13/04/2011

Bedeteca de Beja - Programação

Abril de 2011


Exposições
Animais na sombra
De 18 de Abril a 13 de Maio
Exposição de desenho de Vilas.
Cafetaria e Galeria da Entrada – R/C.


Mecânica Popular
De 26 de Março a 30 de Abril
Exposição da obra gráfica de José Feitor.
Galeria Principal – 1º andar.


Tintin
De 26 de Março a 30 de Abril
Uma revista dos 7 aos 77
Exposição bibliográfica.
Galeria da Ala esquerda – 1º andar.



Montra de Abril
Fanzine Terminal
De 1 a 30 de Abril
Bedeteca – 1º andar.
O fanzine Terminal surgiu no Outono de 1998, em Faro. Como se diz no seu editorial “Os motores estão agora ligados. A jornada inicia-se a uma velocidade moderada, por causa das curvas e contracurvas que existem sempre no arranque.” Neste número participavam Fernando Madeira
(Phermad), o director e editor do fanzine e principal impulsionador, Sérgio Sousa, Carlos Rocha e Geraldo. Como colaborador especial… José Carlos Fernandes. Desde essa altura até agora já passaram pelas páginas do Terminal muitas dezenas de autores (algarvios e não só). Pela qualidade dos autores representados e pela sua longevidade, o Terminal é hoje considerado uma verdadeira referência no meio “fanzinístico” nacional…

Cinema e BD
Conversas sobre Cinema e Banda Desenhada, por Véte.
Dia 14, quinta-feira, às 21h30
Exibição do filme ZATOICHI, de Takeshi Kitano.
No século XIX, o lendário samurai cego Zatoichi ganha a vida com o jogo e a fazer massagens… Por trás de sua aparência humilde há um habilidoso e imbatível espadachim.
Bedeteca – 1º andar.
Entrada livre.

Cinema de Animação
Dia 21, quinta-feira, às 21h30
Traços do Japão – Sessões de Anime da NCreatures
Exibição do filme METROPOLIS, de Osamu Tezuka, apresentado por Paulo Monteiro.
Metropolis conta a história de Time – uma bela e misteriosa humanóide feminina que não percebe que é um robô…
Bedeteca – 1º andar.
Entrada livre.

Noite de Terror
Dia 28, quinta-feira, às 21h30
Apresentação da revista Zona Negra, por Paulo Monteiro, e exibição do filme O Exorcista, de William Friedkin, apresentado por Hélder Castilho.
O Exorcista tem acção em Georgetown, Washington, quando uma actriz se apercebe a pouco e pouco que a filha de 12 anos adopta um comportamento cada vez mais estranho…
Bedeteca – 1º andar.
Entrada livre.

Oficinas
Ouriço-do-Mar – Oficina de Banda Desenhada
Todas as terças-feiras, das 19h30 às 20h30
Para autores entre os 8 e os 12 anos…
Bedeteca – 1º andar.
Entrada livre.

Toupeira – Oficina de Banda Desenhada
Todas as quintas-feiras, das 19h30 às 20h30
Para autores a partir dos 13 anos…
Bedeteca – 1º andar.
Entrada livre.
 

Clubes

Lemon Studio – Clube de Mangá
Bedeteca – 1º andar.
Entrada livre.

Todas as quintas-feiras, das 16h00 às 18h30



Magic The Gatering – Clube de Magic
Todos os Sábados, das 15h00 às 20h00
Bedeteca – 1º andar.
Entrada livre.

