10/04/2011

Selos & Quadradinhos (37)

Stamps & Comics / Timbres & BD (37)
Tema/subject/sujet: Blondie
País/country/pays: Gambia
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: ?

09/04/2011

Selos & Quadradinhos (36)

Stamps & Comics / Timbres & BD (36)
Tema/subject/sujet: One Piece
País/country/pays: Japão/Japan
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 23/03/2011

08/04/2011

Universo Marvel #1

Panini Comics (Brasil, Maio de 2010)
260 x 170 mm, 144 p., cor, brochada, mensal, 6,20 €


O melhor de uma revista, é por vezes o seu maior defeito. Falo da possibilidade de ler/descobrir séries diferentes e do que acontece quando a selecção apresentada não corresponde aos gostos e/ou sensibilidades do leitor.
No caso de uma revista da Marvel (ou da DC Comics), há a acrescentar uma outra condicionante: as histórias estarem (mais ou menos) interligadas com as sagas em curso, o que, podendo não inviabilizar a leitura, deixa o leitor sem informações (mais ou menos) relevante para a trama que está a ler.
Mas, sem mais demoras, passemos a uma breve análise do número de estreia (em Portugal…) desta nova revista com heróis Marvel, actualmente nas bancas.


Hulk: Vermelho de raiva
Jeph Loeb (argumento)
Ed McGuinness (desenho)
Mark Farmer (arte-final)
Dan Brown e Chris Sotomayor (cores)

A reter
- O tom jornalístico do início e do fim da história
Menos conseguido
- Como uma história prometedora se transforma rapidamente num arraial de pancadaria sem grande sentido e sem qualquer desenvolvimento. Loeb já fez bem melhor.


Elektra: Reinado sombrio – partes 1 e 2
Zeb Wells (argumento)
Clay Mann (desenho)
Mark Pennington (arte-final)
Matt Hollingsworth (cores)

A reter
- Apesar da falta de verosimilhança (ou por isso mesmo), a forma como Wells estrutura e desenvolve a história leva o leitor a torcer pelo sucesso da assassina, mesmo que o todo, embora competentemente escrito e desenhado, não ultrapasse a mediania.
- A publicação integral (cinco capítulos) deste arco de Elektra em três números consecutivos, o que permite a sua leitura num espaço de tempo relativamente curto.
Menos conseguido
- O facto de esta ser uma narrativa (colateral) integrada na mega-saga Reinado Sombrio.


Quarteto Fantástico: O mestre do destino
Mark Millar (argumento)
Bryan Hitch (desenho)
Cam Smith, Andrew Currie e Bryan Hitch (arte-final)
Paul Mounts (cores)

A reter
- O bom ritmo, planificação e desenho.
Menos conseguido
- Este capítulo é apenas um intróito, no qual nada acontece. Ganharia muito se tivesse sido publicado o segundo logo nas páginas seguintes. De qualquer forma, Mark Millar merece o benefício da dúvida


Demolidor: Na costa da morte – partes 1 e 2
Ed Brubaker (argumento)
David Aja e Michael Lark (desenhos)
Stefano Gaudino (arte-final)
José Vilarrubia e Matt Hollingsworth (cores)

A reter
- Esta é a jóia da coroa da edição. Pelo desenho sombrio e realista, reforçado pelos tons escuros, pelo argumento sólido e denso, pelo ritmo pausado, embora em crescendo, do relato, pela força emocional de toda a parte 1.
Menos conseguido
- É o último arco do Demolidor escrito por Ed Brubaker…

07/04/2011

Buck Danny

L'intégrale - Tome 2
Dupuis Patrimoine
Jean-Michel Charlier (argumento e desenho)
Victor Hubinon (desenho)
Dupuis (Bélgica, 4 de Março de 2011)
218x230 mm, 276 p., cor, cartonado, 24 €

Resumo
Segundo tomo da compilação integral das aventuras de Buck Danny, inclui os álbuns “La revanche des fils du ciel”, “Tigres volants”, “Dans les griffes du Dragon Noir” e “Attaque en Birmanie”, originalmente publicados na revista “Spirou” entre 1948 e 1951.


