#1 – L’Énigmatique Monsieur Schmutz
Michel Boujut e Jacques Tardi (argumento)
Stanislas (adaptação e desenho)
Dargaud (França, 17 de Junho de 2011)
240 x 320 mm, 56 p., cor, cartonado
13,95 €
Resumo
Criado como folhetim radiofónico de sucesso, escrito por Michel Boujut, crítico de cinema recentemente falecido, e Jacques Tardi, autor de Adèle Blanc-Sec, e difundido entre 1997 e 1998 na rádio France Inter, este é um policial denso e rocambolesco em torno do mundo da rádio e da arte, semeado de referências, da literatura à música, do cinema clássico à banda desenhada, em especial a Hergé.
Desenvolvimento
Tudo começa com a morte de uma famosa cantora de ópera, Christina Volgesang, seguida da tentativa de assassinato de Edith, apresentadora do boletim meteorológico na rádio e companheira de Oscar Moulinet, técnico de som, que será o protagonista da história, no papel de detective amador. A uni-las há dois exemplares de uma pequena caixa de música com a forma de um pato dourado. No interior de cada um, como se há-de vir a descobrir, existe um fragmento de uma fita magnética, com uma mensagem gravada. As duas caixas de música – a par de diversas outras – foram enviadas a diversas pessoas por um conhecido falsário de arte, entretanto falecido.
Oscar, acompanhado de alguns amigos e de conhecimentos que vai fazendo, parte à procura de outros exemplares existentes, para tentar completar a mensagem neles escondida enquanto tenta descobrir o responsável pelo assassinato – e por outros que se seguirão.
Se este resumo soa vagamente familiar, a razão é a proximidade deste ideia aquela que serve de base a “Tintin e o Segredo da Licorne”, onde a pista para o tesouro do pirata Rackham o terrível, se encontra no interior de três miniaturas da caravela Licorne. Não um plágio, mas uma homenagem sincera a Hergé e à sua obra, alvo de múltiplas referências ao longo deste primeiro tomo, de que a poupa de Oscar é apenas mais um exemplo, deixando ao leitor o prazer de descobrir outras. Mas não só Hergé e a BD – Jacobs, Tillieux… - são citados em “Le Perroquet des Batignoles, já que o mundo da arte e da falsificação – tal como em “Tintin e a Arte-Alfa” – a rádio, o cinema clássico e a literatura são alvo de múltiplas referências nesta obra entre a nostalgia e a modernidade.
A história em si – apenas no começo pois são 5 os tomos previstos – é densa e bem trabalhada, aqui e ali rocambolesca, avança a um ritmo moderado – embora por vezes se torna trepidante quando a acção acelera - para dar tempo ao leitor de apreender tudo o que vai ser transmitido, mas prende e cativa, resultando bem e suscitando a curiosidade de ouvir como funcionou na sua versão radiofónica.
Como aspecto menos positivo poder-se-á apontar algum excesso de balões de texto, que sobrecarregam as pranchas e não permitem desfrutar tão bem da arte de Stanislas (um dos co-fundadores de L’Association), que – não por caso, acredito – foi o desenhador de “As Aventuras de Hergé”, uma biografia não autorizada do pai de Tintin, que teve edição portuguesa da MaisBD. Dono de uma linha clara, algo estilizada, muito legível e agradável, Stanislas mostra-se à vontade quer no tratamento da figura humana, quer nos cenários urbanos de Paris do final do século XX, quer no retrato da Bretanha onde a natureza impera.
No final deste tomo, Oscar e os seus amigos, após inúmeras peripécias, atentados e investigações, apesar de já terem reunido alguns dos patos dourados existentes, pouco parecem ter avançado na investigação (e na história…), até porque a pista aparentemente mais evidente, possivelmente será falsa como mandam as regras que norteiam qualquer bom policial. Resta esperar pelos próximos volumes – Stanislas promete o próximo para daqui a… um ano e meio - para confirmar – ou não - as suas (e as nossas) suspeitas.
A reter
- A trama densa e bem delineada.
- A presença constante de Hergé e da sua obra, numa bela homenagem ao pai de Tintin.
- O traço de Stanislas, mais um cultor de linha clara a que não consigo resistir.
Menos conseguido
- Algum excesso de texto, embora perceba que seria difícil transmitir toda a informação necessária sem o utilizar, já que a única alternativa, possivelmente inviável do ponto de vista comercial (e criativo?) seria estender a obra por alguns volumes mais…
- Alguma falta de consistência no tratamento de Oscar, o protagonista, bem menos interessante do que alguns dos secundários, como a sua companheira Edith ou Patafoin, a sua filha.
11/07/2011
10/07/2011
Selos & Quadradinhos (55)
Stamps & Comics / Timbres & BD (55)Tema/subject/sujet: Fête du Timbre – Boule et Bill
País/country/pays: França / France
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2002
País/country/pays: França / France
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2002
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09/07/2011
Selos & Quadradinhos (54)
Stamps & Comics / Timbres & BD (54) Tema/subject/sujet: Fête du Timbre – Gaston Lagaffe
País/country/pays: França / France
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2001
País/country/pays: França / France
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2001
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08/07/2011
Outras Leituras
Em tempos de férias (dos miúdos e da minha esposa), ao contrário da maior parte dos mortais, o meu tempo reduz-se, pois passo a ter em casa dois filhos que querem (e merecem) (mais) atenção.Por isso – mas a troca é proveitosa – a leitura (de banda desenhada), em geral, e este blog, em particular, vão sofrer com isso. Espero que as actualizações continuem a ser diárias, mas possivelmente a reciclagem de textos vai ser maior…
A ocasião serve, no entanto, para estrear esta nova secção, que deverá surgir todas as sextas-feiras, onde partilharei Outras Leituras, maioritariamente online, que (mesmo assim) vou fazendo!
