Nuno Duarte (argumento)
Osvaldo Medina (desenho)
Gisela Martins (cor, com Ana Freitas, patrícia Furtado, Sara Ferreira e Filipe Teixeira)
Kingpin Comics (Portugal, Março de 2010)
210 x 297 mm, cor, 48 p., brochado com badanas
Resumo
Após descobrir a fórmula da felicidade instantânea, que faz efeito imediato em quem o ouvir lê-la, Victor, apesar da aparente realização pessoal e da fama que conseguiu, mergulha numa espiral descendente, cada vez mais sozinho apesar da multidão (desejosa…) que o rodeia.
Ao mesmo tempo, o planeta caminha a passos largos para uma guerra entre católicos e muçulmanos que o poderá destruir e para a qual Victor parece ser a única solução.
Desenvolvimento
Se o primeiro tomo de A Fórmula da Felicidade foi uma das maiores surpresas da banda desenhada do final de 2008 (e dos últimos anos), este segundo tomo, se por um lado era muito aguardado, por outro era também receado. No primeiro caso, como resultado natural da expectativa que a boa qualidade de argumento e desenho do volume inicial criaram. No segundo, por se temer que a continuação (e conclusão) não estivesse à altura da primeira parte.
E a primeira constatação, é que os receios se revelaram sem fundamento e que as expectativas se cumpriram. Possivelmente porque a (re)solução encontrada por Nuno Duarte para a história se, por um lado, era a mais óbvia, por outro era também a mais coerente. Até porque a solução oposta (em termos de final) seria uma traição ao tom apesar de tudo realista desta fábula dos tempos modernos, narrada com animais antropomórficos e belas imagens, apesar do seu tom maioritariamente negro.
O “novo” Victor, transformado em guru da moda e milagreiro de trazer por casa, com todos os tiques de vedeta (mediática) daí recorrentes, devidamente explorado por uma sociedade com fins lucrativos, se por um lado se tornou o centro das atenções, por outro está cada vez mais só, procurando no sexo pago e na violência sobre as companheiras ocasionais, respostas e a felicidade (ilusória) que a sua fórmula não lhe transmite. Sexo pago e violência que se revelam apenas o equivalente à droga que a mãe consumia e ele condenava, apenas um substituto temporário e cada vez menos eficaz das suas verdadeiras necessidades: amizade, compreensão, amor. Mais, Victor afasta aqueles que, de alguma forma, ainda lhe propõem uma amizade desinteressada e isenta ao recusar-se a ouvir as (incómodas) verdades que eles têm para lhe dizer.
Com estes pressupostos, Nuno Duarte traça para Victor o inevitável percurso descendente cujo resultado só poderia ser a perda completa, se pelo meio não surgisse uma hipótese de redenção. Redenção que Victor vai ter que procurar no fundo de si próprio, não em palavras (ocas ou não) de outros. Redenção que vai ter que encontrar nas suas recordações, nos seus sentimentos, nas suas origens, mas que só vai conseguir (tarde demais?) quando consegue finalmente relacionar-se com aqueles que, de alguma forma, sempre procurou afastar, seja o pai desconhecido, os amigos ou a bela Cláudia, paixão de infância que evoca quase tantas recordações boas quanto más.
Redenção que encontra quando revela ao mundo que a felicidade não está ao alcance de todos num simples papel, livro ou pessoa – uma carapuça bem grande que tantos deveriam enfiar… - mas tem que ser conquistada, através das decisões que – consciente e responsavelmente - vamos tomando ao longo da vida.
A reter
- A forma como o argumento de Nuno Duarte correspondeu às expectativas geradas pela boa primeira parte da história.
- O excelente desenho de Osvaldo Medina, bonito no traço e na cor, eficaz na forma.
Menos conseguido
- A mudança de papel da capa da edição em relação ao primeiro tomo. O papel de gramagem superior e com textura rugosa dá uma outra consistência ao objectivo livro, valorizando-o e tornando-o até mais credível.
- Eu sei que o mercado é pequeno, que a distribuição é a praga que mata os editores, que cada vez mais há mais gente que não paga o que deve (entenda-se os livros que recebe e vende), mas uma tiragem de apenas 400 exemplares parece-me demasiado curta. Ainda para mais, numa obra com tudo o que é necessário - boa história, boa arte, boa edição - para ser comercialmente viável.
A apresentar mensagens correspondentes à consulta a fórmula da felicidade ordenadas por relevância. Ordenar por data Mostrar todas as mensagens
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26/10/2010
A Fórmula da Felicidade Vol. 2 de 2
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09/01/2024
A Fórmula da Felicidade (versão integral)
Uma fábula sobre tempos incertos
Devido
à pequena dimensão do mercado editorial português de BD e às
consequentes tiragens curtas, há obras nacionais que se tornaram
quase lendárias. Uma
delas é A
Fórmula da Felicidade,
publicada originalmente em dois tomos há cerca de década e meia
(2008
e 2009) que
desapareceram há muito do mercado e eram procuradas por
colecionadores ou leitores interessados.
Agora,
ressurge numa edição integral, com todas as vantagens das técnicas
de produção e impressão modernas, e com um posfácio extra de 16
páginas, que na verdade é um prólogo e acrescenta um elemento
importante ao relato.
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24/06/2010
BD nacional cresce à margem das grandes editoras – Inquérito a Osvaldo Medina *
- Publicar em pequenas editoras é uma opção pessoal ou a única alternativa face ao desinteresse por parte das “grandes” editoras?
Osvaldo Medina - Publicar numa editora pequena foi simplesmente fruto do acaso, ao desenhar o livro «A tua carne é má» , escrito pelo Pep, despertei a atenção do Nuno Duarte e do Mário Freitas que apostaram em mim para “A Fórmula da Felicidade”. Se isto tivesse acontecido com uma editora grande provavelmente faria o mesmo. Mas a verdade é que numa editora grande há um medo terrível em apostar em novos autores - vai vender? Não vai vender? Vale a pena? Não vale? Mais depressa apostam num nome desconhecido americano, japonês ou de outra qualquer nacionalidade - desde que venha de fora de portas - que num nome nacional. A questão é simplesmente esta, não apostam no “prato” da casa! Isto acontece em todos os ramos, porque não neste ramo também? Claro que isto arrasta um sem número de consequências para a BD nacional.
- Até onde conseguem chegar/que visibilidade têm estas edições?
Osvaldo Medina - A visibilidade é pequena, não vale a pena andarmos com rodeios nesse aspecto. Se a editora é pequena, como é óbvio, não terá os meios para uma grande divulgação. Há as feiras, os salões (quantos, em Portugal, por ano?)e pouco mais. Se conseguirmos um espacito na FNAC não é mau, mas normalmente estas edições ficam num cantito empoeirado sem qualquer destaque, nada que diga “gosta de BD? Venha cá ver isto!!” Não é preciso puxarmos do orgulho nacional e salientar “isto é luso!!” porque na verdade, acho que afasta mais do que chama. Existe um preconceito brutal por parte dos leitores no que diz respeito à BD nacional. A maior parte acha chata e sem piada nenhuma e se calhar não é de todo mentira. Temos que mostrar o produto, sem vergonha, e pedir a opinião das pessoas, dos clientes, dos leitores. Porque se queremos que isto vá a algum lado é assim - temos um produto e queremos passá-lo para as mãos das pessoas - mais nada.
A visibilidade chega, acima de tudo, onde chegam os “carolas” da BD. Quem gosta fala do que gosta a outros “carolas” e a coisa vai passando de boca em boca. Blogues, sites e por aí fora.
- Nestes moldes, que futuro antevês para a BD nacional?
Osvaldo Medina - Temos cada vez mais pessoas a fazer, cada vez mais e cada vez melhor, temos cada vez mais pessoas a serem editadas fora do país. Isto só pode ser bom! Mas no nosso país não há cultura de BD. As pessoas não lêem - a não ser a ”Maria” e “A Bola” - e não estão habituados a gastar dinheiro em livros. A BD será sempre algo de nicho, para especialistas. A não ser que se chegue às pessoas. Temos que ir atrás delas. O que querem ler? Que tipo de histórias?
Se calhar estou a ir contra as ideias de muitos “artistas” mas, na minha opinião, os artistas morrem de fome e só são reconhecidos a título póstumo.
Neste momento temos uma massa crítica em termos de autores muito boa, que abarca todos os géneros, mas quantos vivem da BD? Nenhum? Um? Porquê? Porque não há leitores suficientes! Não há editoras a apostar! Não há mercado de base, logo não há dinheiro de retorno para os autores que preferem deixar a BD ( ocupa muito tempo) e ir trabalhar noutros meios.