Desenvolvimento
Comecei a coleccionar o Mundo de Aventuras, oferecido pelo meu pai, no #47 (da chamada 5ª série) e, poucas semanas depois, a revista teve duas mudança significativas: a primeira, a alteração de aspecto, com a diminuição do formato para um tamanho próximo do comic-book; a segunda, uma inflexão na orientação, introduzindo séries franco-belgas a par da manutenção das norte-americanas que até aí constituíam o seu prato forte. A primeira novidade foi Jerry Spring, no número de mudança, o #54, e a segunda Buck Danny, no #60, a 21 de Novembro de 1974. Prova da importância que o ‘MA’ e estes heróis tiveram em mim, é que o que atrás fica escrito é citado de memória…
O reencontro com Buck Danny (muitas vezes relido) tantos anos depois, a par da componente nostálgica, confirmou as marcas que as aventuras deste aviador deixaram em mim, pois ao longo da leitura das suas páginas descobri que (ainda) sabia praticamente de cor alguns dos diálogos, para além de conservar uma memória muito viva dos argumentos.
A par disso, houve também uma componente de descoberta. Desde logo, por ser a primeira vez que li estas histórias a cores – cores antigas, demasiado vivas em muitos casos, com poucos gradientes, que me mostraram as vantagens da sua edição a preto e branco no Mundo de Aventuras…
Descoberta, também, que Charlier, um argumentista de eleição do género “grande aventura”, foi durante sete álbuns igualmente desenhador, mais concretamente dos barcos e aviões (e dos respectivos esquemas, reais e pormenorizados, incluídos nas pranchas da história – aquelas vinhetas que muitas vezes saltei na leitura original, ansioso por descobrir o que acontecia a seguir na história...)
Finalmente, esta releitura teve uma componente de confirmação: por um lado, o valor de Buck Danny a nível histórico - pela bem conseguida conjugação entre os acontecimentos reais e a ficção, através da integração das aventuras no cenário de guerra real – e também a nível documental – pela muita informação incluída nas páginas desenhadas.
No início da primeira das quatro histórias incluídas neste tomo, em que o tom documental e histórico se vai diluindo aos poucos, reencontramos Danny a gozar uma licença após a sua participação (contada nos três tomos iniciais da série) nos acontecimentos que se seguiram ao bombardeamento de Pearl Harbour pelos japoneses, que levaram os EUA a entrar na Segunda Guerra Mundial, sendo de imediato chamado para incorporar uma companhia estacionada na China.
Como marco fundamental destas histórias, fica a introdução de três personagens que se tornariam recorrentes: o estouvado So(n)ny (a grafia é alterada no final de “Attaque en Birmanie”) Tuckson, responsável pela maior parte dos apontamentos cómicos que servem para aliviar a tensão, Tumbler e Tao. E o reencontro com a bela Susan Holmes… Há também os vilões de serviço, os espiões japoneses Mo Choung Young e Miss Lee.
Banda desenhada realista, no traço e na temática, as aventuras de Buck Danny revelam-se densas e de leitura mais lenta nas três primeiras histórias incluídas no presente volume, não só pela existência de bastante texto, mas também pela composição das pranchas, que incluem cinco tiras por página. A partir do último tomo, com a saída de Charlier da parte gráfica, Hubinon reduz a planificação para quatro tiras por prancha e solta o seu desenho, passando a utilizar um pincel mais grosso, conseguindo dar uma outra dinâmica à série, acompanhando melhor o alto ritmo imposto por Charlier, mestre na introdução de sucessivas sequências de acção, mistério e suspense nos seus argumentos, que tinham o condão de deixar o leitor sem fôlego, sempre à espera doa próxima surpresa, peripécia ou volte-face.
Isso, a par do ritmo de produção a que os autores estavam obrigados pela publicação semanal em revista e pelo trabalho em simultâneo em diversas histórias, faz com que se encontrem aqui e ali algumas incongruências e questões temporais menos bem resolvidas, o que está longe de ser suficiente para retirar interesse, magia e encanto à leitura das aventuras de Buck Danny e dos seus companheiros.


A reter
-Mais uma belíssima edição integral, que inclui vinhetas e/ou páginas inexistentes na versão publicada em revista ou eliminadas na reedição original em álbum.
- O dossier inicial, rico em informação e profusamente ilustrado.
- A magia do reencontro com um herói da minha adolescência.


