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26/01/2018

Drama no Deserto

Tiro ao lado







Fugir aos princípios basilares, quase sempre resulta mal.
É o que acontece com Drama no Deserto, apesar da presença tutelar de Mauro Boselli e do veterano Angelo Stano.

19/07/2017

Tex Especial Colorido #8

Laboratório

Número sim, número não, o Tex Especial Colorido, nas edições pares, com histórias curtas, afirma-se cada vez mais como um laboratório no qual se prepara, na base da tentativa e erro – ou acerto – (parte d)o futuro do ranger. Ou tão só o momento presente de cada leitura, por muito interessantes que elas possam revelar-se.
Este oitavo número da série – quarto para o que hoje analiso - mostra-o mais uma vez.
Gráfica e tematicamente. Fracassando ou sendo bem-sucedido. Abrindo portas ou, quem sabe, fechando-as.

19/04/2017

Em Território Selvagem

Justificações





Se muitos ficam surpreendidos pela quantidade de títulos de Tex que a Mythos Editora disponibiliza – Tex, Tex Colecção, Tex Edição de Ouro, Tex Edição Histórica, Tex Edição em Cores, Tex Platinum – que (re)publicam os mesmos relatos, uma e outra vez, existe uma explicação lógica. Ou várias.

14/04/2016

Tex #551 a #553




Algumas notas de leitura – breves e soltas, dirão com alguma razão alguns - sobre uma narrativa – longa – que introduz algumas nuances – interessantes e actuais – no Tex tradicional.

02/03/2016

Tex: A barca das traições





Editar é sempre uma aventura perigosa – mesmo no caso de uma personagem como Tex – e quem o esquece, tomando por certo o que muito raramente é, arrisca-se a ter grandes dores de cabeça.
A colecção italiana Tex Color – que a Mythos reproduz como Tex Especial Colorido – mostra como a Sergio Bonelli Editore está ciente do que atrás ficou escrito.

24/11/2015

Tex Especial Colorido #4












Depois de ter inovado com a introdução da cor em Tex, esta revista quebra agora uma outra ‘regra’, pois a tradicional opção por histórias longas, deu lugar, neste quarto número, à inclusão de quatro narrativas de apenas 32 pranchas.

24/08/2015

Tex #543 e #544










A presença de qualquer livro aqui em As Leituras do Pedro está geralmente associada a um de dois factores: a sua qualidade intrínseca e/ou a importância da sua edição.
Hoje, é diferente: a leitura que faço deste díptico de Tex, último trabalho desenhado pelo grande José Ortiz, funciona como homenagem ao criador espanhol.

08/05/2015

Leitura Nova: Tex Gigante Patagónia




A Polvo tem o grato prazer de anunciar a edição daquela que é considerada como uma das mais emblemáticas aventuras de Tex: Patagónia.

O lançamento terá lugar pelas 15 horas de sábado, dia 09 de Maio, no auditório do Museu do Vinho Bairrada, na cidade de Anadia, integrado na 2.ª Mostra do Clube Tex Portugal, e contará com a participação de Pasquale Frisenda, o desenhador.

25/03/2015

Tex, Lucky Luke e o juiz Roy Bean







O acaso fez-me ler quase de seguida duas bandas desenhadas que têm, se não como protagonista, pelo menos como personagem central, uma das velhas lendas do Oeste, o juiz Roy Bean, que se considerava “a única lei a oeste de Pecos”.

26/12/2014

Tex Edição de Ouro #72: Os Sete Assassinos









Se a importância – criadora e histórica – de Gianluigi Bonelli e Sergio Bonelli (Guido Nolita) são indiscutíveis para a afirmação de Tex, parece-me indiscutível a relevância de Mauro Boselli na sua renovação – na continuidade – e na sua modernização, para o aproximar do nosso tempo.
Os Sete Assassinos – actualmente à venda em Portugal - é (mais) um exemplo disso.