Boas férias, para quem e quando for caso disso e aproveitem o que realmente vale a pena.
Fernando Relvas, o regresso do filho pródigo
João Miguel Lameiras em Por um Punhado de Imagens
Conversa com Joe Sacco
Marcus Ramone no Universo HQ
Color Tex: A nova colecção a cores de Tex
José Carlos Francisco no Tex Willer Blog
Super-heróis americanos desenhados por Moebius
O'Dan no Quadro a Quadro
Holly Terror: o regresso (finalmente) de Frank Miller
Érico Assis no Omelete
My Best Toys
O blog de Nuno Mata, indispensável para quem junta ao gosto pela banda desenhada o gosto pelo coleccionismo. Todos nós, não é verdade?
A ocasião serve, no entanto, para estrear esta nova secção, que deverá surgir todas as sextas-feiras, onde partilharei Outras Leituras, maioritariamente online, que (mesmo assim) vou fazendo!
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07/07/2011
Leituras Novas
Julho de 2011
Lance #3 (de #4)
Warren Tufts (argumento e desenho)
Libri Impressi
Sobre Lance #2
Wolverine – Inimigo do Estado #1
Mark Millar (argumento) e John Romita Jr. (desenho)
Devir
Foto-reportagem sobre a exposição Tinta nos Nervos, uma entrevista com Art Spiegelman e recensão de edições nacionais e franco-belgas
Voyager #1
Diogo Campos (argumentista), Diogo Carvalho (argumentista e desenhador), Luís Belerique (argumentista e artista, capa), Luís Maiorgas (artista), Nelson Nunes AKA Cocas (artista), Phermad (artista), Ricardo Reis (argumentista), Rui Ramos (argumentista, artista, editor, ideia original, capa, design do livro) e Salvador Pombo (artista)
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06/07/2011
Fernando Pessoa e outros Pessoas
Davi Fazzolari (argumento)
Eloar Guazzelli (desenho)
Editora Saraiva (Brasil, Abril de 2011)
180 x 270 mm, 80 p., cor, brochada
R$ 34,90
Este álbum, publicado há poucas semanas no Brasil, adapta em banda desenhada alguns poemas do mais famoso poeta português e dos seus heterónimos, tendo o intuito de “conduzir o jovem leitor à obra intrincada e complexa desse escritor maior da língua portuguesa”. Por isso, o livro é apresentado como um pretexto para “novas viagens para novos viajantes ou para velhos marinheiros saudosos dos atracadouros do Tejo, sedentos por revisitar Lisboa”.
Por isso, também, ao longo das 80 páginas da edição e das bandas desenhadas que as preenchem – Interlúdio Lisboeta I, A Tabacaria Fora de Mim, Interlúdio Lisboeta II, O Desassossego de Bernardo, Interlúdio Lisboeta III, O Pastor de Almas, Interlúdio Lisboeta IV - é a capital portuguesa que surge como personagem principal da obra, dotada da sua luminosidade própria, enquanto a sua marginal, as suas avenidas, ruas e becos são percorridos em tom de passeio e descoberta, ao “som” dos versos de Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Bernardo Soares.
Aliás, apesar de os versos originais serem integralmente transcritos, as pranchas são leves, o traço respira à vontade, o próprio texto escrito é, nalguns casos, apenas mais um elemento gráfico que contribui para a leitura e a fruição do todo. Guazzelli tem neste aspecto uma responsabilidade decisiva graças ao seu traço depurado, servido por cores luminosas, lisas e claras – apenas cinzentos quando a narrativa assim o pede – que recriam e reproduzem o ambiente, a atmosfera e a luz lisboeta.
Este álbum, da responsabilidade da Editora Saraiva, é o primeiro de uma nova colecção, dedicada a adaptações aos quadradinhos de obras literárias, um género muito em voga actualmente no Brasil, com muitos destes títulos a serem incluídos na listagem governamental de incentivo à leitura junto das gerações mais jovens.
Os seus autores são Davi Fazzolari, professor de língua portuguesa e mestre em Literatura pela Universidade de São Paulo, responsável pelo argumento, e o desenhador Eloar Guazzelli, que anteriormente já adaptara obras como “O pagador de promessas”, de Dias Gomes, “A Escrava Isaura”, de Bernardo Guimarães, e “Demônios em quadrinhos”, de Aluísio Azevedo.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 1 de Maio de 2011)
Eloar Guazzelli (desenho)
Editora Saraiva (Brasil, Abril de 2011)
180 x 270 mm, 80 p., cor, brochada
R$ 34,90
Este álbum, publicado há poucas semanas no Brasil, adapta em banda desenhada alguns poemas do mais famoso poeta português e dos seus heterónimos, tendo o intuito de “conduzir o jovem leitor à obra intrincada e complexa desse escritor maior da língua portuguesa”. Por isso, o livro é apresentado como um pretexto para “novas viagens para novos viajantes ou para velhos marinheiros saudosos dos atracadouros do Tejo, sedentos por revisitar Lisboa”.
Por isso, também, ao longo das 80 páginas da edição e das bandas desenhadas que as preenchem – Interlúdio Lisboeta I, A Tabacaria Fora de Mim, Interlúdio Lisboeta II, O Desassossego de Bernardo, Interlúdio Lisboeta III, O Pastor de Almas, Interlúdio Lisboeta IV - é a capital portuguesa que surge como personagem principal da obra, dotada da sua luminosidade própria, enquanto a sua marginal, as suas avenidas, ruas e becos são percorridos em tom de passeio e descoberta, ao “som” dos versos de Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Bernardo Soares.