Menos conseguido
- Algumas questões temporais, nomeadamente o imenso tempo que Danny e os seus amigos demoram a entregar os (urgentes!) planos do ataque à Birmânia.
- O tom (francamente) amarelo da pele de chineses e japoneses que, nalgumas vinhetas, chega mesmo a roçar o amarelo vivo!
- No decorrer da terceira história incluída neste tomo, Buck Danny e os seus amigos embarcam num navio chamado “Lisboa”, pertença do capitão português Jacinto… Gomez y Sereno y Bolívar Y Talacayud!!!


Curiosidades
- Descobrir que Charlier foi também desenhador nos primeiros sete tomos de Buck Danny. E que o abandono dessa faceta, para se dedicar à escrita, na qual ele era mestre, o levou a perder uma boa percentagem dos seus ganhos, pois o argumentista apenas recebia 30 % do pagamento por prancha…
- Os direitos recebidos pela publicação em álbum de B. Danny, proporcionaram a Charlier e Hubinon uma quantia em dinheiro como eles nunca tinham visto. O primeiro, comprou de imediato um automóvel mas… o valor recebido não chegou para a gasolina!
- Hubinon e Charlier, na peugada de Buck Danny e dos seus companheiros, foram também pilotos (fazendo entregas, servindo de táxi, etc…), tendo durante algum tempo acumulado essas funções com a BD.
- Danny, Tuckson e Tumbler protagonizam um dos selos editados pelo Centro Belga de BD para comemorar os seus 10 anos de existência.

Em Portugal

No nosso país, Buck Danny, para além do Mundo de Aventuras, onde foram publicados os primeiros 9 episódios da série – “Os Japoneses Atacam”, “Os Mistérios de Midway”, “A Vingança dos Filhos do Céu”, “Os Tigres Voadores”, “Nas Garras do Dragão Negro”, “Ataque na Birmânia”, “Os Traficantes do Mar Vermelho”, “Contra os Piratas do Deserto”, “Os Gangsters do Petróleo” -, esteve presente noutras revistas.
A sua estreia nacional deu-se a 5 de Julho de 1958, no “Cavaleiro Andante”, com a sua 19ª aventura, “O Tigre da Malásia”, publicada ao longo de 42 números e com direito a capa no #365.
Regressaria no número inicial do “Zorro”, a 13 de Outubro de 1962, com a sua 21ª aventura, “Desapareceu um protótipo”.
Os leitores portugueses só voltariam ao seu contacto a 21 de Outubro de 1971, na primeira tentativa de publicar uma versão lusa da “Spirou”, com “Os anjos azuis”, 36ª história de Charlier e Hubinon. Cerca de 8 anos mais tarde, na segunda vida da revista, Danny marcaria de novo presença, agora com “X-15”, o seu 31º episódio, cuja publicação omitiu duas pranchas.

06/04/2011

IR$

Os Incontornáveis da Banda Desenhada #6
Desberg (argumento)
Vrancken (desenho)
Público + ASA (Portugal, 6 de Abril de 2011)
295 x 220 mm, 96 p., cor, brochado com badanas, 7,40 €


Resumo
Larry B. Max, o protagonista, trabalha no departamento fiscal norte-americano, como especialista no combate à evasão fiscal e ao branqueamento de dinheiro.
Este álbum compila os dois tomos iniciais da série, “A Via Fiscal” e “A Estratégia Hagen”.


Desenvolvimento
Reunindo o primeiro arco de IR$, este álbum serve (também) de apresentação do protagonista, frio, decidido e determinado, mas com algumas fraquezas, especialmente de ordem pessoal e de relacionamento.
Para conseguir combater a fuga aos impostos, para além dos meios informáticos de que dispõe, Larry B. Max não hesita também em usar a força física ou a das armas para chegar aos seus fins.
Nesta sua primeira investigação disponível em português, o inspector das finanças norte-americano é arrastado para uma trama que teve um longínquo início durante a Segunda Guerra Mundial e que envolve fuga de nazis e roubo de bens judaicos.
Série ‘grande público’ típica da banda desenhada franco-belga, com todas as vantagens e desvantagens inerentes, com argumento simples e linear, apesar de um ou outro volte-face, em especial na transição entre os dois volumes, lê-se com agrado e despreocupação sem deslumbrar, mas beneficiaria se tivesse um traço um pouco mais desenvolto, pois Vrancken, neste início, mostra-se demasiado preso à documentação fotográfica que utilizou.