12/09/2014

Tex Gigante #28 – Os Pioneiros









Se Tex raramente consegue surpreender (no sentido de fuga ao seu estereótipo), também raras vezes desilude aqueles que procuram um western consistente e tradicional (no bom sentido).
Os Pioneiros, confirma – pela positiva – o que atrás está escrito.
A minha leitura de uma edição já à venda em Portugal – apesar de não ter sido anunciada… - está à distância de um clique.

27/12/2013

Tex Ouro #64: A tragédia do Trem 809


  
Leitor regular de Tex, em parte para alimentar o fascínio que o western sempre exerceu sobre mim, aprendi a conhecer as qualidades e limitações das aventuras do ranger.
No entanto, ao longo dos anos que já levo de seu leitor poucas foram as histórias que me prenderam e me obrigaram a uma leitura num só fôlego.
Esse foi o caso de “A tragédia do Trem 809”, actualmente distribuída em Portugal, que exemplifica bem aqueles que são (talvez…) os dois factores mais importantes da escrita de Mauro Boselli enquanto argumentista de Tex e que contribuíram decisivamente para uma certa renovação que conseguiu introduzir numa série com já algumas décadas.
Mais explicações já a seguir.

24/06/2013

Tex Edição de Ouro #61: O Bando dos Irlandeses









Boselli (argumento)
Marcello (desenho)
Mythos Editora
Brasil, Julho de 2012
135 x 175 mm, 330 p., pb, brochado
R$ 19,90 / 10,00 €


Suponho que uma das razões para as novas gerações não terem sido cativadas pelo western – a par de ser um género (literalmente) parado num tempo que lhes soa distante – é o facto de não terem – logicamente… - as referências e o conhecimento da mitologia com ele relacionadas, que outras gerações assimilaram.
Por isso, também – a par da diminuição global do número de leitores tout court - Tex luta com o decréscimo regular dos seus seguidores.
Esta história – que a título de curiosidade se pode dizer que foi a primeira que a Mythos editou no Brasil, quando “herdou” os direitos das publicações Bonelli da Globo – tem uma base que permite contornar a questão atrás descrita e chamar a atenção de quem normalmente passa ao lado das aventuras do ranger.
Boselli situa o seu início na Irlanda e associa alguns dos protagonistas ao IRA – o Exército Republicano Irlandês, mais mediático na época – 1997 – em que a história foi originalmente publicada.
O argumento de Boselli, como habitualmente, é denso e bem urdido, pois a par do já descrito, explora o “estado” revolucionário da Irlanda e do México e igualmente o passado de Tex e Kit, fazendo aquele encontrar um amigo de adolescência, a quem quase seguiu para se tornar fora-da-lei. E a quem agora tem a missão de prender, bem como aos seus companheiros – o tal bando dos irlandeses que dá título à narrativa.
Para isso terá de se embrenhar num México (sempre) conturbado pelas revoluções, enfrentar tanto o exército local quanto os rebeldes e reencontrar Montales, num final épico que apresenta um dos mais longos e sangrentos tiroteios que Tex Willer já viveu. E a que não falta um final com um invulgar tom trágico, pouco habitual na série.
A par de um argumento em crescendo, que prende pela aventura em si e pelas ramificações que vão sendo introduzidas para estruturar uma história consistente e com diversas surpresas e inflexões, “O Bando dos Irlandeses” conta com o traço realista, rigoroso e pormenorizado de Marcello que, mesmo não sendo nada beneficiado pela impressão, consegue brilhar a bom nível em especial na (longa e) dinâmica sequência final.
O que, tudo junto, faz desta banda desenhada – actualmente nas bancas portugueses - uma boa opção para quem quiser (re)descobrir o western.



13/02/2013

Tex Especial Colorido #1

E chegou o dia











Mauro Boselli (argumento)
Bruno Brindisi (desenho)
Mythos Editora
(Brasil, Abril de 2012)
160 x 210 mm, 164 p., cor, brochada
R$ 18,90 / 9,50 €



Resumo
Convocado para receber uma herança. Kit Carson sofre uma emboscada. Dias depois, Tex recebe um telegrama anunciando a descoberta do cadáver do seu parceiro de muitos anos. Decidido a vingá-lo, parte em perseguição dos seus assassinos.

