sinónimo de pequena tiragem e circulação limitada.
Exemplo paradigmático é “A Fórmula da felicidade”, uma edição da Kingpin Books, premiada e aplaudida pela crítica, mas cuja tiragem do segundo tomo, agora lançado, não chega a meio milhar de exemplares. Se é verdade que as novas tecnologias de impressão permitem fazer novas edições com facilidade (o que reduz ou quase elimina a existência de stocks), o que não poderia ter sido a carreira deste díptico no catálogo de uma editora maior. Nuno Duarte, o seu argumentista, associado das Produções Fictícias, considera que “não há "grandes" editoras de BD em Portugal”, defendendo que “as "pequenas" são uma alternativa interessante, face à liberdade temática, estilística e de formato que permitem”. Pelo mesmo diapasão alinha Miguel Rocha, nome marcante da nova 9ª arte nacional que em Beja lançou pela Polvo “Hans, o cavalo cansado”, baseado na peça homónima de Francisco Campos, quando afirma que gosta das pequenas editoras pois sente que tem “um maior controle sobre o processo”, embora reconheça que não tem “outra experiência e portanto pode ser tudo ilusão”.
Já João Tércio, que lançou “Março Anormal” pela El Pep, avança que “talvez por efeito da crise, as grandes editoras não mostram grande interesse em apostar em novos autores, preferindo dedicar-se à reedição de clássicos e a trabalhar com os talentos já confirmados”. David Soares, argumentista e romancista (“O Evangelho do enforcado”) acredita que a não aposta das “grandes editoras na BD, não é desinteresse mas que se deve a algum temor em publicar autores menos conhecidos, mas tal não acontece apenas no mercado da BD”.
Mas, se aqueles dois títulos potencialmente podem ser considerados de “grande público”, outros há cujos propósitos são bem diferentes. É o caso do projecto Zona, com cinco números no espaço de um ano, dois deles – Zona Gráfica I e II - agora mostrados durante o festival, do “Venham +5” (edição da Bedeteca de Beja) ou do Seitan Seitan Scum (El Pep+Chili Com Carne) que têm por preocupação, face à inexistência de revistas especializadas, proporcionar uma montra aos “autores mais novos ou inexperientes, que apresentem trabalhos com qualidade e uma boa margem de progressão” e “motivar a produção de mais e melhores trabalhos nesta área”, refere Fil, um dos responsáveis pela Zona, corroborado por Paulo Monteiro que acrescenta que “a edição constitui, em si mesmo, um incentivo à produção”. Herdeiros dos antigos fanzines policopiados (no espírito, não na forma, porque as novas tecnologias permitem qualidade quase profissional), por vezes trocando colaborações com publicações congéneres estrangeiras, acolhem nas suas páginas algumas dezenas de autores, do mais ilustre desconhecido a nomes já com um percurso assinalável no meio nacional ou mesmo como Filipe Andrade, que actualmente colabora com a Marvel. Não sendo colectivo mas comungando das mesmas prerrogativas, o sexto número da colecção Toupeira, “Há sempre um eléctrico que espera por mim”, de André Oliveira e Maria João Careto, distingue-se por os seus autores terem “ousado” explorar de forma ficcionada uma temática que, apesar de potencialmente rica, tem sido quase ignorada pela BD nacional: o período que antecedeu o 25 de Abril.
Muitas das condicionantes referidas aplicam-se também ao BDJornal (da pedranocharco), dedicado ao estudo e análise da BD, cujo nº 25 saiu 18 meses depois do anterior destacando o festival de Beja, Hermann, Fábio Civitelli e o novo projecto de Hugo Teixeira, e também à nova revista “The Lisbon Studio Mag”, que se anuncia semestral e tem por objectivo servir de montra e portfolio para os 19 autores que formam aquele estúdio, onde se contam Jorge Coelho, Ricardo Tércio ou Rui Lacas, já com obras publicadas nos mercados norte-americano e francófono.
E se dando voz ao sentir de todos, Paulo Monteiro refere que estas edições têm “grande visibilidade dentro do meio da BD”, acrescentando Nuno Duarte “a divulgação que é feita nas redes sociais”, todos os envolvidos reconhecem que a distribuição é o maior entrave, muitas vezes limitada apenas às lojas especializada e eventos do género.
Por isso, se Tércio vê o futuro ”negro, como é habitual, para os autores de BD”, embora pense que “se conseguirmos entrar no mercado brasileiro a BD em língua portuguesa pode crescer muito nos próximos anos”, já Miguel Rocha considera “interessantes os novos formatos de distribuição electrónicos”, que Nuno Duarte aponta como “uma possibilidade das pequenas editoras se implementarem cada vez mais”.
Em jeito de conclusão, Paulo Monteiro defende que só a existência de “uma visão estratégica que só se consegue juntando autores, críticos e editores para estabelecer um plano de divulgação e leitura” congregará mais pessoas em torno da BD” e permitirá “estabelecer um plano de divulgação e leitura” que lhe permita crescer para além do seu nicho habitual, indo “buscar leitores a outros sítios, nomeadamente à literatura”.
Para ler a versão integral das respostas dos diversos entrevistados:
- Paulo Monteiro
- Pepedelrey
- David Soares
- Fil
- Miguel Rocha
- Nuno Duarte
- João Tercio
- Osvaldo Medina
- Mário Freitas
- Machado Dias
(Versão revista e alargada do texto publicado no Jornal de Notícias de 8 de Junho de 2010)
10/06/2010
BD nacional cresce à margem das grandes editoras
09/06/2010
Tarzan: A Origem do Homem-Macaco e Outras Histórias
Joe Kubert (argumento e desenho)
Devir Livraria (Brasil, Maio de 2010)
165 × 240 mm, 208 p., cor, brochado com abas
Tarzan foi um dos heróis que mais me marcou e ao qual ainda volto com prazer – não igual, porque a minha idade, as minhas experiências, a minha mentalidade, a minha própria concepção do mundo, em geral, e da banda desenhada, em particular, são outras – mas, ainda, prazer.
Possivelmente – eu pelo menos acredito nisso – porque o tenha lido na altura certa, quando era capaz de me maravilhar com o seu exotismo, a sua selvajaria, as suas aventuras…
Entre os diversos autores que passaram por Tarzan, dois ouve que me marcaram especialmente, apesar das suas concepções gráficas e narrativas serem (quase) diametralmente opostas: Russ Manning (de traço limpo, imaculado, pormenorizado, anatomicamente perfeito, belo, delicado, se assim o posso definir) e Joe Kubert (com um traço sujo, agressivo, violento, selvagem como Tarzan, os animais da selva e o seu mundo). Mais tarde, descobri (e maravilhei-me plasticamente) também (com) Burne Hogarth, mas já vivia então um tempo diferente…
No Brasil, país onde a indústria (e o mercado) de “quadrinhos” existe(m) e atravessa(m) um bom momento, acaba de sair este tomo com as primeiras histórias de Tarzan feitas por Kubert e são as mesmas que o (para mim saudoso) Mundo de Aventuras publicou a partir de 1975. E que correspondem à origem do homem-macaco, adaptando o primeiro romance escrito por Edgar Rice Burroughs, o “pai” de Tarzan. Uma origem que Kubert, (re)cria de forma violenta, animal mesmo, encenando, possivelmente, o mais selvagem de todos os Tarzan que a BD conheceu, mais próximo dos animais em cujo meio foi criado e sobrevive, do que dos seres humanos a cuja raça pertence.