A reter
- A abordagem original a um (triste) episódio histórico que teve lugar durante a após a segunda guerra mundial: a cumplicidade dos bancos suíços com os nazis e a sua ganância.
- A forma como Desberg mantém o interesse da história, dando-lhe uma volta que subverte a ideia que fica no fim do primeiro tomo e mesmo durante grande parte do segundo.


Menos conseguido
- O desenho de Vrancken.
Nota
- Escrito antes da publicação deste álbum, hoje, com o jornal Público, este post ainda vem ilustrado com pranchas extraídas da versão original francesa.

05/04/2011

O oeste segundo Civitelli

Do renomado desenhista de Tex
Vários autores
Mythos Editora (Brasil, Outubro de 2010)
205 x 275 mm, 152 p., pb e cor, brochado com badanas, 17,50 €


Resumo
Dedicado a Tex e a Fabio Civitelli, possivelmente o mais conhecido e aclamado desenhador actual – há já mais de 25 anos! – do ranger, este livro, originalmente publicado em Itália pela livraria especializada Little Nemo, contém diversos textos daqueles que com ele trabalham – Sergio Bonelli, Claudio Nizzi -, uma longa e detalhada entrevista conduzida por Giuseppe Pollicelli, pranchas comentadas pelo autor, a apreciação de todas as histórias de Tex por diversas personalidades ligadas aos quadradinho italianos e pelo próprio Civitelli, um extenso portfolio e ainda a história “O Duelo”, escrita por Nizzi e desenhada e colorida por Civitelli.


Desenvolvimento
Ao longo dos anos que levo ligado à banda desenhada tive oportunidade de conhecer muitos autores. De descobrir alguns, de confirmar outros, de ser surpreendido por uns poucos.
Conheci autores nacionais e estrangeiros, simpáticos e insuportáveis, megalómanos e humildes. A alguns vi o êxito subir à cabeça, a outros admirei a forma como o sucesso não os afectou em nada.
Nalguns casos, tive o privilégio de conhecer nomes (que reconheci depois) grandes dos quadradinhos, que à partida não me motivavam especialmente. Maurício de Sousa, foi um deles. Fabio Civitelli foi outro.
A oportunidade de conhecer pessoalmente um e outro, permitiu-me descobrir criadores apaixonados pela sua linguagem – os quadradinhos –, pela sua arte – a combinação de escrita e desenho -, pelas suas personagens – a Turma da Mônica, no primeiro caso, Tex, no segundo.
Com ambos aprendi a (re)descobrir heróis que faziam parte das minhas leituras, a abordá-los e a vê-los sob prismas que até aí me escapavam.
Tudo isto surgiu-me com a leitura deste livro – deste belo livro – “O Oeste segundo Civitelli” - e na sequência do contacto pessoal com o desenhador italiano no Festival de Beja do ano passado, após troca (por intermédio do incansável José Carlos Francisco) de algumas perguntas e respostas.
Uma breve conversa e uma longa entrevista - ainda por transcrever, mea culpa – juntamente com a leitura mais recente deste livro, foram oportunidade de descobrir, de (re)conhecer um autor apaixonado pela sua obra. Um autor que faz dela arte, mesmo que alguns a (des)qualifiquem (tentando diminui-la) como popular. Um autor que, ao trabalhar em Tex, cumpriu um sonho de sempre e que continua a cumprir diariamente esse sonho.
Isso é por demais evidente nas páginas deste tomo, onde Civitelli narra, explica, detalha, aprofunda vinhetas, tiras, pranchas que ao longo dos anos teve o privilégio e o prazer - esse é por demais evidente nas suas palavras – de criar.
Explica opções gráficas e cénicas, detalha técnicas e materiais, conta pormenores, episódios, pequenas anedotas, transforma numa pequena (grande) aventura a (re)descoberta pelo leitor das pranchas que possivelmente já (re)leu. E deslumbra pelo realismo, o pormenor, a beleza, a qualidade das suas ilustrações.
Uma abordagem simples, apaixonada, emocionada e sentida de um criador à sua criação, abrindo-se, revelando-se - dando-se - ao leitor.
Confesso que depois de o ler, o Tex de Civitelli tem para mim outra dimensão…

A reter
- O belíssimo traço de Civitelli.
- A dimensão humana que perpassa todo o livro.


