Chris Guise (texto)Weta (imagens)
Edições ASA (Portugal, Dezembro de 2011)
260 x 310 mm, 200 p., cor, cartonado
35,00 €
1. Acalmado o alarido mediático que rodeou a estreia de As Aventuras de Tintin, produzido por Peter Jackson e Steven Spielberg, que também o realizou, é boa altura para lhe fazer uma abordagem.
2. Começo por dizer que receei sobremaneira quando foi anunciado o filme.
3. Porque Tintin é para mim uma referência incontornável, porque acho que Tintin é – só – o que Hergé criou, porque achei sobremaneira difícil uma transposição justa e fiel para outro meio.
4. Apesar de tudo, pelos nomes associados ao projecto e pelos meios disponibilizados na sua concretização, confesso que me encontrei dividido entre o receio e a curiosidade de ver o “novo” Tintin.
5. Concretizada essa visualização – na versão 2D em português – confesso que saí bem-disposto da sala de cinema.
6. Não rendido, sem qualquer dúvida, mas convencido com o que Spielberg – finalmente – concretizou.
7. Tecnicamente, o filme está muito bem conseguido e praticamente nada há apontar.
8. Logo a abrir, uma das boas surpresas: o belo genérico em animação, repleto de piscares de olho aos fãs de Tintin, com múltiplas citações retiradas directamente dos álbuns.
9. Prosseguindo, uma bela e bem conseguida homenagem a Hergé, na cena inicial na Feira da Ladra.
10. Positivo também, em meu entender, é o ganho de realismo que o filme tem em relação aos livros – indispensável para lhe dar credibilidade – mas sem trair o espírito original da série.
11. Diferente da BD, é verdade, mas o novo suporte exigia-o e não o ter feito seria condená-lo ao fracasso desde o início.
12. Por isso, nele, Tintin surge mais humano, sem a aura de perfeição dos álbuns, e com menos protagonismo.
13. Porque, indiscutivelmente, a grande estrela da película é Haddock, numa magnífica interpretação de Andy Serkis.
14. Outro grande trunfo do filme, é o vilão congeminado por Spielberg, transformando Sakharine, o (quase) anónimo personagem da BD, num descendente do pirata Rackham, o terrível e no adversário por excelência de Haddock.
15. A recriação do combate naval entre os navios de Rackham e do Cavaleiro de Hadoque é um dos pontos altos do filme, estando também muito conseguida a sua articulação com a cena no deserto.
16. Mas, a verdade, é que nem tudo está bem no filme. Esquecendo alguns aspectos de pormenor, há dois que me incomodaram particularmente.
17. Desde logo, os excessos “à la Spielberg”, evocando sem dúvida Indiana Jones, especialmente na cena da perseguição em Bagghar e no combate final entre Sakarine e (não inocentemente) Haddock, que eram desnecessários e constituem a maior cedência à máquina de entretenimento de Hollywood.
18. Depois, a falta de “entrelinhas”, a ausência do “espaço em branco entre as vinhetas”, que dá ao leitor da BD a possibilidade de intuir, de imaginar tudo o que neles acontece, e que não existe no filme, pois o que é servido ao espectador é o produto final, terminado e concluído.
19. Por isso, se repito que enquanto leitor recorrente da obra de Hergé não me senti defraudado, a verdade é que regressarei mais depressa (e mais vezes) aos seus álbuns do que ao filme de Spielberg.
20. Posto isto, passemos – finalmente! – à bela obra que motivou esta longa dissertação, até porque está já nas livrarias e pode constituir uma óptima prenda de Natal.
21. Desde logo, porque dá uma bela panorâmica da aventura que foi produzir e realizar “aquelas” outras aventuras.
22. Com prefácio dos dois realizadores vedetas, o livro conta com a contribuição de muitos dos artistas que fizeram do filme uma realidade, explicando a sua génese, como foi pensado, preparado, executado e finalizado, num processo longo e moroso, que teve por base um apaixonante trabalho de relojoeiro
23. A selecção das obras, a adaptação do argumento a partir de três álbuns de BD, a forma de fazer a aproximação ao universo original de Hergé, a definição do aspecto das personagens e das suas indumentárias, o tratamento dada às filmagens feitas pelo método de captura de imagem, a definição e construção dos cenários e muito mais são o objecto desta obra, profusamente ilustrada.
24. De forma resumida – o melhor mesmo (sempre) é ler o livro – pode dizer-se que explica não só como o universo de Hergé foi transposto para o grande ecrã, mas também como foi complementado num novo meio e expandido nos detalhes e pormenores que a BD nunca mostrou.