Desenvolvimento
A vitalidade de uma criação vê-se (também) pela capacidade de, sem se desvirtuar, evoluir e acompanhar os novos tempos. No conteúdo e na forma.
Esta nova colecção – Color Tex no original italiano – é um dos sinais de que o ranger – ao contrário do que Sergio Bonelli algumas vezes previu – ainda está para durar por muitos (mesmo que eventualmente não tão bons) anos.
Nascida como consequência do enorme êxito que foi, em Itália, a reedição colorida de todas as aventuras do ranger, esta nova colecção, de periodicidade anual, acrescenta ao é tradicional no ranger a cor que geralmente só aparecia nas edições centenárias.
A história – a primeira que Boselli escreveu mas cujo final não lhe agradava, só agora tendo encontrado uma melhor solução - surpreende pela sua temática base e também pelo longo intróito que decorre quando Kit e Tex eram (bem) mais novos.
Bem construída e desenhada, consegue surpreender o leitor mais do que uma vez e cumpre de forma competente o seu propósito.
Curiosamente, aquele que seria o seu grande trunfo – a cor – acaba por desiludir (o leitor habituado aos tons franco-belgas ou dos comics de super-heróis norte-americanos) pois é o mesmo colorido mecânico habitual nas edições Bonelli.
E é pena, porque uma colecção deste género, apenas anual, nascida de origem para ser colorida, poderia ter sido pretexto para deixar o desenhador – ou um colorista por ele aconselhado – trabalhar uma cor mais personalizada e mesmo consequente com o nível que o relato apresenta, o que permitiria, fazer dela não apenas uma curiosidade, mas também um marco capaz de conquistar leitores habituados a (outras) cores…
Desta forma, sinto-me obrigado a concordar com Sergio Bonelli, quando preferia “as páginas em branco e preto que destacavam a qualidade” do desenhador…

A reter
- Apesar das limitações apontadas, registe-se o aproximar às novas gerações, sinal da tal vitalidade apontada no início do texto.
- Quanto à edição da Mythos em si, há que louvar a opção pelo formato original italiano, que faz toda a diferença.

Menos conseguido
- A cor mecânica habitual; o desperdício de uma boa oportunidade para criar um Tex a cores de prestígio, capaz de ombrear, a seu modo, com os Tex Gigante…


05/02/2013

Tex Gigante #27 - A Cavalgada do Morto









Mauro Boselli (argumento)
Fabio Civitelli (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Outubro de 2012)
185 x 275 mm, 242 p., pb, brochado
R$ 19,00 / 10,00 €



Resumo
A morte em condições enigmáticas de um antigo ranger, seguida da aparição de um pretenso cavaleiro sem cabeça, leva Tex, Kit Carson, Kit Willer e Jack Tigre a regressar a Pilares, correspondendo a um convite do seu amigo El Mourisco. 
Irão descobrir uma antiga história, violenta e trágica, na origem de uma vingança que deverão impedir a todo o custo.