* Desenhador de A Fórmula da Felicidade e Mucha
Osvaldo Medina - Publicar numa editora pequena foi simplesmente fruto do acaso, ao desenhar o livro «A tua carne é má» , escrito pelo Pep, despertei a atenção do Nuno Duarte e do Mário Freitas que apostaram em mim para “A Fórmula da Felicidade”. Se isto tivesse acontecido com uma editora grande provavelmente faria o mesmo. Mas a verdade é que numa editora grande há um medo terrível em apostar em novos autores - vai vender? Não vai vender? Vale a pena? Não vale? Mais depressa apostam num nome desconhecido americano, japonês ou de outra qualquer nacionalidade - desde que venha de fora de portas - que num nome nacional. A questão é simplesmente esta, não apostam no “prato” da casa! Isto acontece em todos os ramos, porque não neste ramo também? Claro que isto arrasta um sem número de consequências para a BD nacional.
- Até onde conseguem chegar/que visibilidade têm estas edições?
Osvaldo Medina - A visibilidade é pequena, não vale a pena andarmos com rodeios nesse aspecto. Se a editora é pequena, como é óbvio, não terá os meios para uma grande divulgação. Há as feiras, os salões (quantos, em Portugal, por ano?)e pouco mais. Se conseguirmos um espacito na FNAC não é mau, mas normalmente estas edições ficam num cantito empoeirado sem qualquer destaque, nada que diga “gosta de BD? Venha cá ver isto!!” Não é preciso puxarmos do orgulho nacional e salientar “isto é luso!!” porque na verdade, acho que afasta mais do que chama. Existe um preconceito brutal por parte dos leitores no que diz respeito à BD nacional. A maior parte acha chata e sem piada nenhuma e se calhar não é de todo mentira. Temos que mostrar o produto, sem vergonha, e pedir a opinião das pessoas, dos clientes, dos leitores. Porque se queremos que isto vá a algum lado é assim - temos um produto e queremos passá-lo para as mãos das pessoas - mais nada.
A visibilidade chega, acima de tudo, onde chegam os “carolas” da BD. Quem gosta fala do que gosta a outros “carolas” e a coisa vai passando de boca em boca. Blogues, sites e por aí fora.
- Nestes moldes, que futuro antevês para a BD nacional?
Osvaldo Medina - Temos cada vez mais pessoas a fazer, cada vez mais e cada vez melhor, temos cada vez mais pessoas a serem editadas fora do país. Isto só pode ser bom! Mas no nosso país não há cultura de BD. As pessoas não lêem - a não ser a ”Maria” e “A Bola” - e não estão habituados a gastar dinheiro em livros. A BD será sempre algo de nicho, para especialistas. A não ser que se chegue às pessoas. Temos que ir atrás delas. O que querem ler? Que tipo de histórias?
Se calhar estou a ir contra as ideias de muitos “artistas” mas, na minha opinião, os artistas morrem de fome e só são reconhecidos a título póstumo.
Neste momento temos uma massa crítica em termos de autores muito boa, que abarca todos os géneros, mas quantos vivem da BD? Nenhum? Um? Porquê? Porque não há leitores suficientes! Não há editoras a apostar! Não há mercado de base, logo não há dinheiro de retorno para os autores que preferem deixar a BD ( ocupa muito tempo) e ir trabalhar noutros meios.
* Desenhador de A Fórmula da Felicidade e Mucha
Leituras relacionadas
entrevista,
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24/05/2013
Leituras Novas - Maio de 2013
Os textos, quando
existem, são da responsabilidade das editoras, com alteração para a grafia
pré-Acordo Ortográfico da responsabilidade de As Leituras do Pedro.
Algumas das edições
aqui apresentadas podem ter sido editadas anteriormente,
mas só agora tomei
conhecimento delas.
ASA
Mahou
– Perdidos no tempo – tomo 2
Hugo
Teixeira e Vidazinha
No livro anterior, na
Origem da Magia, ficámos a saber que, há muitos, muitos anos, em Mahou, uma
família descobriu um objecto dotado de poderes mágicos extraordinários e,
através dele, obteve riqueza, domínio e conhecimento.
Mas nada disto lhes
trouxe alegria ou união e a desavença desta família fez com que a Guerra se
alastrasse por todo o Mahou.
Neste tomo, decorrido
mais de um ano após a visita de Bia - uma rapariga muito especial - ter
finalmente sarado as feridas que a Guerra abriu, vamos acompanhar o Mago Mago
numa viagem ao seu passado.
Murena
#8 – A vingança das cinzas
Dufaux
e Delaby
Roma arde... Nero
sonhou e Murena executou. Este é o tema que domina esta história.
As chamas destroem
edifícios, a aflição é geral, uns correm para o rio Tibre, outros para o Campo
de Marte e a tragédia atinge todos: ricos e plebeus. Só o bairro de Trans Tiberim
é de alguma forma poupado e é lá que se refugiam Pedro e outros cristãos.
Mas, mesmo nesta
situação de destruição, a cobiça impera e a manipulação política é inevitável:
há que arranjar culpados...
Associação AoNorte
O
filme da minha vida #13 – It’s People
Esgar Acelerado
A Colecção O Filme da
Minha Vida faz-se do repto lançado pela AoNorte a autorres portugueses de Bd
para que criem um álbum inspirado num filme que tenha deixado marcas nas suas
vidas.
No âmbito da
programação dos XIII Encontros de Cibena de Viana foi lançado o número treze
desta colecção – It’s People, de Esgar Acelerado, a partir do filme À Beira do
Fim, de Richard Fleischer.
Associação Tentáculo
Zona
Nippon #2
Bárbara Lourenço; Catarina João;
Daniela Viçoso; Darsy Man; Diogo
Carvalho; Fil; Iris Loureiro;
Júlio Shimamoto; LLL; Matheus Moura;
Mignon; Miguel Santos; Nuno
Frias; Paula Almeida; Paulo Tomaz;
Selma Pimentel; Sofia Pereira;
Susana Resende; Xico Santos
A Zona Nippon 2 é o novo número da Zona (www.zonabd.blogspot.pt),
uma antologia de BD e ilustração publicada pela Associação Tentáculo (www.atentaculo.weebly.com).
Esta antologia é publicada desde 2009, sendo este o
décimo numero da série, o segundo da subsérie Zona Nippon, onde os trabalhos
têm uma aproximação oriental, seja na inspiração da técnica usada ou no tema da
história.
A ilustração da capa
esteve desta vez a cargo da Paula Almeida.
Além de BD e ilustração,
este número conta ainda com um entrevista à autora Selma Pimentel.
Este novo número, tem
90 páginas e conta com a participação de 19 autores
Bizâncio
Baby
Blues #1 – Isto vai ser pior do que pensávamos (reedição)
Rick Kirkman e Jerry Scott
Acarinhem este livro.
Ele contém o primeiro ano do que serão muitos anos de Baby Blues.
Todos os seus
instintos lhe mandarão pegar na tesoura e começar a cortar tiras para mandar
aos seus amigos e família. Ou então, vai mesmo pôr a tesoura de lado e arrancar
folhas inteiras para colar no frigorífico, vai juntar todos os recortes que
fez, e ainda conseguir encontrar, e colá-los no livro do bebé dos seus próprios
filhos, ainda que - como é o meu caso - não os tenha ainda. E vai ser difícil
mantê-lo intacto.
(Do prefácio de Cathy
Guisewite, criadora de Cathy)
Chiado Editora
A Minha Escolinha – Passei de Ano
Pedro Correia
Um ano após os
enormes conflitos vividos na escola, os nossos amigos desfrutam agora de um
novo ambiente.
Tudo aparenta estar de
regresso à normalidade mas.. Irá esta boa vida durar muito tempo?
Estarão todos os
assuntos resolvidos?..
Descubram em mais um livro
''A Minha Escolinha''!
Chili Com Carne
Mesinha de Cabeceira #25
Capa de Dr. Uránio.
BDs de Marcos Farrajota e Davi
Bartex.
Design: Joana Pires
Este novo Mesinha de Cabeceira, que ainda recentemente
comemorou 20 anos de existência, faz uma continuação da fórmula do número
anterior, desta vez com Farrajota a duplicar as páginas para contar histórias
sobre apartamentos e instituições públicas de Lisboa, ou melhor sobre os seus
abandonos e decadências.
Este é segundo capítulo do "Desobediência é um
artigo de colecção", trabalho de Farrajota desenvolvido numa residência
artística na Finlândia.
Kingpin Books
Super Pig: Roleta Nipónica
Mário Freitas, Osvaldo Medina, Gi
Martins, Sara Ferreira
10 de Outubro de
1978. Durante a cerimónia oficial de geminação de Aveiro com a cidade nipónica
de Oita, o pequeno SUPER PIG é raptado por três empresários locais sem
escrúpulos e usado como moeda de troca numa parceria criminosa com altos
representantes da Yakuza da cidade japonesa.
Receando pela vida do
seu filho, o mui ilustre CALOUSTE PIG arrisca enfrentar sozinho a bizarra joint-venture
mafiosa, mas vê-se envolvido numa espécie de roleta de contornos invulgares,
que revelará as verdadeiras intenções do sinuoso Pinheiro, um empresário da
Bairrada de reputação duvidosa, e da Yakuza de Oita, que planeia uma invasão
gastronómica marcada a sangue.
