Todos sabemos que o tempo e a distância têm influência na forma como lemos uma qualquer obra.
Algumas
não conseguem passar esse crivo, outras mantêm uma frescura que, no
caso presente, não deixa de ter algo de surpreendente.
-
porque já passaram mais de 20 anos sobre a publicação original (em
1995-1996) dos comic-books compilados nesta edição;
-
porque a temática, não sendo completamente original então, é-o
muito menos hoje;
-
porque, na época, este arco encerrou uma fase do Sentinela da
Liberdade.
Mas
vamos por partes, começando pelo fim.
Colaboração
profícua entre Mark Waid e Ron Garney, a sua passagem pelo Capitão
América - explica Julian M. Clemente em mais uma (boa) introdução
- apesar da sua popularidade e dos bons resultados, teve curta
duração, porque valores mais altos se levantavam. Os do dinheiro,
claro, porque os executivos da Marvel decidiram então encerrar as
colaborações em curso e ‘oferecer’ as suas personagens mais
marcantes e populares aos ‘filhos pródigos’ que tinham deixado a
editora para fundarem a (então) muito bem sucedida Image - sabemos
hoje que,
na maior parte dos casos, os resultados foram pífios e a
‘normalidade’ seria reposta com maior brevidade do que seria
imaginável.
A
segunda premissa, tem a ver com o tema desta edição: condenado por
traição, o Capitão América é exilado, tendo que abandonar a sua
pátria, o seu exército e a sua personalidade super-heróica.
Contará com a ajuda da (então) também apátrida Sharon Carter para
enfrentar o vilão conhecido como Machinesmith e
para repor - poderia ser de outra forma? - a ordem e a normalidade.
Se
na altura já tinha sido feito mais do que uma vez, o número de
vezes que este ‘modelo’ serviu (quase) todos os super-heróis ao
longo das duas décdas que entretanto passaram, possivelmente só
terá paralelo na quantidade deles que morreram e ressuscitaram!
Quanto
ao tempo, é sempre o melhor juiz da validade das propostas que
descobrimos na altura original de publicação. Há êxitos de venda
que mais tarde envergonham, há sucessos que se revelam
inexplicáveis, há obras que passaram ao lado dos leitores, mas
que
mais tarde
se revelam fundamentais para a história da BD.
Se
El
hombre sin patria
não encaixa em nenhuma das ‘definições’ atrás expostas, é
uma história bem narrada - na tradicional acepção da queda e
redenção de alguém que tinha ascendido muito alto - tem acção,
intriga & mistério qb - aproximando-se mais de um relato de
espionagem do que propriamente de super-heróis - tem uma galeria
curta mas sólida de secundários, e,
graficamente arejada e dinâmica, manteve uma grande frescura. Não
sendo uma obra-prima de primeira grandeza, proporciona
um bom par de horas de leitura e é um exemplo conseguido do que de
bom se fazia nos super-heróis na década de 1990.
Numa
edição completada com diversos extras, entre os quais algumas
narrativas curtas, textos
da épocas de Waid e Garney e diversas capas originais, não consigo
deixar de destacar a capa da edição #451 de Captais America, uma
bela homenagem à (então, mais uma vez) morte recente do maior
super-herói da concorrente DC Comics...
Capitán
América: El hombre sin patria
Inclui
Captain America #450-#454, Captain America: The Legend, Captain
America Collector’s Preview e Captain America Ashcan Edition
Mark
Waid (argumento)
Ron
Garney, Pino Rinaldi e Dan Jurgens (desenho)
Scott
Koblish e Jerry Ordway (arte-final)
Panini
Espanha,
14
de Agosto de
2019
170
x 260
mm, 160
p., cor, capa dura
20,00
€
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminar"A segunda premissa, tem a ver com o tema desta edição: condenado por traição, o Capitão América é exilado, tendo que abandonar a sua pátria, o seu exército e a sua personalidade super-heróica."
ResponderEliminarE este ano ja voltou a acontecer é só a 4 acho eu.
https://www.youdontreadcomics.com/comics/2019/1/31/captain-america-7-review
Depois das Clássicas Nomada e Capitão.
https://d1466nnw0ex81e.cloudfront.net/n_iv/600/592769.jpg
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