Desenvolvimento
Embora a alguns isto possa soar estranho, a verdade é que este era um dos livros aos quadradinhos mais aguardados de 2012. Dentro do seu segmento específico, evidentemente, que, diga-se, pela sua dimensão, está longe de ser negligenciável, mas também fora dele. E não só porque estamos em presença de um “Textone” (o nome original dos “Tex Gigante” em Itália).
Tal como acontece recorrentemente noutras áreas temáticas da BD, a expectativa devia-se primordialmente à sua parte gráfica, ou não fosse Fabio Civitelli, sem dúvida o mais categorizado desenhador de Tex dos últimos anos, o escolhido para ilustrar este livro.
E o mínimo que se poderá dizer, é que o artista italiano não defraudou os seus fãs nem as esperanças nele depositadas. Ajudado pelo formato do álbum, o seu desenho brilha mais, pois permite realçar a qualidade e a precisão do seu traço fino e expressivo, apreciar o realismo com que retrata tanto cenários urbanos, quanto paisagens desertas ou zonas montanhosas, fogosos cavalos ou seres humanos. (E aqui justifica-se um aparte para realçar as mulheres de Civitelli – e elas têm um pouco mais de protagonismo neste Tex Gigante do que é habitual – o que faz desejar a sua arte numa série em que elas tivessem presença mais destacada).
Amante da precisão, do detalhe, do pormenor, do rigor e da qualidade, Civitelli brilha a grande altura e com ele a técnica que desenvolveu ao longo de muitos anos a desenhar o ranger Bonelli. E, neste campo, revela-se insuperável o pontilhismo que utiliza para definir sombras, volumes e ambientes nublados ou noturnos, sendo justo destacar a longa sequência passada no interior da montanha, no cemitério índio, onde a névoa e a escuridão são quase palpáveis à bruxuleante luz das tochas.
Quanto à história em si – que apesar de tudo o que para trás fica não pode ser passada para segundo plano, pois isso faria desta BD uma obra menor – é consistente e está bem construída. Os avanços narrativos são feitos de forma calculada, com mudanças de local e de protagonistas em cada pico de acção ou suspense, quase como se se tratasse de capítulos a publicar numa revista – o que ajuda a embarcar o leitor no tom predominante.
É verdade que tem uma longa introdução – talvez demasiado longa, defeito recorrente em Tex – que condiciona uma equilibrada exploração do desfecho, mas é ela que contextualiza e explica a restante acção e a origem do morto sem cabeça que cavalga à noite como lúgubre premonição para aqueles a quem irá tirar a vida.
Cavaleiro sem cabeça (literalmente?) esse que está na origem do (pouco vulgar) tom fantástico que a história assume, a espaços próximo mesmo do suspense e do terror – visível na fantasmagórica aparição ou na viagem ao além de Eusébio e cujo auge se divide entre a já citada (e conseguida) cena no cemitério índio e o confronto final - e que é a nota distintiva do relato.

A reter
- O desenho de Civitelli, (não) suficientemente elogiado acima.
- O (inusitado) tom fantástico da história.
- Para todos os efeitos, o curto intervalo entre a publicação original e o lançamento desta edição no Brasil.

Menos conseguido
- O final algo abrupto, o que infelizmente não é novidade nem em Tex, nem em Tex Gigante.

Nota final
- A utilização de imagens em italiano, provenientes directamente de Fabio Civitelli (via Tex Willer Blog) deve-se ao facto de terem uma qualidade muito superior à que poderia obter num scanner a partir da edição brasileira.

18/11/2012

Tex #481


Marcas do Passado








Boselli (texto)
Piccinelli (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Novembro de 2009)
135 x 178 mm, 114 p., pb, brochado, mensal
R$ r,90 / 2,90 €



Resumo
Após simular um assalto a um banco, Tex consegue juntar-se ao bando de assassinos de Nacho Gutierrez, para descobrir o que faz nele o seu velho amigo Montales.
Um terrível segredo vindo do passado ameaça no entanto colocar-se entre os dois homens.

Desenvolvimento
Actualmente nas bancas portuguesas (pelo menos durante mais 15 dias!), este é o primeiro tomo de um díptico que leva Tex de novo ao México e a reencontrar o seu amigo Montales.
O traço de Piccinelli, cumpre bem o seu propósito, demonstrando um bom domínio de uma técnica contrastada de brancos e negros e grande à vontade quer no retratar dos extensos cenários desérticos, quer no tratamento da figura humana, bem proporcionada e de rostos expressivos.
Quanto a Boselli, apresenta um western bem escrito, que foge a uma estrutura clássica pois vai avançando ao ritmo dos diversos flashbacks que vão complementando a trama principal e vão fornecendo ao leitor os elementos necessários para perceber as motivações dos vários intervenientes.
Isto, sem nunca levantar completamente o véu que encobre o passado nem mostrar claramente para onde se dirige a narrativa no tempo actual.
Daí resulta uma trama bem urdida, com um elevado grau de suspense, onde as diversas tensões latentes se vão adensando e prendendo o leitor que, no final deste tomo, após alguns relatos inquietantes e uma aparição fantasmagórica fica sem saber do destino de Tex e Montales, acabados de cair numa impetuosa corrente subterrânea, pois a história – evocando uma situação recorrente que acompanhou o crescimento de muitos de nós, protelando para a semana, o mês, o número seguintes a continuação da leitura – só conclui no Tex #482 – Os sinos de São Rafael, que estará nas bancas já em Dezembro.