Depois de Live Hate
(nomeado para Melhor Argumento nos
Prémios Nacionais Amadora BD), Super Pig regressa com uma nova aventura
electrizante, numa fusão perfeita entre BD ocidental e Manga, graças à
imaginação de Mário Freitas e aos talentos artísticos de Osvaldo Medina (A
Fórmula da Felicidade, Mucha, Agentes do CAOS: Nova Ordem) e das mangakas
Gisela Martins e Sara Ferreira, recentes vencedoras do Manga Jiman Competition,
um concurso internacional realizado anualmente pela Embaixada do Japão em
Londres.
Vamos aprender
Aida Teixeira e Carlos Rocha
“Vamos Aprender”, mas com
diversão!
Este é um livro de Banda
Desenhada para crianças, que teve na sua génese uma criança, a Sofia, que
quando tinha 6 anos desenhava animais que a sua mãe Aida transformava em
histórias. Histórias que saltam da página directamente para a nossa imaginação
e que levam as crianças a pensar, ao invés de se limitarem a oferecer-lhes um
resultado imediato.
O aspecto lúdico do livro
leva os pequenos leitores a interiorizar ensinamentos comportamentais
importantes, aliando isso ao enorme prazer visual que os desenhos expressivos e
coloridos do Carlos Rocha proporcionam. Uma alegria para os olhos e para a
imaginação pela mão de dois novos autores, que se propuseram a fazer estas seis
histórias repletas de encanto para crianças e para adultos que nunca deixaram
de o ser.
Uma aposta diferente da
Kingpin Books e do editor Mário Freitas, que se iniciam assim num novo desafio
editorial, a publicação de BD infantil, um segmento geralmente esquecido ou
ignorado nos últimos anos em Portugal.
Verbos & Letras/Grupo Entropia
Os Escudos da Lusitânia #0
Adelina Menaia, Ana Saúde, Bruno Ma,
Claudino Monteiro, João Amaral, João Figueiredo, João Raz, Paulo Marques e
Ricardo Correia
A Verbos & Letras
e o Grupo Entropia têm o prazer de vos apresentar Os Escudos da Lusitânia, a
nova revista de Banda Desenhada Portuguesa e não só, centrada no universo de
fantasia com o mesmo nome.
Uma iniciativa que
pretende promover o gosto e os hábitos de leitura entre todos, de modo a trazer
mais leitores à Banda Desenhada.
Pretende também
juntar à BD expressões tão diversas como a literatura, a ilustração e os jogos
de Role Playing Game e Estratégia, de modo a envolver todos os aventureiros que
vagueiam pela Lusitânia de hoje.
Os Escudos da
Lusitânia é um conjunto de aventuras que vai deixar toda a gente a suplicar por
mais. Esqueçam tudo o que possam ter aprendido nas aulas de História, pois esta
não é a Lusitânia que todos pensam ter existido. Esta é a Lusitânia de um mundo
em que magia e seres fantásticos são comuns. Situada na Ibérria, uma grande
península do continente Eural, a Leukitânea (nome como os Lusos daquela altura
designavam a sua terra) está à beira de uma guerra que poderá atingir dimensões
gigantescas. Invadida por demónios e seus lacaios, à Leukitânea só restam os
seus heróis. Homens, Elfos e Anões. Guerreiros destemidos, capazes de dar a
vida para defender os seus povos.
Lançaremos já no
próximo dia 8 de Junho o nº 0 da revista. Este nº 0 conta com a participação de
Adelina Menaia, Ana Saúde, Bruno Ma, Claudino Monteiro, João Amaral, João
Figueiredo, João Raz, Paulo Marques e Ricardo Correia. Esperamos que a revista
vos dê, ao lê-la, o mesmo prazer que nos deu a produzi-la. Muito obrigado a todos
os que, desde sempre, duma ou doutra forma, contribuíram para o nascimento d’Os
Escudos da Lusitânia.
Leituras relacionadas
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Tentáculo,
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03/01/2011
BD Portuguesa: o que vamos poder ler em 2011
Se em anos recentes, têm sido recorrentes as notícias sobre bandas desenhadas de desenhadores nacionais publicadas no estrangeiro, que suplantam e abafam as que dizem respeito às edições em Portugal, 2011 promete uma diferença: alguns desses projectos terão uma dimensão e uma visibilidade até agora nunca atingidas, embora por motivos diferentes.
Cronologicamente, a primeira - e possivelmente a mais mediática de todas as bandas desenhadas com assinatura lusa a editar em 2011 - será “Female Force: Angelina Jolie”, a biografia da actriz desenhada por Nuno Nobre, até agora sem bibliografia aos quadradinhos. Destacando-se pelo tema, estará disponível nas livrarias especializadas em Janeiro e é mais uma edição da norte-americana Bluewater Productions especializada em biografias de personalidades da política e da cultura.
A 2 de Fevereiro será lançado o primeiro número de “Onslaught Unleashed”, a mini-série de quatro comics que Filipe Andrade está a desenhar para a Marvel a partir de um argumento de Sean McKeever. Primeiro projecto de fôlego de um português para a Casa das Ideias, narra o regresso do vilão Onslaught e como isso irá afectar o professor Xavier, líder dos X-Men, e Magneto o seu maior inimigo. As capas serão de dois “monstros” dos comics: Humberto Ramos e Rob Liefeld.
Ainda na Marvel, igualmente em Fevereiro, Nuno Plati Alves, depois de participações em Avengers Fairy Tales, X-23, Iron Man e Shanna the She Devil, desenha o seu segundo comic completo, “Marvel Girl #1”, no qual Josh Fialkov narra como a mutante Jean Grey aprendeu a controlar os seus poderes, e João Lemos, que recentemente fez o papel de argumentista numa história de Wolverine, volta ao mutante de garras retrácteis, desenhando uma história de Sarah Cross, inserida na colectânea “Wolverine: The Adamantium Diaries #1000”.
Quanto ao terceiro projecto mediático citado, verá a luz em Maio e destaca-se por estar incluído na antologia que assinala os 25 anos da editora norte-americana Dark Horse, juntamente com criadores como Frank Miller, Mike Mignola ou Dave Gibbons. Trata-se de uma BD de 24 páginas (com um arranque excelente, que tenho o privilégio de poder assegurar pessoal-mente!) que evoca o primeiro encontro de Dog Mendonça e Pizzaboy, os heróis fantásticos criados pelo pianista português Filipe Melo e pelo desenhador argentino Juan Cavia. Esta mesma dupla, que começou por salvar o mundo de uma ameaça nazi latente nas entranhas de Lisboa (que já vai na 3ª edição), deverá regressar em Março, com “Apocalipse” (Tinta-da-China), uma graphic móvel de 120 páginas, para enfrentar o fim dos tempos, tal como descrito na Bíblia.
Outros dois projectos que marcaram recentemente a BD feita em português, “BRK”, um thriller urbano com contornos políticos, de Filipe Pina e do atrás citado Filipe Andrade, e “Asteroids Fighters”, uma space-opera de Rui Lacas (distinguido no Amadora BD 2010), verão os segundos tomos editados no próximo ano pela ASA, em data a definir.
Ainda em Portugal, possivelmente após o Verão, a Kingpin Books lançará três novos livros. O primeiro, é um policial escrito por Fernando Dordio e desenhada por Osvaldo Medina, uma sequela de “C.A.O.S.” (recentemente reeditado), com as mesmas personagens da série inicial - mais velhos , mais gordos , mais carecas e mais maldispostos - envolvidos num caso policial bem sério, com rapto, assassínio e afins.
Quanto a “O baile”, diz Nuno Duarte (argumentista das Produções Fictícias e de “A Fórmula da Felicidade”) é “uma história passada em 1967 e que gira em torno de um inspector da PIDE encarregado de abafar rumores de aparições sobrenaturais numa pequena aldeia piscatória e que podem ensombrar a visita do Papa Paulo VI ao país. Entre dúvidas da carreira que escolheu e os relatos de pescadores mortos na faina que regressam para levar os vivos consigo para o mar, o Inspector deparar-se-á com uma trama de ciúmes e vingança, num ambiente funesto onde pouca coisa é o que parece”. O desenho está a cargo de Joana Afonso.
O terceiro projecto da Kingpin é “O Pequeno Deus Cego”, escrito por David Soares que o apresenta assim: “é uma história alegórica, passada na China medieval. A narrativa orbita à volta de Sem Olhos, uma personagem frágil que talvez seja mais do que aquilo que aparenta ser. Abusada pela mãe intolerante, Sem Olhos já se resignou a viver com o sofrimento, quando contacta com duas personagens misteriosas, um velhote e um panda, que lhe irão mostrar os segredos do seu passado, levando-a a um final inesperado e épico. É, em essência, uma alegoria negra, às vezes violenta, mas sempre poética e recheada de personagens fascinantes que nenhum leitor irá esquecer. O argumento e layouts são meus e o desenho é de Pedro Serpa, que me foi sugerido pelo Mário Freitas”.
