16/03/2011

XIII Mystery

Os Incontornáveis da Banda Desenhada #3
O Mangusto
Xavier Dorison (argumento) e Ralph Meyer (desenho)
Irina
Corbeyran (argumento) e Berthet (desenho)
Público + ASA (Portugal, 16 de Março de 2011)
295 x 220 mm, 108 p., cor, brochado com badanas, 7,40 €


Resumo
Derivada da série XIII, Mystery aborda o passado de alguns dos seus protagonistas secundários. No caso presente, a origem e juventude de dois assassinos: o Mangusto e Irina.

Desenvolvimento
Uma das séries de maior sucesso em França nas últimas três décadas (o seu primeiro álbum data de 1984) e (apesar disso) uma série algo maltratada em Portugal (onde foram editados 9 tomos), XIII, muito resumidamente, narra a história de um amnésico envolvido numa conspiração para assassinar o presidente dos Estados Unidos e a busca que enceta para descobrir a sua verdadeira identidade.
Thriller de espionagem e acção, baseado numa complexa conspiração, magistralmente orquestrado por Jean Van Hamme, um dos maiores argumentistas do género aventura dos quadradinhos franco-belgas, comporta vários ciclos – nos quais o protagonista, XIII (assim designado pela tatuagem que possui no ombro), vai descobrindo e descartando diversas identidades possíveis.
Concluída em 2007, ao fim de 20 tomos – pelo menos para Van Hamme, porque Vance já manifestou o desejo de encetar um novo ciclo - o sucesso da série levou a editora a avançar com XIII Mistery, uma derivação que explora, em one-shots de 54 páginas, o passado de algumas das personagens que ao longo das aventuras se foram cruzando com o protagonista.
A génese desta sequela é narrada por Van Hamme, a abrir o álbum, que revela que diversas duplas (diferentes) de autores foram convidadas, sendo que as obras constantes do presente volume foram as primeiras a serem concluídas (e publicadas, originalmente em 2008 e 2009).
Curiosamente, ambas optaram por dar vida ao passado de dois assassinos e ambas situaram o seu nascimento do outro lado da Cortina de Ferro. Outros pontos comuns às duas narrativas são os equívocos, as traições e algumas surpresas, o que, a par de um retrato realista e credível de épocas não muito distantes no tempo – embora talvez já algo esquecidas… -, faz com que estas duas histórias revelem atractivos suficientes para prender o leitor, beneficiando ainda de uma boa dinâmica e de uma leitura fácil e fluida.
Sem justificar acções ou atenuar responsabilidades, em ambas as histórias há uma humanização, desde logo pelas infâncias e adolescências complicadas que tiveram, de personagens pouco simpáticas – embora carismáticas – e o cruzamento de sentimentos contraditórios mas complementares - sobrevivência, ilusão, desencanto, reconhecimento, gratidão, vingança – para explicar as suas escolhas futuras.
Pessoalmente, se acho mais consistente a história desenvolvida por Dorison – onde existem algumas sequências muito bem conseguidas, a começar pela inicial, no barco – em termos gráficos confesso a minha preferência pela belíssima linha clara de Berthet e pelo seu traço inconfundível.
Sendo episódios soltos, podem ser lidos – e compreendidos - por quem desconhece a série principal e a participação nela do Mangusto e de Irina, mas a sua completa fruição implica esse conhecimento…

Curiosidades
- No primeiro tomo, o Mangusto cruza-se com Joe telenko, o protagonista de “Balada Assassina” (Devir), igualmente desenhada por Meyer.
- Em “Irina”, são retomadas duas cenas do décimo-terceiro álbum de XIII, “L’Enquête” (Dargaud).
- Em França, já foi publicado o terceiro tomo desta série, dedicada à Major Jones, com autoria de Yann (argumento) e de Hénninot (desenho). Na calha, com periodicidade anual, estão álbuns dedicados ao coronel Amos, Sheridan, Billy Stockton e Steve Rowland.

Nota
- Escrito antes da publicação deste álbum, hoje, com o jornal Público, este post ainda vem ilustrado com pranchas extraídas da versão original francesa.

7 comentários:

  1. Olá outra vez! Parece que hoje tirei a noite para te corrigir :-) A série XIII tem 19 volumes, não 20 e em Portugal saíram 10 volumes (9 pela Meribérica e 1 pela Asa), não 9...
    Quanto ao XIII Mystery, confesso que gostei mais do trabalho do Ralph Meyer do que do Berthet (acho as figuras dele todas iguais), mas os 2 livros lêem-se bem. Aliás, esta série XIII Mystery pode ser uma maneira de explorar o filão do XIII, mas está bastante bem feita. Estou muito curioso para ler o próximo álbum, desenhado pelo Boucq.
    Abraços.

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  2. Caro M. Lameirás!
    É um parazer reencontrá-lo por aqui, mesmo que seja para me corrigir...! Dou a mão à palmatória...
    Sim, concordo, esta abordagem paralela ao fenómeno XIII está bastante bem conseguida.

    Optimus,
    Fazes bem, é garantia de boa leitura.

    Abraços aos dois!

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  3. Bom post.

    Muita informação util e interessante, apos ler o livro editado pela ASA, fiquei intrigada com a serie e com vontade de saber mais, daí ter sido muito util. Usei as tuas imagens (com a devida refencia) no meu post.

    Cumprimentos,

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  4. Cara Marcelina Gama,
    Obrigado pela visita.
    A série XIII é bastante interessante e vale bem a pena.
    Para a conhecer terá que procurar os álbuns editados em português (metade da colecção)... ou esperar que a ASA e o Público decidam lançá-la integralmente em conjunto!
    E obrigado pela divulgação, claro!
    Abraço!

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  5. Obrigado por mais esse testo informativo, Pedro! Estou pensando seriamente em pegar alguns desses albuns da Asa/Público.

    Uma dica: para quem quiser ler XIII em português e tem facilidade de conseguir edições brasileiras, pode procurar as da Panini, que publicou em 9 edições os 17 primeiros volumes da série [http://www.guiadosquadrinhos.com/thumb.aspx?cod_tit=xi01101+&esp=&total=9].

    Sim, ficaram faltando apenas os dois últimos! ARGH!!!

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  6. Bem-vindo Anderson!
    Este é um dos álbuns da colecção Incontornáveis da Banda Desenhada (http://asleiturasdopedro.blogspot.com/2011/03/os-incontornaveis-da-banda-desenhada.html) que vale bem a pena
    Para além da edição da Panini, a série XIII está também disponível até ao tomo 10 em edições da ASA e da Meribérica.
    Boas leituras!

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