Livro do Mês
Doutor Jekyll & Mister Hyde

Jerry Kramsky (argumento, a partir da obra de Robert Louis Stevenson)
Lorenzo Mattotti (desenho)
Sugestão de leitura disponível na Bedeteca“Ao longo da sua carreira, o Dr. Jekyll prosseguiu pesquisas sobre a dualidade da alma. Em segredo, elaborou um soro: foi então que realizou em si próprio a experiência do desdobramento científico da alma, dando origem, no meio de atrozes sofrimentos, ao abominável Mr. Hyde”.
O livro Doutor Jekyll & Mister Hyde é um exemplo acabado do domínio de Mattotti sobre a cor, aplicada de forma quase pura, a fazer doer os olhos, como impõe o texto violento de Kramsky, que adaptou o clássico de Stevenson com alma de verdadeiro inspirado. A história, já imortal, do médico respeitável com um demónio dentro de si, ganhou uma força inexcedível uma vez visitada pelo traço perturbador do autor italiano, que se deixou inspirar pelo expressionismo alemão dos anos 20 e pelo sopro de George Grosz, com as suas personagens de cabeça deformada e corpos grotescos, marcadas de fresco pelas feridas da Primeira Grande Guerra. Repleto de paredes, de muros e de pontes, quase labiríntico, este álbum desenhado a lápis de cera e pastel de óleo (dedicado a Alberto Breccia), oferece uma dimensão quase claustrofóbica da obra de Stevenson, numa simbiose perfeita entre o texto e a imagem, demonstrando que se podem desmontar velhos clássicos e insuflá-los com o sopro da vida.O livro Doutor Jekyll & Mister Hyde foi publicado pela Witloof e pela Devir, em 2002. Mattotti esteve presente em Beja em 2009, por ocasião da realização de uma exposição com o seu trabalho durante o V Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja.

(Informação da responsabilidade da Bedeteca de Beja, um equipamento da Câmara Municipal de Beja)

12/04/2011

Zona Monstra

Diana David, Joana Afonso, Filipe Andrade, João Amaral, João Raz, Fil, Hugo Teixeira, Gabriel Martins, André Caetano, André Oliveira, JCoelho, Filipe Duarte, César Évora, Manuel Alves, João Sousa, J. B. Martins, Carla Rodrigues, Rui Ferreira, Pedro Carvalho, Ricardo Correia, André Lima Araújo, Daniel “Pez!” Lopez, Luís Lourenço Lopes, Rui Alex, Ricardo Reis, Tiago Pimentel, Locato e Rodolfo Buscaglia, Miguel Santos, Bruno Bispo e Victor Freundt
Associação Tentáculo (Portugal, Março de 2011)
270 x 190 mm, 92 p., cor, brochada com badanas, 13 €


Resumo
Oitavo número do projecto Zona, lançado durante o Monstra - Festival Internacional de Cinema de Animação, tendo por isso as bandas desenhadas, textos e ilustrações publicadas o tema Monstros como denominador comum.


A reter
- A capacidade de associar a Zona a outros eventos extra-BD (ou não…) que têm demonstrado Fil e André Oliveira, os responsáveis pela publicação.
- … e também a periodicidade (deixem-me escrever assim) que o projecto tem revelado.
- As entrevistas rápidas iniciais (a Joana Afonso e Filipe Andrade), sendo pena que não estejam associadas a bandas desenhadas dos entrevistados.
- O traço de André Caetano, que merecia um argumento mais consistente.

- Apesar de algumas limitações, a forma como a dupla J.B. Matos/Carla Rodrigues continua, número após número, a criar BDs (simples, sim, mas) consistentes, equilibradas e com princípio, meio e fim. O que é fundamental numa banda desenhada, claro está.
- O tom divertido, francamente conseguido, de “Animália – Paris je t’aime”, de Pedro Carvalho, uma sátira a alguns estereótipos associados à cultura francesa, com Amália Rodrigues pelo meio. Só faltou um final “en grand” (!) para fazer desta BD uma pequena pérola.
- “Um por um”, de Ricardo Reis, bem desenhado e com um final surpreendente.