Do mesmo argumentista, transita de 2010 “É de Noite Que Faço as Perguntas” (Gradiva), uma narrativa ficcional sobre a implantação da República, o mesmo acontecendo com “O Menino Triste – Punk Redux” (Qual Albatroz), de João Mascarenhas, que evoca a Londres dos anos 70, e o segundo número do colectivo “The Lisbon Studio Mag”, que será apresentado em Janeiro, no Festival de Angoulême.
Ainda e fase de definição quanto a editora, formato e data, está uma BD sobre a pesca do bacalhau, da autoria da dupla João Paulo Cotrim/Miguel Rocha, autores de “Salazar – Agora, na hora da sua morte”.
Jorge Coelho, cujo percurso em 2010 ficou marcado pela participação na mini-série “Forgetless”, da Image, não prevê editar nada em 2011 “com excepção de pequenas colaborações como a história curta de apenas 6 páginas de nome "The Wheel Turns" para a antologia Outlaw Territory Nº2, pois estarei ocupado a desenhar uma história de maior envergadura que me ocupará todo ano. Trata-se de "Submerged Mary", uma graphic novel, escrita por Eric Skillman, para a qual ainda estamos à procura de editora, portanto, no limite, pode não chegar ao prelo”.
Do lado da Zona, revela Fil, um dos seus coordenadores, para já está apenas “programada e confirmada o lançamento da Zona Monstra, no festival de animação com o mesmo nome (A Monstra), em Março. Temos algumas ideias extra, mas não sei se teremos os meios para avançar, por isso ainda não há nada de concreto”.
No seu blog, Kuentro2, Jorge Machado Dias da Pedranocharco, acrescenta a esta lista “dois BDjornal (#27 - Maio e #28 - Outubro) e mais alguma coisa que está ainda no domínio dos deuses…”
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 29 de Dezembro de 2010)
Cronologicamente, a primeira - e possivelmente a mais mediática de todas as bandas desenhadas com assinatura lusa a editar em 2011 - será “Female Force: Angelina Jolie”, a biografia da actriz desenhada por Nuno Nobre, até agora sem bibliografia aos quadradinhos. Destacando-se pelo tema, estará disponível nas livrarias especializadas em Janeiro e é mais uma edição da norte-americana Bluewater Productions especializada em biografias de personalidades da política e da cultura.
A 2 de Fevereiro será lançado o primeiro número de “Onslaught Unleashed”, a mini-série de quatro comics que Filipe Andrade está a desenhar para a Marvel a partir de um argumento de Sean McKeever. Primeiro projecto de fôlego de um português para a Casa das Ideias, narra o regresso do vilão Onslaught e como isso irá afectar o professor Xavier, líder dos X-Men, e Magneto o seu maior inimigo. As capas serão de dois “monstros” dos comics: Humberto Ramos e Rob Liefeld.
Ainda na Marvel, igualmente em Fevereiro, Nuno Plati Alves, depois de participações em Avengers Fairy Tales, X-23, Iron Man e Shanna the She Devil, desenha o seu segundo comic completo, “Marvel Girl #1”, no qual Josh Fialkov narra como a mutante Jean Grey aprendeu a controlar os seus poderes, e João Lemos, que recentemente fez o papel de argumentista numa história de Wolverine, volta ao mutante de garras retrácteis, desenhando uma história de Sarah Cross, inserida na colectânea “Wolverine: The Adamantium Diaries #1000”.
Quanto ao terceiro projecto mediático citado, verá a luz em Maio e destaca-se por estar incluído na antologia que assinala os 25 anos da editora norte-americana Dark Horse, juntamente com criadores como Frank Miller, Mike Mignola ou Dave Gibbons. Trata-se de uma BD de 24 páginas (com um arranque excelente, que tenho o privilégio de poder assegurar pessoal-mente!) que evoca o primeiro encontro de Dog Mendonça e Pizzaboy, os heróis fantásticos criados pelo pianista português Filipe Melo e pelo desenhador argentino Juan Cavia. Esta mesma dupla, que começou por salvar o mundo de uma ameaça nazi latente nas entranhas de Lisboa (que já vai na 3ª edição), deverá regressar em Março, com “Apocalipse” (Tinta-da-China), uma graphic móvel de 120 páginas, para enfrentar o fim dos tempos, tal como descrito na Bíblia.
Outros dois projectos que marcaram recentemente a BD feita em português, “BRK”, um thriller urbano com contornos políticos, de Filipe Pina e do atrás citado Filipe Andrade, e “Asteroids Fighters”, uma space-opera de Rui Lacas (distinguido no Amadora BD 2010), verão os segundos tomos editados no próximo ano pela ASA, em data a definir.
Ainda em Portugal, possivelmente após o Verão, a Kingpin Books lançará três novos livros. O primeiro, é um policial escrito por Fernando Dordio e desenhada por Osvaldo Medina, uma sequela de “C.A.O.S.” (recentemente reeditado), com as mesmas personagens da série inicial - mais velhos , mais gordos , mais carecas e mais maldispostos - envolvidos num caso policial bem sério, com rapto, assassínio e afins.
Quanto a “O baile”, diz Nuno Duarte (argumentista das Produções Fictícias e de “A Fórmula da Felicidade”) é “uma história passada em 1967 e que gira em torno de um inspector da PIDE encarregado de abafar rumores de aparições sobrenaturais numa pequena aldeia piscatória e que podem ensombrar a visita do Papa Paulo VI ao país. Entre dúvidas da carreira que escolheu e os relatos de pescadores mortos na faina que regressam para levar os vivos consigo para o mar, o Inspector deparar-se-á com uma trama de ciúmes e vingança, num ambiente funesto onde pouca coisa é o que parece”. O desenho está a cargo de Joana Afonso.
O terceiro projecto da Kingpin é “O Pequeno Deus Cego”, escrito por David Soares que o apresenta assim: “é uma história alegórica, passada na China medieval. A narrativa orbita à volta de Sem Olhos, uma personagem frágil que talvez seja mais do que aquilo que aparenta ser. Abusada pela mãe intolerante, Sem Olhos já se resignou a viver com o sofrimento, quando contacta com duas personagens misteriosas, um velhote e um panda, que lhe irão mostrar os segredos do seu passado, levando-a a um final inesperado e épico. É, em essência, uma alegoria negra, às vezes violenta, mas sempre poética e recheada de personagens fascinantes que nenhum leitor irá esquecer. O argumento e layouts são meus e o desenho é de Pedro Serpa, que me foi sugerido pelo Mário Freitas”.
Do mesmo argumentista, transita de 2010 “É de Noite Que Faço as Perguntas” (Gradiva), uma narrativa ficcional sobre a implantação da República, o mesmo acontecendo com “O Menino Triste – Punk Redux” (Qual Albatroz), de João Mascarenhas, que evoca a Londres dos anos 70, e o segundo número do colectivo “The Lisbon Studio Mag”, que será apresentado em Janeiro, no Festival de Angoulême.
Ainda e fase de definição quanto a editora, formato e data, está uma BD sobre a pesca do bacalhau, da autoria da dupla João Paulo Cotrim/Miguel Rocha, autores de “Salazar – Agora, na hora da sua morte”.
Jorge Coelho, cujo percurso em 2010 ficou marcado pela participação na mini-série “Forgetless”, da Image, não prevê editar nada em 2011 “com excepção de pequenas colaborações como a história curta de apenas 6 páginas de nome "The Wheel Turns" para a antologia Outlaw Territory Nº2, pois estarei ocupado a desenhar uma história de maior envergadura que me ocupará todo ano. Trata-se de "Submerged Mary", uma graphic novel, escrita por Eric Skillman, para a qual ainda estamos à procura de editora, portanto, no limite, pode não chegar ao prelo”.
Do lado da Zona, revela Fil, um dos seus coordenadores, para já está apenas “programada e confirmada o lançamento da Zona Monstra, no festival de animação com o mesmo nome (A Monstra), em Março. Temos algumas ideias extra, mas não sei se teremos os meios para avançar, por isso ainda não há nada de concreto”.
No seu blog, Kuentro2, Jorge Machado Dias da Pedranocharco, acrescenta a esta lista “dois BDjornal (#27 - Maio e #28 - Outubro) e mais alguma coisa que está ainda no domínio dos deuses…”
(Versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 29 de Dezembro de 2010)
12/11/2009
A Fórmula da felicidade #1 (de 2)
Nuno Duarte (argumento)
Osvaldo Medina (desenho)
Ana Freitas (cores)
Kingpin Books (Portugal, Dezembro de 2008
212 x 297 mm, 48 p., brochado com badanas
O que é a felicidade? Como se alcança? Se Nuno Duarte não dá a estas duas questões as respostas que todos desejam conhecer, coloca uma terceira e curiosa pergunta: E se a felicidade estivesse dependente de uma fórmula matemática?
