Fevereiro 2011
Exposições
No Reino do Terror
Exposição bibliográfica de revistas de terror, da Tales from the Crypt (anos 50) à Zona Negra
De 11 de Fevereiro a 11 de Março
Galeria de Exposições Temporárias da Ala Esquerda (1º andar).
De 2ª a 6ª feira das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 23h00; Sábados das 14h00 às 20h00.
Cor - 15 Ilustradores Portugueses
Exposição de serigrafia com André Letria, Alex Gozblau, André Carrilho, Bernardo Carvalho, Daniel Lima, Filipe Abranches, João Fazenda, Miguel Rocha, Maria João Worm, Nuno Saraiva, José Manuel Saraiva, Pedro Burgos, Tiago Albuquerque, Tiago Manuel e Susa Monteiro.
Exposição comemo-rativa dos 15 anos da Casa da Cerca, Almada, produzida pelo Centro Português de Serigrafia.
De 14 de Fevereiro a 14 de Março
Cafetaria.
De 2ª a 6ª feira das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 23h00; Sábados das 14h00 às 20h00.
Carlos Páscoa
Exposição de banda desenhada e ilustração
De 19 de Fevereiro a 19 de Março
Inaugu-ração da exposição e conversa com o autor, dia 19 de Fevereiro, às 18h00.
Galeria de Exposições Temporárias Principal (1º andar - Centro).
De 2ª a 6ª feira das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 23h00; Sábados das 14h00 às 20h00.
Montra de Fevereiro
Gambuzine
A montra deste mês debruça-se sobre o fanzine Gambuzine, fundado em 1999. Como nos diz Teresa Câmara Pestana, autora de banda desenhada e editora, o Gambuzine, surgiu da necessidade de “ (…) prolongar o gozo alcançado com os solozines Aqui Babilónia (1995) e Continuamos aqui (1996), versão portuguesa de Hier Babylon, editado em 1995 com grande sucesso no burgo punk de Hannover”. O Gambuzine notabilizou-se por editar em território português, e em primeira mão, grandes nomes da banda desenhada alemã “alternativa”, aos quais se juntaram autores eslovenos, espanhóis, finlandeses, franceses, italianos, neo-zelandeses e portugueses (com destaque para a própria Teresa Câmara Pestana).
Depois de 16 números a atormentar a banda desenhada “bem comportada” o Gambuzine continua a dar especial ênfase à crítica política e social, que são também a sua imagem de marca. No Gambuzine, voltando a citar Teresa Câmara Pestana, só “ (…) não há bd’s racistas, sexistas e fascizóides”.
1 a 28 de Fevereiro
De 3ª a 6ª das 14h00 às 17h30 e das 19h30 às 23h00; Sábados das 14h00 às 20h00.
Conversas
Conversas sobre Cinema e Banda Desenhada, por Véte
Dia 4, sexta-feira, às 21h30
Todas as primeiras sextas-feiras de cada mês a Bedeteca têm a honra e o prazer de receber as conversas de Véte sobre cinema e banda desenhada. A não perder!
O Universo do Terror, por Hélder Castilho
Dia 25, sexta-feira (podia ser dia 13…), às 21h30 Apreciador de cinema e banda desenhada, autor de contos de terror, Hélder Castilho vem falar-nos d’ O Universo do Terror, na Bedeteca. Uma sessão verdadeiramente assustadora!
Cinema de Animação
Traços do Japão – Sessões de Anime, da NCreatures
Todas as terceiras sextas-feiras do mês passamos um filme de anime, aqui na Bedeteca, com a parceria da NCreatures. Em breve anunciaremos o título deste mês… O filme será apresentado por Paulo Monteiro
Dia 18, sexta-feira, às 21h30
Oficinas
Ouriço-do-Mar – Oficina de Banda Desenhada
Todas as terças-feiras, das 19h30 às 20h30
Para autores entre os 8 e os 12… A entrada é livre.
Toupeira – Oficina de Banda Desenhada
Todas as quintas-feiras, das 19h30 às 20h30
Para autores a partir dos 13 anos… A entrada é livre.
Clubes
Lemon Studio – Clube de Mangá
Todas as quintas-feiras, das 16h00 às 18h30
Magic The Gatering – Clube de Magic
Todos os Sábados das 15h00 às 20h00
Sugestão da Bedeteca para Fevereiro
Livro do mês
La Ascensión del Gran Mal (Edição em castelhano) de David B.
Conhecida por “Grande Mal”, a epilepsia é uma doença que provoca alterações temporárias graves a nível motor, sensorial, psíquico e neurovegetativo. O francês David B. relata nesta obra em 6 volumes a sua relação com o irmão, minado pelo “Grande Mal”, e a forma como lidou com o fantasma da doença ao longo dos anos. La Ascensión del Gran Mal (edição em castelhano, traduzida do francês) é uma obra intimista, por vezes dolorosa, mas também um enorme exercício de coragem por parte do autor, que expõe a público todos os seus medos e obsessões com a enfermidade do irmão. David B., que esteve em Beja em 2007, por ocasião da exposição realizada com o seu trabalho, durante o III Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, é considerado como um dos mais importantes autores de banda desenhada da actualidade. La Ascensión del Gran (6 volumes) foi publicado pelas Ediciones Sinsentido, entre 2001 e 2007.
Notícias
- Este mês criámos o Conselho Consultivo da Bedeteca de Beja, do qual farão parte vários críticos, estudiosos, divulgadores, autores e leitores de banda desenhada. O objectivo do Conselho é constituir um “núcleo duro” que possa dar pistas sobre vários assuntos, reunindo, ao mesmo tempo, sensibilidades muito diferentes.
- O fanzine Venham + 5 n.º 6 (2009), da Bedeteca de Beja, foi nomeado pelos VIII Troféus Central Comics na categoria de Melhor Fanzine. A história “O Infeliz Destino de Sebastião Salvador”, de Susa Monteiro, publicada no mesmo fanzine, foi nomeada na categoria de Melhor Curta. Para conhecer os outros nomeados, prazos para a votação, local da entrega dos prémios, etc., basta consultar o portal Central Comics...
- Este ano o Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja realizar-se-á entre 28 de Maio e 12 de Junho. A organização avança a bom ritmo e os autores presentes estão praticamente todos confirmados… Alberto Varanda e Loustal são dois dos muitos autores com exposições patentes.
Nas Escolas
O mês passado, e apesar do frio, estivemos na Escola Mário Beirão, em Beja. Este mês vamos estar na Escola D. Manuel I e no Liceu Diogo de Gouveia, também em Beja. E ainda daremos um “pulinho”ao Externato António Sérgio, em Beringel. Para falar de banda desenhada, claro… Estamos também a elaborar um projecto, na área da reciclagem, com o Instituto Politécnico de Beja.
(Textos da responsabilidade da Bedeteca de Beja)
18/02/2011
Bedeteca de Beja - Programação
Leituras relacionadas
2011,
BD para ver,
Beja,
Fevereiro
17/02/2011
Fantasma
O espírito que caminha há 75 anos
Passam hoje 75 anos sobre a estreia, no New Yorker American Journal, das tiras diárias de The Phantom, popularizado em Portugal como Fantasma. Seria no entanto necessário aguardar uma semana para conhecer o primeiro herói dos quadradinhos com identidade secreta, que ocultava com uma máscara negra, um fato justo (de cor roxa – ou outras, consoante os países em que é publicado) e as cuecas por fora, que deixavam á vista apenas a boca, o nariz e as mãos.