11/04/2011

Johan et Pirluit

A estreia há 65 anos
Há 65 anos, o jornal belga “La Dernière heure”, apresentava pela primeira vez Johan, um cavaleiro da idade média, alto e louro, protagonista de uma tira com quatro vinhetas. O seu autor, era um pouco conhecido Peyo, que viria a retomá-lo de forma ocasional por diversas vezes, até que, em 1952, ele se tornou um dos heróis regulares da revista Spirou, já moreno e, a partir do terceiro episódio, acompanhado pelo pequeno, irrequieto e desastrado Pirlouit. Juntos, viveriam pouco mais de duas dezenas de aventuras de capa e espada, entre narrativas curtas e longas, caracterizadas pelo heroísmo desinteressado de Joahn, as trapalhadas de Pirlouit, muita acção, algum mistério e um toque de fantástico, tudo sob a capa de um humor simples mas eficaz e de alguma ingenuidade. E pelo traço ágil, desenvolto e agradável do autor, servido por cores lisas e quentes.
No entanto, apesar de Peyo várias vezes a ter referido como a sua criação favorita, os dois heróis ficariam mais conhecidos pelo facto de nas suas páginas terem aparecido pela primeira vez, em 1958, no álbum “Les Flûte à six Schtroumpfs”, uns simpáticos anõezinhos azuis, que davam pelo curioso nome de Schtroumpfs.
Depois de mais algumas aventuras em comum, as duas séries dividiram-se, tendo Peyo conseguido conciliar ambas até 1970, data em que o sucesso crescente dos Schtroumpfs, uma criação mais original e divertida, o levou a abandonar os seus heróis de eleição.
Em Portugal, a série estreou-se em Julho de 1960, no “Álbum do Cavaleiro Andante #74”, rebaptizada como João e Pirolito. Voltaria depois, com a mesma denominação (ou como Joanico e Pirolito) no “Zorro”, “Jacaré”, “Nau Catrineta” e “Spirou” (2ª série), tendo a União Gráfica editado três álbuns nos anos 60: “O Juramento dos Vickings”, “A Flauta de Seis Schtrumpfs” e “O Anel dos Castellac”.

(Texto publicado no Jornal de Notícias de 11 de Abril de 2011)

10/04/2011

Selos & Quadradinhos (37)

Stamps & Comics / Timbres & BD (37)
Tema/subject/sujet: Blondie
País/country/pays: Gambia
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: ?

09/04/2011

Selos & Quadradinhos (36)

Stamps & Comics / Timbres & BD (36)
Tema/subject/sujet: One Piece
País/country/pays: Japão/Japan
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 23/03/2011

08/04/2011

Universo Marvel #1

Panini Comics (Brasil, Maio de 2010)
260 x 170 mm, 144 p., cor, brochada, mensal, 6,20 €


O melhor de uma revista, é por vezes o seu maior defeito. Falo da possibilidade de ler/descobrir séries diferentes e do que acontece quando a selecção apresentada não corresponde aos gostos e/ou sensibilidades do leitor.
No caso de uma revista da Marvel (ou da DC Comics), há a acrescentar uma outra condicionante: as histórias estarem (mais ou menos) interligadas com as sagas em curso, o que, podendo não inviabilizar a leitura, deixa o leitor sem informações (mais ou menos) relevante para a trama que está a ler.
Mas, sem mais demoras, passemos a uma breve análise do número de estreia (em Portugal…) desta nova revista com heróis Marvel, actualmente nas bancas.


Hulk: Vermelho de raiva
Jeph Loeb (argumento)
Ed McGuinness (desenho)
Mark Farmer (arte-final)
Dan Brown e Chris Sotomayor (cores)

A reter
- O tom jornalístico do início e do fim da história
Menos conseguido
- Como uma história prometedora se transforma rapidamente num arraial de pancadaria sem grande sentido e sem qualquer desenvolvimento. Loeb já fez bem melhor.


Elektra: Reinado sombrio – partes 1 e 2
Zeb Wells (argumento)
Clay Mann (desenho)
Mark Pennington (arte-final)
Matt Hollingsworth (cores)

A reter
- Apesar da falta de verosimilhança (ou por isso mesmo), a forma como Wells estrutura e desenvolve a história leva o leitor a torcer pelo sucesso da assassina, mesmo que o todo, embora competentemente escrito e desenhado, não ultrapasse a mediania.
- A publicação integral (cinco capítulos) deste arco de Elektra em três números consecutivos, o que permite a sua leitura num espaço de tempo relativamente curto.
Menos conseguido
- O facto de esta ser uma narrativa (colateral) integrada na mega-saga Reinado Sombrio.


