Do outro lado da… Mônica
Uma
das coisas
que mais aprecio nos livros é que, depois de o abrir, nunca sabemos
onde nos irá levar. Mesmo quando pensamos que sim.
Aconteceu
- outra vez - com esta edição da Turma
da Mônica Jovem no Parque das Maravilhas.
Quando escrevi sobre O Livro da Selva, um dos Clássicos da Literatura em BD que a Levoir editou com o apoio da RTP, na colecção que tem em curso, fiz uma comparação entre essa versão e a da Disney que tinha lido anos atrás.
Na mesma colecção, poderia ter feito um exercício semelhante em relação a Alice no País das Maravilhas embora nessa caso, apesar das diferenças gráficas evidentes, a abordagem narrativa seja bastante similar.
O que não acontece agora, nesta ‘versão livre’ de Alice do outro lado do espelho que os estúdios Maurício de Sousa levaram a cabo, depois de anteriormente também já terem proposto uma versão de Alice no País das Maravilhas, na primeira série da revista.
Tudo começa com uma ida dos quatro adolescentes - Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão - a um Parque de Diversões - o tal ‘das Maravilhas’ - para passarem um dia descontraído. Pequenos nadas que despertam memórias - e feridas mal curadas - vai provocar uma zanga entre eles e levar a Mônica - cujo feitio mais explosivo veio primeiro ao de cima - a ficar sozinha.
Sozinha, num sítio que desconhece, mas que os leitores facilmente relacionarão com o País das Maravilhas que Lewis Carroll imaginou. Para além das referências visuais - que não se limitam ao romance… - há uma série de peripécias e situações que remetem para ele, há personagens conhecidas a assumir - (mais ou menos) naturalmente - os papéis das originais, mas, bem mais do que isso, somos levados a uma certa forma a uma introspecção da jovem e ao questionar das suas reacções e atitudes.
Num mundo - um espaço… - em que tudo funciona ao contrário - como que ‘do outro lado do espelho’... - entre o humor habitual da turma e o sentimento de mergulho cada vez mais profundo na mente da Mônica, a narrativa flui de forma simultaneamente divertida e desafiante, com alguns aspectos pontuais muito bem conseguidos, entre os quais o achado do efeito da bebida ‘Bebe-me’ e o (não) proverbial defeito de fala do Cebolinha.
Se o (quase) final irá ao encontro do que a maioria dos leitores esperam, há ainda tempo para uma espécie de epílogo que nos diz que as coisas não têm de ser conforme estão ‘escritas nas estrelas’, pois cada um de nós - para o bem mas também para o mal… - tem sempre uma palavra a dizer, uma opção a tomar, uma decisão a assumir.
Voltando à ideia inicial, se parti convencido que iria ter uma versão ‘chapa Maurício’ de Alice no País das Maravilhas, o Parque das Maravilhas levou-me (bem) mais além.
Turma
da Mônica Jovem #47:
Parque das Maravilhas
Petra
Leão, Marcello Cassaro
(argumento)
Roberta
Pares (desenho)
Jorge
Correa, Marcela Curac Russi, Matheus Oliveira, Paulo Matheus Costa,
Rosana Valim, Viviane Yamabuchi e Wellington Dias (arte-final)
Maurício
de Sousa Editora/Panini Comics
Brasil,
Outubro
2020
Distribuído
em Portugal a 10 de Maio de 2021
160
x 213
mm, 128 p., pb, capa cartão
R$
11,90 / 3,50 €
(capa disponibilizada pela editora; clicar nas imagens para as aproveitar em toda a sua extensão)
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