Para a suportar, assenta a sua história, forte e bem estruturada, nalguns – bem explorados – clichés: o génio(zinho) matemático, filho de uma prostituta e de pai incógnito, por isso marginalizado e humilhado por (quase) todos, que busca nos números o refúgio e o consolo que os humanos não lhe dão. Quando descobre a tal fórmula que, quando lida por ele, produz a felicidade instantânea, passa de desprezado a adulado, o que não significa que tudo mude pois N. Duarte corta o entusiasmo questionando, ao concluir este primeiro tomo, uma das verdadinhas politicamente correctas da nossa sociedade: tornar os outros felizes traz felicidade?
E se pelo que fica escrito, até agora esta parece ser uma obra de argumentista, tal é injusto para o excelente trabalho gráfico de Medina que a suporta, bem servido pelas cores suaves de Ana Freitas. Por um lado, pela extrema legibilidade da sua planificação – algumas sequências, como as páginas iniciais, podiam funcionar até sem o texto (que não é redundante…).
Osvaldo Medina (desenho)
Ana Freitas (cores)
Kingpin Books (Portugal, Dezembro de 2008
212 x 297 mm, 48 p., brochado com badanas
O que é a felicidade? Como se alcança? Se Nuno Duarte não dá a estas duas questões as respostas que todos desejam conhecer, coloca uma terceira e curiosa pergunta: E se a felicidade estivesse dependente de uma fórmula matemática?
Para a suportar, assenta a sua história, forte e bem estruturada, nalguns – bem explorados – clichés: o génio(zinho) matemático, filho de uma prostituta e de pai incógnito, por isso marginalizado e humilhado por (quase) todos, que busca nos números o refúgio e o consolo que os humanos não lhe dão. Quando descobre a tal fórmula que, quando lida por ele, produz a felicidade instantânea, passa de desprezado a adulado, o que não significa que tudo mude pois N. Duarte corta o entusiasmo questionando, ao concluir este primeiro tomo, uma das verdadinhas politicamente correctas da nossa sociedade: tornar os outros felizes traz felicidade?
E se pelo que fica escrito, até agora esta parece ser uma obra de argumentista, tal é injusto para o excelente trabalho gráfico de Medina que a suporta, bem servido pelas cores suaves de Ana Freitas. Por um lado, pela extrema legibilidade da sua planificação – algumas sequências, como as páginas iniciais, podiam funcionar até sem o texto (que não é redundante…).
Por outro lado, as suas personagens com cabeças de animais, obviamente inspirados no (recomendável) “Blacksad”, de Guarnido e Canales, escolhidas de acordo com as características de cada um (animal e humano), ajudam a acentuar os pontos fortes da narrativa, enquanto permitem algum (ilusório) distanciamento ao leitor. Ilusório, porque, esta é, sem dúvida, uma fábula sobre os nossos tempos incertos, em que tantos falsos profetas facilmente encontram seguidores.
(Versão revista do texto publicado originalmente a 14 de Março de 2009, na secção de Livros do suplemento In’ da revista NS, distribuída aos sábados com o Jornal de Notícias e o Diário de Notícias)
Leituras relacionadas
Ana Freitas,
Nuno Duarte,
Osvaldo Medina
13/11/2009
BD para ver – Osvaldo Medina na Mundo Fantasma
A galeria Mundo Fantasma inaugura amanhã, sábado, dia 14, às 17h, a exposição “Moscas e Formulas”, composta por originais dos livros "A Fórmula da Felicidade" e "Mucha", ambos editados pela Kingpin Books e desenhados por Osvaldo Medina, natural de Angola mas de nacionalidade cabo-verdiana, um dos valores (seguros) da nova banda desenhada portuguesa.
“Mucha”, lançado no recente Amadora BD 2009, marca o regresso de David Soares à BD, com um conto de terror de atmosfera intimista, no qual as moscas têm um assustador protagonismo que provoca um incómodo sentimento de repulsa. Nele Medina, que contou com a arte-final do seu editor Mário Fretas, apostou num registo a preto e branco expressivo e no qual abundam imagens fortes.
Em “A Fórmula da felicidade”, um dos grandes lançamentos nacionais de 2008, a opção foi por cores lisas e suaves e pela utilização (bem conseguida) de personagens com corpo humano e cabeça de animal, para dar mais consistência ao argumento forte e bem estruturada de Nuno Duarte sobre um marginalizado génio(zinho) matemático, filho de uma prostituta, que descobre uma fórmula cuja leitura proporciona felicidade imediata, passando por isso a ser procurado e adulado, mas não se tornando mais feliz…
Uma boa oportunidade para conhecer pessoalmente Osvaldo Medina, Mário Freitas, Nuno Duarte e David Soares que estarão presentes para uma conversa e sessão de autógrafos na galeria Mundo Fantasma, que fica no Centro Comercial Brasília (na Rotunda da Boavista, no Porto), na loja especializada em BD com o mesmo nome, onde mais de duas dezenas de originais poderão ser vistos até 11 de Dezembro.
(Versão revista do artigo publicado no Jornal de Notícias de 13 de Novembro de 2009)
“Mucha”, lançado no recente Amadora BD 2009, marca o regresso de David Soares à BD, com um conto de terror de atmosfera intimista, no qual as moscas têm um assustador protagonismo que provoca um incómodo sentimento de repulsa. Nele Medina, que contou com a arte-final do seu editor Mário Fretas, apostou num registo a preto e branco expressivo e no qual abundam imagens fortes.
Em “A Fórmula da felicidade”, um dos grandes lançamentos nacionais de 2008, a opção foi por cores lisas e suaves e pela utilização (bem conseguida) de personagens com corpo humano e cabeça de animal, para dar mais consistência ao argumento forte e bem estruturada de Nuno Duarte sobre um marginalizado génio(zinho) matemático, filho de uma prostituta, que descobre uma fórmula cuja leitura proporciona felicidade imediata, passando por isso a ser procurado e adulado, mas não se tornando mais feliz…
Uma boa oportunidade para conhecer pessoalmente Osvaldo Medina, Mário Freitas, Nuno Duarte e David Soares que estarão presentes para uma conversa e sessão de autógrafos na galeria Mundo Fantasma, que fica no Centro Comercial Brasília (na Rotunda da Boavista, no Porto), na loja especializada em BD com o mesmo nome, onde mais de duas dezenas de originais poderão ser vistos até 11 de Dezembro.
(Versão revista do artigo publicado no Jornal de Notícias de 13 de Novembro de 2009)
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25/04/2014
Leituras Novas – Abril 2014
Ave Rara
Feathers #1: Last Supper
André Oliveira e Pepedelrey
Está online o mais
recente projecto da Ave Rara: uma pequena revista digital aperiódica e gratuita
chamada FEATHERS.
A ideia é, a par dos
mini-comics, passar a editar pequenas histórias auto-conclusivas de 10 páginas
(ou teasers para projectos maiores) assim como dar novidades acerca das outras
publicações da marca.
Este primeiro número
conta com uma curta escrita por André Oliveira e ilustrada por Pepedelrey
chamada "Last Supper". Trata-se de uma prequela para o álbum
"Lugar Maldito", realizado pelos mesmos autores.
As últimas páginas da
webmag contêm ainda um update à série Living Will com o lançamento do segundo
número.
Mais leituras Novas já a seguir.
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Rudolfo,
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22/12/2013
Leituras Novas – Dezembro de 2013
Os textos, quando
existem, são da responsabilidade das editoras, com alteração para a grafia
pré-Acordo Ortográfico da responsabilidade de As Leituras do Pedro.
Algumas das edições
aqui apresentadas podem ter sido editadas anteriormente,
mas só agora tomei
conhecimento delas.
Descubra todas as propostas já a seguir.
Descubra todas as propostas já a seguir.
18/12/2012
O Baile
Nuno Duarte (argumento)
Joana Afonso (desenho)
Kingpin Books (Portugal, Outubro de 2012)
183 x 260 mm, 48 p., cor, brochado com
badanas
12,95 €
Resumo
Em vésperas de uma visita papal, em 1967,
um inspector da Pide é enviado a Maré Santa, uma pequena aldeia piscatória que
tem sido assombrada por um bando de pescadores-zombies falecidos num naufrágio.
Desenvolvimento
Depois do magnífico A Fórmula da
Felicidade, I e II, em parceira com Osvaldo Medina, Nuno Duarte regressa com uma obra de temática
díspar, desta vez acompanhado por Joana Afonso.
E este é o primeiro mérito do álbum:
permitir comprovar, numa obra de fôlego, o talento de uma das integrantes da
nova geração de desenhadores nacionais. Joana Afonso revela um traço expressivo,
consistente, seguro e personalizado - talvez apenas um nadinha caricatural
demais aqui e ali para a temática abordada, embora paradoxalmente isso
contribua para ampliar o tom surreal assumido -, uma planificação (quase
sempre) contida mas variada e eficaz, e um bom trabalho de aplicação da cor, cujos
tons algo sombrios acentuam o ambiente opressivo.