25. Por isso, este é sem dúvida um livro para quem gosta de cinema, para quem gostou de Tintin no cinema e para quem gosta de Tintin.
21/12/2011
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20/12/2011
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19/12/2011
Blankets
Craig Thompson (argumento e desenho)Devir (Portugal, Novembro de 2011)
170 x 260 mm, 592 p., pb, cartonado com sobrecapa
34,99 €
Resumo
Blankets, um romance gráfico datado de 2003, é uma obra auto-biográfica em que o autor expõe, de forma honesta, pudica e contida, a sua infância e adolescência no seio de uma família e de uma comunidade extremamente religiosa.
No decurso das quase 600 pranchas que compõem esta longa banda desenhada, Thompson recorda a rígida educação que recebeu dos pais, os abusos que sofreu do baby-sitter, a relação conflituosa e distante com o irmão, a sua luta interior com a religião e a religiosidade, o intenso primeiro amor adolescente com Raina e como finalmente encontrou no desenho a sua forma de afirmação e a sua razão de viver.
Desenvolvimento
Há 11 anos, a 22 de Maio de 2004, publiquei no Jornal de Notícias um texto sobre esta obra, intitulado “Obrigado Raina”. O seu início era assim: “Hoje, esta coluna” – Aos Quadradinhos, era o seu título – “não tem introduções nem justificações, surge apenas pelo valor intrínseco do notável romance (gráfico) que é Blankets de Craig Thompson”.
E justificava: “Blankets é uma história que conta o primeiro amor de um adolescente. Um adolescente proveniente de uma família autoritária, mais ainda, de um meio ultra-religioso, numa cidadezinha perdida na América profunda, violenta e racista onde desde sempre foi marginalizado pelos colegas de escola. A história de um primeiro amor” – adolescente, breve mas também muito intenso, (quase) inocente, tão gratificante quanto doloroso –“, sim, mas mais do que isso, da descoberta da existência do amor”.
“Uma história” – aparentemente banal – “que se transforma em muito mais, porque esse primeiro amor é também revolta – contida - contra o mundo (que conhece), o despertar para novos horizontes (formas de vida, maneiras de ser...) e, acima de tudo, a auto-afirmação pela descoberta das qualidades que há em si”.
“Um todo coerente, com a emoção que só existe no que é verdadeiro, narrado com grande serenidade, sensibilidade e ternura, como só sabe quem viveu (…) e foi capaz de “arrumar” no sempre complicado baú, recordações que fizeram ferida, uma situação marcante – sim - mas definitivamente encerrada, sem o redutor apodo da relação que acaba mal, que acabou, apenas, após quinze dias emocionalmente intensos e únicos”.
Como o leitor percebe, sente, pressente, quase vive, ao ler as páginas que Thompson traçou num branco e negro magnífico, com um desenho semi-realista mas extremamente dinâmico, que prende e cativa o leitor, absorvendo a sua atenção e levando-o a experimentar, mesmo que à distância, muito do que o autor (realmente) viveu.
E concluía então: “São umas fantásticas 600 páginas que se lêem de um fôlego, enquanto Thompson saltita entre as recordações de infância e adolescência e da distante relação com o irmão, e a relação com Raina que o leva a descobrir-se e a perceber o que realmente importa. E porque foi essa relação que o levou para o desenho e, por consequência, para a BD, só uma expressão me ocorre: obrigado Raina”.
Agora, mais de 7 anos passados, tive a oportunidade de reler esta obra em português. Tirando o efeito surpresa, que uma primeira leitura sempre tem, a sua magia, encanto, força, originalidade e capacidade de emocionar continuam intactas. Por isso, mais uma vez, escrevo: obrigado Raina.
A reter
- A força do relato.
- A sua capacidade de emocionar o leitor.
- A forma honesta, pudica e contida como o autor se expõe por completo.
- A sua invulgar capacidade de narrar em banda desenhada.
- A boa edição da Devir.
Menos conseguido
- Eu percebo o porquê da manutenção do título original – a colagem ao seu sucesso, os ecos que poderá ter provocado para lá do pequeno mundo da BD portuguesa – mas a verdade é que uma edição boa como esta é, merecia um título nacional. “Manta de retalhos” ou, melhor ainda, apenas “Retalhos” eram duas hipóteses perfeitamente plausíveis…
Curiosidade
- No notável Habibi, lançado recentemente, a “manta de retalhos” que dá título a Blankets, surge uma única vez – onde, leitores atentos? Na situação em que é mostrada, será um simples piscar de olho ao leitor cúmplice ou antes o definitivo cortar de amarras com um certo passado por parte do autor?