Aliás, apesar de os versos originais serem integralmente transcritos, as pranchas são leves, o traço respira à vontade, o próprio texto escrito é, nalguns casos, apenas mais um elemento gráfico que contribui para a leitura e a fruição do todo. Guazzelli tem neste aspecto uma responsabilidade decisiva graças ao seu traço depurado, servido por cores luminosas, lisas e claras – apenas cinzentos quando a narrativa assim o pede – que recriam e reproduzem o ambiente, a atmosfera e a luz lisboeta.
Este álbum, da responsabilidade da Editora Saraiva, é o primeiro de uma nova colecção, dedicada a adaptações aos quadradinhos de obras literárias, um género muito em voga actualmente no Brasil, com muitos destes títulos a serem incluídos na listagem governamental de incentivo à leitura junto das gerações mais jovens.
Os seus autores são Davi Fazzolari, professor de língua portuguesa e mestre em Literatura pela Universidade de São Paulo, responsável pelo argumento, e o desenhador Eloar Guazzelli, que anteriormente já adaptara obras como “O pagador de promessas”, de Dias Gomes, “A Escrava Isaura”, de Bernardo Guimarães, e “Demônios em quadrinhos”, de Aluísio Azevedo.
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 1 de Maio de 2011)
Leituras relacionadas
BD e literatura,
Fazzolari,
Guazzelli,
Saraiva
05/07/2011
Fulù
Les Intégrales
Carlos Trillo (argumentista)
Eduardo Risso (desenho)
Glénat (França, Maio de 2011)
180 x 243mm, 248 p., pb, cartonado
15,00€
Resumo
Publicado inicialmente em 5 tomos coloridos, entre 1989 e 1992, a saga de Fulù, uma negra raptada em África e vendida como escrava no Brasil, surge agora pela primeira vez em versão integral e a preto e branco, um registo em que Trillo e Risso dão cartas.
Desenvolvimento
Esta é uma longa história – longa de 5 anos em tempo real da acção, longa de 5 tomos “tradicionais” franco-belgas, longa de mais de 240 pranchas. A história de Fulù, uma jovem africana levada do seu país para ser escrava no Brasil e a sua longa luta pelo regresso à sua terra natal.
A história de uma jovem negra, bela e sensual, dona de estranhos poderes – mágicos, místicos – que aos poucos vai descobrindo, desenvolvendo e aprendendo a usar em proveito do seu sonho: regressar à terra que a viu nascer e – sabê-lo-á apenas mais tarde – ao seu prometido.
Ao longo desta saga, desta longo périplo pelo Brasil e pela América Central, por terra e por mar, como cativa e como fugitiva, conta com Nder Saba, o seu espírito protector, que a vai guardando e guiando.
Guiando-a até ao seu destino, apesar dos múltiplos obstáculos e problemas que tem que enfrentar e vencer.
Guardando-a da luxúria dos homens – pois ela está reservada para alguém especial – e do ódio das mulheres – invejosas por verem o que ela faz aos homens -, guardando do medo, do rancor, do despeito, da vingança daqueles com quem se vai cruzando, daqueles cujo destino vai alterando, dando-lhes por vezes o que desejam, outras mostrando-lhes o que lhes está destinado.
Esta é uma saga em crescendo – de dúvidas, de intensidade, de mistérios, de respostas também – que Trillo vai desenvolvendo, dando ao tom aventuroso inicial (também) um tom místico e fantástico que se vai sobrepondo aquele à medida que o relato avança, prendendo o leitor à medida que o surpreende, envolvendo-o em dúvidas e curiosidade – da mesma forma que Fulù usa os seus poderes (e o seu corpo) para “enfeitiçar”, “controlar”, “dispor” daqueles que a rodeiam ou que a sua aura atraiu.
Ao mesmo tempo, Trillo traça um fresco cru e violento da época da caça aos escravos, em que negros e brancos eram diferentes, uns objectos outros senhores, e de uma forma de vida no Brasil, nas Américas, também em África, enquanto mostra como a Humanidade evoluiu tão pouco naquilo que a move e faz avançar (?): ódio, cobiça, desejo, luxúria, vingança…
Para isso criou uma vasta galeria de personagens, algumas obedecendo aos estereótipos esperados, outras ricas e interessantes, bem para lá de convenções, que dão o seu contributo – tantas vezes único, original e inesperado, para o desenvolvimento do todo.
A arte de Risso, neste integral a preto e branco despojada das cores da edição original que em nada beneficiaram o desenho, surge na sua pureza, depurada, mais rica, mais intensa, em pranchas de claro contraste entre brancos límpidos e luminosos e negros profundos e sombrios, através dos quais traça personagens, cenários, adereços, tudo aquilo que serve para contar e fazer avançar a história.
A reter
- A forma como a arte de Risso se desenvolve ao longo da trama, soltando-se, (re)descobrindo-se, explodindo frequentemente em pranchas intensas e belíssimas!
- O crescendo do enredo de Trillo, com inflexões que surpreendem e prendem o leitor, mesmo que o ponto de chegada da narrativa seja algo díspar daquele em que ela se iniciou.
- A edição, magnifica e barata, ideal para descobrir o final de quem comprou os dois volumes editados em português.