Outro mérito, sobre o qual vale a pena
debruçarmo-nos um pouco, é a forma como a trama está construída, de forma
estruturada e sólida. Nuno Duarte situa-a numa época definida – a ditadura
pré-25 de Abril -, justifica-a com um acontecimento verídico – a visita do papa
Paulo VI à Cova da Iría -, usa a PIDE como sombra para o inspector se impor à
população… Mas a verdade é que nada disto era (realmente) necessário, pois a
mesma história poderia ser narrada em vários outros contextos, sem que perdesse
especialmente com a mudança. No entanto, a conjugação de todos aqueles pormenores
dão-lhe uma aura de credibilidade (que contrasta com o fantástico do tema!) e contribuem
para ganhar o leitor.
Finalmente, falando da narrativa em si, há
que dizer que a dupla Nuno Duarte/Joana Afonso se sai a contento (tal como o
inspector) da empreitada que assumiu, o que se torna mais relevante numa época
em que o terror e os mortos-vivos voltaram à ordem do dia à custa do sucesso
(aos quadradinhos e televisivo) de The Walking Dead.
De forma original, o que ganha relevância
por ser uma temática bastante explorada, desenvolvem uma história bem
estruturada, com suspense, surpresas e o inevitável final a um tempo inesperado
e trágico mas também feliz. A isso há que acrescentar personagens credíveis e bem
desenvolvidas - o inspector com dúvidas sobre a própria carreira, a mulher “feiticeira”
acusada de ser a causadora de tudo, o padre omnipresente - que pautam a acção num
meio pequeno e fechado, que se revela claustrofóbico e potencia o tom incómodo do
relato.
Leituras relacionadas
Joana Afonso,
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Nuno Duarte
10/06/2010
BD nacional cresce à margem das grandes editoras
O lançamento de quase uma dezena de títulos de autores nacionais durante o VI Festival de BD de Beja, veio reforçar uma evidência dos últimos anos, a vitalidade da 9ª arte nacional faz-se à margem das grandes editoras.
Essa ideia era defendida por Paulo Monteiro, director do festival que decorre até ao próximo domingo, quando, no lançamento do festival, afirmou ao Jornal de Notícias que “a BD portuguesa é um fabuloso caldeirão de estilos e tendências em que os autores fervilham de criatividade e todos os anos surgem projectos assombrosos!”. Mas, ao mesmo tempo, lamentava que “muitos destes projectos não conseguem a visibilidade que merecem, pois dificilmente ultrapassam a auto-edição em fanzine ou o esquema da pequena editora”, o que é quase sempre sinónimo de pequena tiragem e circulação limitada.
Exemplo paradigmático é “A Fórmula da felicidade”, uma edição da Kingpin Books, premiada e aplaudida pela crítica, mas cuja tiragem do segundo tomo, agora lançado, não chega a meio milhar de exemplares. Se é verdade que as novas tecnologias de impressão permitem fazer novas edições com facilidade (o que reduz ou quase elimina a existência de stocks), o que não poderia ter sido a carreira deste díptico no catálogo de uma editora maior. Nuno Duarte, o seu argumentista, associado das Produções Fictícias, considera que “não há "grandes" editoras de BD em Portugal”, defendendo que “as "pequenas" são uma alternativa interessante, face à liberdade temática, estilística e de formato que permitem”. Pelo mesmo diapasão alinha Miguel Rocha, nome marcante da nova 9ª arte nacional que em Beja lançou pela Polvo “Hans, o cavalo cansado”, baseado na peça homónima de Francisco Campos, quando afirma que gosta das pequenas editoras pois sente que tem “um maior controle sobre o processo”, embora reconheça que não tem “outra experiência e portanto pode ser tudo ilusão”.
Já João Tércio, que lançou “Março Anormal” pela El Pep, avança que “talvez por efeito da crise, as grandes editoras não mostram grande interesse em apostar em novos autores, preferindo dedicar-se à reedição de clássicos e a trabalhar com os talentos já confirmados”. David Soares, argumentista e romancista (“O Evangelho do enforcado”) acredita que a não aposta das “grandes editoras na BD, não é desinteresse mas que se deve a algum temor em publicar autores menos conhecidos, mas tal não acontece apenas no mercado da BD”.
Mas, se aqueles dois títulos potencialmente podem ser considerados de “grande público”, outros há cujos propósitos são bem diferentes. É o caso do projecto Zona, com cinco números no espaço de um ano, dois deles – Zona Gráfica I e II - agora mostrados durante o festival, do “Venham +5” (edição da Bedeteca de Beja) ou do Seitan Seitan Scum (El Pep+Chili Com Carne) que têm por preocupação, face à inexistência de revistas especializadas, proporcionar uma montra aos “autores mais novos ou inexperientes, que apresentem trabalhos com qualidade e uma boa margem de progressão” e “motivar a produção de mais e melhores trabalhos nesta área”, refere Fil, um dos responsáveis pela Zona, corroborado por Paulo Monteiro que acrescenta que “a edição constitui, em si mesmo, um incentivo à produção”. Herdeiros dos antigos fanzines policopiados (no espírito, não na forma, porque as novas tecnologias permitem qualidade quase profissional), por vezes trocando colaborações com publicações congéneres estrangeiras, acolhem nas suas páginas algumas dezenas de autores, do mais ilustre desconhecido a nomes já com um percurso assinalável no meio nacional ou mesmo como Filipe Andrade, que actualmente colabora com a Marvel. Não sendo colectivo mas comungando das mesmas prerrogativas, o sexto número da colecção Toupeira, “Há sempre um eléctrico que espera por mim”, de André Oliveira e Maria João Careto, distingue-se por os seus autores terem “ousado” explorar de forma ficcionada uma temática que, apesar de potencialmente rica, tem sido quase ignorada pela BD nacional: o período que antecedeu o 25 de Abril.
Muitas das condicionantes referidas aplicam-se também ao BDJornal (da pedranocharco), dedicado ao estudo e análise da BD, cujo nº 25 saiu 18 meses depois do anterior destacando o festival de Beja, Hermann, Fábio Civitelli e o novo projecto de Hugo Teixeira, e também à nova revista “The Lisbon Studio Mag”, que se anuncia semestral e tem por objectivo servir de montra e portfolio para os 19 autores que formam aquele estúdio, onde se contam Jorge Coelho, Ricardo Tércio ou Rui Lacas, já com obras publicadas nos mercados norte-americano e francófono.
E se dando voz ao sentir de todos, Paulo Monteiro refere que estas edições têm “grande visibilidade dentro do meio da BD”, acrescentando Nuno Duarte “a divulgação que é feita nas redes sociais”, todos os envolvidos reconhecem que a distribuição é o maior entrave, muitas vezes limitada apenas às lojas especializada e eventos do género.
Por isso, se Tércio vê o futuro ”negro, como é habitual, para os autores de BD”, embora pense que “se conseguirmos entrar no mercado brasileiro a BD em língua portuguesa pode crescer muito nos próximos anos”, já Miguel Rocha considera “interessantes os novos formatos de distribuição electrónicos”, que Nuno Duarte aponta como “uma possibilidade das pequenas editoras se implementarem cada vez mais”.
Em jeito de conclusão, Paulo Monteiro defende que só a existência de “uma visão estratégica que só se consegue juntando autores, críticos e editores para estabelecer um plano de divulgação e leitura” congregará mais pessoas em torno da BD” e permitirá “estabelecer um plano de divulgação e leitura” que lhe permita crescer para além do seu nicho habitual, indo “buscar leitores a outros sítios, nomeadamente à literatura”.
Para ler a versão integral das respostas dos diversos entrevistados:
- Paulo Monteiro
- Pepedelrey
- David Soares
- Fil
- Miguel Rocha
- Nuno Duarte
- João Tercio
- Osvaldo Medina
- Mário Freitas
- Machado Dias
(Versão revista e alargada do texto publicado no Jornal de Notícias de 8 de Junho de 2010)
Essa ideia era defendida por Paulo Monteiro, director do festival que decorre até ao próximo domingo, quando, no lançamento do festival, afirmou ao Jornal de Notícias que “a BD portuguesa é um fabuloso caldeirão de estilos e tendências em que os autores fervilham de criatividade e todos os anos surgem projectos assombrosos!”. Mas, ao mesmo tempo, lamentava que “muitos destes projectos não conseguem a visibilidade que merecem, pois dificilmente ultrapassam a auto-edição em fanzine ou o esquema da pequena editora”, o que é quase sempre sinónimo de pequena tiragem e circulação limitada.
Exemplo paradigmático é “A Fórmula da felicidade”, uma edição da Kingpin Books, premiada e aplaudida pela crítica, mas cuja tiragem do segundo tomo, agora lançado, não chega a meio milhar de exemplares. Se é verdade que as novas tecnologias de impressão permitem fazer novas edições com facilidade (o que reduz ou quase elimina a existência de stocks), o que não poderia ter sido a carreira deste díptico no catálogo de uma editora maior. Nuno Duarte, o seu argumentista, associado das Produções Fictícias, considera que “não há "grandes" editoras de BD em Portugal”, defendendo que “as "pequenas" são uma alternativa interessante, face à liberdade temática, estilística e de formato que permitem”. Pelo mesmo diapasão alinha Miguel Rocha, nome marcante da nova 9ª arte nacional que em Beja lançou pela Polvo “Hans, o cavalo cansado”, baseado na peça homónima de Francisco Campos, quando afirma que gosta das pequenas editoras pois sente que tem “um maior controle sobre o processo”, embora reconheça que não tem “outra experiência e portanto pode ser tudo ilusão”.