170 x 260 mm, 592 p., pb, cartonado com sobrecapa
34,99 €
Resumo
Blankets, um romance gráfico datado de 2003, é uma obra auto-biográfica em que o autor expõe, de forma honesta, pudica e contida, a sua infância e adolescência no seio de uma família e de uma comunidade extremamente religiosa.
No decurso das quase 600 pranchas que compõem esta longa banda desenhada, Thompson recorda a rígida educação que recebeu dos pais, os abusos que sofreu do baby-sitter, a relação conflituosa e distante com o irmão, a sua luta interior com a religião e a religiosidade, o intenso primeiro amor adolescente com Raina e como finalmente encontrou no desenho a sua forma de afirmação e a sua razão de viver.
Desenvolvimento
Há 11 anos, a 22 de Maio de 2004, publiquei no Jornal de Notícias um texto sobre esta obra, intitulado “Obrigado Raina”. O seu início era assim: “Hoje, esta coluna” – Aos Quadradinhos, era o seu título – “não tem introduções nem justificações, surge apenas pelo valor intrínseco do notável romance (gráfico) que é Blankets de Craig Thompson”.
E justificava: “Blankets é uma história que conta o primeiro amor de um adolescente. Um adolescente proveniente de uma família autoritária, mais ainda, de um meio ultra-religioso, numa cidadezinha perdida na América profunda, violenta e racista onde desde sempre foi marginalizado pelos colegas de escola. A história de um primeiro amor” – adolescente, breve mas também muito intenso, (quase) inocente, tão gratificante quanto doloroso –“, sim, mas mais do que isso, da descoberta da existência do amor”.
“Uma história” – aparentemente banal – “que se transforma em muito mais, porque esse primeiro amor é também revolta – contida - contra o mundo (que conhece), o despertar para novos horizontes (formas de vida, maneiras de ser...) e, acima de tudo, a auto-afirmação pela descoberta das qualidades que há em si”.
“Um todo coerente, com a emoção que só existe no que é verdadeiro, narrado com grande serenidade, sensibilidade e ternura, como só sabe quem viveu (…) e foi capaz de “arrumar” no sempre complicado baú, recordações que fizeram ferida, uma situação marcante – sim - mas definitivamente encerrada, sem o redutor apodo da relação que acaba mal, que acabou, apenas, após quinze dias emocionalmente intensos e únicos”.
Como o leitor percebe, sente, pressente, quase vive, ao ler as páginas que Thompson traçou num branco e negro magnífico, com um desenho semi-realista mas extremamente dinâmico, que prende e cativa o leitor, absorvendo a sua atenção e levando-o a experimentar, mesmo que à distância, muito do que o autor (realmente) viveu.
E concluía então: “São umas fantásticas 600 páginas que se lêem de um fôlego, enquanto Thompson saltita entre as recordações de infância e adolescência e da distante relação com o irmão, e a relação com Raina que o leva a descobrir-se e a perceber o que realmente importa. E porque foi essa relação que o levou para o desenho e, por consequência, para a BD, só uma expressão me ocorre: obrigado Raina”.
Agora, mais de 7 anos passados, tive a oportunidade de reler esta obra em português. Tirando o efeito surpresa, que uma primeira leitura sempre tem, a sua magia, encanto, força, originalidade e capacidade de emocionar continuam intactas. Por isso, mais uma vez, escrevo: obrigado Raina.
A reter
- A força do relato.
- A sua capacidade de emocionar o leitor.
- A forma honesta, pudica e contida como o autor se expõe por completo.
- A sua invulgar capacidade de narrar em banda desenhada.
- A boa edição da Devir.
Menos conseguido
- Eu percebo o porquê da manutenção do título original – a colagem ao seu sucesso, os ecos que poderá ter provocado para lá do pequeno mundo da BD portuguesa – mas a verdade é que uma edição boa como esta é, merecia um título nacional. “Manta de retalhos” ou, melhor ainda, apenas “Retalhos” eram duas hipóteses perfeitamente plausíveis…
Curiosidade
- No notável Habibi, lançado recentemente, a “manta de retalhos” que dá título a Blankets, surge uma única vez – onde, leitores atentos? Na situação em que é mostrada, será um simples piscar de olho ao leitor cúmplice ou antes o definitivo cortar de amarras com um certo passado por parte do autor?