Apesar disso, o Fantasma não tinha super-poderes, que entrariam na BD apenas um par de anos mais tarde com o Superman, servindo-se das duas pistolas que usava à cintura, da força, da agilidade física e do seu aspecto amedrontador para derrotar gangsters e tiranos, que marcava indelevelmente com uma caveira socando-os com o anel com uma que usava na mão direita (o da mão esquerda, com dois sabres cruzados, significava protecção para quem ostentasse a sua marca). E ainda da lenda que o afirmava imortal, contando mais de 400 anos, sendo por isso conhecido entre os pigmeus com quem vive como “o espírito que caminha” ou “o homem que nunca morre”.
Na verdade, este Fantasma inicial era apenas o 21º de uma longa linha sucessória, iniciada em 1526 por um jovem aristocrata inglês que, naufragado na costa africana na sequência de um ataque de piratas Singh, jurou consagrar a sua vida e a dos seus descendentes a combatê-los, passando essa missão ao seu filho e por aí em diante. Esta base permitiu ao seu argumentista, Lee Falk (1911-1999), que dois anos antes criara outro herói de sucesso, o mágico Mandrake, variar a época e a temática das histórias que foi narrando até à sua morte.
O Fantasma inicialmente foi desenhado por Ray Moore (1905-1982), sucedendo-lhe Wilson McCoy (1902-1961) e Sy Barry (1928-). À tira diária juntar-se-ia uma prancha dominical colorida, em Maio de 1939, ano em que também se estreou em revista autónoma, por onde passariam nomes como Wallace Wood, Al Williamson, Steve Dikto ou Jim Aparo e, nas capas, Albert Breccia ou Frank Frazzeta. Actualmente o Fantasma continua a ser publicado diariamente nos jornais norte-americanos, em histórias escritas por DePaul e desenhadas por Paul Ryan.
Na sua primeira aparição o Fantasma salvava de apuros a bela Diana Palmer, por quem se apaixonou e que seria a sua noiva durante mais de meio século, até finalmente casarem, em 1977, nascendo um ano depois os gémeos Kit e Heloise. Guran, chefe dos pigmeu Bandar que servem o Fantasma, Rex, o seu protegido, Diabo, o seu cão-lobo, Herói, o belo cavalo branco e a Patrulha da Selva (que ele comanda secretamente), são outras personagens recorrentes desta banda desenhada. Do seu refúgio, na Caverna da Caveira, na fictícia selva de Bengala, onde estão os arquivos que narram as aventuras de todos os Fantasmas e onde existe um imenso tesouro em pedras preciosas, o Fantasma parte para os mais exóticos destinos para combater o crime e a opressão, tendo mesmo participado na II Guerra Mundial, quando os seus domínios foram invadidos pelos japoneses.
Do universo da série faz parte igualmente a paradisíaca Ilha do Éden, onde todos os animais vivem em harmonia e onde o Fantasma por vezes recupera as suas forças.
O sucesso da BD, especialmente notório na Suécia (onde a Egmont edita Fantomen, uma revista com produção local, ininterruptamente desde 1950) e na Austrália (onde a revista The Phantom, iniciada em 1948, atingiu já as 1500 edições) fez com que fosse adaptada ao cinema em 1943, em 15 capítulos protagonizados por Tom Tyler, e, mais recentemente, em 1996, num filme de má memória com Billy Zane. Curiosamente, na televisão a estreia deu-se apenas em 1986, numa série animada, em que um Fantasma do futuro integrou os Defensores da Terra, juntamente com Flash Gordon, Mandrake e e os respectivos filhos (!). Na mesma linha, surgiria em 1994 The Phantom 2040. No ano passado, uma mini-série em dois episódios, interpretada por Ryan Carnes, narrou a iniciação do 22º Fantasma.
Em Portugal, a estreia do herói deu-se em 1952, no Condor Mensal #18 (ver correcção nos comentários no final deste texto), tendo depois passado por inúmeras revistas (Mundo de Aventuras, Audácia, Ciclone, Chico Zumba, Jornal do Cuto…) e até por títulos próprios e álbuns.
Nos Estados Unidos, a Hermes Press tem em curso a reedição cronológica das tiras diárias do Fantasma, em luxuosos volumes que abarcam cerca de dois anos e contam quase três centenas de páginas cada um. Até ao momento foram lançados três tomos, com introdução de Ron Goulart.
A título de curiosidade, refira-se uma breve passagem do herói pelo traço do português Eliseu Gouveia (Zeu), nos números #20 e #26 da edição da Moonstone Books, em 2007/08.
Passam hoje 75 anos sobre a estreia, no New Yorker American Journal, das tiras diárias de The Phantom, popularizado em Portugal como Fantasma. Seria no entanto necessário aguardar uma semana para conhecer o primeiro herói dos quadradinhos com identidade secreta, que ocultava com uma máscara negra, um fato justo (de cor roxa – ou outras, consoante os países em que é publicado) e as cuecas por fora, que deixavam á vista apenas a boca, o nariz e as mãos.
Apesar disso, o Fantasma não tinha super-poderes, que entrariam na BD apenas um par de anos mais tarde com o Superman, servindo-se das duas pistolas que usava à cintura, da força, da agilidade física e do seu aspecto amedrontador para derrotar gangsters e tiranos, que marcava indelevelmente com uma caveira socando-os com o anel com uma que usava na mão direita (o da mão esquerda, com dois sabres cruzados, significava protecção para quem ostentasse a sua marca). E ainda da lenda que o afirmava imortal, contando mais de 400 anos, sendo por isso conhecido entre os pigmeus com quem vive como “o espírito que caminha” ou “o homem que nunca morre”.
Na verdade, este Fantasma inicial era apenas o 21º de uma longa linha sucessória, iniciada em 1526 por um jovem aristocrata inglês que, naufragado na costa africana na sequência de um ataque de piratas Singh, jurou consagrar a sua vida e a dos seus descendentes a combatê-los, passando essa missão ao seu filho e por aí em diante. Esta base permitiu ao seu argumentista, Lee Falk (1911-1999), que dois anos antes criara outro herói de sucesso, o mágico Mandrake, variar a época e a temática das histórias que foi narrando até à sua morte.
O Fantasma inicialmente foi desenhado por Ray Moore (1905-1982), sucedendo-lhe Wilson McCoy (1902-1961) e Sy Barry (1928-). À tira diária juntar-se-ia uma prancha dominical colorida, em Maio de 1939, ano em que também se estreou em revista autónoma, por onde passariam nomes como Wallace Wood, Al Williamson, Steve Dikto ou Jim Aparo e, nas capas, Albert Breccia ou Frank Frazzeta. Actualmente o Fantasma continua a ser publicado diariamente nos jornais norte-americanos, em histórias escritas por DePaul e desenhadas por Paul Ryan.