Menos conseguido
- Alguns exageros caricaturais na caracterização – gráfica e psicológica – de algumas personagens…
- … em contraste com o facto de a maior parte delas fugir aos estereótipos que poderiam ser esperados, o que leva a lamentar o seu abandono, ou melhor a sua intervenção limitada, ao longo do relato
Em Portugal
Fulú foi uma das muitas séries iniciadas e nunca concluídas pela Meribèrica/Líber. Os dois primeiros tomos – O Sortilégio e A Dança dos Deuses - foram publicados em 1992 e 1994, respectivamente, a cores, nas variantes de capa brochada e capa cartonada e ainda hoje se encontram com alguma facilidade nas muitas feiras de saldos que actualmente se realizam um pouco por toda a parte.
Carlos Trillo (argumentista)
Eduardo Risso (desenho)
Glénat (França, Maio de 2011)
180 x 243mm, 248 p., pb, cartonado
15,00€
Resumo
Publicado inicialmente em 5 tomos coloridos, entre 1989 e 1992, a saga de Fulù, uma negra raptada em África e vendida como escrava no Brasil, surge agora pela primeira vez em versão integral e a preto e branco, um registo em que Trillo e Risso dão cartas.
Desenvolvimento
Esta é uma longa história – longa de 5 anos em tempo real da acção, longa de 5 tomos “tradicionais” franco-belgas, longa de mais de 240 pranchas. A história de Fulù, uma jovem africana levada do seu país para ser escrava no Brasil e a sua longa luta pelo regresso à sua terra natal.
A história de uma jovem negra, bela e sensual, dona de estranhos poderes – mágicos, místicos – que aos poucos vai descobrindo, desenvolvendo e aprendendo a usar em proveito do seu sonho: regressar à terra que a viu nascer e – sabê-lo-á apenas mais tarde – ao seu prometido.
Ao longo desta saga, desta longo périplo pelo Brasil e pela América Central, por terra e por mar, como cativa e como fugitiva, conta com Nder Saba, o seu espírito protector, que a vai guardando e guiando.
Guiando-a até ao seu destino, apesar dos múltiplos obstáculos e problemas que tem que enfrentar e vencer.
Guardando-a da luxúria dos homens – pois ela está reservada para alguém especial – e do ódio das mulheres – invejosas por verem o que ela faz aos homens -, guardando do medo, do rancor, do despeito, da vingança daqueles com quem se vai cruzando, daqueles cujo destino vai alterando, dando-lhes por vezes o que desejam, outras mostrando-lhes o que lhes está destinado.
Esta é uma saga em crescendo – de dúvidas, de intensidade, de mistérios, de respostas também – que Trillo vai desenvolvendo, dando ao tom aventuroso inicial (também) um tom místico e fantástico que se vai sobrepondo aquele à medida que o relato avança, prendendo o leitor à medida que o surpreende, envolvendo-o em dúvidas e curiosidade – da mesma forma que Fulù usa os seus poderes (e o seu corpo) para “enfeitiçar”, “controlar”, “dispor” daqueles que a rodeiam ou que a sua aura atraiu.
Ao mesmo tempo, Trillo traça um fresco cru e violento da época da caça aos escravos, em que negros e brancos eram diferentes, uns objectos outros senhores, e de uma forma de vida no Brasil, nas Américas, também em África, enquanto mostra como a Humanidade evoluiu tão pouco naquilo que a move e faz avançar (?): ódio, cobiça, desejo, luxúria, vingança…
Para isso criou uma vasta galeria de personagens, algumas obedecendo aos estereótipos esperados, outras ricas e interessantes, bem para lá de convenções, que dão o seu contributo – tantas vezes único, original e inesperado, para o desenvolvimento do todo.
A arte de Risso, neste integral a preto e branco despojada das cores da edição original que em nada beneficiaram o desenho, surge na sua pureza, depurada, mais rica, mais intensa, em pranchas de claro contraste entre brancos límpidos e luminosos e negros profundos e sombrios, através dos quais traça personagens, cenários, adereços, tudo aquilo que serve para contar e fazer avançar a história.
A reter
- A forma como a arte de Risso se desenvolve ao longo da trama, soltando-se, (re)descobrindo-se, explodindo frequentemente em pranchas intensas e belíssimas!
- O crescendo do enredo de Trillo, com inflexões que surpreendem e prendem o leitor, mesmo que o ponto de chegada da narrativa seja algo díspar daquele em que ela se iniciou.
- A edição, magnifica e barata, ideal para descobrir o final de quem comprou os dois volumes editados em português.
Menos conseguido
- Alguns exageros caricaturais na caracterização – gráfica e psicológica – de algumas personagens…
- … em contraste com o facto de a maior parte delas fugir aos estereótipos que poderiam ser esperados, o que leva a lamentar o seu abandono, ou melhor a sua intervenção limitada, ao longo do relato
Em Portugal
Fulú foi uma das muitas séries iniciadas e nunca concluídas pela Meribèrica/Líber. Os dois primeiros tomos – O Sortilégio e A Dança dos Deuses - foram publicados em 1992 e 1994, respectivamente, a cores, nas variantes de capa brochada e capa cartonada e ainda hoje se encontram com alguma facilidade nas muitas feiras de saldos que actualmente se realizam um pouco por toda a parte.
Leituras relacionadas
Carlos Trillo,
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Glénat,
integral,
opinião
04/07/2011
Portugueses na Marvel
Em tempos recentes – leia-se nos últimos 2, 3 anos – o facto de alguns desenhadores portugueses estarem a trabalhar – (embora) de forma (ir)regular – para a Marvel tem sido (de forma relativa) recorrentemente mediatizado entre nós (e eu me penalizo, se for caso disso, pela minha contribuição, consciente, para esse facto), podendo empolar ou dar dessa realidade uma dimensão que na verdade ela (ainda?) não tem.Mas, para início de conversa, por assim escrever, vamos esclarecer de que se fala quando falamos de Portugueses na Marvel. Ou melhor, vamos um pouco mais atrás, à pré-História dessa relação.