09/12/2011

Tex Gigante #24

Os Rebeldes de Cuba
Guido Nolitta (argumento)
Mauro Boselli (guião)
Orestes Suarez (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Outubro de 2010)
182 x 277 mm, 242 páginas, pb, capa brochada
9,00 €

Resumo
A pedido de Henri Picard, um amigo de Montales, este último e Tex deslocam-se a Cuba, que vive um agitado período revolucionário, para tentarem encontrar o filho de Picard, raptado por um feiticeiro local.

Desenvolvimento
Nascido por inspiração da participação de Sergio Bonelli num inusitado encontro de banda desenhada que teve lugar em Cuba em 1994, esta aventura, tal como o (excelente) Tex Gigante anterior, Patagônia, leva o ranger para longe do seu local habitual de acção – mas de forma mais credível, saliente-se.
Só que, ao contrário daquele, este livro, para mim, revelou-se uma desilusão. Parcial, pelo menos. Possivelmente porque as expectativas eram altas, em função dos ecos que já me tinham chegado sobre ele mas que a sua leitura não mas confirmou.
Passo a explicar porquê.
Desde logo, pelo argumento, menos conseguido, que começa logo por ser pouco claro quanto às razões do rapto.
E que, de seguida utiliza demasiadas páginas na introdução e para descrever a chegada de Tex e Montales a Cuba e despoletar a sua inimizade com os militares locais, páginas essas que poderiam ter sido melhor utilizadas para explorar o dia-a-dia e as razões dos revolucionários cubanos e, principalmente, no confronto final entre o pragmático Tex e as artes mágicas de Rayado – evocando até os confrontos (míticos e marcantes) daquele com Mefisto.
Porque estes dois aspectos, que deveriam ser maiores e mesmo o cerne da narrativa, acabam por ser de certa forma “despachados“ em menos de um terço do livro.
E ainda pelo fraco desenvolvimento da (trágica) situação final, da forma narrada de todo desnecessária, porque serve apenas para a “conversão” (muito forçada e escusada) do fazendeiro.
Também graficamente, este Tex Gigante do cubano Orestes Suarez está bastante abaixo do virtuosismo demonstrado por Pasquale Frisenda em Patagônia. As personagens de Suarez demonstram, a espaços, alguma rigidez, o trunfo que seria o facto de ele conhecer pessoalmente os locais da acção não é suficientemente explorado, o que não invalida que revele um bom domínio da técnica de narrar em quadradinhos ao longo de todo o álbum, com uma planificação sóbria mas dinâmica que embala e conduz o leitor.
Mas, quero esclarecer, o que atrás fica escrito, no entanto, não significa que estejamos em presença de um mau western ou de uma fraca aventura de Tex, pelo contrário. Os fãs – os mesmos que me induziram em erro?! – ou mesmo alguns leitores ocasionais - encontrarão sem dúvida bons motivos para amar a história, pela temática fora do habitual que a rege. Mas eu, esperava mais, pelas tais expectativas elevadas e porque tem sido isso que me tem sido proporcionado pela maioria das edições gigantes de Tex.

A reter
- O bom desenvolvimento de algumas personagens: Etienne, Alonso, Serrano.
- Alguns aspectos positivos do argumento: as cenas em que domina a magia, a causa revolucionária, o confronto esclava-gistas/abolicionistas…

Menos conseguido
- … infelizmente insuficientemente exploradas no relato.
- A tragédia que quase encerra o livro, forçada e de todo desnecessária.