Já João Tércio, que lançou “Março Anormal” pela El Pep, avança que “talvez por efeito da crise, as grandes editoras não mostram grande interesse em apostar em novos autores, preferindo dedicar-se à reedição de clássicos e a trabalhar com os talentos já confirmados”. David Soares, argumentista e romancista (“O Evangelho do enforcado”) acredita que a não aposta das “grandes editoras na BD, não é desinteresse mas que se deve a algum temor em publicar autores menos conhecidos, mas tal não acontece apenas no mercado da BD”.
Mas, se aqueles dois títulos potencialmente podem ser considerados de “grande público”, outros há cujos propósitos são bem diferentes. É o caso do projecto Zona, com cinco números no espaço de um ano, dois deles – Zona Gráfica I e II - agora mostrados durante o festival, do “Venham +5” (edição da Bedeteca de Beja) ou do Seitan Seitan Scum (El Pep+Chili Com Carne) que têm por preocupação, face à inexistência de revistas especializadas, proporcionar uma montra aos “autores mais novos ou inexperientes, que apresentem trabalhos com qualidade e uma boa margem de progressão” e “motivar a produção de mais e melhores trabalhos nesta área”, refere Fil, um dos responsáveis pela Zona, corroborado por Paulo Monteiro que acrescenta que “a edição constitui, em si mesmo, um incentivo à produção”. Herdeiros dos antigos fanzines policopiados (no espírito, não na forma, porque as novas tecnologias permitem qualidade quase profissional), por vezes trocando colaborações com publicações congéneres estrangeiras, acolhem nas suas páginas algumas dezenas de autores, do mais ilustre desconhecido a nomes já com um percurso assinalável no meio nacional ou mesmo como Filipe Andrade, que actualmente colabora com a Marvel. Não sendo colectivo mas comungando das mesmas prerrogativas, o sexto número da colecção Toupeira, “Há sempre um eléctrico que espera por mim”, de André Oliveira e Maria João Careto, distingue-se por os seus autores terem “ousado” explorar de forma ficcionada uma temática que, apesar de potencialmente rica, tem sido quase ignorada pela BD nacional: o período que antecedeu o 25 de Abril.
Muitas das condicionantes referidas aplicam-se também ao BDJornal (da pedranocharco), dedicado ao estudo e análise da BD, cujo nº 25 saiu 18 meses depois do anterior destacando o festival de Beja, Hermann, Fábio Civitelli e o novo projecto de Hugo Teixeira, e também à nova revista “The Lisbon Studio Mag”, que se anuncia semestral e tem por objectivo servir de montra e portfolio para os 19 autores que formam aquele estúdio, onde se contam Jorge Coelho, Ricardo Tércio ou Rui Lacas, já com obras publicadas nos mercados norte-americano e francófono.
E se dando voz ao sentir de todos, Paulo Monteiro refere que estas edições têm “grande visibilidade dentro do meio da BD”, acrescentando Nuno Duarte “a divulgação que é feita nas redes sociais”, todos os envolvidos reconhecem que a distribuição é o maior entrave, muitas vezes limitada apenas às lojas especializada e eventos do género.
Por isso, se Tércio vê o futuro ”negro, como é habitual, para os autores de BD”, embora pense que “se conseguirmos entrar no mercado brasileiro a BD em língua portuguesa pode crescer muito nos próximos anos”, já Miguel Rocha considera “interessantes os novos formatos de distribuição electrónicos”, que Nuno Duarte aponta como “uma possibilidade das pequenas editoras se implementarem cada vez mais”.
Em jeito de conclusão, Paulo Monteiro defende que só a existência de “uma visão estratégica que só se consegue juntando autores, críticos e editores para estabelecer um plano de divulgação e leitura” congregará mais pessoas em torno da BD” e permitirá “estabelecer um plano de divulgação e leitura” que lhe permita crescer para além do seu nicho habitual, indo “buscar leitores a outros sítios, nomeadamente à literatura”.
Para ler a versão integral das respostas dos diversos entrevistados:
- Paulo Monteiro
- Pepedelrey
- David Soares
- Fil
- Miguel Rocha
- Nuno Duarte
- João Tercio
- Osvaldo Medina
- Mário Freitas
- Machado Dias
(Versão revista e alargada do texto publicado no Jornal de Notícias de 8 de Junho de 2010)
27/10/2012
Leituras Novas
Outubro de 2012
ASA
Portugal
Cyril
Pedrosa
Prémio FNAC para o melhor álbum, Angoulême 2011
Melhor BD do ano,
LE POINT
Prémio Sheriff d’or, atribuído pela livraria francesa
Espirit, 2011
Prémio melhor BD, atribuído pelas livrarias de BD
francesas em 2011
Simon Muchat é um
desenhador de banda desenhada que se encontra em plena crise. Depois do êxito
do seu primeiro livro,
sofre um bloqueio que o
impede de voltar a escrever, e que está a destruir tudo: o seu trabalho, a sua
vida pessoal, a sua relação, as suas ilusões…
Quando tudo parece
desmoronar-se e ter perdido o sentido, Simon recebe um convite para se deslocar
ao Festival de Banda Desenhada da Sobreda, em Portugal, país do qual a sua
família é originária e onde tinha passado vários verões durante a sua infância.
Em Portugal e através dos
seus cheiros, cores, língua e gentes, descobrirá uma outra forma de existir, de
pensar e de ser, uma nova abordagem vital que virá a converter-se numa nova
fonte de inspiração, pessoal e profissional.
Dragon Ball #18
Akira Toryiama
Gohan e Piccolo
Cinzas
da Revolta
Miguel
Peres e Jhion
Angola, 1961. Um grupo de
rebeldes ataca uma fazenda. Os donos são mortos, mas a filha consegue escapar…
1963. Chegamos a
Angola. Somos um contingente militar formado na sua maioria por jovens
inexperientes. A guerra amedronta-nos. A nossa missão é encontrarmos a rapariga
desaparecida em 61…
1966. O inesperado
acontece… Afinal, qual o porquê de tantos anos perdidos na busca de uma única
pessoa?
Pessoa
& Cia
Laura Pérez Vernetti
Este livro apresenta a vida
e obra de Fernando Pessoa em BD. Trata-se da adaptação dos poemas deste autor
português bem como dos seus heterónimos mais conhecidos. O livro divide-se
essencialmente em duas partes: as biografias e a obra poética de Fernando
Pessoa e dos seus heterónimos. A
biografia do autor está desenhada a preto e branco, inspirada nas fotografias
do poeta e na pintura de Almada Negreiros, bem como as biografias dos
heterónimos, enquanto na adaptação dos poemas de Pessoa e dos heterónimos os
desenhos são a cores de forma a ilustrar a grande criatividade e imaginação do poeta.
Lucky
Luke – Todos por conta própria
Pennac, Benacquista e Achdé
Após o bando ter falhado um
assalto, Jack, William e Averell decidem emancipar-se e destituir Joe do cargo
de “líder” dos Dalton. A partir de agora, cada um dos irmãos deverá passar a agir
sozinho e por conta própria. O primeiro que conseguir juntar um milhão de
dólares, terá o direito de se tornar o novo líder dos Dalton.
Edição simultânea com França.
Associação Tentáculo
Zona
Desenha
André Caetano, André Lima Araújo, António
Valjean, Carla Rodrigues, Carlos Páscoa, Fil, Filipe Andrade, Joana Afonso,
Luís Figueiredo, Manuel Alves, Miguel Santos, Osvaldo Medina, Pedro Carvalho,
Ricardo Reis, Ricardo Venâncio, Richard Câmara, Rui Alex, Rui Lacas, Xico
Santos
A Zona Desenha será lançada durante o
Festival Internacional de BD da Amadora.
Este número terá 88 páginas a preto e
branco, dando relevância à arte do desenho.
Em relação ao formato normal da Zona apresenta algumas alterações: cada autor apresenta o seu trabalho em 4 páginas, onde desenvolve um trabalho original em duas das páginas e nas outras duas mostra o seu processo de trabalho através de algumas fotos e uma pequena entrevista.
Em relação ao formato normal da Zona apresenta algumas alterações: cada autor apresenta o seu trabalho em 4 páginas, onde desenvolve um trabalho original em duas das páginas e nas outras duas mostra o seu processo de trabalho através de algumas fotos e uma pequena entrevista.
Booktree
O Mundo de Garfield
Jim Davis
Este é um livro para
todas as idades – uma leitura divertida e bem humorada de algumas das
peripécias do gato mais famoso do mundo.