Quarteto Fantástico: O mestre do destino
Mark Millar (argumento)
Bryan Hitch (desenho)
Cam Smith, Andrew Currie e Bryan Hitch (arte-final)
Paul Mounts (cores)

A reter
- O bom ritmo, planificação e desenho.
Menos conseguido
- Este capítulo é apenas um intróito, no qual nada acontece. Ganharia muito se tivesse sido publicado o segundo logo nas páginas seguintes. De qualquer forma, Mark Millar merece o benefício da dúvida


Demolidor: Na costa da morte – partes 1 e 2
Ed Brubaker (argumento)
David Aja e Michael Lark (desenhos)
Stefano Gaudino (arte-final)
José Vilarrubia e Matt Hollingsworth (cores)

A reter
- Esta é a jóia da coroa da edição. Pelo desenho sombrio e realista, reforçado pelos tons escuros, pelo argumento sólido e denso, pelo ritmo pausado, embora em crescendo, do relato, pela força emocional de toda a parte 1.
Menos conseguido
- É o último arco do Demolidor escrito por Ed Brubaker…

07/04/2011

Buck Danny

L'intégrale - Tome 2
Dupuis Patrimoine
Jean-Michel Charlier (argumento e desenho)
Victor Hubinon (desenho)
Dupuis (Bélgica, 4 de Março de 2011)
218x230 mm, 276 p., cor, cartonado, 24 €

Resumo
Segundo tomo da compilação integral das aventuras de Buck Danny, inclui os álbuns “La revanche des fils du ciel”, “Tigres volants”, “Dans les griffes du Dragon Noir” e “Attaque en Birmanie”, originalmente publicados na revista “Spirou” entre 1948 e 1951.


Desenvolvimento
Comecei a coleccionar o Mundo de Aventuras, oferecido pelo meu pai, no #47 (da chamada 5ª série) e, poucas semanas depois, a revista teve duas mudança significativas: a primeira, a alteração de aspecto, com a diminuição do formato para um tamanho próximo do comic-book; a segunda, uma inflexão na orientação, introduzindo séries franco-belgas a par da manutenção das norte-americanas que até aí constituíam o seu prato forte. A primeira novidade foi Jerry Spring, no número de mudança, o #54, e a segunda Buck Danny, no #60, a 21 de Novembro de 1974. Prova da importância que o ‘MA’ e estes heróis tiveram em mim, é que o que atrás fica escrito é citado de memória…
O reencontro com Buck Danny (muitas vezes relido) tantos anos depois, a par da componente nostálgica, confirmou as marcas que as aventuras deste aviador deixaram em mim, pois ao longo da leitura das suas páginas descobri que (ainda) sabia praticamente de cor alguns dos diálogos, para além de conservar uma memória muito viva dos argumentos.
A par disso, houve também uma componente de descoberta. Desde logo, por ser a primeira vez que li estas histórias a cores – cores antigas, demasiado vivas em muitos casos, com poucos gradientes, que me mostraram as vantagens da sua edição a preto e branco no Mundo de Aventuras…
Descoberta, também, que Charlier, um argumentista de eleição do género “grande aventura”, foi durante sete álbuns igualmente desenhador, mais concretamente dos barcos e aviões (e dos respectivos esquemas, reais e pormenorizados, incluídos nas pranchas da história – aquelas vinhetas que muitas vezes saltei na leitura original, ansioso por descobrir o que acontecia a seguir na história...)
Finalmente, esta releitura teve uma componente de confirmação: por um lado, o valor de Buck Danny a nível histórico - pela bem conseguida conjugação entre os acontecimentos reais e a ficção, através da integração das aventuras no cenário de guerra real – e também a nível documental – pela muita informação incluída nas páginas desenhadas.
No início da primeira das quatro histórias incluídas neste tomo, em que o tom documental e histórico se vai diluindo aos poucos, reencontramos Danny a gozar uma licença após a sua participação (contada nos três tomos iniciais da série) nos acontecimentos que se seguiram ao bombardeamento de Pearl Harbour pelos japoneses, que levaram os EUA a entrar na Segunda Guerra Mundial, sendo de imediato chamado para incorporar uma companhia estacionada na China.
Como marco fundamental destas histórias, fica a introdução de três personagens que se tornariam recorrentes: o estouvado So(n)ny (a grafia é alterada no final de “Attaque en Birmanie”) Tuckson, responsável pela maior parte dos apontamentos cómicos que servem para aliviar a tensão, Tumbler e Tao. E o reencontro com a bela Susan Holmes… Há também os vilões de serviço, os espiões japoneses Mo Choung Young e Miss Lee.
Banda desenhada realista, no traço e na temática, as aventuras de Buck Danny revelam-se densas e de leitura mais lenta nas três primeiras histórias incluídas no presente volume, não só pela existência de bastante texto, mas também pela composição das pranchas, que incluem cinco tiras por página. A partir do último tomo, com a saída de Charlier da parte gráfica, Hubinon reduz a planificação para quatro tiras por prancha e solta o seu desenho, passando a utilizar um pincel mais grosso, conseguindo dar uma outra dinâmica à série, acompanhando melhor o alto ritmo imposto por Charlier, mestre na introdução de sucessivas sequências de acção, mistério e suspense nos seus argumentos, que tinham o condão de deixar o leitor sem fôlego, sempre à espera doa próxima surpresa, peripécia ou volte-face.
Isso, a par do ritmo de produção a que os autores estavam obrigados pela publicação semanal em revista e pelo trabalho em simultâneo em diversas histórias, faz com que se encontrem aqui e ali algumas incongruências e questões temporais menos bem resolvidas, o que está longe de ser suficiente para retirar interesse, magia e encanto à leitura das aventuras de Buck Danny e dos seus companheiros.