Na sua primeira aparição o Fantasma salvava de apuros a bela Diana Palmer, por quem se apaixonou e que seria a sua noiva durante mais de meio século, até finalmente casarem, em 1977, nascendo um ano depois os gémeos Kit e Heloise. Guran, chefe dos pigmeu Bandar que servem o Fantasma, Rex, o seu protegido, Diabo, o seu cão-lobo, Herói, o belo cavalo branco e a Patrulha da Selva (que ele comanda secretamente), são outras personagens recorrentes desta banda desenhada. Do seu refúgio, na Caverna da Caveira, na fictícia selva de Bengala, onde estão os arquivos que narram as aventuras de todos os Fantasmas e onde existe um imenso tesouro em pedras preciosas, o Fantasma parte para os mais exóticos destinos para combater o crime e a opressão, tendo mesmo participado na II Guerra Mundial, quando os seus domínios foram invadidos pelos japoneses.
Do universo da série faz parte igualmente a paradisíaca Ilha do Éden, onde todos os animais vivem em harmonia e onde o Fantasma por vezes recupera as suas forças.
O sucesso da BD, especialmente notório na Suécia (onde a Egmont edita Fantomen, uma revista com produção local, ininterruptamente desde 1950) e na Austrália (onde a revista The Phantom, iniciada em 1948, atingiu já as 1500 edições) fez com que fosse adaptada ao cinema em 1943, em 15 capítulos protagonizados por Tom Tyler, e, mais recentemente, em 1996, num filme de má memória com Billy Zane. Curiosamente, na televisão a estreia deu-se apenas em 1986, numa série animada, em que um Fantasma do futuro integrou os Defensores da Terra, juntamente com Flash Gordon, Mandrake e e os respectivos filhos (!). Na mesma linha, surgiria em 1994 The Phantom 2040. No ano passado, uma mini-série em dois episódios, interpretada por Ryan Carnes, narrou a iniciação do 22º Fantasma.
Em Portugal, a estreia do herói deu-se em 1952, no Condor Mensal #18 (ver correcção nos comentários no final deste texto), tendo depois passado por inúmeras revistas (Mundo de Aventuras, Audácia, Ciclone, Chico Zumba, Jornal do Cuto…) e até por títulos próprios e álbuns.
Nos Estados Unidos, a Hermes Press tem em curso a reedição cronológica das tiras diárias do Fantasma, em luxuosos volumes que abarcam cerca de dois anos e contam quase três centenas de páginas cada um. Até ao momento foram lançados três tomos, com introdução de Ron Goulart.
A título de curiosidade, refira-se uma breve passagem do herói pelo traço do português Eliseu Gouveia (Zeu), nos números #20 e #26 da edição da Moonstone Books, em 2007/08.
16/02/2011
Tintin – O Caranguejo das Tenazes de Ouro
Hergé (argumento e desenho)
Edições ASA (Portugal, Setembro de 2010)
160 x 220 mm, 62 p., cor, cartonado, 8,90 €
5 + 1 razões (entre muitas outras!) para ler este álbum:
1. Porque é nele que aparece pela primeira vez – tendo já um papel fundamental - o Capitão Haddock, futuro pilar do universo de Tintin…
2. … e, consequentemente, é nele que ouvimos pela primeira vez um chorrilho dos seus deliciosos insultos: “Canalhas!... Trastes!... Pés-descalços!... Trogloditas!... “Tchuk-tchuk-nougat”!”
3. Pela magnífica sequência da travessia do deserto feita por Tintin e Haddock ao longo de 6 (longas) páginas, com especial destaque para a cena final do pesadelo do repórter.
4. Aliás, aquela é uma das características desta história, a forma como Hergé prolonga e explora bem cada situação.
5. Porque é uma história bem construída e desenvolvida, com as diversas pistas soltas a encaixarem-se todas no final, com o ritmo, a acção, o suspense e o humor bem doseados.
+ 1. Porque… bem, vocês já sabem, é sempre um prazer (re)ler Tintin!
Edições ASA (Portugal, Setembro de 2010)
160 x 220 mm, 62 p., cor, cartonado, 8,90 €
5 + 1 razões (entre muitas outras!) para ler este álbum:
1. Porque é nele que aparece pela primeira vez – tendo já um papel fundamental - o Capitão Haddock, futuro pilar do universo de Tintin…
2. … e, consequentemente, é nele que ouvimos pela primeira vez um chorrilho dos seus deliciosos insultos: “Canalhas!... Trastes!... Pés-descalços!... Trogloditas!... “Tchuk-tchuk-nougat”!”
3. Pela magnífica sequência da travessia do deserto feita por Tintin e Haddock ao longo de 6 (longas) páginas, com especial destaque para a cena final do pesadelo do repórter.
4. Aliás, aquela é uma das características desta história, a forma como Hergé prolonga e explora bem cada situação.
5. Porque é uma história bem construída e desenvolvida, com as diversas pistas soltas a encaixarem-se todas no final, com o ritmo, a acção, o suspense e o humor bem doseados.
+ 1. Porque… bem, vocês já sabem, é sempre um prazer (re)ler Tintin!
15/02/2011
José Mendes Cabeçadas Júnior
Um Espírito Indomável
José Carlos Fernandes (argumento)
Roberto Gomes (desenho)
Câmara Municipal de Loulé (Portugal, Setembro de 2010)
175x240 mm, 40 p., cor, brochada com badanas
Resumo
Este álbum traça a biografia de José Mendes Cabeçadas Júnior, um louletano que foi Presidente da República e que teve papel fundamental em alguns momentos-chave da História de Portugal, como a implantação da República, o levantamento de 28 de Maio ou a campanha de Humberto Delgado para as eleições presidenciais de 1958.
Desenvolvimento
Projecto institucional, “obrigado” a condensar uma vida (muito) cheia em apenas três dezenas de pranchas, apresenta algumas das qualidades e defeitos que são (quase) inevitáveis neste tipo de obras.
Por um lado, foi impossível a José Carlos Fernandes (JCF) fugir ao rigor de datas e acontecimentos, mais a mais face a uma personalidade como José Mendes Cabeçadas Júnior, que de militar a político, de revoltoso a preso, teve uma vida cheia de acontecimentos relevantes que importava conhecer (e pena é que a dimensão da obra não permita aprofundar mais alguns; ficará como ponto de partida para outras leituras).
Por outro, aqui e ali JCF consegue libertar-se daquele espartilho, com pequenos apontamentos (momentos, gestos…), geralmente nas pranchas(/vinhetas com menos texto que mostram e apelam para o lado menos conhecido da personagem pública, mas que lhe conferem uma dimensão mais humana.
Do equilíbrio entre uns e outros, conseguiu uma obra sem paixão, é verdade, mas legível e que cumpre os seus objectivos: divulgar a vida e feitos de um nome marcante da história lusa da primeira metade do século XX.
Quanto a Roberto Gomes, se consegue diversificar bastante a planificação, conseguindo mesmo alguns efeitos interessantes ao utilizar um desenho único, dividido ao alto, como se de várias vinhetas se tratasse, para dinamizar a narrativa (nas páginas 21 e 27, por exemplo), a nível da figura humana apresenta rostos inexpressivos e que só ganhariam se fossem um pouco mais realistas. Em contrapartida, o envelhecimento do protagonista está bem conseguido, merecendo ainda especial destaque a coloração das pranchas, em que predominam os tons ocre e violeta.