O traço de Kubert – pormenorizado, eficaz, muito dinâmico – é agreste, intimida quase – vejam-se as cenas em que Tarzan se exalta mais – transporta-nos para uma selva bem mais real (e assustadora) do que a maior parte das versões em banda desenhada da criação de Burroughs.
Com excepção de uma, talvez, onde Kubert foi beber muita da sua inspiração, nalguns casos decalcando poses e vinhetas: a primeira aventura de Tarzan nos quadradinhos, a que Manuel Caldas há poucos meses editou, recuperada e restaurada, da forma que só ele é capaz de fazer.
Curiosidade
- Numa das histórias deste tomo, algumas das pranchas são da autoria de Burne Hogarth.
Devir Livraria (Brasil, Maio de 2010)
165 × 240 mm, 208 p., cor, brochado com abas
Tarzan foi um dos heróis que mais me marcou e ao qual ainda volto com prazer – não igual, porque a minha idade, as minhas experiências, a minha mentalidade, a minha própria concepção do mundo, em geral, e da banda desenhada, em particular, são outras – mas, ainda, prazer.
Possivelmente – eu pelo menos acredito nisso – porque o tenha lido na altura certa, quando era capaz de me maravilhar com o seu exotismo, a sua selvajaria, as suas aventuras…
Entre os diversos autores que passaram por Tarzan, dois ouve que me marcaram especialmente, apesar das suas concepções gráficas e narrativas serem (quase) diametralmente opostas: Russ Manning (de traço limpo, imaculado, pormenorizado, anatomicamente perfeito, belo, delicado, se assim o posso definir) e Joe Kubert (com um traço sujo, agressivo, violento, selvagem como Tarzan, os animais da selva e o seu mundo). Mais tarde, descobri (e maravilhei-me plasticamente) também (com) Burne Hogarth, mas já vivia então um tempo diferente…
No Brasil, país onde a indústria (e o mercado) de “quadrinhos” existe(m) e atravessa(m) um bom momento, acaba de sair este tomo com as primeiras histórias de Tarzan feitas por Kubert e são as mesmas que o (para mim saudoso) Mundo de Aventuras publicou a partir de 1975. E que correspondem à origem do homem-macaco, adaptando o primeiro romance escrito por Edgar Rice Burroughs, o “pai” de Tarzan. Uma origem que Kubert, (re)cria de forma violenta, animal mesmo, encenando, possivelmente, o mais selvagem de todos os Tarzan que a BD conheceu, mais próximo dos animais em cujo meio foi criado e sobrevive, do que dos seres humanos a cuja raça pertence.
O traço de Kubert – pormenorizado, eficaz, muito dinâmico – é agreste, intimida quase – vejam-se as cenas em que Tarzan se exalta mais – transporta-nos para uma selva bem mais real (e assustadora) do que a maior parte das versões em banda desenhada da criação de Burroughs.
Com excepção de uma, talvez, onde Kubert foi beber muita da sua inspiração, nalguns casos decalcando poses e vinhetas: a primeira aventura de Tarzan nos quadradinhos, a que Manuel Caldas há poucos meses editou, recuperada e restaurada, da forma que só ele é capaz de fazer.
Curiosidade
- Numa das histórias deste tomo, algumas das pranchas são da autoria de Burne Hogarth.
08/06/2010
Hellboy – Terras Estranhas
Mike Mignola (argumento e desenho)
Dave Stewart (cor)
G. Floy Studio (Portugal, 2009)
258 x 168 mm, 136 p., cor, brochado com badanas
Se à primeira vista, Hellboy pode ser classificado como banda desenhada de terror, um género que fez furor nos anos 50, mas hoje pouco em voga, a verdade é que essa seria uma leitura apressada e incompleta. Porque se o protagonista é um demónio, com um curioso sentido de moral - dualidade que Mignola explora bem - o que o leva a combater os nazis que o invocaram numa tentativa de mudarem o rumo à II Guerra Mundial, bem como a outros demónios e criaturas estranhas, também é indiscutível que a sua leitura pode – deve – ir bem mais além das cenas de acção.
Desde logo, porque subjacente à temática há um toque de humor, em especial nos diálogos do protagonista, que confere um surpreendente tom de comédia trágica aos relatos. Depois, porque Mignola semeia em profusão referências e citações - da literatura, do cinema, da própria BD - que, neste álbum em concreto, vão de Charles Dickens a William Hodgson, da Pequena Sereia, de Hans Christian Andersson, à versão cinematográfica do Moby Dick, de Herman Melville.
A par delas, é patente uma pesquisa aprofundada de lendas e mitos das mais diversas civilizações, em especial quando versam o sobrenatural, traduzida depois – por vezes em excesso – nas situações e nos intervenientes das duas histórias incluídas neste tomo – O Terceiro Desejo e a Ilha -, nas quais Hellboy, um joguete nas mãos dos seus adversários – a um tempo poderosos e impotentes - vai descobrir mais sobre o seu passado… e o seu futuro.
Se na altura da publicação original, ela marcou o regresso de Mignola ao desenho, o afastamento não o fez perder qualidades, mantendo-se o alto nível do seu traço, depurado, aparentemente simples, muito legível, expressiva e dinâmico, assente numa linha clara, quase sempre tingida de tons sombrios, que contribuem sobremaneira para dar consistência aos cenários góticos e desolados, de edifícios escuros e em ruínas.
(Versão revista e aumentada do texto publicado originalmente a 29 de Maio de 2010, na página de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)
Dave Stewart (cor)
G. Floy Studio (Portugal, 2009)
258 x 168 mm, 136 p., cor, brochado com badanas
Se à primeira vista, Hellboy pode ser classificado como banda desenhada de terror, um género que fez furor nos anos 50, mas hoje pouco em voga, a verdade é que essa seria uma leitura apressada e incompleta. Porque se o protagonista é um demónio, com um curioso sentido de moral - dualidade que Mignola explora bem - o que o leva a combater os nazis que o invocaram numa tentativa de mudarem o rumo à II Guerra Mundial, bem como a outros demónios e criaturas estranhas, também é indiscutível que a sua leitura pode – deve – ir bem mais além das cenas de acção.
Desde logo, porque subjacente à temática há um toque de humor, em especial nos diálogos do protagonista, que confere um surpreendente tom de comédia trágica aos relatos. Depois, porque Mignola semeia em profusão referências e citações - da literatura, do cinema, da própria BD - que, neste álbum em concreto, vão de Charles Dickens a William Hodgson, da Pequena Sereia, de Hans Christian Andersson, à versão cinematográfica do Moby Dick, de Herman Melville.