A reter
-Mais uma belíssima edição integral, que inclui vinhetas e/ou páginas inexistentes na versão publicada em revista ou eliminadas na reedição original em álbum.
- O dossier inicial, rico em informação e profusamente ilustrado.
- A magia do reencontro com um herói da minha adolescência.


Menos conseguido
- Algumas questões temporais, nomeadamente o imenso tempo que Danny e os seus amigos demoram a entregar os (urgentes!) planos do ataque à Birmânia.
- O tom (francamente) amarelo da pele de chineses e japoneses que, nalgumas vinhetas, chega mesmo a roçar o amarelo vivo!
- No decorrer da terceira história incluída neste tomo, Buck Danny e os seus amigos embarcam num navio chamado “Lisboa”, pertença do capitão português Jacinto… Gomez y Sereno y Bolívar Y Talacayud!!!


Curiosidades
- Descobrir que Charlier foi também desenhador nos primeiros sete tomos de Buck Danny. E que o abandono dessa faceta, para se dedicar à escrita, na qual ele era mestre, o levou a perder uma boa percentagem dos seus ganhos, pois o argumentista apenas recebia 30 % do pagamento por prancha…
- Os direitos recebidos pela publicação em álbum de B. Danny, proporcionaram a Charlier e Hubinon uma quantia em dinheiro como eles nunca tinham visto. O primeiro, comprou de imediato um automóvel mas… o valor recebido não chegou para a gasolina!
- Hubinon e Charlier, na peugada de Buck Danny e dos seus companheiros, foram também pilotos (fazendo entregas, servindo de táxi, etc…), tendo durante algum tempo acumulado essas funções com a BD.
- Danny, Tuckson e Tumbler protagonizam um dos selos editados pelo Centro Belga de BD para comemorar os seus 10 anos de existência.

Em Portugal

No nosso país, Buck Danny, para além do Mundo de Aventuras, onde foram publicados os primeiros 9 episódios da série – “Os Japoneses Atacam”, “Os Mistérios de Midway”, “A Vingança dos Filhos do Céu”, “Os Tigres Voadores”, “Nas Garras do Dragão Negro”, “Ataque na Birmânia”, “Os Traficantes do Mar Vermelho”, “Contra os Piratas do Deserto”, “Os Gangsters do Petróleo” -, esteve presente noutras revistas.
A sua estreia nacional deu-se a 5 de Julho de 1958, no “Cavaleiro Andante”, com a sua 19ª aventura, “O Tigre da Malásia”, publicada ao longo de 42 números e com direito a capa no #365.
Regressaria no número inicial do “Zorro”, a 13 de Outubro de 1962, com a sua 21ª aventura, “Desapareceu um protótipo”.
Os leitores portugueses só voltariam ao seu contacto a 21 de Outubro de 1971, na primeira tentativa de publicar uma versão lusa da “Spirou”, com “Os anjos azuis”, 36ª história de Charlier e Hubinon. Cerca de 8 anos mais tarde, na segunda vida da revista, Danny marcaria de novo presença, agora com “X-15”, o seu 31º episódio, cuja publicação omitiu duas pranchas.