A reter
- A excelente edição – design, impressão, papel, acabamento – de fazer inveja a algumas edições “profissionais”.
- A boa selecção de cores.
- A presteza com que a C. M. de Loulé satisfez o pedido de um exemplar.
Menos conseguido
- Numa altura em que José Carlos Fernandes é publicado (e apreciado) em Espanha e França, e expõe em Angoulême e no Centro Belga de BD, é lamentável que no seu país só possa ser lido numa obra de carácter institucional (sem que isto signifique menosprezo por esta edição) e esteja prestes a deixar – ou tenha mesmo já deixado? – a BD.
- Se é louvável esta iniciativa da C. M. Loulé, custa vê-la subaproveitada, por não ser suficientemente divulgada (ou até posta à venda, num espaço como a FNAC, por exemplo). O que seria a melhor forma de atingir os propósitos da edição.
Curiosidade
- Esta não é a primeira vez que José Carlos Fernandes emprega o seu talento em projectos institucionais; já o tinha feito, com argumento de João Miguel Lameiras e João Ramalho Santos, em “A Revolução Interior – À procura do 25 de Abril”, e como autor completo, em “Um passeio ao outro lado da noite”, “Francisco e o rei de Simesmo” (editados pelo Centro Regional de Alcoologia do Centro) e “Os pesadelos fiscais de Porfírio Zap” (Direcção-Geral de Impostos).
José Carlos Fernandes (argumento)
Roberto Gomes (desenho)
Câmara Municipal de Loulé (Portugal, Setembro de 2010)
175x240 mm, 40 p., cor, brochada com badanas
Resumo
Este álbum traça a biografia de José Mendes Cabeçadas Júnior, um louletano que foi Presidente da República e que teve papel fundamental em alguns momentos-chave da História de Portugal, como a implantação da República, o levantamento de 28 de Maio ou a campanha de Humberto Delgado para as eleições presidenciais de 1958.
Desenvolvimento
Projecto institucional, “obrigado” a condensar uma vida (muito) cheia em apenas três dezenas de pranchas, apresenta algumas das qualidades e defeitos que são (quase) inevitáveis neste tipo de obras.
Por um lado, foi impossível a José Carlos Fernandes (JCF) fugir ao rigor de datas e acontecimentos, mais a mais face a uma personalidade como José Mendes Cabeçadas Júnior, que de militar a político, de revoltoso a preso, teve uma vida cheia de acontecimentos relevantes que importava conhecer (e pena é que a dimensão da obra não permita aprofundar mais alguns; ficará como ponto de partida para outras leituras).
Por outro, aqui e ali JCF consegue libertar-se daquele espartilho, com pequenos apontamentos (momentos, gestos…), geralmente nas pranchas(/vinhetas com menos texto que mostram e apelam para o lado menos conhecido da personagem pública, mas que lhe conferem uma dimensão mais humana.
Do equilíbrio entre uns e outros, conseguiu uma obra sem paixão, é verdade, mas legível e que cumpre os seus objectivos: divulgar a vida e feitos de um nome marcante da história lusa da primeira metade do século XX.
Quanto a Roberto Gomes, se consegue diversificar bastante a planificação, conseguindo mesmo alguns efeitos interessantes ao utilizar um desenho único, dividido ao alto, como se de várias vinhetas se tratasse, para dinamizar a narrativa (nas páginas 21 e 27, por exemplo), a nível da figura humana apresenta rostos inexpressivos e que só ganhariam se fossem um pouco mais realistas. Em contrapartida, o envelhecimento do protagonista está bem conseguido, merecendo ainda especial destaque a coloração das pranchas, em que predominam os tons ocre e violeta.
A reter
- A excelente edição – design, impressão, papel, acabamento – de fazer inveja a algumas edições “profissionais”.
- A boa selecção de cores.
- A presteza com que a C. M. de Loulé satisfez o pedido de um exemplar.
Menos conseguido
- Numa altura em que José Carlos Fernandes é publicado (e apreciado) em Espanha e França, e expõe em Angoulême e no Centro Belga de BD, é lamentável que no seu país só possa ser lido numa obra de carácter institucional (sem que isto signifique menosprezo por esta edição) e esteja prestes a deixar – ou tenha mesmo já deixado? – a BD.
- Se é louvável esta iniciativa da C. M. Loulé, custa vê-la subaproveitada, por não ser suficientemente divulgada (ou até posta à venda, num espaço como a FNAC, por exemplo). O que seria a melhor forma de atingir os propósitos da edição.
Curiosidade
- Esta não é a primeira vez que José Carlos Fernandes emprega o seu talento em projectos institucionais; já o tinha feito, com argumento de João Miguel Lameiras e João Ramalho Santos, em “A Revolução Interior – À procura do 25 de Abril”, e como autor completo, em “Um passeio ao outro lado da noite”, “Francisco e o rei de Simesmo” (editados pelo Centro Regional de Alcoologia do Centro) e “Os pesadelos fiscais de Porfírio Zap” (Direcção-Geral de Impostos).
Leituras relacionadas
C.M. Loulé,
Fora das Livrarias,
José Carlos Fernandes,
Robert Gomes
14/02/2011
Homem-Aranha substitui Tocha Humana
Com as cinzas do Tocha Humana ainda quentes (!) – a sua morte aconteceu no final de Janeiro - a Marvel já tratou de lhe arranjar um substituto, tendo anunciado que o seu lugar no Quarteto Fantástico será ocupado pelo Homem-Aranha.
Isto acontecerá na estreia da revista FF (que será lançada a 23 de Março), na qual aquela sigla deixa de corresponder a Fantastic Four (Quarteto Fantástico) passando a designar a Future Foundation (Fundação Futuro), que terá por missão salvar o universo Marvel de grandes ameaças. Este título (que no seu número inaugural terá o dobro das páginas habituais e quatro capas diferentes, assinadas por Steve Epting, Daniel Acuña, Stan Goldberg e Marko Djurdjevic), vem substituir a revista Fantastic Four, que terminará este mês, no nº 588, com uma história que de alguma forma antecipa o futuro agora desvendado, numa conversa entre o Homem-Aranha e Franklin Richards, filho do Sr. Fantástico e da Mulher Invisível.
Na história inaugural de FF #1 escrita por Jonathan Hickman e desenhada por Steve Eptin, a entrada do Homem-Aranha no grupo fica também assinalada pela estreia de novos uniformes de cor branca, que substituem os tradicionais fatos azuis com o número 4.
Curiosamente, o Homem-Aranha tinha-se oferecido para integrar o Quarteto Fantástico logo nos seus primórdios, na revista “Amazing Spider-Man” #1 (1963), tendo na altura sido recusado.