A par delas, é patente uma pesquisa aprofundada de lendas e mitos das mais diversas civilizações, em especial quando versam o sobrenatural, traduzida depois – por vezes em excesso – nas situações e nos intervenientes das duas histórias incluídas neste tomo – O Terceiro Desejo e a Ilha -, nas quais Hellboy, um joguete nas mãos dos seus adversários – a um tempo poderosos e impotentes - vai descobrir mais sobre o seu passado… e o seu futuro.
Se na altura da publicação original, ela marcou o regresso de Mignola ao desenho, o afastamento não o fez perder qualidades, mantendo-se o alto nível do seu traço, depurado, aparentemente simples, muito legível, expressiva e dinâmico, assente numa linha clara, quase sempre tingida de tons sombrios, que contribuem sobremaneira para dar consistência aos cenários góticos e desolados, de edifícios escuros e em ruínas.
(Versão revista e aumentada do texto publicado originalmente a 29 de Maio de 2010, na página de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)
Leituras relacionadas
G. Floy Studio,
Hellboy,
Mignola
07/06/2010
Bill Baroud
La Little Big Collec’ - Série Or
Manu Larcenet (argumento e desenho)
Fluide Glacial (França, Maio de 2010)
190 x 240 mm, 216 p., pb, cartonado
Resumo
Fluide Glacial (França, Maio de 2010)
190 x 240 mm, 216 p., pb, cartonado
Resumo
Chama-se Bill Baroud (embora tenha nascido… William Baroudsky) e é espião profissional, ao serviço da sua pátria, os Estados Unidos da América, “cuja segurança não o pode dispensar dois minutos” e em nome de quem se encarrega das mais perigosas e atribuladas missões, desde que algo ponha em perigo a liberdade, a sua terra natal, os valores em que acredita ou o “futuro do mundo civilizado”!
Desenvolvimento
Como ponto de partida, arrancando-o quase sempre dos lençóis onde está em companhia de uma bela mulher, há um contacto por telefone, fax ou telegrama, uma mensagem nas estrelas (sic) ou presencial, do próprio presidente, do capitão Andrews, chefe dos assuntos estrangeiros do FBI, de um urso polar (sic) ou de alguém que marca um encontro discreto no zoo, dizendo apenas que leva um “chapéu alto e um vestido branco” e que acaba por se revelar não a bela mulher com quem Baroud sonhava mas… o papa!
Se o seu tempo é o actual, há (vestígios – ou evidências? – de) uma anacrónica Guerra-fria, por isso, muitas vezes são soviéticas ou vietnamitas as ameaças que Baroud enfrenta, em missões que o podem levar aos quatro cantos do mundo, ao espaço ou ao passado, mas em cujo decorrer também pode enfrentar uns certos irmãos Dalton, um Calimero gigantesco que se revela um bom – e muito longo – jantar, o último dos Barbapapas (quem se lembra ainda deles?), Hulk, o Ku Klux Klan, os irmãos Metralha ou descobrir – literalmente – Deus. Com custos irreversíveis e eternos (literalmente) para si e (mais) para os outros, pois se Baroud atinge sempre os seus fins, tem o dedo demasiado próximo do gatilho e os meios que utiliza são (quase) sempre muito questionáveis… e definitivos!
Pelo meio, ainda há oportunidade para descobrir a sua infância, onde a vocação (e os métodos) já eram omnipresentes mas em que tudo apontava que seria encarregado de um campo de algodão onde apanharia algodão (quem mais?) o seu melhor amigo… um negro! Uma série de relatos, correspondentes ao quarto tomo da série, onde a par do humor habitual há, no entanto, um tom mais sério e, até, uma ponta de emoção, quando Larcenet descreve a situação dos desfavorecidos e dos negros numa América desequilibrada pelas desigualdades sociais, onde o dinheiro e o Ku Klux Klan imperavam…
Com esta base, em histórias curtas, de apenas meia dúzia de pranchas, Manu Larcenet, aqui e ali ainda hesitante, como é normal numa obra de início de carreira, mas mostrando já o potencial do autor de eleição que viria a ser, subverte os estereótipos das tramas de espionagem, repescados da literatura e do cinema, com muita inteligência (vejam-se os textos curtos, mas bombásticos) e um humor mordaz, por vezes (muito) negro e politicamente incorrecto, mas sempre irresistível e renovado, história após história, achando novas saídas para situações similares, conseguindo surpreender sempre, inventando desfechos inesperados… Fá-lo com um traço “sujo” e “feio”, que por vezes cruza com fotografia, mas sempre dinâmico e eficaz, com utilização de diferentes planos e enquadramentos e extremamente legível.
A reter
- O humor e a inteligência de Larcenet.
- O preço (quase) simbólico desta (bem conseguida) edição integral, que reúne os 4 tomos anteriormente publicados: 14 €. É nestes momentos que a inveja pelos leitores francófonos de quadradinhos vem ao de cima.
Menos conseguido
- Não é culpa do autor nem do álbum objecto, mas a leitura de Bill Baroud avivou-me as saudades do tempo em que havia revistas de BD, onde histórias como estas marcavam presença (e prioridades) e fidelizavam leitores. Por isso, estas histórias devem ser lidas com moderação, uma ou duas de cada vez, ao longo dos dias. Não porque possam provocar cansaço ou saturação, mas para que cada situação possa ser bem digerida e apreciada.
Curiosidades
- Bill Baroud foi publicado originalmente nas páginas da revista Fluide Glacial entre 1998 e 2001.
- Esta edição inclui quatro histórias que não faziam parte da tetralogia original.
Se o seu tempo é o actual, há (vestígios – ou evidências? – de) uma anacrónica Guerra-fria, por isso, muitas vezes são soviéticas ou vietnamitas as ameaças que Baroud enfrenta, em missões que o podem levar aos quatro cantos do mundo, ao espaço ou ao passado, mas em cujo decorrer também pode enfrentar uns certos irmãos Dalton, um Calimero gigantesco que se revela um bom – e muito longo – jantar, o último dos Barbapapas (quem se lembra ainda deles?), Hulk, o Ku Klux Klan, os irmãos Metralha ou descobrir – literalmente – Deus. Com custos irreversíveis e eternos (literalmente) para si e (mais) para os outros, pois se Baroud atinge sempre os seus fins, tem o dedo demasiado próximo do gatilho e os meios que utiliza são (quase) sempre muito questionáveis… e definitivos!
Pelo meio, ainda há oportunidade para descobrir a sua infância, onde a vocação (e os métodos) já eram omnipresentes mas em que tudo apontava que seria encarregado de um campo de algodão onde apanharia algodão (quem mais?) o seu melhor amigo… um negro! Uma série de relatos, correspondentes ao quarto tomo da série, onde a par do humor habitual há, no entanto, um tom mais sério e, até, uma ponta de emoção, quando Larcenet descreve a situação dos desfavorecidos e dos negros numa América desequilibrada pelas desigualdades sociais, onde o dinheiro e o Ku Klux Klan imperavam…
Com esta base, em histórias curtas, de apenas meia dúzia de pranchas, Manu Larcenet, aqui e ali ainda hesitante, como é normal numa obra de início de carreira, mas mostrando já o potencial do autor de eleição que viria a ser, subverte os estereótipos das tramas de espionagem, repescados da literatura e do cinema, com muita inteligência (vejam-se os textos curtos, mas bombásticos) e um humor mordaz, por vezes (muito) negro e politicamente incorrecto, mas sempre irresistível e renovado, história após história, achando novas saídas para situações similares, conseguindo surpreender sempre, inventando desfechos inesperados… Fá-lo com um traço “sujo” e “feio”, que por vezes cruza com fotografia, mas sempre dinâmico e eficaz, com utilização de diferentes planos e enquadramentos e extremamente legível.