Menos conseguido
- Dadas as características do livro (tamanho, preço, tiragem curta) que na prática impossibilitam a sua distribuição em bancas, ele não estará à venda em Portugal. O que não tem que significar que os leitores portugueses que o desejarem não o possam adquirir. Fica o pedido à Mythos (ao José Carlos Francisco?) que indique como.


(Texto publicado originalmente no Tex Willer Blog, a 28 de Março de 2011)

04/04/2011

Voyage aux îles de la Désolation

Emmanuel Lepage (argumento e desenho)
Futuropolis (França, 10 de Março de 2011)
230 x 325 mm, 160 p., pb e cor, cartonado, 24 €


Resumo
Assumindo um tom entre a reportagem e a narrativa de viagem, o mais recente álbum de Emmanuel Lepage narra a sua viagem de 30 dias, a bordo do Marion Dufresne, num périplo pelas Terras Austrais e Antárcticas Francesas (TAAF).


Desenvolvimento
Tomei conhecimento da existência das TAAF há cerca de uma década, através da minha “paixão” por Selos aos Quadradinhos, aquando da emissão de uma série dos serviços postais locais assinada por Jean-Claude Mezières, o desenhador de Valérian.
Descobri então, que se tratava de uns territórios – longínquos, inóspitos, quase selvagens – os primeiros dos quais anexados à França em 1893, compostos essencialmente por quatro arquipélagos - Saint Paul e Amsterdão, Crozet, Kerguelen e Terra Adélia - situados nas proximidades do círculo polar antárctico mas dependentes do poder francês.
Pouco mais do que rochedos inóspitos na sua maioria – por isso igualmente conhecidos por Ilhas da Desolação -, acessíveis apenas por mar, habitados por uma população que não ultrapassa as duas centenas de pessoas, a maioria dos quais em regime de rotatividade, que trabalha essencialmente em projectos científicos e no observatório astronómico, e que depende quase integralmente dos navios que lá passam a intervalos regulares para substituição do pessoal e abastecimento... e dependentes do bom tempo que lhes permita fazer as cargas e descargas necessárias.
Foi este território que Emmanuel Lepage visitou, numa viagem que durou 30 dias e da qual nasceu este belíssimo álbum, que assume um tom, simultaneamente de documentário e relato de viagem, raramente atingido aos quadradinhos.
Para essa dupla vertente, contribui bastante o grafismo adoptado: desenho mais realista, a preto, branco e cinzento, para narrar os diversos acontecimentos do périplo e retratar aqueles com quem Lepage conviveu ao longo de um mês; esboços coloridos – fantásticos pela sua beleza, realismo e naturalidade - feitos no local, para ilustrar aspectos dos vários locais visitados: fauna, flora, lugares. Efeito acentuado pelas diferentes texturas do papel utilizados num e noutro caso. (A um outro nível, este livro é também um interessante documento sobre a forma de trabalhar do autor, como ele ataca o esboço, como vai aperfeiçoando o traço, como aplica a cor…)
Apesar do óbvio carácter autobiográfico do relato, Lepage – ao contrário do que têm feito muitos dos seus pares – assume um tom contido no que lhe diz respeito – sem que isso implique apagar-se por completo, pois ao longo das páginas vamos tendo conhecimento dos seus longos enjoos, de sentimentos, emoções e descobertas – chega a comparar, pela desolação da paisagem, uma das ilhas em que desembarca com… a Lua. Até porque ele, apesar de tudo, através do relato vai-se revelando, descobrindo, mostrando, por exemplo, o que o levou a querer fazer BD, como esta foi uma oportunidade de dar assas aos seus sonhos de criança, nascidos das leituras de Hergé - “Tintin e a Estrela Misteriosa” -, Stevenson, Verne, etc…
Em vez disso, o autor preferiu dar o protagonismo à viagem viagem, que vai diversificando para além do facto em si. Dessa forma, retrata – no papel, nos sentimentos, nas motivações, alguns daqueles que consigo embarcaram – marinheiros, cientistas, políticos, turistas… - mas também daqueles com quem se cruza nas TAAF, gente que vive sozinha (uma dura realidade), isolada do mundo, meses a fio, sem internet nem telemóvel, com vivências difíceis, hábitos (tornados obrigatoriamente) diferentes…
Esta é a também uma oportunidade para conhecer um pouco da História das ilhas da Desolação (por exemplo, de como um dos seus descobridores caiu em desgraça, facto que levou a que só muitos anos mais tarde elas fossem baptizadas com o seu nome) e dos muitos atropelos ecológicos cometidos por ganância ou ignorância ao longo de dois séculos.
Por tudo isto, se este é um relato preciso – como um documentário – é também (muito) emotivo – como um diário ou um caderno de viagens.