Até há pouco tempo, era necessário recorrer ao luso-americano Joe Madureira – filho de pais portugueses – para conseguir uma assinatura lusa (ou perto disso…) na Marvel, apesar dos sobrenomes familiares de alguns dos autores, que geralmente se descobria serem brasileiros, espanhóis, latinos ou mesmo filipinos…
Madureira, responsável pelo título Uncanny X-Men entre 1994 e 1997, dedicou-se depois a Battle Chasers (Wildstorm), uma criação pessoal que se arrastou no tempo e ficou incompleta. Trocando a BD pelos jogos, Madureira teve algumas passagens pontuais pelos quadradinhos já no final da década de 2000, tendo recentemente anunciado o regresso à editora norte-americana, num projecto para já mantido em segredo.
Depois dele, surgiu Miguel Montenegro que, entre vários trabalhos para outras editoras norte-americanas, em 2004 se tornou o primeiro português a desenhar uma capa para a Marvel, mais concretamente para a edição 51 da revista Espantosos X-Men, da Devir nacional.
Seguiu-se nova travessia do deserto (dos super-heróis com problemas) até que, em 2007, Ricardo Tércio desenhava o primeiro número de Spider-Man Fairy Tales, participando igualmente na mini-série Marvel Fairy Tales, no ano seguinte. Ambos os projectos revisitavam fábulas infantis, agora protagonizadas pelos super-heróis da Marvel, sendo que, nesta última, três dos quatro números eram assinados por autores nacionais: o já citado Ricardo Tércio e ainda João Lemos e Nuno Plati Alves.
Curiosamente, esta oportunidade surgiu – quase por acaso, daqueles que se pensa que só existem nos quadradinhos - durante uma passagem de Lemos por Angoulême, onde encontrou casualmente Joe Quesada a quem entregou o seu portefólio, o que lhe valeu receber mais tarde o convite para o projecto.
Depois disso, estes três nomes, a que se juntou, em 2010, Filipe Andrade (no seguimento de uma análise de portefólios por C.B. Cebulski), têm surgido com alguma regularidade nas fichas técnicas de diversos títulos Marvel, como pode ser verificado na relação abaixo apresentada.
Dirão alguns que foi uma questão de sorte, por estarem no lugar certo, no momento exacto – o que é inegável – mas, a esse factor aleatório, juntaram, posteriormente, a capacidade de trabalho – e o talento - que lhes permitiu responder à primeira solicitação e responder a novos desafios.
E se é verdade que os primeiros projectos eram muito específicos e até marginais na produção normal da Marvel, a verdade é que aos poucos Ricardo Tércio, João Lemos, Nuno Plati e Filipe Andrade, foram subindo e trabalhando com alguns dos principais super-heróis: Capitão América, Wolverine, Spider-M.an, Iron Man… Tem sido um percurso progressivo, em crescendo, iniciado com histórias curtas – algumas estreadas em formato digital – passando depois a projectos de outro fôlego como as one-shots X-23, Marvel Girl e a que Plati desenha actualmente com Spider-Man ou a mini-série Onslaught Unleashed, de Andrade e Tércio, ainda em curso. A par disso, há que acrescentar ainda um argumento escrito por João Lemos para Wolverine e a capa que Plati desenhou para Amazing Spider-Man Family.
Projectos ainda discretos, é verdade, mas cada vez menos.
E se a sua entrada no universo Marvel de alguma forma implica (pelo menos) uma cedência do factor artístico (durante muitos anos defendido pelos autores portugueses que tentaram publicar fora de portas) à vertente mais comercial dos heróis Marvel, a verdade é que Lemos, Plati, Tércio e Andrade não abdicaram de um traço pessoal e personalizado que, se é cedo para afirmar como uma mais-valia, é, no entanto, já, um factor distintivo.
Se o seu trabalho para a Marvel não faz ou não progredir os quadradinhos nacionais, poderá ser outra questão. No actual contexto lateral e secundária. Mas a verdade é que a sua participação na Marvel serviu para mediatizar a BD nacional. Levando-a – mais exactamente levando os seus autores – a suportes (jornais, TV, rádio…) que geralmente não lhes prestam atenção. Caberá a eles, às editoras, aos festivais – no presente (acredito que Beja vai beneficiar com esta mostra) e no futuro – tirar partido deste facto. Promovendo-os com base neles, promovendo-se à custa deles. Haja capacidade, haja visão.
Agora, o que está em destaque é este quarteto, com percursos, opções e ambições diferentes, que chegaram onde os autores nacionais nunca tinham chegado. E o sucesso (mesmo que relativo, possivelmente à medida da nossa realidade) de cada um, pelo menos para eles é positivo. Principalmente porque – cumprindo, talvez, sonhos de infância ou adolescência – já viram o seu talento e trabalho dar frutos.