A reter
- O humor e a inteligência de Larcenet.
- O preço (quase) simbólico desta (bem conseguida) edição integral, que reúne os 4 tomos anteriormente publicados: 14 €. É nestes momentos que a inveja pelos leitores francófonos de quadradinhos vem ao de cima.
Menos conseguido
- Não é culpa do autor nem do álbum objecto, mas a leitura de Bill Baroud avivou-me as saudades do tempo em que havia revistas de BD, onde histórias como estas marcavam presença (e prioridades) e fidelizavam leitores. Por isso, estas histórias devem ser lidas com moderação, uma ou duas de cada vez, ao longo dos dias. Não porque possam provocar cansaço ou saturação, mas para que cada situação possa ser bem digerida e apreciada.
Curiosidades
- Bill Baroud foi publicado originalmente nas páginas da revista Fluide Glacial entre 1998 e 2001.
- Esta edição inclui quatro histórias que não faziam parte da tetralogia original.
Leituras relacionadas
Bill Baroud,
Fluide Glacial,
Larcenet
04/06/2010
Frères Siamois – Coup Double
Serge Dehaes e Bernard Hellebaut (argumento)
Serge Dehaes (desenho e cor)
paquet (Suíça, Março de 2010)
238 x 322 mm, 48 p., cor, cartonado
Partilhando um tronco comum com apenas dois braços, mas com duas cabeças e quatro pernas os dois irmãos siameses que protagonizam este álbum são únicos. Apesar de dois. Se é que me faço entender. O que transforma situações banais ou pormenores corriqueiros em momentos hilariantes ou desconcertantes. Com um humor politicamente incorrecto – ou não pretenda fazer rir à custa da desgraça dos outros, salienta Géluck no prefácio que não escreveu (!) – mostra quão difícil é aos siameses fazerem coisas que normalmente os irmãos fazem: brincar às escondidas ou lutarem um com o outro, dormirem ambos de lado, um ver televisão enquanto o outro passeia, jogar ténis ou futebol, quererem coisas diferentes ao mesmo tempo… Ou como se torna complicado, quando ambos são afectados por uma diarreia…!
Mas, cumprindo uma nobre missão de serviço público, explica também que os champôs 2 em 1 não foram criados para os siameses ou que um pai natal siamês não entra por duas chaminés… gémeas!
E sabendo que Serge Dehaes é assistente e colorista de Géluck – o tal Géluck que (não) escreveu o prefácio, não sei se já o referi… – há 20 anos, não surpreende que o modelo utilizado neste álbum pelos autores seja o mesmo de Le Chat – uma criação do Géluck que…. - quer na composição das páginas, que alternam gags com tiras ou mesmo pranchas completas, quer no humor, mordaz, sarcástico, virulento, muitas vezes visual ou baseado em bem conseguidos trocadilhos, que não deixam o leitor ficar indiferente.
Serge Dehaes (desenho e cor)
paquet (Suíça, Março de 2010)
238 x 322 mm, 48 p., cor, cartonado
Partilhando um tronco comum com apenas dois braços, mas com duas cabeças e quatro pernas os dois irmãos siameses que protagonizam este álbum são únicos. Apesar de dois. Se é que me faço entender. O que transforma situações banais ou pormenores corriqueiros em momentos hilariantes ou desconcertantes. Com um humor politicamente incorrecto – ou não pretenda fazer rir à custa da desgraça dos outros, salienta Géluck no prefácio que não escreveu (!) – mostra quão difícil é aos siameses fazerem coisas que normalmente os irmãos fazem: brincar às escondidas ou lutarem um com o outro, dormirem ambos de lado, um ver televisão enquanto o outro passeia, jogar ténis ou futebol, quererem coisas diferentes ao mesmo tempo… Ou como se torna complicado, quando ambos são afectados por uma diarreia…!
Mas, cumprindo uma nobre missão de serviço público, explica também que os champôs 2 em 1 não foram criados para os siameses ou que um pai natal siamês não entra por duas chaminés… gémeas!
E sabendo que Serge Dehaes é assistente e colorista de Géluck – o tal Géluck que (não) escreveu o prefácio, não sei se já o referi… – há 20 anos, não surpreende que o modelo utilizado neste álbum pelos autores seja o mesmo de Le Chat – uma criação do Géluck que…. - quer na composição das páginas, que alternam gags com tiras ou mesmo pranchas completas, quer no humor, mordaz, sarcástico, virulento, muitas vezes visual ou baseado em bem conseguidos trocadilhos, que não deixam o leitor ficar indiferente.
03/06/2010
Lançamento - Sai do Meu Filme
Tiago Manuel (argumento e desenho)
Calendário de Letras (Portugal, Fevereiro de 2010)
246 x 238 mm, 40 p., cor, cartonado
O livro “Sai do meu filme” é mostrado hoje, às 15 horas, no Arquivo Municipal Sophia de Mello Breyner (antigo Tribunal de Vila Nova de Gaia), estando a apresentação a cargo do Dr. Vasco Graça Moura.
Com uma introdução de tom autobiográfico, próxima do conto, onde a missa (o sagrado) e o cinema (o profano) surgem como realidades opostas, a narrativa de “Sai do meu filme”, desenvolve-se depois em banda desenhada, numa viagem onírica em que a criatura escapa ao criador para uma dimensão onde o imaginário infantil e a realidade adulta se entrecruzam, uma dualidade que a narrativa explora, assente num traço agradável, que contrasta com uma paleta de cores em que predominam os tons escuros.
Natural de Viana do Castelo, onde nasceu em 1955, Tiago Manuel, que fez a sua formação artística com os mestres Aníbal Alcino e Júlio Resende, tem criado inúmeras ilustrações para capas de livros, cartazes cinematográficos, jornais e revistas. Aos quadradinhos, esta é a primeira vez que assina uma obra com o seu nome, pois tem-se dispersado por diversos heterónimos como Terry Morgan, Murai Toyonobu, Tom McCay ou Max Tilmann, consoante as temáticas e os estilos gráficos que experimenta.
(Texto publicado no Jornal de Notícias de 3 de Junho de 2010)
Com uma introdução de tom autobiográfico, próxima do conto, onde a missa (o sagrado) e o cinema (o profano) surgem como realidades opostas, a narrativa de “Sai do meu filme”, desenvolve-se depois em banda desenhada, numa viagem onírica em que a criatura escapa ao criador para uma dimensão onde o imaginário infantil e a realidade adulta se entrecruzam, uma dualidade que a narrativa explora, assente num traço agradável, que contrasta com uma paleta de cores em que predominam os tons escuros.