Esta notícia surge ao mesmo tempo que chega às livrarias especia-lizadas portu-guesas a edição #587 de Fantastic Four, a tal em que o Tocha Humana perde a vida no decorrer de uma enorme batalha, que foi alvo de uma grande campanha de marketing desde Agosto de 2010, chegando às bancas envolta num saco plástico preto, para não ser possível saber antecipadamente qual dos super-heróis perderia a vida. Campanha que obteve os resultados pretendidos, quer mediaticamente, quer em volume de vendas pois a revista foi a mais vendida nos EUA no mês de Janeiro, ultrapassando os 115 mil exemplares e recolocando a Marvel no topo.
Sem aquela expressão, este número especial – que muitos consideram um bom investimento tendo em vista uma eventual futura valorização – teve um número de encomendas bem superior ao habitual também nas lojas especializadas portuguesas, como é o caso da Mundo Fantasma, no Porto.
(Texto publicado no Jornal de Notícias de 12 de Fevereiro de 2011)
Isto acontecerá na estreia da revista FF (que será lançada a 23 de Março), na qual aquela sigla deixa de corresponder a Fantastic Four (Quarteto Fantástico) passando a designar a Future Foundation (Fundação Futuro), que terá por missão salvar o universo Marvel de grandes ameaças. Este título (que no seu número inaugural terá o dobro das páginas habituais e quatro capas diferentes, assinadas por Steve Epting, Daniel Acuña, Stan Goldberg e Marko Djurdjevic), vem substituir a revista Fantastic Four, que terminará este mês, no nº 588, com uma história que de alguma forma antecipa o futuro agora desvendado, numa conversa entre o Homem-Aranha e Franklin Richards, filho do Sr. Fantástico e da Mulher Invisível.
Na história inaugural de FF #1 escrita por Jonathan Hickman e desenhada por Steve Eptin, a entrada do Homem-Aranha no grupo fica também assinalada pela estreia de novos uniformes de cor branca, que substituem os tradicionais fatos azuis com o número 4.
Curiosamente, o Homem-Aranha tinha-se oferecido para integrar o Quarteto Fantástico logo nos seus primórdios, na revista “Amazing Spider-Man” #1 (1963), tendo na altura sido recusado.
Esta notícia surge ao mesmo tempo que chega às livrarias especia-lizadas portu-guesas a edição #587 de Fantastic Four, a tal em que o Tocha Humana perde a vida no decorrer de uma enorme batalha, que foi alvo de uma grande campanha de marketing desde Agosto de 2010, chegando às bancas envolta num saco plástico preto, para não ser possível saber antecipadamente qual dos super-heróis perderia a vida. Campanha que obteve os resultados pretendidos, quer mediaticamente, quer em volume de vendas pois a revista foi a mais vendida nos EUA no mês de Janeiro, ultrapassando os 115 mil exemplares e recolocando a Marvel no topo.
Sem aquela expressão, este número especial – que muitos consideram um bom investimento tendo em vista uma eventual futura valorização – teve um número de encomendas bem superior ao habitual também nas lojas especializadas portuguesas, como é o caso da Mundo Fantasma, no Porto.
(Texto publicado no Jornal de Notícias de 12 de Fevereiro de 2011)
Leituras relacionadas
Homem-Aranha,
Marvel,
Quarteto Fantástico
13/02/2011
Selos & Quadradinhos (25)
Leituras relacionadas
2001,
EUA,
Peanuts,
Schulz,
Selos e Quadradinhos
12/02/2011
Selos & Quadradinhos (24)
Stamps & Comics / Timbres & BD (24)
Leituras relacionadas
2006,
Peanuts,
Portugal,
Schulz,
Selos e Quadradinhos
11/02/2011
Score the Goals
Droit aux Buts / Anota los Goles
United Nations Office on Sport for Development and Peace
(Janeiro de 2011)
Wilfried Lemke , o Conselheiro Especial do Secretário Geral das Nações Unidas (ONU) para o desporto ao serviço do desenvolvimento e da paz, apresentou no final de Janeiro uma banda desenhada que pretende sensibilizar para os Objectivos do Milénio para o Desenvolvimento (OMD), especialmente vocacionada para as crianças e adolescentes entre os 8 e os 12 anos.
A história de “Score the goals” começa com o naufrágio de um veleiro, a bordo do qual seguiam 10 futebolistas famosos, todos eles embaixadores das Nações Unidas, que iam participar num jogo amigável a favor da ONU. Trata-se de Luís Figo, Emmanuel Adebayor, Roberto Baggio, Michael Ballack, Iker Casillas, Didier Drogba, Raúl, Ronaldo, Patrick Vieira e Zinédine Zidane que, chegados a uma ilha deserta, terão que fazer face a uma série de situações novas e desconhecidas, auxiliando os restantes náufragos.
Dessa forma, ao longo do relato, vão sendo introduzidos e explicados de forma simples e directa os oito Objectivos do Milénio para o Desenvolvimento até 2015: erradicar a pobreza extrema e a fome, alcançar o ensino primário universal, promover a igualdade de género e autonomização da mulher, reduzir a mortalidade infantil, melhorar a saúde materna, combater o VIH/SIDA, a malária e outras doenças, garantir a sustentabilidade ambiental e criar uma parceria global para o desenvolvimento.
Iker Casillas, guarda-redes do Real Madrid, durante a apresentação declarou-se “muito honrado por participar nesta banda desenhada, pois é um meio ao mesmo tempo lúdico e pedagógico que permite sensibilizar as crianças do mundo inteiro para os OMD, ensinando valores como a tolerância, o respeito e o espírito de equipa. Como diz a BD: juntos podemos conseguir!”.
Lemke realçou que “ainda há poucas pessoas no mundo que conhecem os OMD, por isso é primordial chamar a atenção para eles, em especial junto dos mais jovens”.
Embora vá ter uma primeira edição impressa com uma tiragem de 10 mil exemplares que vão ser distribuídos pela ONU junto dos seus parceiros, a banda desenhada pode ser descarregada no formato pdf em inglês, francês e espanhol. Traduções noutras línguas, entre as quais o árabe, o chinês e o russo, serão disponibilizadas em breve.
United Nations Office on Sport for Development and Peace
(Janeiro de 2011)
Wilfried Lemke , o Conselheiro Especial do Secretário Geral das Nações Unidas (ONU) para o desporto ao serviço do desenvolvimento e da paz, apresentou no final de Janeiro uma banda desenhada que pretende sensibilizar para os Objectivos do Milénio para o Desenvolvimento (OMD), especialmente vocacionada para as crianças e adolescentes entre os 8 e os 12 anos.
A história de “Score the goals” começa com o naufrágio de um veleiro, a bordo do qual seguiam 10 futebolistas famosos, todos eles embaixadores das Nações Unidas, que iam participar num jogo amigável a favor da ONU. Trata-se de Luís Figo, Emmanuel Adebayor, Roberto Baggio, Michael Ballack, Iker Casillas, Didier Drogba, Raúl, Ronaldo, Patrick Vieira e Zinédine Zidane que, chegados a uma ilha deserta, terão que fazer face a uma série de situações novas e desconhecidas, auxiliando os restantes náufragos.
