22/06/2021

Demolidor #2: A paz de Deus

Longe do Céu





Compilação de título enganador, esta segunda recolha do consulado de Chip Zdarsky à frente do Demolidor, coloca Matt Murdock no inferno - literalmente (na Cozinha do…) e em sentido alegórico (religiosamente falando).

Mais uma vez uma personagem martirizada pelos seus fantasmas, pelas suas dúvidas e pela indefinição que deixa controlar a sua vida. Murdock desistiu de ser o Demolidor, desde que um homem morreu quando o super-herói cego entrou em cena.

Culpando-se pelo que aconteceu, trocando a advocacia por um em emprego de agente de liberdade condicional - numa nova tentativa de salvar vidas… - Murdock deixa o campo livre a(o perfeito) Fisk e aos seus associados, que não se fazem rogados e transformam a Cozinha de novo num… inferno.

Para preencher o vazio que agora sente - a falta de acção e de adrenalina, o duvidar de si próprio - Matt vai entrar num novo relacionamento romântico que se revelará perigoso. Duplamente perigoso, como os leitores poderão descobrir.

Ao mesmo tempo, o detective Cole North prossegue a sua cruzada pela justiça - pelo que ele acredita ser a justiça - pela eliminação da corrupção da esquadra em que trabalha e por tornar Nova Iorque uma zona sem super-heróis, criando cada vez mais inimigos que rapidamente passarão à acção.

Quando os caminhos dele e de Matt se cruzam novamente, no auge de um relato de ritmo pausado e reflexivo mas em crescendo, terá lugar um momento de redenção - ou do mais próximo possível dela - literalmente e em sentido alegórico...

Zdarsky continua a explorar o inferno interior de Murdock - e as suas tentativas desesperadas de redenção e de (re)encontro com um Deus salvador - aproveitando a componente religiosa que há muito tem um papel importante nos seus relatos, para salientar o torturado lado humano - fraco, insensato, dependente… - do herói para quem os poderes são uma responsabilidade que se tornou num enorme fardo.

Graficamente - e eu sei que este é uma narrativa de super-heróis, por isso dificilmente teria um único desenhador - entre o traço mais realista de Lalit Kumar Sharma (prancha de cima) e o desenho esquemático, limpo e isento de pormenores de Jorge Fornés (prancha aqui ao lado), prefiro de longe este último, que até se revela surpreendentemente dinâmico e é valorizado pela limitada paleta de cores lisas escolhida.


Demolidor #2: A paz de Deus
Chip Zidarsky (argumento)
Lalit Kumar Sharma e Jorge Fornés (desenho)
Panini
Brasil, Agosto de 2020
179 x 260 mm, 112 p., cor, capa cartão
9,20 €

(capa disponibilizada pela Panini; pranchas disponibilizadas pela Marvel; clicar nelas para as apreciar em toda a sua extensão)

2 comentários:

  1. Perfeito perfeito seria se esta run do Zdarsky tivesse apenas arte do Marco Checchetto.

    Quando saísse em Omnibus seria dos lançamentos mais perfeitos do género.

    Claro que não se pode ter tudo.

    Esse arc do #2 nem é dos melhores, vai-se tornar muito mais interessante a seguir, o Pedro provavelmente sabe do que estou a falar, estas edições da Panini estão muito desfasadas das edições originais nos States.

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  2. Muito melhor que o 1,Zdarsky parece ser fa da "cronologia" Marvel.

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