Natural de Viana do Castelo, onde nasceu em 1955, Tiago Manuel, que fez a sua formação artística com os mestres Aníbal Alcino e Júlio Resende, tem criado inúmeras ilustrações para capas de livros, cartazes cinematográficos, jornais e revistas. Aos quadradinhos, esta é a primeira vez que assina uma obra com o seu nome, pois tem-se dispersado por diversos heterónimos como Terry Morgan, Murai Toyonobu, Tom McCay ou Max Tilmann, consoante as temáticas e os estilos gráficos que experimenta.
(Texto publicado no Jornal de Notícias de 3 de Junho de 2010)
Leituras relacionadas
Calendário de Letras,
Lançamento,
Tiago Manuel
02/06/2010
A Primeira República na Génese da BD e no Olhar do século XXI
“A Primeira República na Génese da BD e no Olhar do século XXI” é o tema da exposição que é inaugurada hoje, pelas 19h, no Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem (CNBDI), na Amadora.
Integrada nas Comemorações do Centenário da República – e contando com versões actualizadas por Richard Câmara do Quim e Manecas, criados em 1915 por Stuart Carvalhais, como “patronos” - a exposição integra pranchas originais, reproduções, jornais, revistas, livros e outros materiais datados dos últimos 100 anos, que mostram como artes como a BD, a ilustração, o cartoon e a caricatura evoluíram e se desenvolveram após a Implantação da República, a 5 de Outubro de 1910.
A mostra – de que existirá uma versão itinerante a partir de Setembro - estará patente no CNBDI até 5 de Outubro, sendo depois integrada no 21º Festival Internacional de BD da Amadora, que se realiza entre 22 de Outubro e 7 de Novembro. Integrada na programação nacional de banda desenhada a desenvolver no âmbito das comemorações do Centenário da República, a exposição está dividida em cinco núcleos: “A 1ª República e a Amadora” (comissariado por João Castela Cravo), “A Caricatura Modernista e a 1ª República” (Osvaldo Macedo de Sousa), “O Primeiro Filme de Animação Português” (Paulo Cambraia), “A Génese da Moderna Banda Desenhada Portuguesa” e “A 1ª República na Banda Desenhada Portuguesa Contemporânea” (ambos coordenados por João Paulo Paiva Boléo).
Durante a inauguração os actores Filipe Leitão e Paulo Lajes e o desenhador Pedro Leitão, dramatizarão diversas caricaturas da autoria de Leal da Câmara, um dos autores que mais se destacou graficamente no ataque à monarquia.
(Texto publicado no Jornal de Notícias de 2 de Junho de 2010)
Integrada nas Comemorações do Centenário da República – e contando com versões actualizadas por Richard Câmara do Quim e Manecas, criados em 1915 por Stuart Carvalhais, como “patronos” - a exposição integra pranchas originais, reproduções, jornais, revistas, livros e outros materiais datados dos últimos 100 anos, que mostram como artes como a BD, a ilustração, o cartoon e a caricatura evoluíram e se desenvolveram após a Implantação da República, a 5 de Outubro de 1910.
A mostra – de que existirá uma versão itinerante a partir de Setembro - estará patente no CNBDI até 5 de Outubro, sendo depois integrada no 21º Festival Internacional de BD da Amadora, que se realiza entre 22 de Outubro e 7 de Novembro. Integrada na programação nacional de banda desenhada a desenvolver no âmbito das comemorações do Centenário da República, a exposição está dividida em cinco núcleos: “A 1ª República e a Amadora” (comissariado por João Castela Cravo), “A Caricatura Modernista e a 1ª República” (Osvaldo Macedo de Sousa), “O Primeiro Filme de Animação Português” (Paulo Cambraia), “A Génese da Moderna Banda Desenhada Portuguesa” e “A 1ª República na Banda Desenhada Portuguesa Contemporânea” (ambos coordenados por João Paulo Paiva Boléo).
Durante a inauguração os actores Filipe Leitão e Paulo Lajes e o desenhador Pedro Leitão, dramatizarão diversas caricaturas da autoria de Leal da Câmara, um dos autores que mais se destacou graficamente no ataque à monarquia.
(Texto publicado no Jornal de Notícias de 2 de Junho de 2010)
As Melhores Leituras de Maio
10 Pãezinhos – Crítica (Devir Livraria), de Fábio Moon e Gabriel Bá (argumento e desenho)
A fórmula da felicidade #2 (Kingpin Books), de Nuno Duarte (argumento) e Osvaldo Medina (desenho)
Frères Siamois - Coup Double (paquet), de Serge Dehaes e Bernard Hellebaut (argumento) eSerge Dehaes (desenho e cor)
Lulu Femme Nue premier livre e second livre (Futuropolis), de Davodeau (argumento e desenho)
Magasin Général #3 (Casterman), de Régis Loisel e Jean-Louis Tripp (argumento e desenho)
Piratas do Tietê - A saga completa - Livro 2 (Devir Livraria), de Laerte (argumento e desenho)
Tarzan - A Origem do Homem-Macaco e outras histórias (Devir Livraria), de Joe Kubert (argumento e desenho)
The Spirit (Abril Jovem, Kitchen Sink e Norma Editorial), de Will Eisner (argumento e desenho)
Turma da Monica Jovem #17 (Panini Comics), de Maurício de Sousa
Umbrella Academy #2 – Dallas (Delcourt), de Gerard Way (argumento) e Gabriel Bá (desenho)
01/06/2010
10 Pãezinhos – Fanzine e Mesa para dois
Fábio Moon e Gabriel Bá (argumento e desenho)
Devir Livraria (Brasil, Outubro de 2007 e Dezembro de 2006)
165 X 240 mm, 216 p. / 56 p., pb, brochado
Nasceram em 1976, são gémeos, brasileiros e desde sempre quiseram fazer banda desenhada. A esse sonho dedicaram energia e vontade, escrevendo e desenhando quando podiam divertir-se (de outra forma), estudando arte para serem melhores, auto-editando-se, quando essa era a única alternativa, num fanzine semanal (!), cumprindo (os seus próprios) prazos por respeito por aqueles que os liam, cumprindo (os) prazos (dos outros), nos primeiros contratos profissionais, mesmo quando a obra já não os motivava...
A história desse(s) percurso(s) – primeiro separados, depois em duo – está contada na primeira pessoa, de forma notável, em “10 Pãezinhos - Fanzine”, que compila, explicando, elementos diversos das suas carreiras ao longo de uma década iniciada em 1991. E que, para além de permitir a descoberta da “pré-história” de Moon e Bá e a sua evolução no domínio das técnicas narrativas próprias dos quadradinhos, é uma magnífica declaração de amor pela arte de narrar em imagens sequenciais.
Dessas narrativas, do tom poético de muitas delas, aqui e ali com um toque de humor, ironia, amargura ou ternura, quase sempre inspiradas nas suas vidas ou nas daqueles com quem se cruzam, destaca-se uma sensibilidade fora do comum e uma capacidade invulgar para exprimir aos quadradinhos sentimentos, emoções e dúvidas bem humanas.