18/12/2011
Selos & Quadradinhos (70)
Stamps & Comics / Timbres & BD (70)
Tema/subject/sujet: Campanha de Prevenção da AIDS / AIDS Prevention / Prévention du SIDA
Autor: Ziraldo
País/country/pays: Brasil /Brazil / Brésil
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 01/12/2011
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17/12/2011
O adeus a Joe Simon e Eduardo Barreto
O final de ano continua a ser negro para o mundo da BD e, em especial, para os comics, que, depois do falecimento no passado dia 8 de Jerry Robinson, desenhador de Batman e criador de Robin e do Joker, assiste agora ao desaparecimento de Joe Simon, co-criador do Capitão América, e Eduardo Barreto, desenhador do Superman.
Joe Simon (1913-2011)
Hymie (Joe) Simon, argumenista, desenhador e editor, contava 98 anos, pois nasceu em 1913, em Nova Iorque. Ainda adolescente começou a desenhar para jornais locais, sendo depois contratado pela Timely Comics (futura Marvel) onde, em parceria com Jack Kirby, um dos maiores desenhadores de comics de sempre, criou várias personagens, a mais famosa das quais o Capitão América, que se tornaria o símbolo por excelência dos Estados Unidos na BD. Em 1941, na capa da revista com o seu nome em que se estreou, surgia a socar Hitler, antecipando em um ano a entrada dos EUA na II Guerra Mundial.
O sucesso alcançado levou-o a editor-chefe da editora, período em que contratou um certo Stan Lee que, nos anos 60, revolucionou o conceito dos super-heróis, com personagens como o Quarteto Fantástico e o Homem-Aranha. No entanto, um desentendimento a nível económico levou-o a deixar a Timely e a mudar-se para a National Comics (futura DC Comics), onde, sempre com Kirby, trabalhou no Capitão Marvel, Sandman e Manhunter.
Durante o serviço militar, cumprido na guarda costeira norte-americana, o duo criou um estúdio onde desenvolveu Boy Commandos, de temática bélica que foi um sucesso de vendas, apenas superado por Superman e Batman, bem como uma vasta lista de títulos de western, banda desenhada romântica e de terror. A eles fica a dever-se também a criação de Fighting American, um dos primeiros projectos autorais dos quadradinhos norte-americanos, pois os seus direitos pertenciam aos autores e não à editora.
Eduardo Barreto (1954-2011)
Quanto a Eduardo Barreto, uruguaio natural de Montevideu, onde tinha nascido há 57 anos, iniciou-se na BD na década de 1970, ao lado do argumentista argentino Hector Oesterheld, uma das vítimas da ditadura militar argentina.
A qualidade gráfica do seu trabalho, em muitos aspectos mais próxima da banda desenhada realista franco-belga do que do mundo dos comics onde desenvolveu a sua carreira, valeu-lhe dar o salto para o mercado de super-heróis cerca de uma década depois, mais exactamente para a DC Comics.
Nessa editora desenhou histórias de diversos heróis, entre os quais The Shadow, Martian Manhunter, Teen Titans e Batman, mas distinguiu-se especialmente como desenhador do Superman, estando entre os seus trabalhos mais marcantes “Lex Luthor – Unauthorized biography” (1989), que narra a origem do maior inimigo do Homem de Aço.
O seu último trabalho para a DC Comics, já em 2011, foi “Superman – Retroactive”, tendo em Julho último assumido a página dominical de um herói clássico, o Fantasma.
(Versão expandida do texto publicado no Jornal de Notícias de 17 de Dezembro de 2011)
Joe Simon (1913-2011)
Hymie (Joe) Simon, argumenista, desenhador e editor, contava 98 anos, pois nasceu em 1913, em Nova Iorque. Ainda adolescente começou a desenhar para jornais locais, sendo depois contratado pela Timely Comics (futura Marvel) onde, em parceria com Jack Kirby, um dos maiores desenhadores de comics de sempre, criou várias personagens, a mais famosa das quais o Capitão América, que se tornaria o símbolo por excelência dos Estados Unidos na BD. Em 1941, na capa da revista com o seu nome em que se estreou, surgia a socar Hitler, antecipando em um ano a entrada dos EUA na II Guerra Mundial.