A reter
- A força, a emoção, a densidade do relato.
- A arte – sublime – de Lepage, em especial nos esboços a cores.
- Por muitas vantagens – tecno-lógicas, finan-ceiras, de espaço, ecológicas – que cada vez mais (alguns) apontem aos e-books, nenhum, nunca poderá transmitir o prazer se sente ao ter nas mãos um livro como este. Robusto, pesado, em papel mate de 135 g, com um fantástico cheiro a tinta fresca…


Menos conseguido
- Confesso que a leitura deste (belíssimo!) álbum, foi uma das maiores surpresas e um dos maiores prazeres que tive nos últimos meses. E, por isso, relido este texto, fica a frustração de não ter conseguido, com ele, transmitir tanto quanto provocou em mim a leitura desta obra.
Deixo, em jeito de moral, uma frase de Lepage: “Estas terras ensinam a humildade”.

03/04/2011

Selos & Quadradinhos (35)

Stamps & Comics / Timbres & BD (35)
Tema/subject/sujet: Marvel Comics Super Heroes
País/country/pays: Estados Unidos da América / United States / États Unis
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2007

02/04/2011

Selos & Quadradinhos (34)

Stamps & Comics / Timbres & BD (34)
Tema/subject/sujet: DC Comics Super Heroes
País/country/pays: Estados Unidos da América / United States / États Unis
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2006


01/04/2011

Melhores Leituras

Março de 2011
Buck Danny – L’Intégrale #2 (Dupuis), de Charlier (argumento) e Hubinon (desenho)

Peanuts - Obra Completa - 1961-1962 (Afrontamento), de Schulz

Tinta nos nervos (catálogo) (Chilicomcarne), de Pedro Moura

Veillée funèbre (Delcourt), de Muller (argumento) e Lereculey (desenho)

Voyage aux îles de la Désolation (Futuropolis), de Lepage

31/03/2011

Anigamix’11

Local: Exponor, Matosinhos, Porto
Data: 31 de Março a 3 de Abril de 2011
Horários: 31 de Março e 1 de Abril: 10h-18h; 2 e 3 de Abril: 10h-19h
Entradas: 31 de Março e 1 de Abril: Grátis; 2 e 3 de Abril: 4€ (venda antecipada) e 5€ (venda nos dias do evento) - Válido para os 2 dias. Bilhetes já à venda nas lojas O Lobo Mau, Pressplay e Ekstra

Tem início hoje o Anigamix’11, a primeira edição de um evento que pretende celebrar a banda desenhada, a animação, os videojogos, o cinema, a televisão e a cultura japonesa, que desfrutam de cada vez maior popularidade junto das gerações portuguesas mais novas.
O Anigamix’11, que é organizado pelas lojas portuenses O Lobo Mau e PressPlay, decorre até ao próximo domingo na Exponor, em simultâneo com a Qualifica – Feira de Educação, Formação, Juventude e Emprego.
O programa é vasto e diversificado, contemplando aspectos tão diferentes como radiomodelismo, cosplay, karaoke, oficinas ligados à ilustração e à cultura japonesa, concertos musicais, concursos e a projecção de filmes animados.
De entrada gratuita hoje e amanhã, e a pagar no fim-de-semana, o Anigamix’11 dedica um olhar especial à banda desenhada feita e publicada em Portugal, por isso, durante o evento estarão patentes mostras dedicadas a “As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy 2”, “Butterfly Chronicles”, “Zona Monstra”, “Obscurum Nocturnus”, “Sonho Sem Fim” e “O Amor Infinito que te tenho e outras histórias”.
Estes projectos serão apresentados pelos respectivos autores no sábado, a partir das 15 horas, antes da cerimónia de entrega dos VIII Troféus Central Comics (às 16 h), tendo lugar em seguida o lançamento da revista de BD “Zona Monstra” e uma sessão de autógrafos com a presença, entre outros, de Filipe Melo, Filipe Pina, João Mascarenhas, Rui Ricardo, Diogo Carvalho, Paulo Monteiro e Fil.
Do programa de domingo, último dia do Anigamiz’11, destacam-se a entrega dos Prémios PressPlay, que contemplam a produção nacional de jogos 2011, às 14h, e um concerto J-Rock com a banda Yoshi O Puto Dragão.
O programa completo pode ser consultado aqui e as actualizações aqui.