O que está também patente em “10 Pãezinhos - Mesa para dois”, a história (mais longa, o que permite aprofundar o carácter das personagens, explorá-las melhor…) de um escritor em crise criativa, bloqueado face ao papel em branco, que contrata uma assistente para conversar, ajudando-o assim a terminar o seu romance, e que na prática é uma metáfora sobre as coisas e as pessoas que não conseguimos ver apesar de estarem mesmo à nossa frente. Mas também uma história sobre relacionamentos difíceis – ou sobre a dificuldade de nos relacionarmos? - num mundo globalizado, regido pela comunicação, em que estamos cada vez mais sós e isolados, fechados na nossa própria concha, narrada de forma sensível e pausada, num preto e branco delicado e expressivo.
(Versão revista e aumentada do texto publicado originalmente a 18 de Outubro de 2008, na página de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)
Devir Livraria (Brasil, Outubro de 2007 e Dezembro de 2006)
165 X 240 mm, 216 p. / 56 p., pb, brochado
Nasceram em 1976, são gémeos, brasileiros e desde sempre quiseram fazer banda desenhada. A esse sonho dedicaram energia e vontade, escrevendo e desenhando quando podiam divertir-se (de outra forma), estudando arte para serem melhores, auto-editando-se, quando essa era a única alternativa, num fanzine semanal (!), cumprindo (os seus próprios) prazos por respeito por aqueles que os liam, cumprindo (os) prazos (dos outros), nos primeiros contratos profissionais, mesmo quando a obra já não os motivava...
A história desse(s) percurso(s) – primeiro separados, depois em duo – está contada na primeira pessoa, de forma notável, em “10 Pãezinhos - Fanzine”, que compila, explicando, elementos diversos das suas carreiras ao longo de uma década iniciada em 1991. E que, para além de permitir a descoberta da “pré-história” de Moon e Bá e a sua evolução no domínio das técnicas narrativas próprias dos quadradinhos, é uma magnífica declaração de amor pela arte de narrar em imagens sequenciais.
Dessas narrativas, do tom poético de muitas delas, aqui e ali com um toque de humor, ironia, amargura ou ternura, quase sempre inspiradas nas suas vidas ou nas daqueles com quem se cruzam, destaca-se uma sensibilidade fora do comum e uma capacidade invulgar para exprimir aos quadradinhos sentimentos, emoções e dúvidas bem humanas.
O que está também patente em “10 Pãezinhos - Mesa para dois”, a história (mais longa, o que permite aprofundar o carácter das personagens, explorá-las melhor…) de um escritor em crise criativa, bloqueado face ao papel em branco, que contrata uma assistente para conversar, ajudando-o assim a terminar o seu romance, e que na prática é uma metáfora sobre as coisas e as pessoas que não conseguimos ver apesar de estarem mesmo à nossa frente. Mas também uma história sobre relacionamentos difíceis – ou sobre a dificuldade de nos relacionarmos? - num mundo globalizado, regido pela comunicação, em que estamos cada vez mais sós e isolados, fechados na nossa própria concha, narrada de forma sensível e pausada, num preto e branco delicado e expressivo.
(Versão revista e aumentada do texto publicado originalmente a 18 de Outubro de 2008, na página de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)
31/05/2010
Fábio Moon e Gabriel Bá na Mundo Fantasma
Vindos do VI Festival Internacional de BD de Beja, os gémeos brasileiros Fábio Moon e Gabriel Bá estarão amanhã, dia 1 de Junho, às 17 horas, na Galeria Mundo Fantasma, na livraria com o mesmo nome, no Centro Comercial Brasília, no Porto, para uma sessão de autógrafos e para a inauguração de uma exposição de originais, que ficará patente até 11 de Julho e que foi complementada com a edição de um giclée original de Fábio Moon, aqui reproduzido.
Nascidos em 1976, formados em Artes Plásticas, em apenas 10 anos passaram do anonimato do fanzine autobiográfico e auto-editado “10 pãezinhos” a autores em destaque no competitivo mercado norte-americano, graças a títulos como “Casanova”, "Pixu", “Umbrella Academy” (escrita por Gerard Way, vocalista dos My Chemichal Romance) ou “BPRD 1947” (de Mike Mignola, criador de Hellboy).
A conquista de diversos troféus Eisner – os mais importantes da indústria norte-americana de quadradinhos – possibilitou-lhes continuarem a desenvolver obras mais pessoais (e mais estimulantes) como a tira semanal “Quase nada” (no Brasil) ou a mini-série “Daytripper” (em curso nos EUA, numa edição da Vertigo) em que abordam questões do quotidiano, mostrando como as escolhas que se fazem (ou não) são determinantes para a vida.
Nascidos em 1976, formados em Artes Plásticas, em apenas 10 anos passaram do anonimato do fanzine autobiográfico e auto-editado “10 pãezinhos” a autores em destaque no competitivo mercado norte-americano, graças a títulos como “Casanova”, "Pixu", “Umbrella Academy” (escrita por Gerard Way, vocalista dos My Chemichal Romance) ou “BPRD 1947” (de Mike Mignola, criador de Hellboy).
A conquista de diversos troféus Eisner – os mais importantes da indústria norte-americana de quadradinhos – possibilitou-lhes continuarem a desenvolver obras mais pessoais (e mais estimulantes) como a tira semanal “Quase nada” (no Brasil) ou a mini-série “Daytripper” (em curso nos EUA, numa edição da Vertigo) em que abordam questões do quotidiano, mostrando como as escolhas que se fazem (ou não) são determinantes para a vida.
Leituras relacionadas
Bá,
BD para ver,
Moon,
Mundo Fantasma
Tex em cores #1 – O Totem Misterioso
Gianluigi Bonelli (argumento)
Aurelio Galleppini (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Outubro de 2009)
160 x 210 mm, 252 p., cor, brochada
Resumo
Esta edição, já nas bancas e quiosques nacionais) compila as primeiras tiras de Tex*, dando assim a possibilidade de (re)descobrir, mais de 60 anos depois, agora numa edição colorida, as primeiras histórias de Tex Willer, o mais antigo cow-boy dos quadradinhos ainda em publicação
Desenvolvimento
Se não vou aqui debruçar-me sobre o início de Tex – já outros o fizeram melhor – há alguns aspectos que quero realçar.
Desde logo, a variedade temática das diversas histórias, todas westerns, é evidente, mas com pontos de partida e enredos diferentes.
Depois, o seu ritmo intenso e envolvente, devido aos muitos assaltos, emboscadas, raptos, tiroteios e mortes que se sucedem, numa evocação dos melhores westerns cinematográficos.
Ainda, a forma ágil e dinâmica como estão desenhadas, como frequentes mudanças de ponto de vista e até alguns efeitos surpreendentes, como a trajectória da bala que passa entre duas vinhetas, logo na tira 7 da primeira história.
