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29/10/2024

Naturezas mortas

Questionar a pintura e o acto criativo

Barcelona, últimos estertores do século XIX. Vidal, Balaguer i Carbonell, considerado pelos seus pares um dos prodígios do modernismo catalão, está cada vez mais introvertido e irascível. Suspenso o mecenato do pai, que sempre o apoiou, recusa separar-se dos seus quadros, perdendo vendas avultadas e a possibilidade de pagar as muitas dívidas e endireitar a sua vida.
O início desta espiral descendente coincidiu com a desaparecimento de Mar Noguera Monzó, sua musa e amante, após a pintura de um belo retrato dela.

28/06/2024

A Adopção - Ciclo II

Ilusões e desencantos do processo de adopção


Geralmente, associamos o conceito de série a histórias com protagonista fixo. No caso de A Adopção, cujo segundo volume português (correspondente ao segundo ciclo), Wajdia & Arrependimentos acaba de ser editado em português pela Ala dos Livros, os protagonistas mudam de ciclo para ciclo, mantendo-se apenas a temática de base: a adopção de crianças.

13/05/2024

Lydie

Encher a alma e aquecer o coração




Esta história tem por cenário o Beco do Bebé com Bigode. A artéria não se chama assim, claro, mas quase todos esqueceram o barão que lhe deu nome, quando um vândalo de trazer por casa decidiu pintar um farfalhudo bigode no bebé da publicidade a um sabonete, que decora o muro no fundo da rua.

30/01/2024

Emma G. Wildford

Suspensos de uma folha de papel de carta


Se no cinema é normal seguir actores, na banda desenhada geralmente procuram-se determinados desenhadores. Mas, tal como na Sétima Arte há quem escolha os filmes preferencialmente pelos seus realizadores, também na BD há leitores que fazem as suas escolhas com base no nome do argumentista.
Neste particular, Zidrou é um dos nomes a reter e, se as suas obras de tom humano estão hoje espalhadas por diversos catálogos nacionais, em boa hora as editoras A Seita e Arte de Autor se uniram para lhe dedicarem uma colecção de que Emma G. Wildford é o tomo mais recente.

03/02/2023

A(lguma da) BD que vamos poder ler em 2023



Como tem sido hábito todos os anos, fica um apanhado das edições já divulgadas que vão ser editadas em Portugal em 2023. Para o executar, para além do questionamento directo às editoras, foi também feita uma pesquisa online para tentar perceber os títulos já anunciados.
Este apanhado é acima de tudo um instrumento para servir de guia aos leitores, para poderem programar as suas compras... e leituras!

25/01/2023

Les Tuniques Bleues par

Diferentes mas iguais



Esta homenagem Os Túnicas Azuis é uma das primeiras grandes surpresas - e leituras - deste ano, desde logo pelo lote de autores que reúne: entre outros, José-Luis Munuera, Aimée de Jongh, Denis Lapière, Olivier Schwartz, Eric Maltaite, Zidrou e… Blutch (!), que também assina a capa.

12/01/2023

Hollywoodland #1

O outro lado dos sonhos



Com o nome de Zidrou como chamativo era impossível passar ao lado deste Hollywoodland, uma obra em dois tomos que pretende assinalar o centenário - em Julho deste ano - do célebre letreiro (curiosamente criado para publicitar um projecto imobiliário que não se concretizou) que todos já vimos vezes sem conta em filmes - e alguns ao vivo…?
É um conjunto de pequenas crónicas irónicas e mordazes sobre os sonhos anseios e falhanços daqueles que se aproximavam da Meca do cinema, esperando tornar-se astros brilhantes por lá.

20/12/2022

A Adopção

Histórias que (não) acabam bem


Todos sonhamos com histórias que acabam bem”, lê-se a certa altura em A Adopção, mas, raramente, sabemos o que é ‘acabar’ e o que é ‘bem’. E temos tendência para procurar a felicidade nos outros, no acessório, no que está longe, como se aquilo que nos rodeia, que está mesmo à nossa beira não pudesse suprir - e de forma bem mais consistente - “esta esperança, esta cegueira” - a tal ‘felicidade’ - que é “a força da humanidade”.

10/08/2022

La BD de l'Été 2021

Modelos...



O modelo seguido aqui pela Le Lombard é evidente: a Méga Spirou, editada trimestralmente pela Dupuis...

Ou seja, nas 192 páginas em papel jornal desta La BD de l'Été 2021 encontramos algumas páginas de passatempos, dois álbuns completos e histórias curtas, maioritariamente de humor.
A diferença entre ambas, assenta então nas séries.