06/04/2011

IR$

Os Incontornáveis da Banda Desenhada #6
Desberg (argumento)
Vrancken (desenho)
Público + ASA (Portugal, 6 de Abril de 2011)
295 x 220 mm, 96 p., cor, brochado com badanas, 7,40 €


Resumo
Larry B. Max, o protagonista, trabalha no departamento fiscal norte-americano, como especialista no combate à evasão fiscal e ao branqueamento de dinheiro.
Este álbum compila os dois tomos iniciais da série, “A Via Fiscal” e “A Estratégia Hagen”.


Desenvolvimento
Reunindo o primeiro arco de IR$, este álbum serve (também) de apresentação do protagonista, frio, decidido e determinado, mas com algumas fraquezas, especialmente de ordem pessoal e de relacionamento.
Para conseguir combater a fuga aos impostos, para além dos meios informáticos de que dispõe, Larry B. Max não hesita também em usar a força física ou a das armas para chegar aos seus fins.
Nesta sua primeira investigação disponível em português, o inspector das finanças norte-americano é arrastado para uma trama que teve um longínquo início durante a Segunda Guerra Mundial e que envolve fuga de nazis e roubo de bens judaicos.
Série ‘grande público’ típica da banda desenhada franco-belga, com todas as vantagens e desvantagens inerentes, com argumento simples e linear, apesar de um ou outro volte-face, em especial na transição entre os dois volumes, lê-se com agrado e despreocupação sem deslumbrar, mas beneficiaria se tivesse um traço um pouco mais desenvolto, pois Vrancken, neste início, mostra-se demasiado preso à documentação fotográfica que utilizou.


A reter
- A abordagem original a um (triste) episódio histórico que teve lugar durante a após a segunda guerra mundial: a cumplicidade dos bancos suíços com os nazis e a sua ganância.
- A forma como Desberg mantém o interesse da história, dando-lhe uma volta que subverte a ideia que fica no fim do primeiro tomo e mesmo durante grande parte do segundo.


Menos conseguido
- O desenho de Vrancken.
Nota
- Escrito antes da publicação deste álbum, hoje, com o jornal Público, este post ainda vem ilustrado com pranchas extraídas da versão original francesa.

05/04/2011

O oeste segundo Civitelli

Do renomado desenhista de Tex
Vários autores
Mythos Editora (Brasil, Outubro de 2010)
205 x 275 mm, 152 p., pb e cor, brochado com badanas, 17,50 €


Resumo
Dedicado a Tex e a Fabio Civitelli, possivelmente o mais conhecido e aclamado desenhador actual – há já mais de 25 anos! – do ranger, este livro, originalmente publicado em Itália pela livraria especializada Little Nemo, contém diversos textos daqueles que com ele trabalham – Sergio Bonelli, Claudio Nizzi -, uma longa e detalhada entrevista conduzida por Giuseppe Pollicelli, pranchas comentadas pelo autor, a apreciação de todas as histórias de Tex por diversas personalidades ligadas aos quadradinho italianos e pelo próprio Civitelli, um extenso portfolio e ainda a história “O Duelo”, escrita por Nizzi e desenhada e colorida por Civitelli.