Finalmente, o invulgar número de mulheres presentes neste volume, com protagonismo e de forma interveniente. E que são belas, sedutoras (graças à mestria de Galep) e – oh, surpresa! – (muito) interessadas em Tex! A começar por Tesah, e no seu provocador vestido “sobe-e-desce”, que surge num terço das vinhetas do primeiro capítulo. E continuando com Joan, Florecita, outra Joan, Marie Gold… Simples vítimas ou não, de um ou outro lado da lei… Como não seria hoje o ranger, se esta tendência se tivesse perpetuado ao longo dos anos?!
A reter
- A edição, de maior formato, igual ao italiano, com bom papel, boa impressão e dois (interessantes) textos introdutórios, de Júlio Schneider e do próprio Sergio Bonelli.
- A cor, por permitir levar Tex a leitores que de outra forma não o descobririam.
Menos conseguido
- A cor, inferior aquela a que estão habituados os leitores de banda desenhada franco-belga e de comics norte-americanos. Por ser lisa, sem tons intermédios e não fazer jus ao traço original de Galleppini.
- O facto de o último capítulo ter sido interrompido a meio, na tira 16. Aceitando o argumento de que por razões técnicas é necessário ter um número fixo de páginas, seria com certeza possível (e preferível) ter preenchido as últimas 5 com textos sobre o herói, os autores ou a colecção, em lugar de deixar o episódio a meio.
Curiosidades
- * Tex, nasceu no formato comummente chamado de “talão de cheque” no Brasil, em edições “deitadas”, com 32 páginas, correspondentes a outras tantas tiras, com 2 a 4 vinhetas.
- Esta edição baseia-se na Colezione Storica a Colori, lançada em 2007 em Itália para ser vendida com o jornal “La Reppublica” e a revista “L’Espresso”, com capas originais de Cláudio Villa. Inicialmente pensada para 50 volumes, depois alargada para 80, hoje vai já no nº 174 (e mais de 10 milhões de exemplares vendidos), devendo terminar no nº 200, numa clara demonstração de que o ranger continua a ser um enorme sucesso no seu pais de origem.
- A colecção da Mythos tem garantidos seis tomos bimestrais, estando a sua continuação dependente do volume de vendas; bom sinal é o facto de o primeiro número ter esgotado, tendo sido necessário proceder a uma reedição.
Aurelio Galleppini (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Outubro de 2009)
160 x 210 mm, 252 p., cor, brochada
Resumo
Esta edição, já nas bancas e quiosques nacionais) compila as primeiras tiras de Tex*, dando assim a possibilidade de (re)descobrir, mais de 60 anos depois, agora numa edição colorida, as primeiras histórias de Tex Willer, o mais antigo cow-boy dos quadradinhos ainda em publicação
Desenvolvimento
Se não vou aqui debruçar-me sobre o início de Tex – já outros o fizeram melhor – há alguns aspectos que quero realçar.
Desde logo, a variedade temática das diversas histórias, todas westerns, é evidente, mas com pontos de partida e enredos diferentes.
Depois, o seu ritmo intenso e envolvente, devido aos muitos assaltos, emboscadas, raptos, tiroteios e mortes que se sucedem, numa evocação dos melhores westerns cinematográficos.
Ainda, a forma ágil e dinâmica como estão desenhadas, como frequentes mudanças de ponto de vista e até alguns efeitos surpreendentes, como a trajectória da bala que passa entre duas vinhetas, logo na tira 7 da primeira história.
Finalmente, o invulgar número de mulheres presentes neste volume, com protagonismo e de forma interveniente. E que são belas, sedutoras (graças à mestria de Galep) e – oh, surpresa! – (muito) interessadas em Tex! A começar por Tesah, e no seu provocador vestido “sobe-e-desce”, que surge num terço das vinhetas do primeiro capítulo. E continuando com Joan, Florecita, outra Joan, Marie Gold… Simples vítimas ou não, de um ou outro lado da lei… Como não seria hoje o ranger, se esta tendência se tivesse perpetuado ao longo dos anos?!
A reter
- A edição, de maior formato, igual ao italiano, com bom papel, boa impressão e dois (interessantes) textos introdutórios, de Júlio Schneider e do próprio Sergio Bonelli.
- A cor, por permitir levar Tex a leitores que de outra forma não o descobririam.
Menos conseguido
- A cor, inferior aquela a que estão habituados os leitores de banda desenhada franco-belga e de comics norte-americanos. Por ser lisa, sem tons intermédios e não fazer jus ao traço original de Galleppini.
- O facto de o último capítulo ter sido interrompido a meio, na tira 16. Aceitando o argumento de que por razões técnicas é necessário ter um número fixo de páginas, seria com certeza possível (e preferível) ter preenchido as últimas 5 com textos sobre o herói, os autores ou a colecção, em lugar de deixar o episódio a meio.
Curiosidades
- * Tex, nasceu no formato comummente chamado de “talão de cheque” no Brasil, em edições “deitadas”, com 32 páginas, correspondentes a outras tantas tiras, com 2 a 4 vinhetas.
- Esta edição baseia-se na Colezione Storica a Colori, lançada em 2007 em Itália para ser vendida com o jornal “La Reppublica” e a revista “L’Espresso”, com capas originais de Cláudio Villa. Inicialmente pensada para 50 volumes, depois alargada para 80, hoje vai já no nº 174 (e mais de 10 milhões de exemplares vendidos), devendo terminar no nº 200, numa clara demonstração de que o ranger continua a ser um enorme sucesso no seu pais de origem.
- A colecção da Mythos tem garantidos seis tomos bimestrais, estando a sua continuação dependente do volume de vendas; bom sinal é o facto de o primeiro número ter esgotado, tendo sido necessário proceder a uma reedição.
Leituras relacionadas
Bonelli,
Galleppini,
Mythos,
Tex
28/05/2010
Ananke
Noirgaley (argumento)
Erwin Madrid (desenho e cor)
Delcourt (França, Maio de 2010)
226 x 298 mm, 48 p., cor, cartonado
Resumo
Lilou é uma menina de uns seis a oito anos que se sente sozinha, desde que a mãe está doente no hospital. Anita, é uma velha senhora, atacada pela artrite, que se sente cansada e também sozinha, apesar de continuar a gostar muito da vida.
O acaso vai fazer com que ambas vão à mesma praia, no mesmo dia, à mesma hora, acabando por se encontrar e partilhar uma estranha e longa viagem.
Desenvolvimento
Metáfora sobre a vida e aquilo que podemos fazer dela, mais do que aquilo que dela devemos esperar, Ananke – designação daquela que personificava o destino, a fatalidade, na mitologia grega - é um pequeno conto poético, possivelmente mais indicado para leitores (um pouco mais) maduros do que aqueles que contempla a colecção Jeunesse em que está integrada, apesar da sua simplicidade.
Nela, juntamente com Lilou e Anita, somos levados numa viagem iniciática (cuja razão para a partida no entanto não se percebe no relato), por uma dimensão desconhecida (aquela que poderá existir entre a vida e a morte?), por vezes maravilhosa, por vezes assustadora, que irá criar entre elas um forte laço e ajudá-las a tomar decisões e a escolher (novos) rumos para as suas vidas.