(Versão revista do texto publicado no Jornal de Notícias de 31 de Março de 2011)

30/03/2011

Às Quintas Falamos de BD (II)

Quim e Manecas 1915-1918
Amanhã, dia 31, pelas 21h00, no CNBDI, será apresentada a obra Quim e Manecas 1915-1918, de Stuart Carvalhais, com organização, introdução e glossário de João Paulo de Paiva Boléo.
Esta iniciativa insere-se no programa de encontros Às Quintas Falamos de BD, que o CNBDI levará a cabo até Maio, todas as últimas quintas-feiras de cada mês, sempre às 21h00.
Convidamo-lo a tomar café connosco amanhã.
Apareça, contamos consigo.


(Texto da responsabilidade da organização)

29/03/2011

Marvel Girl #1

Josh Fialkov (argumento)
Nuno Plati Alves (desenho e cor)
Marvel Comics (EUA, 16 de Fevereiro de 2011)
170 x 210 mm, 32 p., cor, comic-book, $2,99 US

Resumo
Recolhida pelo professor Xavier quando os seus poderes se começaram a manifestar, após a morte acidental da sua melhor amiga, Jean Grey revela dificuldades em controlá-los, especialmente no seu relacionamento com os outros mutantes.
Por esse motivo, é aconselhada a deixar a escola temporariamente e a procurar no seu passado as razões para o que se está a passar com ela.

Desenvolvimento
Este é mais um dos comics assinado por um autor português para a Marvel.
Curiosamente – ou talvez não… - é uma história mais europeia do que de super-heróis, puros e duros… Ou escrito de outra maneira, é uma história com menos acção e mais introspecção. Com menos “efeitos especiais”, combates grandiosos ou batalhas épicas com destruição a rodos, e mais diálogos (interiores…) e recordações pacatas (mas marcantes).
O que não implica obrigatoriamente menos interesse, pelo contrário – pelo menos para mim, embora reconheça que possa ser penalizador para os habituais consumidores do género super-heróis.
A história, embora linear, está bem construída, muito embora a razão para os problemas da mutante sejam – praticamente… - revelados logo à partida, o que lhe retira uma dose do interesse que poderia ter. Independentemente disso, tem alguns aspectos interessantes, nomeadamente a comparação entre os sonhos dos adolescentes amigos de Jean Grey e a sua realidade adulta.
Curiosamente, de novo – ou, de novo, talvez não – Plati Alves mostra-se menos à vontade no desenho dos confrontos entre Jean Grey e os seus amigos mutantes, logo no início, do que quando trabalha as cenas mais calmas. Aliás, é nestas que melhor se destacam a sua técnica, o seu estilo e a boa aplicação da cor que revela, conseguindo mesmo algumas vinhetas e pranchas muito interessantes, enriquecidas por uma planificação diversificada. E, quando retrata Jean Grey, consegue mostrá-la não só muito bonita mas também revelar os sentimentos que a possuem apenas pelas suas expressões. Terá sido por isso, até, possivelmente, que a escolha do desenhador desta BD recaiu nele.

A reter
- Algumas expressões da protagonista.


Menos conseguido
- Mais habituado à banda desenhada europeia, faz-me impressão encontrar na revista 10 páginas de publicidade – quase todas à própria editora – deixando-a com apenas 22 páginas (úteis) de banda desenhada…
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