20/09/2019

Prometeu e a Caixa de Pandora

Competência




Se há algo que é obrigatório reconhecer na banda desenhada franco-belga - a que estou a considerar neste momento e onde a prática e os exemplos abundam - é competência na execução de projectos que, sendo didácticos, escondem esse propósito na forma.
Prometeu e a Caixa de Pandora - como já sucedia com Darwin ou Magalhães, igualmente traduzidos pela Gradiva - é um bom exemplo disso.
Na sua origem está um dos contos da mitologia grega, o mito de Prometeu, o titã responsável pela criação do homem, a pedido e para distracção dos deuses entediados com a sua vida perfeita no Olimpo.
Parco na utilização de diálogos, assente numa grande legibilidade das imagens, na composição dinâmica das páginas e na liberdade que concede aos desenhos para conduzirem o relato, este álbum bem pode ser um exemplo do que uma banda desenhada com propósitos educativos deve ser. Porque conta a história pretendida ao mesmo tempo que é capaz de seduzir o leitor; porque respeita as regras do género narrativo escolhido como suporte, sendo auto-suficiente na sua forma e estilo; porque se lê como uma boa banda desenhada de aventuras, com intriga, traição, mistério, crime (?) e castigo, redenção e consequências das acções.
Para quem quiser saber mais do que o (muito) que é oferecido, tem no final um dossier de oito páginas que aprofunda o tema. Necessário? Eu diria que não. Luc Ferry, Giuseppe Baiguera e Clotilde Bruneau dizem, aos quadradinhos, tudo o que vale a pena saber.

Prometeu e a Caixa de Pandora
Luc Ferry e Clotilde Bruneau (argumento)
Giuseppe Baiguera (desenho)
Gradiva
Portugal, Julho de 2019
233 x 313 mm, 56 p., cor, capa dura
16,50 €

(capa disponibilizada pela editora portuguesa; pranchas disponibilizadas pela Glénat, editora original do projecto; clicar nas imagens para as apreciar em toda a sua extensão)

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