O sucesso alcançado levou-o a editor-chefe da editora, período em que contratou um certo Stan Lee que, nos anos 60, revolucionou o conceito dos super-heróis, com personagens como o Quarteto Fantástico e o Homem-Aranha. No entanto, um desentendimento a nível económico levou-o a deixar a Timely e a mudar-se para a National Comics (futura DC Comics), onde, sempre com Kirby, trabalhou no Capitão Marvel, Sandman e Manhunter.
Durante o serviço militar, cumprido na guarda costeira norte-americana, o duo criou um estúdio onde desenvolveu Boy Commandos, de temática bélica que foi um sucesso de vendas, apenas superado por Superman e Batman, bem como uma vasta lista de títulos de western, banda desenhada romântica e de terror. A eles fica a dever-se também a criação de Fighting American, um dos primeiros projectos autorais dos quadradinhos norte-americanos, pois os seus direitos pertenciam aos autores e não à editora.
Eduardo Barreto (1954-2011)
Quanto a Eduardo Barreto, uruguaio natural de Montevideu, onde tinha nascido há 57 anos, iniciou-se na BD na década de 1970, ao lado do argumentista argentino Hector Oesterheld, uma das vítimas da ditadura militar argentina.
A qualidade gráfica do seu trabalho, em muitos aspectos mais próxima da banda desenhada realista franco-belga do que do mundo dos comics onde desenvolveu a sua carreira, valeu-lhe dar o salto para o mercado de super-heróis cerca de uma década depois, mais exactamente para a DC Comics.
Nessa editora desenhou histórias de diversos heróis, entre os quais The Shadow, Martian Manhunter, Teen Titans e Batman, mas distinguiu-se especialmente como desenhador do Superman, estando entre os seus trabalhos mais marcantes “Lex Luthor – Unauthorized biography” (1989), que narra a origem do maior inimigo do Homem de Aço.
O seu último trabalho para a DC Comics, já em 2011, foi “Superman – Retroactive”, tendo em Julho último assumido a página dominical de um herói clássico, o Fantasma.
(Versão expandida do texto publicado no Jornal de Notícias de 17 de Dezembro de 2011)
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16/12/2011
Dustin, o com-abrigo
Jeff Parker (argumento)Steve Kelley (desenho)
Bizâncio (Portugal, Setembro de 2011)
210 x 220 mm, 130 p., pb, brochado com badanas
11,35 €
Resumo
Este álbum mostra o quotidiano despreocupado e preguiçoso de um universitário desempregado, que voltou para a casa que compartilha com os pais e a irmã mais nova.
Desenvolvimento
Num mercado – o das colectâneas de tiras de imprensa – que está actualmente longe da pujança de outros tempos – em que os títulos lançados anualmente eram bem mais numerosos – o aparecimento de uma nova série não deixa de ser um sinal positivo. Mesmo que seja só sinónimo de que alguém acredita que vale a pena apostar nele, que ele irá encontrar os seus leitores.
Tendo como base um dos estereótipos mais comuns no género – a família (ainda) tradicional, constituída por pai, mãe e dois filhos pós-adolescentes, um rapaz e uma rapariga - Dustin, o Com-abrigo apresenta no entanto uma alteração àquela estrutura, reflexo dos tempos que correm, a saída cada vez mais tardia dos jovens de casa dos mais e a entrada, igualmente cada vez mais tardia, no mundo do emprego.
Porque Dustin, o rapaz, protagonista da tira, é um jovem recém-formado que, após ter deixado a casa dos pais para ir para a faculdade, regressou a ela com o canudo mas sem emprego… nem nenhuma vontade de o arranjar, passando o seu dia – para parafrasear alguém – “uma vezes deitado, outras estendido” no sofá, em frente à televisão! Pelo meio, há algumas visitas ao instituto de emprego local e episódicas e (muito) breves experiências laborais.
Como série nova que é, as primeiras tiras – cerca de metade do livro, talvez – servem para nos introduzirem no universo a que os autores querem dar vida, aprendendo a conhecer Dustin e cada um dos co-protagonistas: o pai, advogado, mais activo e sarcástico do que é habitual no género; a mãe, viciada em compras, que trabalha como locutora de um programa radiofónico de sucesso, cuja personalidade aos poucos se vai afirmando à medida que o seu emprego tem cada vez mais lugar na sua definição; a irmã mais nova, estudante de sucesso; a responsável do centro de emprego, mais empenhada em manter o seu tacho do que em ajudar realmente Dustin nas suas (patéticas) tentativas de encontrar – e manter – uma ocupação remunerada.