Dessa forma, ao longo do relato, vão sendo introduzidos e explicados de forma simples e directa os oito Objectivos do Milénio para o Desenvolvimento até 2015: erradicar a pobreza extrema e a fome, alcançar o ensino primário universal, promover a igualdade de género e autonomização da mulher, reduzir a mortalidade infantil, melhorar a saúde materna, combater o VIH/SIDA, a malária e outras doenças, garantir a sustentabilidade ambiental e criar uma parceria global para o desenvolvimento.
Iker Casillas, guarda-redes do Real Madrid, durante a apresentação declarou-se “muito honrado por participar nesta banda desenhada, pois é um meio ao mesmo tempo lúdico e pedagógico que permite sensibilizar as crianças do mundo inteiro para os OMD, ensinando valores como a tolerância, o respeito e o espírito de equipa. Como diz a BD: juntos podemos conseguir!”.
Lemke realçou que “ainda há poucas pessoas no mundo que conhecem os OMD, por isso é primordial chamar a atenção para eles, em especial junto dos mais jovens”.
Embora vá ter uma primeira edição impressa com uma tiragem de 10 mil exemplares que vão ser distribuídos pela ONU junto dos seus parceiros, a banda desenhada pode ser descarregada no formato pdf em inglês, francês e espanhol. Traduções noutras línguas, entre as quais o árabe, o chinês e o russo, serão disponibilizadas em breve.
(Texto publicado no Jornal de Notícias de 4 de Fevereiro de 2011)
Leituras relacionadas
Digital,
Fora das Livrarias,
ONU
10/02/2011
Os Amigos do Luca
#1 – Tim adora os seus amigos
#2 – Zeca está apaixonado
Stephan Valentin (argumento)
Laurent Houssin (desenho)
Sinais de Fogo (Portugal, Janeiro de 2011)
120 x 180 mm, 48 p., cor, cartonado, 9,00€
1. Em Portugal, apesar de considerada (ainda…) um produto infanto/juvenil, raramente a banda desenhada foi editada enquanto tal.
2. Por um lado, houve/há as chamadas “grandes” editoras de BD (Bertrand, Meribérica, ASA…); por outro, editoras que edita(va)m alguma BD, raramente com mais algum propósito para lá da busca do lucro (ilusório…) imediato.
3. Por isso, também, esta entrada da Sinais de Fogo na edição de histórias aos quadradinhos, merece referência e atenção.
4. Porque, integrada no seu selo “juvenil”, soube escolher uma série – Os Amigos do Luca - clara e correctamente vocacionada para o seu público-alvo, crianças e adolescentes na casa dos 8/12 anos (digo eu…).
5. Série que, tendo claramente um propósito didáctico/educativo, alia-lhe um grande sentido lúdico, surgindo aquele diluído em histórias bem narradas e desenhadas, equilibradas e divertidas.
6. Claro que, do simples ponto de vista narrativo da banda desenhada em si, o apêndice final (umas poucas pranchas, igualmente em BD) eram desnecessárias, mas elas tornam-se compreensíveis e fazem sentido como um resumo (será necessário?) que contextualiza e explica o relato.
7. Em “Tim adora os seus amigos”, a chegada à escola de um rapaz que vive num circo que está de visita à cidade, se por um lado desperta a atenção e potencia novas amizades, por outro faz (re)nascer ciúmes e dúvidas (em relação a/ao que é diferente), provocando segregação e comportamentos (ligeiramente…) racistas.
8. Já “Zeca está apaixonado”, aborda os amores juvenis, com toda a sua ilusão e ingenuidade, de uma forma simples e acessível, ajudando a desmistificar algo natural.
9. Em ambos os casos, destaca-se a forma como a abordagem é feita, integrada num quotidiano normal para qualquer adolescente da sociedade ocidental, o assinalável equilíbrio entre os propósitos que norteiam as obras e o humor que os atenua ficcionalmente, a utilização de uma linguagem acessível e própria da faixa etária em questão, a legibilidade do conjunto…
10. … e o traço de Houssin (bem mais do que simples “ilustrador”, como consta nos livros…), ágil, agradável, expressivo e dinâmico (efeito obtido também a partir da fluidez proporcionada pela “desproporcionalidade” dos corpos) que juntamente com a planificação diversificada e as cores vivas tornam o todo bastante atraente.
11. E se o formato, próximo do dos manga - que os seus leitores-alvo possivelmente consomem - é simpático, a rapidez com que as obras se lêem dada a sua dimensão pode fazer pensar nos nove euros (justificados pela cor e a encadernação – e, claro, pelo conteúdo em si) que cada livrinho custa…
#2 – Zeca está apaixonado
Stephan Valentin (argumento)
Laurent Houssin (desenho)
Sinais de Fogo (Portugal, Janeiro de 2011)
120 x 180 mm, 48 p., cor, cartonado, 9,00€
1. Em Portugal, apesar de considerada (ainda…) um produto infanto/juvenil, raramente a banda desenhada foi editada enquanto tal.
2. Por um lado, houve/há as chamadas “grandes” editoras de BD (Bertrand, Meribérica, ASA…); por outro, editoras que edita(va)m alguma BD, raramente com mais algum propósito para lá da busca do lucro (ilusório…) imediato.
3. Por isso, também, esta entrada da Sinais de Fogo na edição de histórias aos quadradinhos, merece referência e atenção.
4. Porque, integrada no seu selo “juvenil”, soube escolher uma série – Os Amigos do Luca - clara e correctamente vocacionada para o seu público-alvo, crianças e adolescentes na casa dos 8/12 anos (digo eu…).
5. Série que, tendo claramente um propósito didáctico/educativo, alia-lhe um grande sentido lúdico, surgindo aquele diluído em histórias bem narradas e desenhadas, equilibradas e divertidas.
6. Claro que, do simples ponto de vista narrativo da banda desenhada em si, o apêndice final (umas poucas pranchas, igualmente em BD) eram desnecessárias, mas elas tornam-se compreensíveis e fazem sentido como um resumo (será necessário?) que contextualiza e explica o relato.
7. Em “Tim adora os seus amigos”, a chegada à escola de um rapaz que vive num circo que está de visita à cidade, se por um lado desperta a atenção e potencia novas amizades, por outro faz (re)nascer ciúmes e dúvidas (em relação a/ao que é diferente), provocando segregação e comportamentos (ligeiramente…) racistas.
8. Já “Zeca está apaixonado”, aborda os amores juvenis, com toda a sua ilusão e ingenuidade, de uma forma simples e acessível, ajudando a desmistificar algo natural.
9. Em ambos os casos, destaca-se a forma como a abordagem é feita, integrada num quotidiano normal para qualquer adolescente da sociedade ocidental, o assinalável equilíbrio entre os propósitos que norteiam as obras e o humor que os atenua ficcionalmente, a utilização de uma linguagem acessível e própria da faixa etária em questão, a legibilidade do conjunto…
10. … e o traço de Houssin (bem mais do que simples “ilustrador”, como consta nos livros…), ágil, agradável, expressivo e dinâmico (efeito obtido também a partir da fluidez proporcionada pela “desproporcionalidade” dos corpos) que juntamente com a planificação diversificada e as cores vivas tornam o todo bastante atraente.