Nuno Plati Alves
• Avengers Fairy Tales #2 – Created equal, 2008, desenho, arte-final e cor; argumento de C. B. Cebulski
• Amazing Spider-Man Family #8, 2009, capa
• Women of Marvel #2 – Shanna the She Devil, 2010, desenho, arte-final e cor; argumento de Mary HK Choi
• Iron Man Titanium #1 – Killer Commute, 2010, desenho, arte-final e cor; argumento de Mark Haven Britt
• X-23, 2010, desenho, arte-final e cor; argumento de Marjorie Liu
• Marvel Girl #1, 2011, desenho, arte-final e cor; argumento de Josh Fialkov
• Amazing Spider-Man #657 – Torch Song, 2011, desenho, arte-final e cor; argumento de Dan Slott
Filipe Andrade
• I am an Avenger #5 - Ant-Man: Growing, 2010, desenho e arte-final; argumento de B. Clay Moore
• Iron Man Titanium #1 - Hack, 2010, desenho e arte-final; argumento de Tim Fish
• X-23, 2010, desenho e arte-final; argumento de Marjorie Liu
• Captain America #608 a #614 - Nomad, 2010, arte-final; argumento de Ed Brubaker, desenho de Butch Guice
• Onslaught Unleashed #1 a #4, 2011, desenho e arte-final; argumento de Sean McKeever
• Avengers (American Troops), desenho e arte-final;
• Iron Man (Tony Stark), desenho e arte-final;
João Lemos
• Avengers Fairy Tales #1 – Once upon a Time…, 2008, desenho e arte-final; argumento de C. B. Cebulski
• Wolverine #1 - The Dust From Above, 2010, argumento; desenho de Francesca Ciregia
• Wolvernie #1000 – The Adamantium Diaries, 2011, desenho e arte-final; argumento de Sarah Cross
Ricardo Tércio
• Spider-Man Fairy Tales #1 – Off the beaten path, 2007, desenho, arte-final e cor; argumento de C. B. Cebulski
• Avengers Fairy Tales #4, 2008, desenho, arte-final e cor; argumento de C. B. Cebulski
• Onslaught Unleashed #1 a #4, 2011, cor; argumento de Sean McKeever
• Marvel Adventures Super Heroes #11, 2011, capa
(Texto inicialmente publicado no Splaft – Caderno da Bedeteca de Beja #08, que serviu de catálogo ao VII Festival Internacional de BD de Beja)
Até há pouco tempo, era necessário recorrer ao luso-americano Joe Madureira – filho de pais portugueses – para conseguir uma assinatura lusa (ou perto disso…) na Marvel, apesar dos sobrenomes familiares de alguns dos autores, que geralmente se descobria serem brasileiros, espanhóis, latinos ou mesmo filipinos…
Madureira, responsável pelo título Uncanny X-Men entre 1994 e 1997, dedicou-se depois a Battle Chasers (Wildstorm), uma criação pessoal que se arrastou no tempo e ficou incompleta. Trocando a BD pelos jogos, Madureira teve algumas passagens pontuais pelos quadradinhos já no final da década de 2000, tendo recentemente anunciado o regresso à editora norte-americana, num projecto para já mantido em segredo.
Depois dele, surgiu Miguel Montenegro que, entre vários trabalhos para outras editoras norte-americanas, em 2004 se tornou o primeiro português a desenhar uma capa para a Marvel, mais concretamente para a edição 51 da revista Espantosos X-Men, da Devir nacional.
Seguiu-se nova travessia do deserto (dos super-heróis com problemas) até que, em 2007, Ricardo Tércio desenhava o primeiro número de Spider-Man Fairy Tales, participando igualmente na mini-série Marvel Fairy Tales, no ano seguinte. Ambos os projectos revisitavam fábulas infantis, agora protagonizadas pelos super-heróis da Marvel, sendo que, nesta última, três dos quatro números eram assinados por autores nacionais: o já citado Ricardo Tércio e ainda João Lemos e Nuno Plati Alves.
Curiosamente, esta oportunidade surgiu – quase por acaso, daqueles que se pensa que só existem nos quadradinhos - durante uma passagem de Lemos por Angoulême, onde encontrou casualmente Joe Quesada a quem entregou o seu portefólio, o que lhe valeu receber mais tarde o convite para o projecto.
Depois disso, estes três nomes, a que se juntou, em 2010, Filipe Andrade (no seguimento de uma análise de portefólios por C.B. Cebulski), têm surgido com alguma regularidade nas fichas técnicas de diversos títulos Marvel, como pode ser verificado na relação abaixo apresentada.
Dirão alguns que foi uma questão de sorte, por estarem no lugar certo, no momento exacto – o que é inegável – mas, a esse factor aleatório, juntaram, posteriormente, a capacidade de trabalho – e o talento - que lhes permitiu responder à primeira solicitação e responder a novos desafios.
E se é verdade que os primeiros projectos eram muito específicos e até marginais na produção normal da Marvel, a verdade é que aos poucos Ricardo Tércio, João Lemos, Nuno Plati e Filipe Andrade, foram subindo e trabalhando com alguns dos principais super-heróis: Capitão América, Wolverine, Spider-M.an, Iron Man… Tem sido um percurso progressivo, em crescendo, iniciado com histórias curtas – algumas estreadas em formato digital – passando depois a projectos de outro fôlego como as one-shots X-23, Marvel Girl e a que Plati desenha actualmente com Spider-Man ou a mini-série Onslaught Unleashed, de Andrade e Tércio, ainda em curso. A par disso, há que acrescentar ainda um argumento escrito por João Lemos para Wolverine e a capa que Plati desenhou para Amazing Spider-Man Family.
Projectos ainda discretos, é verdade, mas cada vez menos.
E se a sua entrada no universo Marvel de alguma forma implica (pelo menos) uma cedência do factor artístico (durante muitos anos defendido pelos autores portugueses que tentaram publicar fora de portas) à vertente mais comercial dos heróis Marvel, a verdade é que Lemos, Plati, Tércio e Andrade não abdicaram de um traço pessoal e personalizado que, se é cedo para afirmar como uma mais-valia, é, no entanto, já, um factor distintivo.