Sem deslumbrar – pelo menos por agora - no seu primeiro ano compilado neste volume, Dustin possui já um bom número de tiras cujo sentido de humor está acima da média, o que permite acreditar que Kelley e Parker ainda nos vão proporcionar (muitas e) boas gargalhadas.
A reter
- A publicação em português de uma nova série aos quadradinhos.
- A forma como as mudanças na vida real – novas estruturas familiares, dificuldade de emprego para os jovens… - marcam lugar (também) numa tira diária de imprensa.
- A crescente familiaridade e interacção que o leitor vai sentindo com Dustin e a sua família ao longo do volume.
Menos conseguido
- Confesso que quando vi o título deste livro me surpreendi, cheguei até a sonhar alto e a imaginar uma tira diária sobre o quotidiano de um sem-abrigo. A sua leitura, fez-me ver o erro de julgamento que tinha cometido, embora a temática do livro seja também bastante actual
-Claro está, Dustin poderia tornar-se mais interessante se tivesse uma posição mais crítica e acutilante mas, nestes tempos insossos, em que predomina o enjoativo politicamente correcto, isso seria, com toda a certeza, pedir demais…
Bizâncio (Portugal, Setembro de 2011)
210 x 220 mm, 130 p., pb, brochado com badanas
11,35 €
Resumo
Este álbum mostra o quotidiano despreocupado e preguiçoso de um universitário desempregado, que voltou para a casa que compartilha com os pais e a irmã mais nova.
Desenvolvimento
Num mercado – o das colectâneas de tiras de imprensa – que está actualmente longe da pujança de outros tempos – em que os títulos lançados anualmente eram bem mais numerosos – o aparecimento de uma nova série não deixa de ser um sinal positivo. Mesmo que seja só sinónimo de que alguém acredita que vale a pena apostar nele, que ele irá encontrar os seus leitores.
Tendo como base um dos estereótipos mais comuns no género – a família (ainda) tradicional, constituída por pai, mãe e dois filhos pós-adolescentes, um rapaz e uma rapariga - Dustin, o Com-abrigo apresenta no entanto uma alteração àquela estrutura, reflexo dos tempos que correm, a saída cada vez mais tardia dos jovens de casa dos mais e a entrada, igualmente cada vez mais tardia, no mundo do emprego.
Porque Dustin, o rapaz, protagonista da tira, é um jovem recém-formado que, após ter deixado a casa dos pais para ir para a faculdade, regressou a ela com o canudo mas sem emprego… nem nenhuma vontade de o arranjar, passando o seu dia – para parafrasear alguém – “uma vezes deitado, outras estendido” no sofá, em frente à televisão! Pelo meio, há algumas visitas ao instituto de emprego local e episódicas e (muito) breves experiências laborais.
Como série nova que é, as primeiras tiras – cerca de metade do livro, talvez – servem para nos introduzirem no universo a que os autores querem dar vida, aprendendo a conhecer Dustin e cada um dos co-protagonistas: o pai, advogado, mais activo e sarcástico do que é habitual no género; a mãe, viciada em compras, que trabalha como locutora de um programa radiofónico de sucesso, cuja personalidade aos poucos se vai afirmando à medida que o seu emprego tem cada vez mais lugar na sua definição; a irmã mais nova, estudante de sucesso; a responsável do centro de emprego, mais empenhada em manter o seu tacho do que em ajudar realmente Dustin nas suas (patéticas) tentativas de encontrar – e manter – uma ocupação remunerada.
Sem deslumbrar – pelo menos por agora - no seu primeiro ano compilado neste volume, Dustin possui já um bom número de tiras cujo sentido de humor está acima da média, o que permite acreditar que Kelley e Parker ainda nos vão proporcionar (muitas e) boas gargalhadas.
A reter
- A publicação em português de uma nova série aos quadradinhos.
- A forma como as mudanças na vida real – novas estruturas familiares, dificuldade de emprego para os jovens… - marcam lugar (também) numa tira diária de imprensa.
- A crescente familiaridade e interacção que o leitor vai sentindo com Dustin e a sua família ao longo do volume.
Menos conseguido
- Confesso que quando vi o título deste livro me surpreendi, cheguei até a sonhar alto e a imaginar uma tira diária sobre o quotidiano de um sem-abrigo. A sua leitura, fez-me ver o erro de julgamento que tinha cometido, embora a temática do livro seja também bastante actual
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15/12/2011
Leituras de banca
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Revistas periódicas de banda desenhada este mês disponíveis nas bancas portuguesas.
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