11. E se o formato, próximo do dos manga - que os seus leitores-alvo possivelmente consomem - é simpático, a rapidez com que as obras se lêem dada a sua dimensão pode fazer pensar nos nove euros (justificados pela cor e a encadernação – e, claro, pelo conteúdo em si) que cada livrinho custa…
Leituras relacionadas
Houssin,
Luca,
Sinais de Fogo,
Valentin
09/02/2011
Zona Negra #2
Adelina Menaia, André Adonis, André Oliveira, Carla Rodrigues, Carlos Páscoa, Catarina Guerreiro, César Évora, Diana David, Diogo Campos, Fil, Gabriel Martins, JB Martins, João Figueiredo, João Raz, LLL, Locato Buscaglia, Manuel Alves, Miguel Gabriel, Miguel Santos, Pedro Carvalho, Ricardo Correia, Ricardo Reis, Rodolfo Buscaglia, Rui Alex, Sónia Brochado, Sónia Oliveira, Véte, Z! (argumento e/ou desenho)
Associação Tentáculo (Portugal, Novembro de 2010)
190 x 270 mm, 98 p., pb, brochada com badanas, 11,50 €
1. A simples existência de um projecto como o Zona já é para mim extremamente positivo.
2. Pelo espírito de iniciativa, pela continuidade (6 números em menos de 2 anos), pela sua qualidade média, por ser um espaço disponível para os jovens autores publicarem.
3. Esse é aliás o seu propósito base: “O projecto Zona, fundado em 2009, tem como objectivo principal o desenvolvimento e divulgação da banda desenhada e ilustração em Portugal. Encontra-se no entanto aberto a participações de outras áreas artísticas, tais como fotografia ou prosa, por exemplo.”
4. O que faz da sua principal qualidade (a abertura a todos) também a sua principal pecha. Porque – em minha opinião, vinco bem – algumas das obras publicadas não reúnem a qualidade mínima necessária para a dimensão que o projecto entretanto atingiu, em termos gráficos e de divulgação.
5. Tanto foi assim, que os seus responsáveis – Fil e André Oliveira – sentiram a necessidade de criar a Associação Tentáculo, para gerirem satisfatoriamente o projecto.
6. Por tudo isso, quase 2 anos e 6 números depois, penso que se imporá em breve a necessidade de uma escolha:
7. Manter o actual esquema, já testado e funcional, que assenta muito bem em números temáticos que ajudam a dar uma linha condutora a cada publicação e facilitam a sua associação a outro tipo de eventos, mesmo para lá da BD, e potenciam a sua divulgação…
8. … ou dar um passo em frente. O que significará, na prática, evoluir para uma publicação mais profissionalizada, eventualmente pagando aos autores publicados, de certeza tendo uma malha mais apertada na sua selecção (e eu sei por experiência própria do Comicarte, do Quadrado, da colecção Quadradinho…, os problemas que isso acarreta). Malha que agora não é tão evidente porque, se é verdade que alguns autores revelam já uma apreciável maturidade – gráfica e/ou narrativa – que justifica sem dúvida a publicação, outros teriam ainda muito caminho a percorrer antes de chegarem a um projecto como o Zona.
9. Ambas as escolhas são possíveis, ambas as escolhas são válidas.
10. A primeira, mais simples e já testada, manterá a Zona no rumo actual.
11. A segunda, sem qualquer dúvida, é mais arriscada e complicada: em termos organizativos, financeiros, na recolha de material com a qualidade mínima exigível, para mais num mercado (inexistente) como é o português…
12. Mas será, sem dúvida também, mais estimulante para quem ler a Zona e, acredito, para quem encabeça o projecto, podendo deixar marca e marcar realmente a diferença.
13. Qualquer que seja a opção, longa vida à Zona!
14. Longa vida que passa por ir lendo os números já publicados, (re)descobrindo, potenciais valores da banda desenhada nacional.
Associação Tentáculo (Portugal, Novembro de 2010)
190 x 270 mm, 98 p., pb, brochada com badanas, 11,50 €
1. A simples existência de um projecto como o Zona já é para mim extremamente positivo.
2. Pelo espírito de iniciativa, pela continuidade (6 números em menos de 2 anos), pela sua qualidade média, por ser um espaço disponível para os jovens autores publicarem.
3. Esse é aliás o seu propósito base: “O projecto Zona, fundado em 2009, tem como objectivo principal o desenvolvimento e divulgação da banda desenhada e ilustração em Portugal. Encontra-se no entanto aberto a participações de outras áreas artísticas, tais como fotografia ou prosa, por exemplo.”
4. O que faz da sua principal qualidade (a abertura a todos) também a sua principal pecha. Porque – em minha opinião, vinco bem – algumas das obras publicadas não reúnem a qualidade mínima necessária para a dimensão que o projecto entretanto atingiu, em termos gráficos e de divulgação.
5. Tanto foi assim, que os seus responsáveis – Fil e André Oliveira – sentiram a necessidade de criar a Associação Tentáculo, para gerirem satisfatoriamente o projecto.
6. Por tudo isso, quase 2 anos e 6 números depois, penso que se imporá em breve a necessidade de uma escolha:
7. Manter o actual esquema, já testado e funcional, que assenta muito bem em números temáticos que ajudam a dar uma linha condutora a cada publicação e facilitam a sua associação a outro tipo de eventos, mesmo para lá da BD, e potenciam a sua divulgação…
8. … ou dar um passo em frente. O que significará, na prática, evoluir para uma publicação mais profissionalizada, eventualmente pagando aos autores publicados, de certeza tendo uma malha mais apertada na sua selecção (e eu sei por experiência própria do Comicarte, do Quadrado, da colecção Quadradinho…, os problemas que isso acarreta). Malha que agora não é tão evidente porque, se é verdade que alguns autores revelam já uma apreciável maturidade – gráfica e/ou narrativa – que justifica sem dúvida a publicação, outros teriam ainda muito caminho a percorrer antes de chegarem a um projecto como o Zona.
9. Ambas as escolhas são possíveis, ambas as escolhas são válidas.
10. A primeira, mais simples e já testada, manterá a Zona no rumo actual.
11. A segunda, sem qualquer dúvida, é mais arriscada e complicada: em termos organizativos, financeiros, na recolha de material com a qualidade mínima exigível, para mais num mercado (inexistente) como é o português…
12. Mas será, sem dúvida também, mais estimulante para quem ler a Zona e, acredito, para quem encabeça o projecto, podendo deixar marca e marcar realmente a diferença.
13. Qualquer que seja a opção, longa vida à Zona!
14. Longa vida que passa por ir lendo os números já publicados, (re)descobrindo, potenciais valores da banda desenhada nacional.
08/02/2011
L’Île aux Cent Mille Morts
Fabien Vehlmann (argumento)
Jason (desenho)
Glénat (França, 19 de Janeiro de 2011)
240 x 320 mm, 56 p., cor, cartonado, 15,00 €
Resumo
Há cinco anos, depois de partir à procura de um tesouro, após encontrar um mapa numa garrafa que deu à costa, o pai de Gweny nunca mais deu notícias.
Desde essa altura, ela deseja ir à sua procura, o que se torna possível no dia em que encontra nova garrafa na praia. Reúne uma equipagem de piratas, desejosos de se livrarem dela na primeira oportunidade, e parte em busca do lendário tesouro da Ilha dos Cem Mil Mortos.