Se o seu trabalho para a Marvel não faz ou não progredir os quadradinhos nacionais, poderá ser outra questão. No actual contexto lateral e secundária. Mas a verdade é que a sua participação na Marvel serviu para mediatizar a BD nacional. Levando-a – mais exactamente levando os seus autores – a suportes (jornais, TV, rádio…) que geralmente não lhes prestam atenção. Caberá a eles, às editoras, aos festivais – no presente (acredito que Beja vai beneficiar com esta mostra) e no futuro – tirar partido deste facto. Promovendo-os com base neles, promovendo-se à custa deles. Haja capacidade, haja visão.
Agora, o que está em destaque é este quarteto, com percursos, opções e ambições diferentes, que chegaram onde os autores nacionais nunca tinham chegado. E o sucesso (mesmo que relativo, possivelmente à medida da nossa realidade) de cada um, pelo menos para eles é positivo. Principalmente porque – cumprindo, talvez, sonhos de infância ou adolescência – já viram o seu talento e trabalho dar frutos.
Nuno Plati Alves
• Avengers Fairy Tales #2 – Created equal, 2008, desenho, arte-final e cor; argumento de C. B. Cebulski
• Amazing Spider-Man Family #8, 2009, capa
• Women of Marvel #2 – Shanna the She Devil, 2010, desenho, arte-final e cor; argumento de Mary HK Choi
• Iron Man Titanium #1 – Killer Commute, 2010, desenho, arte-final e cor; argumento de Mark Haven Britt
• X-23, 2010, desenho, arte-final e cor; argumento de Marjorie Liu
• Marvel Girl #1, 2011, desenho, arte-final e cor; argumento de Josh Fialkov
• Amazing Spider-Man #657 – Torch Song, 2011, desenho, arte-final e cor; argumento de Dan Slott
Filipe Andrade
• I am an Avenger #5 - Ant-Man: Growing, 2010, desenho e arte-final; argumento de B. Clay Moore
• Iron Man Titanium #1 - Hack, 2010, desenho e arte-final; argumento de Tim Fish
• X-23, 2010, desenho e arte-final; argumento de Marjorie Liu
• Captain America #608 a #614 - Nomad, 2010, arte-final; argumento de Ed Brubaker, desenho de Butch Guice
• Onslaught Unleashed #1 a #4, 2011, desenho e arte-final; argumento de Sean McKeever
• Avengers (American Troops), desenho e arte-final;
• Iron Man (Tony Stark), desenho e arte-final;
João Lemos
• Avengers Fairy Tales #1 – Once upon a Time…, 2008, desenho e arte-final; argumento de C. B. Cebulski
• Wolverine #1 - The Dust From Above, 2010, argumento; desenho de Francesca Ciregia
• Wolvernie #1000 – The Adamantium Diaries, 2011, desenho e arte-final; argumento de Sarah Cross
Ricardo Tércio
• Spider-Man Fairy Tales #1 – Off the beaten path, 2007, desenho, arte-final e cor; argumento de C. B. Cebulski
• Avengers Fairy Tales #4, 2008, desenho, arte-final e cor; argumento de C. B. Cebulski
• Onslaught Unleashed #1 a #4, 2011, cor; argumento de Sean McKeever
• Marvel Adventures Super Heroes #11, 2011, capa
(Texto inicialmente publicado no Splaft – Caderno da Bedeteca de Beja #08, que serviu de catálogo ao VII Festival Internacional de BD de Beja)
Leituras relacionadas
Filipe Andrade,
João Lemos,
Marvel,
Nuno Plati Alves,
Ricardo Tércio
03/07/2011
Selos & Quadradinhos (53)
Stamps & Comics / Timbres & BD (53)
Tema/subject/sujet: Memín Pinguín
País/country/pays: México / Mexico / Mexique
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2005
Tema/subject/sujet: Memín Pinguín
País/country/pays: México / Mexico / Mexique
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2005
Leituras relacionadas
2005,
Memín Pinguín,
México,
Selos e Quadradinhos
02/07/2011
Voyager #1
Lançamento na Lobo Mau
Hoje, sábado, às 16 horas, é lançado no Porto o álbum “Voyager”, um projecto de banda desenhada português da responsabilidade do colectivo R’Lyeh Dreams, formado por Diogo Campos (argumentista), Diogo Carvalho (argumentista e desenhador), Luís Belerique (argumentista e artista, capa), Luís Maiorgas (artista), Nelson Nunes AKA Cocas (artista), Phermad (artista), Ricardo Reis (argumentista), Rui Ramos (argumentista, artista, editor, ideia original, capa, design do livro) e Salvador Pombo (artista). O lançamento terá lugar na loja especializada em BD e merchandising “O Lobo Mau”, situada nas Galerias D. Henrique, na Rua do Bonjardim, 618 C, estando presentes alguns dos seus autores para uma sessão de autógrafos.
“Voyager” narra as aventuras e experiências alucinantes de um turista espacial por locais conhecidos e mundos estranhos e fantásticos nunca antes explorados pelo homem, cujos pontos de contacto são mais do que se possa pensar, e os encontros com os seus bizarros habitantes. Conjunto de narrativas fantásticas a que o humor e o suspense não são alheios, este projecto, escrito e desenhado a várias mãos, fez as suas primeiras viagens online há 3 anos, tendo também uma versão em “tempo real” via Twitter e uma página no Facebook com “fotos” das viagens efectuadas.
O álbum colorido agora editado, recolhe os 13 episódios já publicados online bem como uma história inédita com 36 pranchas. As suas 68 páginas completam-se com uma série de extras que explicam o processo criativo, desde as fontes de inspiração aos esboços, até à arte final.
