Numa época em que impera o politicamente
correcto num grau insuportável,
em que o humor se envergonha frequentemente e em que cada brincadeira
ou piada
tem de trazer atrelados uma explicação e um pedido de desculpas,
uma personagem como Edibar é como um oásis no meio do deserto.
Criação do brasileiro Lúcio Oliveira, que
esteve como convidado no recente Amadora BD, Edibar da Silva
(obviamente!) é um cinquentão machista como já há poucos - mesmo
que ainda sejam demais: boçal,
rude, despreza a mulher, odeia a sogra,
aproveita-se dos vizinhos, colecciona
amantes e bebe cerveja até cair para o
lado - o que acontece com frequência! Só
qualidades, dirão (ainda) alguns...
Recorrendo a uma
galeria de personagens bastante curta
- Edimunda, a esposa, Ana Conda, a sogra, Gole, o cão, alguns amigos
e pouco mais - Lúcio Oliveira traça um retrato cáustico e talvez
não tão desactualizado quanto se possa imaginar, de um certo tipo
de homem e de sociedade que todos reconhecemos e
que nalguns casos ainda não passou de moda.
Depois de nascer
na Internet e com passagem por jornais brasileiros,
Edibar surge em dois volumes lançados pela Polvo aquando da vinda do
autor ao nosso país, onde se comprova que apesar de desafiar
os tempos que correm e provocar
frequentes gargalhadas, ele não é perfeito: a religião e o futebol
(outro tipo de religião…) ficam fora dos temas que se atreve a
abordar…
...o que não
deixa de ser de certo modo surpreendente, para quem nasceu duranteuma missa numa igreja!
Edibar vols. 1 e 2
Lúcio Oliveira
Polvo
Portugal, Outubro de 20198
155 x 220
mm, 80
p., cor, capa dura
12,90 €
(versão revista e aumentada do texto publicado no Jornal de Notícias de 18 de Dezembro de 2019; imagens
disponibilizadas pela editora Polvo; clicar nelas para as aproveitar
em toda a sua extensão)
Já pareço os velhos dos marretas mas aqui vai mais uma apreciação negativa, não sobre a BD em si mas sim sobre o formato.
ResponderEliminarEu teria pago o que pediram por cada volume se fosse maior, não sei se estraguei a apreciação devido a ver as vinhetas no ecran do computador à medida que saiam no facebook mas o tamanho adoptado nestas edições não faz justiça ao detalhe existente.
Acho que as edições brasileiras são maiores.