Desconhece que as garrafas com mensagens não passam de uma artimanha para atrair curiosos à ilha onde funciona uma escola de carrascos…
Desenvolvimento
É assim que um relato que parecia ser uma história típica de piratas, com ilhas desertas, tesouros e traições a par da busca de um pai desaparecido por uma filha que “dourou” a sua imagem, resvala rapidamente para uma história negra e absurda, ao mesmo tempo que é cruel e melancólica.
Crueldade e melancolia que nem sequer o aparente final feliz (sê-lo-á mesmo?) consegue iludir, já que o cumprir de objectivos de Gweny resultam em desilusão e Tobias, o amigo e aliado que há-de encontrar no decorrer do relato, é um falhado, desiludido com a vida que leva e incapaz de a tentar mudar.
Por isso, também, realce na história para o humor, negro, por vezes muito negro, e para o absurdo que Vehlmann claramente se diverte a espalhar pelo argumento, por vezes em pequenos pormenores que, no entanto, fazem toda a diferença, pois surpreendem e dispõem bem o leitor, dispondo para seguir a leitura, mesmo que aquele ande a par de uma violência, menos gráfica do que mental mas incómoda, que, não sendo gratuita, também não conhece grandes limites. Deixo alguns exemplos: a emulação dos velhos de “Astérix na Córsega” que, comentando a acção, originam um flashback que tem por base a doença de Alzheimer! (página 4); o desentendimento entre a mãe (louca) e a filha (tão ou mais louca?) (p.5-6); a referência escatológica no diálogo de Gweny com o chefe dos piratas (p. 8); o estratagema daquela para conseguir um aliado no barco (p. 11); quase todas as “aulas” (de tortura e morte) na original “escola de carrascos”, etc., etc…
A par destes pormenores que elevam a qualidade e aumentam o interesse da narrativa, esta demonstra ainda uma grande legibilidade e uma boa cadência, pese embora a planificação tradicional de Jason, praticamente imutável no formato de 3 tiras de 3 vinhetas por prancha. O que é contrabalançado pela diversidade de pontos de vista utilizados, sem grandes audácias gráficas, sim, mas que ajudam a transmitir a sensação de movimento e “puxam” pelo leitor por páginas tornadas bastante agradáveis, devido ao uso de cores lisas cujos tons ajudam a definir os diferentes momentos e locais da acção.
Em jeito de conclusão, para que não haja ilusões: esta história deve ser lida como um (simples…) divertimento, bem conseguido, não tão ligeiro no entanto quanto (em especial o traço de Jason) pode aparentar, o que não lhe retira méritos nem ambições. Pelo contrário.
A reter
- Os pormenores negros e absurdos do relato.
- A forma divertida e inventiva como os (aparentes) pressupostos iniciais são completamente subvertidos.
- A legibilidade do conjunto.
Menos conseguido
- O olhar vazio e inexpressivo das personagens de Jason (uma das suas “marcas pessoais”), devido aos seus olhos serem completamente brancos.
Curiosidades
- A parceria entre Vehlmann, um dos argumentistas em crescendo no meio franco-belga, e o norueguês Jason, autor alternativo que é presença assídua no catálogo da Fantagraphics Books. - Esta é uma das obras que pode ser lida em entregas semanais, online, no site gratuito Comix 8.
Jason (desenho)
Glénat (França, 19 de Janeiro de 2011)
240 x 320 mm, 56 p., cor, cartonado, 15,00 €
Resumo
Há cinco anos, depois de partir à procura de um tesouro, após encontrar um mapa numa garrafa que deu à costa, o pai de Gweny nunca mais deu notícias.
Desde essa altura, ela deseja ir à sua procura, o que se torna possível no dia em que encontra nova garrafa na praia. Reúne uma equipagem de piratas, desejosos de se livrarem dela na primeira oportunidade, e parte em busca do lendário tesouro da Ilha dos Cem Mil Mortos.
Desconhece que as garrafas com mensagens não passam de uma artimanha para atrair curiosos à ilha onde funciona uma escola de carrascos…
Desenvolvimento
É assim que um relato que parecia ser uma história típica de piratas, com ilhas desertas, tesouros e traições a par da busca de um pai desaparecido por uma filha que “dourou” a sua imagem, resvala rapidamente para uma história negra e absurda, ao mesmo tempo que é cruel e melancólica.
Crueldade e melancolia que nem sequer o aparente final feliz (sê-lo-á mesmo?) consegue iludir, já que o cumprir de objectivos de Gweny resultam em desilusão e Tobias, o amigo e aliado que há-de encontrar no decorrer do relato, é um falhado, desiludido com a vida que leva e incapaz de a tentar mudar.
Por isso, também, realce na história para o humor, negro, por vezes muito negro, e para o absurdo que Vehlmann claramente se diverte a espalhar pelo argumento, por vezes em pequenos pormenores que, no entanto, fazem toda a diferença, pois surpreendem e dispõem bem o leitor, dispondo para seguir a leitura, mesmo que aquele ande a par de uma violência, menos gráfica do que mental mas incómoda, que, não sendo gratuita, também não conhece grandes limites. Deixo alguns exemplos: a emulação dos velhos de “Astérix na Córsega” que, comentando a acção, originam um flashback que tem por base a doença de Alzheimer! (página 4); o desentendimento entre a mãe (louca) e a filha (tão ou mais louca?) (p.5-6); a referência escatológica no diálogo de Gweny com o chefe dos piratas (p. 8); o estratagema daquela para conseguir um aliado no barco (p. 11); quase todas as “aulas” (de tortura e morte) na original “escola de carrascos”, etc., etc…
A par destes pormenores que elevam a qualidade e aumentam o interesse da narrativa, esta demonstra ainda uma grande legibilidade e uma boa cadência, pese embora a planificação tradicional de Jason, praticamente imutável no formato de 3 tiras de 3 vinhetas por prancha. O que é contrabalançado pela diversidade de pontos de vista utilizados, sem grandes audácias gráficas, sim, mas que ajudam a transmitir a sensação de movimento e “puxam” pelo leitor por páginas tornadas bastante agradáveis, devido ao uso de cores lisas cujos tons ajudam a definir os diferentes momentos e locais da acção.
Em jeito de conclusão, para que não haja ilusões: esta história deve ser lida como um (simples…) divertimento, bem conseguido, não tão ligeiro no entanto quanto (em especial o traço de Jason) pode aparentar, o que não lhe retira méritos nem ambições. Pelo contrário.
A reter
- Os pormenores negros e absurdos do relato.
- A forma divertida e inventiva como os (aparentes) pressupostos iniciais são completamente subvertidos.
- A legibilidade do conjunto.
Menos conseguido
- O olhar vazio e inexpressivo das personagens de Jason (uma das suas “marcas pessoais”), devido aos seus olhos serem completamente brancos.
Curiosidades
- A parceria entre Vehlmann, um dos argumentistas em crescendo no meio franco-belga, e o norueguês Jason, autor alternativo que é presença assídua no catálogo da Fantagraphics Books. - Esta é uma das obras que pode ser lida em entregas semanais, online, no site gratuito Comix 8.
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