17/12/2021

Méga Spirou #28

Schtroumpfástica!


Já o escrevi por aqui: sendo esta revista uma espécie de mostruário do (bom) catálogo de humor da Dupuis, o menor ou maior interesse de cada edição está intimamente ligado aos dois álbuns completos incluídos.
Sendo este um número dedicado aos schtroumpfs - e também por extensão a Peyo - dificilmente poderia ser melhor, ou não incluísse ele um dos álbuns fundadores da (fantástica) BD franco-belga dos anos 1960 e uma aventura longa completa dos pequenos seres azuis.
E mais ainda.

05/11/2021

A Fera

E se...


E se o Marsupilami, em vez de ser o animal amigável e divertido que todos nós conhecemos graças ao génio de André Franquin, fosse na verdade - de forma compreensível e natural - uma fera selvagem (quase) incontrolável?
Este enredo, imaginado por Frank Pé e depois maravilhosamente escrito por Zidrou para o desenho sublime daquele, proporciona-nos outra das grandes leituras do ano e uma soberba homenagem a (uma das maiores criações de) um génio da BD.

07/09/2021

Verões Felizes #3

Banda desenhada de conforto




Se o conceito de ‘comida de conforto’ é hoje em dia recorrente e tem muitos adeptos, nunca ouvi falar de ‘Banda desenhada de conforto’. Mas ela existe e Verões Felizes, de que a Arte de Autor acaba de editar o terceiro díptico, é um bom exemplo deste conceito (inexistente).

05/07/2021

Apesar de tudo

Por tudo

...nenhuma lei da física impede o tempo de recuar.”
Zeno, in Apesar de tudo


Se há livros que nos põem bem com a vida - ou pelo menos nos deixam nas nuvens algumas horas, até a dura realidade nos atingir outra vez com força, este é um deles.
Poético, doce, bem-disposto e com um artifício narrativo fabuloso, Apesar de tudo é um daqueles livros que não se podem deixar de ler.

10/06/2021

Clifton #22+Bouffon

Zidrou, Zidrou...

Se um acontecimento inesperado obrigasse a cingir as minhas leituras futuras a um único argumentista, actualmente Zidrou tinha muitas hipóteses de ser o escolhido. As razões: a variedade e heterogeneidade das suas abordagens, num leque temático vasto e diversificado, sempre com um nível de excelência considerável, especialmente quando se trata de obras originais.
Deixo dois (dos muitos) exemplos (possíveis) já a seguir, escolhidos por serem leituras recentes.

12/06/2020

Verões felizes #2

Boas memórias





Com a pandemia de Covid-19 a ensombrar-nos e a incerteza sobre o Verão que aí vem a pairar, evocar memórias de férias pode ser um bom exercício.
Ou um óptimo exercício, quando estão em causa as férias da família Faldérault, contadas na belíssima série Verões Felizes, de que a Arte de Autor acaba de editar o segundo volume duplo.

31/05/2020

Foi assim: Maio 2020

Um comentário crítico a um mês aos quadradinhos

Editar. Escrever. MudarCompras. Mais vistas. E ainda…

15/05/2020

Ric Hochet #4: Tombé pour la France

Uma questão de nome…






Tenho repetidas vezes elogiado aqui Zidrou - um dos meus argumentistas de referência e presença regular neste blog  - mas há duas coisas que não lhe perdoo em relação a Ric Hochet: a (tentativa de) modernização do jornalista/detective imaginado por Duchateau e Tibet e a escolha/aceitação (continuada) de Van Liemt como seu desenhador.

09/04/2020

Le crime qui est le tien

Par de ases



Encontrar num mesmo livro dois dos autores que fazem parte das minhas leituras recorrentes, é uma daquelas felicidades que por vezes a banda desenhada nos oferece.
Por um lado, Zidrou, o argumentista multifacetado, incapaz de uma história menor ou mal escrita. Por outro, Berthet, o meu ‘vício’ linha clara, cujo traço não deixa de me surpreender e seduzir.
Por isso, se à partida Le crime qui est le tien já era uma aposta ganha, a leitura só o veio confirmar.

14/02/2020

La Peau de L’Ours #2

Outra vez







E, com surpresa, Zidrou - uma presença cada vez mais recorrente neste blog… - regressa a La Peau de L’Ours.
Com surpresa porque, o (agora) primeiro volume era uma história fechada e auto-conclusiva - tal como esta continuação, que não o é.
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