Narrativa linear, de tom leve, a que se pedia (alguma) emoção, Ananke tem como principal base de sustentação o desenho, claramente inspirado no cinema de animação, agradável e trabalhado digitalmente, ou não tenha o filipino Madrid trabalhado na Dreamworks em filmes como Shreck 2 e 3, Madagáscar ou Megamind.
Erwin Madrid (desenho e cor)
Delcourt (França, Maio de 2010)
226 x 298 mm, 48 p., cor, cartonado
Resumo
Lilou é uma menina de uns seis a oito anos que se sente sozinha, desde que a mãe está doente no hospital. Anita, é uma velha senhora, atacada pela artrite, que se sente cansada e também sozinha, apesar de continuar a gostar muito da vida.
O acaso vai fazer com que ambas vão à mesma praia, no mesmo dia, à mesma hora, acabando por se encontrar e partilhar uma estranha e longa viagem.
Desenvolvimento
Metáfora sobre a vida e aquilo que podemos fazer dela, mais do que aquilo que dela devemos esperar, Ananke – designação daquela que personificava o destino, a fatalidade, na mitologia grega - é um pequeno conto poético, possivelmente mais indicado para leitores (um pouco mais) maduros do que aqueles que contempla a colecção Jeunesse em que está integrada, apesar da sua simplicidade.
Nela, juntamente com Lilou e Anita, somos levados numa viagem iniciática (cuja razão para a partida no entanto não se percebe no relato), por uma dimensão desconhecida (aquela que poderá existir entre a vida e a morte?), por vezes maravilhosa, por vezes assustadora, que irá criar entre elas um forte laço e ajudá-las a tomar decisões e a escolher (novos) rumos para as suas vidas.
Narrativa linear, de tom leve, a que se pedia (alguma) emoção, Ananke tem como principal base de sustentação o desenho, claramente inspirado no cinema de animação, agradável e trabalhado digitalmente, ou não tenha o filipino Madrid trabalhado na Dreamworks em filmes como Shreck 2 e 3, Madagáscar ou Megamind.
27/05/2010
VI Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja
Começa sábado e prolonga-se até dia 13 de Junho este certame já incontornável no panorama nacional dos quadradinhos. Como habitualmente, o primeiro fim-de-semana congrega todos os (muitos) convidados, sendo por isso o mais indicado para quem queira falar com eles ou conseguir alguns autógrafos.
Depois, durante duas semanas, ficam as exposições, que este ano são 21: Aldeia das Amoreiras, Dame Darcy, Fabio Civitelli, Fábio Moon & Gabriel Bá, Hippolyte, Igor Hofbauer, Jorge Coelho, João Fazenda, Miguel Rocha, Niko Henrichon, Regina Pessoa, Rufus Dayglo e Zona (na casa da Cultura / Bedeteca de Beja), Avenida Marginal (Instituto Politécnico), Greetings from Cartoonia e NCreatures (Museu Jorge Vieira – Casa das Artes), The Lisbon Studio (Galeria dos Escudeiros), Kingpin Books (Conservatório Regional do Baixo Alentejo),
João Vaz de Carvalho e Jorge Miguel (Museu Regional de Beja) e Toupeira (Galeria do Desassossego).
E, claro está, também os lançamentos – bastantes, (quase) todos de portugueses – que perdurarão ao longo do tempo: Splaft! nº 6 - catálogo do Festival; Venham + 5 nº 7 (Bedeteca de Beja); Colecção Toupeira nº 6, de André Oliveira e Maria João Careto (Bedeteca de Beja); Hans, O Cavalo Inteligente, de Miguel Rocha (Polvo); The Lisbon Studio Mag nº 1 (El Pep); Março Anormal, de João Tércio (El Pep); Seitan Seitan Scum, colectivo de autores portugueses e brasileiros (El Pep e Chili Com Carne); BDJornal #25 (pedranocharco) e Zona Gráfica #1 e #2 (Zona).
Se o programa pode ser consultado no site do festival ou no suplemento In’ da revista NS, distribuída no próximo sábado juntamente com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias, não quero deixar de indicar os meus destaques: Gabriel Bá e Fábio Moon, os gémeos brasileiros, mais pela sua obra de autor (10 pãezinhos, Quase nada), do que pelos mais mediáticos trabalhos para o mercado norte-americano, como Casanova, Pixi ou Umbrella Academy; Hermann, que infelizmente não tem exposição; Civitelli, a comemorar 25 anos com Tex; o Lisbon Studio, colectivo que lança revista própria; e Niko Henrichon, o soberbo desenhador da Fábula de Bagdad.
Mas como há mais, muito mais, o desafio é que cada um visite Beja e faça as suas escolhas.
Depois, durante duas semanas, ficam as exposições, que este ano são 21: Aldeia das Amoreiras, Dame Darcy, Fabio Civitelli, Fábio Moon & Gabriel Bá, Hippolyte, Igor Hofbauer, Jorge Coelho, João Fazenda, Miguel Rocha, Niko Henrichon, Regina Pessoa, Rufus Dayglo e Zona (na casa da Cultura / Bedeteca de Beja), Avenida Marginal (Instituto Politécnico), Greetings from Cartoonia e NCreatures (Museu Jorge Vieira – Casa das Artes), The Lisbon Studio (Galeria dos Escudeiros), Kingpin Books (Conservatório Regional do Baixo Alentejo),
João Vaz de Carvalho e Jorge Miguel (Museu Regional de Beja) e Toupeira (Galeria do Desassossego).
E, claro está, também os lançamentos – bastantes, (quase) todos de portugueses – que perdurarão ao longo do tempo: Splaft! nº 6 - catálogo do Festival; Venham + 5 nº 7 (Bedeteca de Beja); Colecção Toupeira nº 6, de André Oliveira e Maria João Careto (Bedeteca de Beja); Hans, O Cavalo Inteligente, de Miguel Rocha (Polvo); The Lisbon Studio Mag nº 1 (El Pep); Março Anormal, de João Tércio (El Pep); Seitan Seitan Scum, colectivo de autores portugueses e brasileiros (El Pep e Chili Com Carne); BDJornal #25 (pedranocharco) e Zona Gráfica #1 e #2 (Zona).
Se o programa pode ser consultado no site do festival ou no suplemento In’ da revista NS, distribuída no próximo sábado juntamente com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias, não quero deixar de indicar os meus destaques: Gabriel Bá e Fábio Moon, os gémeos brasileiros, mais pela sua obra de autor (10 pãezinhos, Quase nada), do que pelos mais mediáticos trabalhos para o mercado norte-americano, como Casanova, Pixi ou Umbrella Academy; Hermann, que infelizmente não tem exposição; Civitelli, a comemorar 25 anos com Tex; o Lisbon Studio, colectivo que lança revista própria; e Niko Henrichon, o soberbo desenhador da Fábula de Bagdad.
Mas como há mais, muito mais, o desafio é que cada um visite Beja e faça as suas escolhas.
Subscrever:
Mensagens (Atom)