Este é o segundo álbum deste colectivo, que se estreou em 2008 com o álbum “Murmúrios das Profundezas”, um conjunto de relatos fantásticos e de terror inspirados nos universos macabros desenvolvidos por H. P. Lovecraft.
A equipa R’Lyeh Dreams fará nova sessão de lançamento hoje, às 22 horas, no Mercado Negro, na Rua João Mendonça, em Aveiro.
(Texto publicado originalmente no Jornal de Notícias de 2 de Julho de 2011)
Hoje, sábado, às 16 horas, é lançado no Porto o álbum “Voyager”, um projecto de banda desenhada português da responsabilidade do colectivo R’Lyeh Dreams, formado por Diogo Campos (argumentista), Diogo Carvalho (argumentista e desenhador), Luís Belerique (argumentista e artista, capa), Luís Maiorgas (artista), Nelson Nunes AKA Cocas (artista), Phermad (artista), Ricardo Reis (argumentista), Rui Ramos (argumentista, artista, editor, ideia original, capa, design do livro) e Salvador Pombo (artista). O lançamento terá lugar na loja especializada em BD e merchandising “O Lobo Mau”, situada nas Galerias D. Henrique, na Rua do Bonjardim, 618 C, estando presentes alguns dos seus autores para uma sessão de autógrafos.
“Voyager” narra as aventuras e experiências alucinantes de um turista espacial por locais conhecidos e mundos estranhos e fantásticos nunca antes explorados pelo homem, cujos pontos de contacto são mais do que se possa pensar, e os encontros com os seus bizarros habitantes. Conjunto de narrativas fantásticas a que o humor e o suspense não são alheios, este projecto, escrito e desenhado a várias mãos, fez as suas primeiras viagens online há 3 anos, tendo também uma versão em “tempo real” via Twitter e uma página no Facebook com “fotos” das viagens efectuadas.
O álbum colorido agora editado, recolhe os 13 episódios já publicados online bem como uma história inédita com 36 pranchas. As suas 68 páginas completam-se com uma série de extras que explicam o processo criativo, desde as fontes de inspiração aos esboços, até à arte final.
Este é o segundo álbum deste colectivo, que se estreou em 2008 com o álbum “Murmúrios das Profundezas”, um conjunto de relatos fantásticos e de terror inspirados nos universos macabros desenvolvidos por H. P. Lovecraft.
A equipa R’Lyeh Dreams fará nova sessão de lançamento hoje, às 22 horas, no Mercado Negro, na Rua João Mendonça, em Aveiro.
(Texto publicado originalmente no Jornal de Notícias de 2 de Julho de 2011)
01/07/2011
A morte do Homem-Aranha
Depois da morte do Tocha Humana, no início do ano, o Universo Marvel acaba de perder mais um dos seus grandes heróis, desta vez o Homem-Aranha. Ou melhor, acalmem-se os fãs, o Homem-Aranha do universo Ultimate, a linha editorial criada pela Marvel no ano 2000 com o propósito de narrar na actualidade a origem dos seus principais super-heróis, na sequência do êxito das primeiras adaptações cinematográficas então estreadas, de que o Jornal de Notícias, juntamente com a Devir, publicou os primeiros episódios em fascículos coleccionáveis há alguns anos.No número 160 da revista, posto à venda ontem, 22 de Junho, na conclusão da saga “Death of Spider-Man”, o Homem-Aranha defronta o Duende Verde para salvar a sua tia May e Gwen Stacy, mas acaba por falecer nos braços da sua namorada, Mary Jane Watson. Brian Michael Bendis, o argumentista, admitiu “ter chorado como um bebé” enquanto escrevia a história, mas justificou ter optado pela morte do herói, porque assim ele pode ser um exemplo “para o novo Homem-Aranha”, tal como o tio Ben foi para ele “e dessa maneira “a história continuaria como uma verdadeira história da personagem”. Porque, já em Setembro o herói aracnídeo estará de regresso numa nova revista, embora não seja Peter Parker a vestir o uniforme de Homem-Aranha, que surgirá com novo design.
Se neste caso concreto foi o Duende Verde o carrasco do super-herói, a verdade é que por detrás dele está a poderosa máquina de marketing da editora, que foi divulgando aos poucos informações sobre o evento que culminaram com um artigo sobre o assunto no New York Post do dia 21 e com a venda da revista, dentro de um saco preto selado, com o duplo propósito de manter secreto o desfecho e transformá-la em mais uma edição de coleccionador que poderá vir a valer alguns milhares de dólares num futuro mais ou menos próximo.
Os últimos tempos não têm sido pacíficos para Peter Parker, que viu a sua identidade secreta revelada durante a saga Guerra Civil que opôs os super-heróis, e o seu casamento desaparecer da cronologia da Marvel graças a um acordo secreto com Mefisto, já na altura para salvar a tia baleada por engano…
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 29 de Junho de 2011)
Se neste caso concreto foi o Duende Verde o carrasco do super-herói, a verdade é que por detrás dele está a poderosa máquina de marketing da editora, que foi divulgando aos poucos informações sobre o evento que culminaram com um artigo sobre o assunto no New York Post do dia 21 e com a venda da revista, dentro de um saco preto selado, com o duplo propósito de manter secreto o desfecho e transformá-la em mais uma edição de coleccionador que poderá vir a valer alguns milhares de dólares num futuro mais ou menos próximo.
Os últimos tempos não têm sido pacíficos para Peter Parker, que viu a sua identidade secreta revelada durante a saga Guerra Civil que opôs os super-heróis, e o seu casamento desaparecer da cronologia da Marvel graças a um acordo secreto com Mefisto, já na altura para salvar a tia baleada por engano…
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 29 de Junho de 2011)
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