03/03/2011

Les Nuits Assassines

J.-M. Goum (argumento)
Byun Ki-hyun (desenho)
Casterman (França, 11 de Março de 2009)
170 x 240 mm, 168 p., cor, brochado com badanas, 16 €


Resumo
Na região dos Alpes austríacos, no início dos anos 70, uma pequena povoação é abalada pela morte súbita de Axel Neunhöffer, um homem saudável acabado de completar 36 anos. Precisamente da mesma forma e com a mesma idade com que o seu pai faleceu.
Mas esta é apenas a primeira de uma série de mortes inesperadas na família, cuja razão – doença hereditária? maldição? assassino em série? – as autoridades locais e um jornalista em busca de projecção pessoal vão tentar descobrir.

Desenvolvimento
Na origem deste livro um pressuposto: criar uma obra que fizesse a ponte entre duas culturas (aos quadradinhos): a ocidental (leia-se franco-belga), representada pelo argumentista J.-M. Goum, diplomado em comunicação, com passagens pelo jornalismo e pela organização de espectáculos, e a asiática, na pessoa do desenhador Byun Ki-hyun, pertencente à nova geração coreana.
A existência deste ponto de partida, após a leitura da obra, obriga a uma primeira constatação: mais do que a soma de duas partes, Les Nuits Assassines revela duas formas distintas de narrar graficamente: a estrutura narrativa, o ritmo e a planificação são tipicamente ocidentais; o traço está mais próximo do anime semi-realista, sem recurso a aspectos mais comuns ao manga (e ao manhwa): onomatopeias, linhas de acção e movimento, personagens caricaturais para expressar emoções… Não que daí venha mal ao mundo, até porque o todo é convincente e funciona, mas porque saíram goradas eventuais expectativas de descoberta ou inovação.
A história em si, é um policial típico, com um toque de fantástico, que beneficia bastante pelo facto de se passar numa localidade pequena e isolada, onde abundam as tensões, em especial entre as famílias Neunhöffer e Oefeln, unidas – contra vontade dos seus “patriarcas” – pelo casamento de Axel, a primeira vítima, e Helga. União em que o amor e a cumplicidade rapidamente deu lugar a dúvidas, desconfianças, conturbação e opções mal explicadas, devido às pressões exercidas pelos restantes familiares. As personagens são consistentes e apresentam aspectos interessantes, sendo a base de uma história bem delineada, com alguns momentos de suspense bem conseguidos, ao longo da qual o argumentista vai expondo de forma equilibrada e credível diversas explicações para as sucessivas mortes que assolam a província austríaca do Voralberg.
E que, como não podia deixar de ser, tem um desfecho que vai surpreender os leitores.

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