Desenvolvimento
Ao longo dos anos que levo ligado à banda desenhada tive oportunidade de conhecer muitos autores. De descobrir alguns, de confirmar outros, de ser surpreendido por uns poucos.
Conheci autores nacionais e estrangeiros, simpáticos e insuportáveis, megalómanos e humildes. A alguns vi o êxito subir à cabeça, a outros admirei a forma como o sucesso não os afectou em nada.
Nalguns casos, tive o privilégio de conhecer nomes (que reconheci depois) grandes dos quadradinhos, que à partida não me motivavam especialmente. Maurício de Sousa, foi um deles. Fabio Civitelli foi outro.
A oportunidade de conhecer pessoalmente um e outro, permitiu-me descobrir criadores apaixonados pela sua linguagem – os quadradinhos –, pela sua arte – a combinação de escrita e desenho -, pelas suas personagens – a Turma da Mônica, no primeiro caso, Tex, no segundo.
Com ambos aprendi a (re)descobrir heróis que faziam parte das minhas leituras, a abordá-los e a vê-los sob prismas que até aí me escapavam.
Tudo isto surgiu-me com a leitura deste livro – deste belo livro – “O Oeste segundo Civitelli” - e na sequência do contacto pessoal com o desenhador italiano no Festival de Beja do ano passado, após troca (por intermédio do incansável José Carlos Francisco) de algumas perguntas e respostas.
Uma breve conversa e uma longa entrevista - ainda por transcrever, mea culpa – juntamente com a leitura mais recente deste livro, foram oportunidade de descobrir, de (re)conhecer um autor apaixonado pela sua obra. Um autor que faz dela arte, mesmo que alguns a (des)qualifiquem (tentando diminui-la) como popular. Um autor que, ao trabalhar em Tex, cumpriu um sonho de sempre e que continua a cumprir diariamente esse sonho.
Isso é por demais evidente nas páginas deste tomo, onde Civitelli narra, explica, detalha, aprofunda vinhetas, tiras, pranchas que ao longo dos anos teve o privilégio e o prazer - esse é por demais evidente nas suas palavras – de criar.
Explica opções gráficas e cénicas, detalha técnicas e materiais, conta pormenores, episódios, pequenas anedotas, transforma numa pequena (grande) aventura a (re)descoberta pelo leitor das pranchas que possivelmente já (re)leu. E deslumbra pelo realismo, o pormenor, a beleza, a qualidade das suas ilustrações.
Uma abordagem simples, apaixonada, emocionada e sentida de um criador à sua criação, abrindo-se, revelando-se - dando-se - ao leitor.
Confesso que depois de o ler, o Tex de Civitelli tem para mim outra dimensão…

A reter
- O belíssimo traço de Civitelli.
- A dimensão humana que perpassa todo o livro.


Menos conseguido
- Dadas as características do livro (tamanho, preço, tiragem curta) que na prática impossibilitam a sua distribuição em bancas, ele não estará à venda em Portugal. O que não tem que significar que os leitores portugueses que o desejarem não o possam adquirir. Fica o pedido à Mythos (ao José Carlos Francisco?) que indique como.


(Texto publicado originalmente no Tex Willer Blog, a 28 de Março de 2011)

04/04/2011

Voyage aux îles de la Désolation

Emmanuel Lepage (argumento e desenho)
Futuropolis (França, 10 de Março de 2011)
230 x 325 mm, 160 p., pb e cor, cartonado, 24 €


Resumo
Assumindo um tom entre a reportagem e a narrativa de viagem, o mais recente álbum de Emmanuel Lepage narra a sua viagem de 30 dias, a bordo do Marion Dufresne, num périplo pelas Terras Austrais e Antárcticas Francesas (TAAF).


