Entre a vida e a
morte
“Escolha é um luxo que poucas vezes se concede a um doente.
A única
coisa que ele pode fazer é aceitar a sua sorte…”
In Matter Morbi
Na sequência de um problema de saúde aparentemente ligeiro
que se foi agravando, Dylan Dog acaba num hospital, entre a vida e a morte. É
este o pretexto para Roberto Recchioni e Massimo Carnevale abordarem o maior
medo do ser humano - a morte - e tudo que existe entre nós e ela, e também os limites que a medicina deve estabelecer - ou não.
História atípica na cronologia do protagonista, longe da
ironia que costuma prevalecer e do terror narrativo - que na verdade também
está aqui presente e até num nível bem mais incómodo porque mais próximo da
realidade e longe da ficção - Mater Morbi,
que decorre numa fronteira indefinível entre o palpável e o irreal, centra-se
em Dylan Dog e nos seus terrores mais íntimos, nas suas dúvidas e perplexidades
perante a vida, nas suas (in)certezas sobre o fim da estadia na terra para o
ser humano.
A par deste registo argumental, desenrola-se um outro, que
aborda as questões éticas e comportamentais da Medicina, o seus avanços e o que
é necessário para que existam, o que a impulsiona e o que a trava, quais os
limites que ela própria deve ter ou que lhe devem ser colocados.
Narrativa densa, incómoda e perturbadora - bem distante do
conceito ‘popular’ que geralmente se associa às criações Bonelli - Mater Morbi, apesar do distanciamento do
registo habitual de Dog, revela-se uma escolha muito acertada no contexto da
colecção Novela Gráfica, não só pela
sua qualidade intrínseca, mas também pelas boas referências que os leitores lhe
deixaram aqui no blog e nas redes sociais, evidência da sua adesão a esta
proposta.
Que é, assim, mais um ponto a favor daqueles que, como eu,
defendem que uma das próximas parcerias Levoir/Público contemple os heróis
Bonelli - com Julia à cabeça, digo eu, e passando por Tex, inevitavelmente,
Dylan Dog, Martin Mystère, Nathan Never, Dampyr, Nick Raider, Mister No, Zagor
e outros mais...
Dylan Dog: Mater Morbi
Roberto Recchioni (argumento)
Massimo Carnevale (texto)
Levoir/Público
Portugal, 11 de Agosto
170 x 240 mm, 120 p., cor+pb, capa dura
9,99 €
(imagens disponibilizadas pela editora; clicar nelas para as
aproveitar em toda a sua extensão)
Olá,
ResponderEliminarcreio que seria igualmente interessante que, a próxima colecção de Novela Gráfica, também contempla-se autores como Gipi e David B .
Luís Campos
Dois bons nomes, sem dúvida.
ResponderEliminarBoas leituras!