(Texto piublicado originalmente no Tex Willer Blog)

30/08/2011

Tex #500

Os demónios da noite
Boselli (argumento)
Ticci (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Junho de 2011)
135 x 176 mm, 114 p., cor, brochada, revista mensal
R$ 11,90; 6,00 €


Só quem coleccionou revistas de banda desenhada conhece o sabor, o encanto e a expectativa que provocavam os números especiais. Que podiam ter formato diferente, mais páginas, novos heróis ou páginas a cores (no caso de revistas a preto e branco). Como acontece neste Tex #500.
E que surgiam em datas especiais – aniversário da revista, Natal… - ou em numerações redondas. Como acontece neste Tex #500.
Para quem comprava, lia e coleccionava as revistas, era sempre especial o aproximar da data de publicação do novo número, de que aos poucos se iam conhecendo pormenores quanto ao seu conteúdo, até finalmente o encontrar nas bancas. Mais gordo, maior, como recheio diferente. Geralmente mais caro. Como acontece neste Tex #500. (Aliás, a única excepção a esta regra de que me lembro foi o Falcão #1000, que duplicou as páginas sem alterar o preço, numa verdadeira prenda aos seus leitores…)
Mas deixemos as memórias e passemos adiante, porque o tema desta crónica, afinal, é o Tex #500. Número redondo, sempre assinalável, mais ainda se pensarmos que a revista, ao longo dos anos – foram necessários mais de 41 anos para o atingir! – passou pelo catálogo de várias editoras, que foram dando sempre continuidade à numeração.
Resistindo a tempos, épocas, modas, crises, revoluções, eleições e outras mudanças. Mantendo uma legião de fãs – estável mas renovada – que assegurou – sempre – as vendas necessárias para que o título continuasse mensalmente nas bancas. No Brasil, onde é editada a revista, e em Portugal, onde chega mensalmente.
Como é habitual – em Itália, nas centenas mais recentes também no Brasil – este número prima por ter as páginas coloridas. E com uma vantagem (enorme) em relação à colecção Tex Edição em Cores: tendo sido pensada de origem para a cor, não existem manchas de negro com cor “sobreposta”. Embora, há que escrevê-lo, a cor Bonelli fique uns bons furos abaixo daquilo a que estão habituados os leitores de BD franco-belga ou de comics americanos pelo que, para mim, Tex deve ser fruído a preto e branco, no belo preto e branco com que tantos grandes nomes dos fumetti no-lo têm presenteado…
Para além disso, traz como oferta aos leitores (e coleccionadores) um caderno extra que reproduz, em pequeno formato, ao ritmo de 9 capas por página, todas as capas brasileiras da revista, bem como um editorial do editor brasileiro Dorival Vitor Lopes, e dois artigos de Júlio Schneider, um sobre as capas raras do ranger e outro sobre a sua génese.
Quanto à história – que, na efeméride em causa, quase é secundária – originalmente publicada no Tex #600 italiano, narra uma ida de Tex ao Canadá, mais uma vez em auxílio do seu amigo Jim Brandon, para investigar (e enfrentar) um estranho bando – composto por seres-humanos, animais, a mistura de ambos ou seres sobrenaturais? – que tem como imagem de marca atacar na lua cheia e devorar as suas vítimas humanas… Desenvolvida de forma competente por Boselli, que mantém a dúvida no leitor durante boa parte da narrativa, conta com o traço dinâmico de Ticci, um dos autores veteranos de Tex.

A reter
- 500 números de Tex. É obra.

Curiosidade
- Para fazer a capa desta revista (invulgar no seu conceito, no conjunto do historial da publicação…), Claudio Villa inspirou-se na pose de John Wayne no poster do filme “The Searchers” (que em Portugal recebeu o título de “A Desaparecida”).


Nota pessoal
- Comecei a coleccionar o Mundo de Aventuras no nº 47, exactamente uma semana depois da publicação de um número especial, comemorativo do 25º aniversário da revista (embora a sua capa anunciasse o 26º aniversário!). Tendo descoberto o facto alguns anos depois, durante algum tempo – pelas razões que referi no início deste texto - cheguei a procurá-lo, mas em vão…

09/08/2011

Tex Gigante #23

Patagônia
Mauro Boselli (argumento)
Pasquale Frisenda (desenho)
Mythos Editora (Brasil, Outubro de 2009)
182 x 277 mm, 242 páginas, preto e branco, capa brochada
9,00 €

Resumo
A pedido de Mendonza, um antigo ajudante de Montales, Tex e o seu filho Kit deslocam-se à Argentina para servirem de intermediários entre o governo e os índios locais, tentando manter a paz numa zona conturbada.