Desenvolvimento
Tomei conhecimento da existência das TAAF há cerca de uma década, através da minha “paixão” por Selos aos Quadradinhos, aquando da emissão de uma série dos serviços postais locais assinada por Jean-Claude Mezières, o desenhador de Valérian.
Descobri então, que se tratava de uns territórios – longínquos, inóspitos, quase selvagens – os primeiros dos quais anexados à França em 1893, compostos essencialmente por quatro arquipélagos - Saint Paul e Amsterdão, Crozet, Kerguelen e Terra Adélia - situados nas proximidades do círculo polar antárctico mas dependentes do poder francês.
Pouco mais do que rochedos inóspitos na sua maioria – por isso igualmente conhecidos por Ilhas da Desolação -, acessíveis apenas por mar, habitados por uma população que não ultrapassa as duas centenas de pessoas, a maioria dos quais em regime de rotatividade, que trabalha essencialmente em projectos científicos e no observatório astronómico, e que depende quase integralmente dos navios que lá passam a intervalos regulares para substituição do pessoal e abastecimento... e dependentes do bom tempo que lhes permita fazer as cargas e descargas necessárias.
Foi este território que Emmanuel Lepage visitou, numa viagem que durou 30 dias e da qual nasceu este belíssimo álbum, que assume um tom, simultaneamente de documentário e relato de viagem, raramente atingido aos quadradinhos.
Para essa dupla vertente, contribui bastante o grafismo adoptado: desenho mais realista, a preto, branco e cinzento, para narrar os diversos acontecimentos do périplo e retratar aqueles com quem Lepage conviveu ao longo de um mês; esboços coloridos – fantásticos pela sua beleza, realismo e naturalidade - feitos no local, para ilustrar aspectos dos vários locais visitados: fauna, flora, lugares. Efeito acentuado pelas diferentes texturas do papel utilizados num e noutro caso. (A um outro nível, este livro é também um interessante documento sobre a forma de trabalhar do autor, como ele ataca o esboço, como vai aperfeiçoando o traço, como aplica a cor…)
Apesar do óbvio carácter autobiográfico do relato, Lepage – ao contrário do que têm feito muitos dos seus pares – assume um tom contido no que lhe diz respeito – sem que isso implique apagar-se por completo, pois ao longo das páginas vamos tendo conhecimento dos seus longos enjoos, de sentimentos, emoções e descobertas – chega a comparar, pela desolação da paisagem, uma das ilhas em que desembarca com… a Lua. Até porque ele, apesar de tudo, através do relato vai-se revelando, descobrindo, mostrando, por exemplo, o que o levou a querer fazer BD, como esta foi uma oportunidade de dar assas aos seus sonhos de criança, nascidos das leituras de Hergé - “Tintin e a Estrela Misteriosa” -, Stevenson, Verne, etc…
Em vez disso, o autor preferiu dar o protagonismo à viagem viagem, que vai diversificando para além do facto em si. Dessa forma, retrata – no papel, nos sentimentos, nas motivações, alguns daqueles que consigo embarcaram – marinheiros, cientistas, políticos, turistas… - mas também daqueles com quem se cruza nas TAAF, gente que vive sozinha (uma dura realidade), isolada do mundo, meses a fio, sem internet nem telemóvel, com vivências difíceis, hábitos (tornados obrigatoriamente) diferentes…
Esta é a também uma oportunidade para conhecer um pouco da História das ilhas da Desolação (por exemplo, de como um dos seus descobridores caiu em desgraça, facto que levou a que só muitos anos mais tarde elas fossem baptizadas com o seu nome) e dos muitos atropelos ecológicos cometidos por ganância ou ignorância ao longo de dois séculos.
Por tudo isto, se este é um relato preciso – como um documentário – é também (muito) emotivo – como um diário ou um caderno de viagens.


A reter
- A força, a emoção, a densidade do relato.
- A arte – sublime – de Lepage, em especial nos esboços a cores.
- Por muitas vantagens – tecno-lógicas, finan-ceiras, de espaço, ecológicas – que cada vez mais (alguns) apontem aos e-books, nenhum, nunca poderá transmitir o prazer se sente ao ter nas mãos um livro como este. Robusto, pesado, em papel mate de 135 g, com um fantástico cheiro a tinta fresca…


Menos conseguido
- Confesso que a leitura deste (belíssimo!) álbum, foi uma das maiores surpresas e um dos maiores prazeres que tive nos últimos meses. E, por isso, relido este texto, fica a frustração de não ter conseguido, com ele, transmitir tanto quanto provocou em mim a leitura desta obra.
Deixo, em jeito de moral, uma frase de Lepage: “Estas terras ensinam a humildade”.

03/04/2011

Selos & Quadradinhos (35)

Stamps & Comics / Timbres & BD (35)
Tema/subject/sujet: Marvel Comics Super Heroes
País/country/pays: Estados Unidos da América / United States / États Unis
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2007

02/04/2011

Selos & Quadradinhos (34)

Stamps & Comics / Timbres & BD (34)
Tema/subject/sujet: DC Comics Super Heroes
País/country/pays: Estados Unidos da América / United States / États Unis
Data de Emissão/Date of issue/date d'émission: 2006


01/04/2011

Melhores Leituras

Março de 2011
Buck Danny – L’Intégrale #2 (Dupuis), de Charlier (argumento) e Hubinon (desenho)

Peanuts - Obra Completa - 1961-1962 (Afrontamento), de Schulz

Tinta nos nervos (catálogo) (Chilicomcarne), de Pedro Moura

Veillée funèbre (Delcourt), de Muller (argumento) e Lereculey (desenho)

Voyage aux îles de la Désolation (Futuropolis), de Lepage

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