Um verdadeiro sucesso
agora à disposição do público português e da imensa legião de admiradores que
há muito vinham solicitando a edição de luxo, em versão cartonada, das divertidas
histórias de Garfield e amigos. Estão aqui reunidas mais de 850 tiras humorísticas,
publicadas pela primeira vez em Portugal, com a assinatura inconfundível de um dos
cartoonistas mundialmente mais aclamado em todo o mundo – o norte americano Jim
Davis.
Garfield é um felino
muito especial – adora lasanha, não dispensa o seu café diário, dorme até
tarde, detesta segundas-feiras, odeia dietas e adora fazer a vida negra ao seu
dono Jon e arreliar Odie, o cão.
Uma leitura
obrigatória para quem aprecia um momento irresistível de pura diversão! Garfield
é das personagens mais admiradas e mundialmente conhecidas. Goza de reconhecimento
instantâneo junto do grande público, por ambos os sexos, por todas as idades, com
um elevado índice de aceitação em termos de valores familiares.
Garfield é publicado
em 2.570 jornais no mundo inteiro, traduzido em 26 línguas e lido diariamente
por 263.000.000 de pessoas – número recorde assinalado pelo Guinness.
Mais
de 130.000.000 de livros vendidos no mundo inteiro, mais de 50 mil admiradores acedem
diariamente ao seu site oficial em www.garfield.com e mais de 3 milhões juntaram-se
já ao famoso gato no facebook.
Documenta
Bem Dita Crise!
António Jorge Gonçalves
Quando, em 2003,
António Jorge Gonçalves foi desafiado pela equipa do “INIMIGO PÚBLICO” para ser
cartoonista editorial no projecto que então nascia, ficou perplexo: pouco no
seu percurso como desenhador de ficção o tinha preparado para ser mais um
treinador de bancada da imprensa portuguesa.
Num estilo cru,
simples e elegante, os cartoons que tem desenhado semanalmente durante os
últimos 9 anos versam temas nacionais e internacionais, da política
institucional ao comentário de género, e constituem um mosaico do mundo tal
como nos é servido pelos media à mesa das nossas consciências.
Alguns destes
cartoons foram publicados na revista COURRIER INTERNACIONAL, jornal LE MONDE, e
em colectâneas nacionais e internacionais, tendo integrado exposições e
festivais em todo o mundo.
Foram também premiados diversas vezes no WORLD PRESS
CARTOON.
Neste livro, que tem
como pano de fundo a crise que atravessamos, os desenhos são complementados por
notas do autor sobre a natureza do desenho de imprensa, a proveniência das
ideias, ou os excessos da realidade.
Edição de Autor
Estrelinha…
e outras páginas
José
Abrantes
Auto
Grafia - O nome do pai
Tópedro
Kingpin
Books
O Baile
Nuno Duarte e Joana Afonso
1967. Incumbido de
investigar relatos macabros sobre uma horda de pescadores mortos que voltam
para apavorar uma pequena vila costeira, o Inspector Rui Brás, da PIDE, é
enviado para impor a sanidade e o silêncio recomendáveis, a meses de uma
importante visita papal.
Acometido por medos e
dúvidas quanto ao rumo da sua própria carreira, Rui descobre que os relatos
sobre a vila são bem reais e o horror bem palpável. Dividido entre um padre
deslocado e resignado, e uma mulher desequilibrada acusada de invocar os
mortos, o inspector acaba por entrar num “baile” de actos e consequências
nefastas que poderá arrastar toda a vila para um desenlace trágico.
Dois anos depois de
“A Fórmula da Felicidade” (nomeado para 6 Prémios Amadora BD), NUNO DUARTE (Produções
Fictícias) regressa com mais uma história repleta de emoção e surpresas,
desenhada e colorida com o estilo inconfundível de JOANA AFONSO (vencedora do
concurso Amadora BD 2011), o novo prodígio da BD portuguesa.
Levoir/Público
Heróis Marvel
Quarteto Fantástico - Em Busca de
Galactus
Marv Wolfman, Keith Pollard, Sal Buscema e John
Byrne
Nick Fury - Agente da Shield
Stan Lee,
James Steranko e Jack Kirby
Heróis Marvel – série II
Dinastia de M
Brian Michael Bendis, Olivier
Copiel e Tim Towsed
X-Men: A Saga da Fénix Negra
Chris Claremont e John Byrne
Medikidz
Medikidz explicam a esclerose
múltipla
Kim
Chilman-Blair e Ian Rilmer
pedranocharco
BDJornal #29
4 – AS EXTRAORDINÁRIAS
AVENTURAS DE DOG MENDONÇA E PIZZABOY – UMA INJECÇÃO DE ÂNIMO NO MORIBUNDO
MERCADO DA BD PORTUGUESA?, J. Machado-Dias
6 – AS INCRÍVEIS AVENTURAS
DE DOG MENDONÇA E PIZZABOY, Pedro Cleto
9 – ENTREVISTA COM FILIPE
MELO, J. Machado-Dias
12 – ENTREVISTA COM JUAN
CAVIA, J. Machado-Dias
18 – JEAN GIRAUD-MOEBIUS –
A FITA DE MOEBIUS
19 – “DUAS VIDAS” DEDICADAS
À BANDA DESENHADA, J. Machado-Dias
51 – BIBLIOGRAFIA DE JEAN
GIRAUD-MOEBIUS
56 – HOMENAGES –
DEPOIMENTOS, J. Machado-Dias
57 – O NOSSO PEQUENO
TRIBUTO A JEAN GIRAUD-MOEBIUS
66 – E RELUZIAM AS ESTRELAS
– A VIDA ANIMADA POR JOSÉ ABEL, Leonardo de Sá
74 – RECORDANDO JOSÉ ABEL,
João Miguel Lameiras
78 – CENTENÁRIO DO SALÃO
DOS HUMORISTAS PORTUGUESES 1912-2012, Osvaldo Macedo de Sousa
86 – SALÃO DOS HUMORISTAS
PORTUGUESES – 1º SALÃO DE CARICATURA, Leonardo De Sá
89 – ADOLFO RODRÍGUEZ
CASTAÑÉ – A SUA BIOGRAFIA VERDADEIRA,
Leonardo De Sá
93 – UM FURINHO NA PAREDE,
Sara Figueiredo Costa
94 – LES AMIS DE PANCHO
VILLA, Pedro Cleto
95 – L´ÎLLE AU TRÉSOR, Pedro
Cleto
96 – PABLO #1. MAX JACON,
Pedro Cleto
97 – YESHUAH, Pedro Cleto
98 – UN OBJECT CULTUREL NON
IDENTIFIÉ (THIERRY GROENSTEEN),
Pedro Vieira Moura
98 – LA BANDE DESSINÉE –
MODE DÉMPLOI (THIERRY GROENSTEEN),
Pedro Vieira Moura
99 – BANDE DESSINÉE ET NARRATION
– SYSTÈME DE LA BD (2) (THIERRY GROENSTEEN), Pedro Vieira Moura
102 – AOS MESTRES COM
CARINHO: ZALLA E SETO LEMBRADOS EM BELÍSSIMOS DOCUMENTÁRIOS, Edgar Smaniotto
103 – AS ERAS DE OURO,
PRATA E BRONZE DOS QUADRINHOS DE SUPER-HERÓIS, Edgar Smaniotto
104 – APONTAMENTOS SOBRE
DIREITOS AUTORAIS NO BRASIL, Walmir Santos
106 – GOBLET NO MAB, Nuno
Franco
107 – FABIO CIVITELLI NO
MAB INVICTA, José carlos Francisco
109 – BD – A PRESA. Arg.
Mauro Boselli, Des. Fabio Civitelli
117 – DESENHADORES DE TEX
(2), J.Machado-Dias
122 – AMADORA BD 2011 – O
ANO DA CRISE, Diogo Campos
123 – SOBRE FESTIVAIS, João
Ramalho-Santos
126 – VIII FESTIVAL DE
BANDA DESENHADA DE BEJA – TENDÊNCIAS PARA O FUTURO, Diogo Campos
128 – ENTREVISTA COM PAULO
MONTERO, André Oliveira
130 – IBERANIME LX 2012,
Pedro Trabuco
Polvo
Três
sombras
Cyril
Pedrosa
Joaquim vive
despreocupadamente no seu mundo, juntamente com os seus pais. Mas, uma noite,
com o sono a demorar, apercebem-se de umas sombras que parecem estar à espera
de algo, na colina em frente à casa. Surgem sob a forma de três cavaleiros e
desvanecem-se assim que alguém se aproxima. Estas “coisas” estão ali por
Joaquim.
Terá o seu pai razão
ao querer afrontar o inevitável? A partir daqui inicia-se uma viagem singular, perigosa
e comovente...
UMA OBRA TERNA E
POÉTICA, premiada no Festival Internacional de Banda Desenhada de Angoulême
(França).
(Os textos,
quando existem, são da responsabilidade das editoras)
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