Desenvolvimento
Fosse a bibliografia de Tex constituída apenas pelas edições gigantes (os italianos Textone) e o mais antigo western da BD mereceria igualmente um lugar de destaque na História das histórias aos quadradinhos, embora por motivos diferentes.
Apresentando um retrato (algo) diferente do ranger em cada número, não só graficamente mas também pela adequação (contida…) do herói ao estilo – gráfico, narrativo, temático - do autor convidado, esta colecção reúne algumas das suas melhores histórias e também algumas excelentes bandas desenhadas.
É o caso deste “Patagônia” – convém dizê-lo pois a introdução já vai longa – que se inicia com uma das melhores sequências a preto e branco que vi nos últimos meses: o ataque nocturno a um posto fortificado, com os intervenientes muitas vezes apenas silhuetas, mergulhadas numa neblina que os torna quase invisíveis, com a tensão crescente que vai culminar logo de seguida com a aparição atroadora dos cavaleiros e no massacre de uma aldeia indígena.
Mas, se este início é, a um tempo, surpreendente, pela localização da acção – a pampa argentina -, e prometedor para o resto do relato, de imediato vem o que eu considero o ponto mais fraco da história: o motivo para Tex deixar o seu território habitual para se deslocar ao outro lado do mundo, o que soa pouco credível, seja qual for o ângulo pelo qual se considere.
Mas, ultrapassada esta questão (que não é só de pormenor numa BD de tanta qualidade), mergulhamos num épico magnífico e intenso, no qual vamos assistir à luta de um povo pela sua sobrevivência, à custa de muita tenacidade, determinação, heroísmo, vontade de viver livre, sacrifício, sangue e (muitos) mortos.
Um épico – com uma forte componente histórica e realista - no qual Tex, embora tendo um papel importante, é muito menos interveniente do que é habitual, lutando contra forças superiores às suas, mesmo que para vencer elas utilizem métodos menos limpos e estratagemas pouco sérios, quando a sede de glória (?) se sobrepõe à justiça e quando os imperativos militares são mais fortes do que a amizade e a honra.
E se é verdade que nada disto é novidade em BD, nem sequer em Tex, a força, o carácter, a determinação que Boselli conferiu aos índios das pampas faz a diferença, transformando mais um western – porque o é, apesar da sua deslocalização! – num western diferente e marcante cuja leitura, com toda a certeza, não deixará ninguém indiferente.
Até porque, a o seu final – a batalha contra as tropas governamentais mas estreitas gargantas andinas atravessadas pelos indígenas na sua fuga pela liberdade rumo ao Chile - apresenta, de novo, páginas notáveis, passíveis de entrar em qualquer galeria de quadradinhos a preto e branco ao mesmo tempo que são das páginas mais violentas que eu já vi em Tex, pese o facto – ou exactamente por isso – de não conterem qualquer texto.

A reter
- A força do relato.
- A caracterização dos índios argentinos: fortes, determinados, dispostos a tudo pelos seus ideais.
- O limitado protagonismo de Tex, que deixa à narrativa tempo para respirar e desenvolver-se (quase) à sua revelia.
- O traço de Frisenda, soberbo nas sequências inicial e final, muito bom em quase todos os restantes episódios.

Menos conseguido
- O pretexto que leva Tex e Kit até à Argentina.
- O facto de a sua fama o ter precedido junto dos índios locais.

A ter em atenção
- Este álbum está actualmente disponível nas bancas e quiosques nacionais. Aconselho seriamente a sua compra. Aos fãs de Tex e – principalmente – aos que não o são.

(Texto publicado originalmente no Tex Willer Blog)
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